23/1/2015, Mario, The Vineyard of the Saker
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu
The Saker |
Como
começa:
1987-88: Irã
assinou três acordos com a Comissão Nacional de Energia Atômica da Argentina. O
primeiro acordo Irã-Argentina envolvia ajuda para converter o reator do Tehran
Nuclear Research Centre (TNRC) que os EUA haviam fornecido a Teerã, de
reator para combustível alto-enriquecido, para reator de combustível (urânio)
baixo-enriquecido a 19,75%, e fornecer ao Irã o urânio baixo-enriquecido.
Dezembro,
1992: A embaixada em Buenos Aires informa ao governo argentino
que Washington não aceita a continuação do acordo de cooperação nuclear
Irã-Argentina.
Em março de 1992,
a embaixada de Israel, e em julho de 1994 o prédio da Asociación Mutual Israelita Argentina, AMIA,
foram explodidas, supostamente por carros-bombas.
Investigações
independentes na Argentina e o relatório inicial de Charles Hunter (FBI)
mostram que as duas explosões, considerados os danos nos prédios em volta, são
inconsistentes com a teoria dos carros-bombas.
Ao
contrário de todas as provas materiais, o governo israelense e, depois,
Washington, pressionam o presidente argentino Carlos Saul Menem a insistir na
ideia de que os iranianos teriam plantado os carros-bomba, em cooperação com o
Hezbollah.
O processo
judicial dá em nada, até que o presidente Nestor Kirchner indica o juiz Nisman
em 2005 para iniciar nova investigação. Nisman tem contatos próximos na
embaixada dos EUA, com advogados norte-americanos especialistas em
investigações antiterrorismo e com alguns membros da SIDE (inteligência
argentina).
Explosão na Embaixada de Israel na Argentina (17/3/1992) |
Em 2013,
Nisman instrui a Interpol a emitir ordens de prisão contra uma lista de iranianos
e libaneses importantes:
●- Hashemi
Rafsanjani, então presidente do Irã
●- Ali
Akbar Velayati, então ministro de Relações Exteriores
●- Ali
Fallahijan, então chefe da inteligência
●- Mohsen
Rezai, então comandante da Guarda Revolucionária
●- Imad
Mougnieh, chefe da segurança exterior do Hezbollah
●- Ahmed
Vahidi, então comandante das forças “Al Quds” [Jerusalém]
●- Mohsen
Rabbani, ex-representante diplomático na Argentina
●- Ahmad
Ashagri, ex-representante diplomático na Argentina
●- Hadi
Soleimanpour, ex-embaixador do Irã na Argentina.
A Presidenta
Cristina de Kirchner várias vezes disse que não acredita na existência de
alguma “conexão Irã” (vários funcionários dos EUA questionaram publicamente se
haveria prova de envolvimento iraniano [James Cheek]) e usou a recente abertura
para consultas entre Washington e Teerã, como uma oportunidade para negociar
uma “comissão da verdade” Irã-Argentina, a ser constituída de cinco juízes
independentes, nenhum deles iraniano ou argentino.
A oposição
e o lobby pró-Israel contestaram a ideia e qualquer possível acordo.
Explosão da AMIA (Centro judeu na Argentina) em jul/1994 |
O toque
final:
Haverá em
breve eleições na Argentina, e Cristina de Kirchner não pode ser reeleita, e há
forte polarização de candidatos, mas as pesquisas mostram que Scioli, candidato
apoiado por Cristina pode vencer no segundo turno.
É onde
entra o juiz Nisman: Ele apresenta uma denúncia, de que a Presidenta Cristina
de Kirchner teria conduzido negociações secretas com o Irã, por canais não
diplomáticos, oferecendo-se para encobrir o envolvimento de oficiais iranianos,
de modo que a Argentina pudesse começar a trocar grãos pelo muito desejado
petróleo iraniano. Ordena que todos os bens da Presidenta Cristina de Kirchner
sejam bloqueados.
A denúncia
baseia-se em “suposta prova” apresentada por Stiuso (recentemente demitido da
presidência da contrainteligência da SIDE argentina, e agente que teria bons
contatos com o Mossad) e outros agentes menos importantes.
A
imprensa-empresa argentina, toda ela de oposição, faz circular amplamente o
conteúdo da denúncia, ignorando a declaração oficial feita pela Interpol, de
que o governo argentino jamais requerera a suspensão das ordens de prisão
contra os iranianos.
Alberto Nisman |
A denúncia,
de que teria havido “intenção de encobrir fatos” não tem base legal. A lei
argentina penaliza o ato, não a intenção – “detalhe” que a imprensa-empresa de
propaganda da oposição apagou completamente da discussão social.
No dia em
que o juiz Nisman estava convidado pela oposição para falar ao Congresso, ele é
encontrado morto no seu apartamento.
A “denúncia”
de Nisman não sobreviveria por mais muito tempo, mas a morte dele (por suicídio
ou não) o elevará à condição de vítima de uma conspiração – o que a
imprensa-empresa se encarregará de repetir sem descanso.
As redes
sociais rapidamente converteram o “Je suis Charlie” para “Yo soy Nisman” e
organizam-se manifestações públicas diárias, com número já crescente de
participantes.
Só falta,
até agora, aparecer lá alguém da embaixada dos EUA [Victoria “F*** EU” Nuland? (Nrc)], para distribuir sanduíches entre os “manifestantes”.
NOTA DO SAKER:
Ver também: 22/1/2008, The Vineyard of the Saker em: “Hezbollah Didn't Do Argentine
Bombing (updated)” (em inglês)
(Comentário enviado por e-mail e postado por Castor)
ResponderExcluirDetalhe: Nisman era judeu. Sionista.
Outro detalhe: o jornalista do Bs. As. Herald que deu em primeira mão a morte de Nisman tem cidadania argentina e israelense. Alegando ameaças contra sua vida, saiu intempestivamente da Argentina anteontem, e hoje chegou a Tel Aviv.
Segundo ele, quem lhe deu a notícia da morte de Nisman foi uma "fonte" confiabilíssima. Alguém do Mossad, decerto.
Baby Siqueira Abrão