Laerte Braga
Em 1985, num debate mediado pelo jornalista Boris Casoy, os candidatos a prefeito de São Paulo, Fernando Henrique Cardoso e Jânio Quadros, foram surpreendidos com perguntas um tanto inusitadas do mediador.
Casoy (que apóia José FHC Serra e acha que garis são a mais “baixa categoria da escala social) perguntou a FHC se ele acreditava em Deus. O então senador respondeu que não, mas respeitava aqueles que acreditavam. Com todas as letras o ex-presidente se declarou, naquele debate, ateu.
É de fato um direito legítimo de FHC e de qualquer um.
Fé é um direito de consciência de cada um. Há que ser respeitado e a Constituição o garante. Não se impõe e não se vende.
José FHC Serra é ateu. Em tempo algum escondeu isso de ninguém. Ou seja, até ser candidato a presidente da República em 2002 e virar católico, evangélico, espírita, tudo, de carteirinha.
Em 2010 seu partido com apoio de setores da Igreja Católica Romana e grupos evangélicos proclama através de uma propaganda distribuída em seus comitês que “Jesus é verdade e justiça” e transforma as eleições numa cruzada, numa guerra santa.
Quando Cristo expulsou os “vendilhões do templo” não estava expulsando trabalhadores, ou fiéis que ali estavam para vivenciar sua fé. Expulsou mercadores, homens de negócio, líderes religiosos que faziam da fé um comércio, um negócio.
Jesus Cristo não foi condenado a ser crucificado pelo governador romano da Judéia, Pôncio Pilatos. Pilatos entregou-o aos judeus depois de lavar as mãos e dizer que a Roma ele não ofendia, contra Roma não cometera crime algum.
O “crime” de Cristo foi o de se opor ao poder dos líderes religiosos da Judéia e mostrar as vísceras desses líderes, mercadores da fé, da religião, da convicção da existência de Deus e de sua palavra. Revelada pelo próprio Cristo.
O PADRE AUGUSTO
Um típico vendilhão do templo. Faz da fé um instrumento de negócio, faz da religião mercadoria e usa sua condição de sacerdote para iludir e enganar fiéis. Imagina que católicos de sua paróquia sejam como que marionetes nesse jogo sórdido a que se presta e do qual é um dos protagonistas, pouco se importando com a Igreja em si, com a fé, mas com os interesses que representa.
Teria sido expulso do templo por Cristo como vendilhão.
Padre José Augusto, ou padre Augusto como é conhecido, é integrante da comunidade Canção Nova e é responsável pela formação de outros padres. Mora em São Paulo (base eleitoral do candidato José FHC Serra).
No dia cinco de outubro dirigindo-se a fiéis de uma igreja em São Paulo disse que se “O PT ganhar vai piorar”. Estava vendendo a sua mercadoria escorado na condição de sacerdote.
Imaginou e imagina que como tal, padre, pode conduzir e guiar as pessoas segundo a sua vontade, supõe-se acima do bem e do mal, guia e condutor.
E que as pessoas sejam marionetes.
É incapaz de dirigir-se aos fiéis de forma sensata e honesta – isso mesma honesta, sua atitude foi desonesta – recomendando-lhe um atento exame dos candidatos, uma correta verificação do programa de cada um e ao final, uma prece para que cada um possa escolher o melhor a seu juízo e o Brasil encontre um caminho de harmonia, de verdade, de justiça.
Não. Tem que vender seu peixe, usa a religião para esse fim, é pago – pago sim – para isso. Não importa que em sua comunidade existam vozes discordantes, importa que lhe foi atribuída, na condição de vendilhão do templo, a tarefa de mentir do púlpito, de ludibriar do púlpito. Isso é o de menos para esse tipo de gente.
A canalhice é intrínseca a ele.
