segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Os seis principais casos ainda não resolvidos no Oriente Médio

Juan Cole

27/2/2011, Juan Cole, Informed Comment 
Traduzido pelo Coletivo da Vila Vudu
1. JORDÂNIA. Cerca de 6.000 manifestantes marcharam na 6ª-feira na Jordânia. Querem transformar a monarquia jordaniana em monarquia constitucional ao estilo europeu e a volta, sem as emendas posteriores, da Constituição de 1952 em: Middle East protests: Jordan sees biggest reform rally.

2. TUNÍSIA. Cerca de 100 mil tunisianos saíram às ruas em Túnis, na 6ª-feira. Querem a renúncia do primeiro-ministro interino Mohamed Ghannouchi. O governo interino marcou eleições para meados de julho, principal demanda dos manifestantes. Também dissolveu o partido Rally for Constitutional Democracy, que estava no poder antes da queda do ditador. Mas os manifestantes não confiam que Ghannouchi – importante quadro do governo deposto de Zine El Abdidin Ben Ali – seja capaz de garantir a lisura das eleições. Ghannouchi está tentando ganhar popularidade, confiscando os bens de personagens do círculo íntimo e corrupto de Ben Ali, mas, até agora, ainda não conseguiu separar-se da reputação de ser, ele também, do mesmo círculo em: Tunísia to hold elections by mid-july as protests flare.


ATUALIZAÇÃO: O ministro interino da Tunísia renunciou hoje, domingo, 27/2/2001, conforme notícia da BBC, às 13h28, ao vivo.

3. EGITO. Dezenas de milhares de manifestantes voltaram à praça Tahrir no centro do Cairo, na 6ª-feira, exigindo o fim das leis de emergência que suspenderam todas as liberdades civis no Egito há 30 anos. Querem também que o primeiro-ministro Ahmad Shafiq, nomeado pelo presidente deposto Hosni Mubarak, deixe o cargo, sem o que não haverá real ruptura com o velho regime. O exército egípcio impediu que a multidão cercasse a residência do primeiro-ministro para protestar e houve feridos entre os manifestantes em: Egyptian Police, military break up Tahrir Square demonstrations .

4. BAHRAIN. Cerca de 200 mil manifestantes marcharam pelo centro de Manama, capital do Bahrain, na 6ª-feira. Querem que a monarquia seja convertida em monarquia constitucional, com liberdades civis plenamente garantidas. Querem também que o primeiro-ministro deixe o cargo. O rei já demitiu três outros ministros do mesmo Gabinete em: Protesters in Bahrain Demand More Changes.

5. IÊMEN. Em Aden, os manifestantes exigem a expulsão do ditador Ali Abdullah Saleh. Houve quatro mortos e duas dúzias de feridos, quando as forças de segurança atacaram os manifestantes em: Tribal groups joining protests against Yemeni president.
 6. LÍBIA. As forças de segurança do ditador retiraram-se do bairro operário de Tajoura no sábado, depois de vários dias de ataques aos manifestantes, tentando dispersar as multidões. Falharam. Se Gaddafi já está perdendo áreas importantes da capital, aquela ditadura pode estar com os dias contados em: Trípoli braces for bloody battle.

Os manifestantes no Egito e na Tunísia, até agora, só alcançaram sucesso parcial: afastaram um ditador, mas ainda sem saber como se farão reformas genuínas.  Os líbios ainda sequer afastaram o ditador Gaddafi. E no Bahrain, Iêmen e Jordânia, todos os clamores populares por reformas econômicas e políticas genuínas continuam a cair em ouvidos surdos. 

3 comentários:

  1. (comentário enviado por e-mail)

    Perdão, estendo as reticência a TODOS os países árabes, salvo exceções eventuais, como, às vezes, no Líbano, mas sempre enquadrado no Pacto Oral de 1943 (Presidente maronita, Primeiro-Ministro sunita e Chefe do Parlamento sunita); na Argélia de 1990, durante eleições municipais e administrativas (quando venceram agremiações islamitas, dando motivo para sua dissolução e um conflito brutal de uma década, em que pereceram mais de 200 mil pessoas, em geral inocentes); e Palestina, em 2006, quando o Movimento de Resistência Islâmica (Hamás) venceu, mas não levou, recluso à Faixa de Ghazaa. Aliás, sejamos claros: o único país árabe com objetivos deveras democráticos é um não-país, a Palestina.

    Abraços do
    ArnaC

    ResponderExcluir
  2. (comentário enviado por e-mail)

    MUUUUUUITO BEM DITO, ArnaC! Muito bem dito, mesmo! É isso mesmo!

    Esse negócio de "atualização de notícias", até quando é melhor que a rede Globo (São Paulo, agora, está sendo informado sobre o que o árbitro pensa sobre o estado do gramado, para o jogo São Paulo x Palmeiras, à espera do Fantástico e, depois, o Óscar. E a BBC, por exemplo, está dedicada aos problemas do "Russian Market"), seeeeempre é pautado pelos jornais, pela tal de 'imprensa'.

    Que negócio brabo, sô! MUITO BEM, MUITO BEM, Arnaldo! 8-)

    Essa msg vai pra tooooooodo mundo (por isso, apaguei os nomes e endereços)

    VV

    ResponderExcluir
  3. (comentário enviado por e-mail)

    Sinto muito, o quadro do Juán Cole já nasceu incompleto. O mundo não quer saber de "reformas" no mundo árabe, mas de mudanças completas, legitimadas pelas maiorias. Não interessa tampouco a discussão sobre formas-fórmulas para consegui-lo. Mais uma vez se comprova que a derrubada de tiranos não significa necessariamente a introdução de correntes revolucionárias junto às lideranças. Procuram-se mais instituições que realidades sociais.

    As máquinas de propaganda e os planejamentos estratégicos sabotam a eficácia do que pretendem os movimentos sociais, ou seja, a velha história do pão com liberdade. A luta dos jovens é contínua, sem fim, e isso precisa ser compreendido e respeitado. É nessa transição que se adquire raciocínio cívico, que tem de comanda a solidariedade dos agentes da Multidão. Só esta, como num estalo mágico, pode alcançar plataformas mínimas de convivência comum e pública.

    Abraços do
    ArnaC

    ResponderExcluir

Registre seus comentários com seu nome ou apelido. Não utilize o anonimato. Não serão permitidos comentários com "links" ou que contenham o símbolo @.