Eis a venda do templo feita por padre Augusto
A MULTIPLICAÇÃO DOS MILHÕES
O jornalista Paulo Henrique Amorim reproduziu em seu site CONVERSA AFIADA , os comentários de um especialista no setor imobiliário em São Paulo, a propósito do apartamento onde mora o engenheiro Paulo Vieira de Sousa, acusado de sumir com quatro milhões de reais da campanha de José FHC Serra, o ateu, amigo do padre Augusto.
Paulo Vieira de Sousa mora em São Paulo, à rua Doutor Eduardo Sousa Aranha, 255, Vila Nova Conceição, área nobre da capital paulista.
A maioria dos apartamentos é duplex, dispõe de piscina, sauna, adega, churrasqueira, biblioteca e acabamento de alto luxo, além de 10 vagas na garagem e segurança ostensiva 24 horas por dia. No prédio moram banqueiros, empresários, as chamadas socialites e atrizes.
Segundo Paulo Vieira de Sousa, funcionário público do governo de São Paulo, o apartamento foi comprado com um dinheiro que lhe emprestou o senador eleito Aloísio Nunes, por 300 mil reais.
O custo apartamentos naquela área residencial chega a dez milhões de reais. Sim. DEZ MILHÕES DE REAIS.
Multiplicação dos 300 mil emprestados por Aloísio Nunes, naturalmente milagre feito pelo padre Augusto. Em muitas oportunidades o engenheiro sai do prédio num Jaguar de sua propriedade, blindado ou chega de helicóptero.
Paulo Vieira de Sousa é aquele que aparece na foto ao lado de José FHC Serra quando da inauguração do RODOANEL e que José FHC Serra disse que não conhecia até o momento que o engenheiro ameaçou abrir o bico. Aí, José FHC Serra não só o conhecia, os fatos são indesmentíveis, como chamou-o de “competente”.
Cristo, o padre Augusto deve saber disso, imagino, afinal pelo menos para disfarçar se diz sacerdote, multiplicou os pães e peixes para mitigar a fome da multidão que acorrera à montanha para ouvir exatamente um dos seus mais extraordinários sermões, o da Montanha.
O Jaguar do engenheiro que José FHC Serra não conhecia custa quatro vezes o salário do dito cujo.
Paulo Henrique Amorim revela, ainda, que a filha de Paulo emprestou 300 mil ao chefe do Gabinete Civil do então governador José FHC Serra.
Que conste dos autos que Paulo Henrique Amorim não é de VEJA, ou da FOLHA DE SÃO PAULO, deixou a GLOBO por não aceitar ser bandido, logo, é jornalista de caráter, sem medo e acima de qualquer suspeita.
Já o padre Augusto... O engenheiro que José FHC Serra não conhecia... O candidato cristão católico, evangélico, espírita, líder da cruzada pela moral e bons costumes, José FHC Serra, ah! Esse.. Bem, é especialista em multiplicar corrupção e vender países como o Brasil.
Tutti buona genti.
Essa notícia não vai ser vista no JORNAL NACIONAL (está comprado), nem em VEJA (idem), tampouco em FOLHA DE SÃO PAULO (ibidem).
E OS FIÉIS?
Há dias ouvi uma líder Umbandista explicar o seguinte. Recebe de braços abertos as pessoas que acorrem ao templo que dirige. Oferece-lhes a oração e passes sem perguntar nome, cor, profissão, sexo, preferência sexual, sem induzi-los a nada. Apenas pratica a caridade espiritual na forma concebida pelos umbandistas.
Sei que a líder a que me refiro tem seus candidatos. Em momento algum ouvi qualquer menção a esses candidatos. Pelo contrário. Uma proibição expressa de campanha política no âmbito do templo que dirige.
Segundo costuma afirmar, sempre, reiteradas vezes, cabe a cada um abraçar sua fé e buscar, no respeito à fé do outro, do próximo, praticar o amor, a solidariedade, o respeito, viver a vida segundo suas convicções a partir de sua consciência.
“Não posso obrigar ninguém e nem devo a pensar como eu penso, a viver como eu vivo. As portas do templo estão abertas a todos e aqui dentro se pratica a caridade, o amor, o respeito e a solidariedade, sem perguntar a quem”.
“Busco compreender cada um e confortar-lhe. Entender o problema de cada um e dar uma palavra de fé e amor. Mas não posso pegar as pessoas pelas mãos e levá-las onde desejam. Cabe a cada um buscar o seu caminho a partir do conhecimento”.
“Do conhecimento”.
“Conhecei a verdade e a verdade vos libertará”
Padre Augusto não tem a menor idéia do que seja isso. Respeito à individualidade. É como o engenheiro Paulo Vieira de Sousa. Multiplica mentiras. É como José FHC Serra, não conhece pela manhã e conhece à tarde.
O que são os fiéis na concepção de padre Augusto? Ou do ateu José FHC Serra? Ou do engenheiro que com 300 mil comprou um apartamento de milhões?
Valem-se da mentira. Valem-se da canalhice típica de vendilhões do templo para usar a fé, a convicção religiosa, a boa fé e iludir, ilaquear, ludibriar, tudo para que possam atingir seus objetivos bandidos.
Não tem respeito pelo próximo. Imaginam a sociedade de marionetes. Escoram-se nas contumazes mentiras da mídia privada (comprada, venal) como GLOBO, FOLHA DE SÃO PAULO, VEJA, RBS, etc.
Se Mônica Serra, mulher do candidato José FHC Serra e que se afirma teria feito um aborto com consentimento do marido tivesse respeito mínimo por si própria, por sua condição de mulher, pelas mulheres, jamais se referiria ao Bolsa Família como “bolsa esmola”.
Não deve ter lido, nunca, é atéia, o Sermão da Montanha, ou escutado contar do milagre da multiplicação dos pães e dos peixes. Multiplica milhões nas concorrências, ou ausência de concorrências, dos negócios do marido.
Ser católico, ser evangélico, ser espírita, umbandista, o que seja, é um direito legítimo de cada um, inclusive de não ser nada, ou ser ateu.
Esconder-se sob o manto de uma crença para tentar vencer uma eleição é canalhice. Usar a religião, qualquer que seja, para eleger-se a qualquer preço, é vender o templo.
Quando estava já num processo final de vida, em sua última entrevista, Jean Paul Sartre recebeu uma jornalista que lhe perguntou se ainda continuava ateu. O filósofo respondeu assim – “continuo, mas com a esperança esperante que Deus exista, do contrário a vida não tem sentido”.
Fiel não é rebanho, gado tangido que se possa iludir, como o fez padre Augusto. Deveria ter tido a decência e a dignidade de despir-se do seu hábito e não usar o púlpito da sua igreja para pedir votos.
Fiel é alguém que busca na fé, na prática religiosa, o caminho para que possa viver a vida em acordo com seus princípios, os princípios da fé que abraça e não ser usado de forma vergonhosa por um sacerdote vergonhoso, a serviço de um político ateu que se finge de religioso, além de ser corrupto.
O ser ateu é o de menos, demais é o fingir, a hipocrisia. A conivência de um padre abjeto.
Quem aos porcos se mistura, farelo come...
Fico a pensar se Cristo aparecesse diante desse tipo sórdido de fariseus, gente como padre Augusto, José FHC Serra, ou o engenheiro Paulo (o que ameaçou abrir o bico se o candidato o abandonasse) e se mostrasse como revelam os vários evangelhos do Novo Testamento.
Iriam chamá-lo de louco, dar-lhe uma esmola e se insistisse muito, iriam chamar a polícia e naturalmente se dizerem vítimas de um maluco, ou um terrorista.
São canalhas lato senso e pensam que podem enganar por todo o tempo as pessoas.
Quem sabe, na próxima prédica, padre Augusto não leva lá o senador eleito Itamar Franco, o trêfego, ex-quase prefeito de Aracaju passando por Niterói, para falar sobre os genéricos que José FHC Serra criou e o Plano Real de FHC?