quinta-feira, 2 de julho de 2015

Grécia é alvo móvel



O Primeiro-Ministro Tsipras informa que, se os gregos votarem “sim” – pelo programa de “austeridade” [é ARROCHO], ele talvez renuncie – o que é tudo que o hegemon mais quer: a chamada “mudança de regime”.

30/6/2015, [*] Peter Koenig, Veterans News Now
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu
A Grécia é alvo móvel. Mais um pacote de “resgate” estará a caminho? Em negociação no momento em que essas linhas estão sendo impressas? Ato de desespero? – Confuso, sem dúvida – para os eleitores, para os observadores, mas especialmente para o grego sofredor de todos os dias. As coisas mudam quase de hora em hora.
Alexis Tsipras, Primeiro-Ministro da Grécia

Grécia será oficialmente devedora inadimplente (orig. in default [1]), se não fizer o pagamento de € 1,6 bilhões devido ao FMI, à meia-noite em Washington, 7h em Atenas. Parece que alguma coisa de última hora, negociada com Bruxelas, para um novo programa de resgate para mais dois anos, teria sido proposta por Atenas. Não se falou em quantia de dinheiro – nem se conhecem as “austeridades” que a Grécia teria de aceitar, ou nas quais insiste a Troika.

Manifestação em Atenas pelo "NÃO"

Talvez, mais dívidas. Há um referendo marcado para 5 de julho de 2015. Os gregos votarão a favor ou contra – o programa de arrocho do “resgate” “de antes”, de 7,2 bilhões, que Bruxelas não está pagando a Atenas, por que Atenas não pagou o que teria de ter sido pago antes... Mas “resgate” do qual já ninguém cogita, no caso de algum novo “resgate” vir a luz do dia, dia 1/7/2015 – ou tudo isso, quem sabe, é a favor ou contra o euro? E será votação muito apertada.
O povo grego pode hoje sacar € 60/dia nos caixas de autoatendimento – que em breve poderão ser reduzidos talvez a € 30/dia – e até quando? –, e não tem ideia do que está acontecendo. Quais são as novas “austeridades” nas quais Bruxelas – a troika – tanto insiste.



Não há nenhum tipo de campanha de informação sobre as tais “austeridades”. Devia haver. O povo grego pode acabar votando algo que já nem fará qualquer diferença – se algum novo pacote de resgate for negociado até a meia noite do dia 30/6/2015 [não foi], ou até 5 /7/2015.
Assessores do Sr. Tsipras já deixaram entrever que o referendum pode ser cancelado integralmente. Mas, no mesmo parágrafo, o Ministro Tsipras informou que, se os gregos votarem “sim” – a favor das “austeridades”, ele provavelmente renunciará. E isso, precisamente, pode ser a “mudança de regime” que o hegemon tanto quer. Nesse caso, o Ministro Tsipras terá feito acontecer integralmente, todo o duplo sonho de Washington: capitulação sem honra do Partido Syriza e, praticamente com certeza, mais um governo neoliberal por lá. Uaau!
Mas, calma aí. Como poderia ele renunciar, se está querendo negociar com os Deuses do Dinheiro ainda outras novas dívidas? Dívidas que se pode assumir que o povo grego deseja, não importa o que sejam ou quanto custem – posto que todos parecem desejar permanecer na Eurozona.
Protestos em frente ao Parlamento pró "NÃO"

A Grécia está dividida entre os do “sim” e os do “não”, entre os que ainda apoiam Alexis Tsipras, e os que estão perdendo a paciência.
A manifestação a favor do "SIM" foi insignificante

Por que o Ministro Tsipras só apareceu com a ideia do referendum cinco dias depois da data em que venceram aqueles impagáveis € 1,6 bilhão? Por que não antes da data conhecida de 30/6/2015?
Na verdade, se Bruxelas, se na verdade a notória troika, não muda a própria posição – como agora parece que talvez mude – o referendo pode tornar-se irrelevante, de um jeito ou do outro – não haverá mais dinheiro, nem mais “austeridade” além da “austeridade” que já faz sangrar a Grécia, e assim a deixará, até morrer.
Será que o Ministro Tsipras sabe que Vladimir Putin – de fato, é a Gazpromacaba de fechar negócio máster com a Alemanha, para um gasoduto “Ramo Norte” que entrará diretamente na Alemanha, escapando não só da Ucrânia, mas também de todos os demais países da OTAN hostis à Rússia?
Situação político-militar na Eurásia

Com o projeto Ramo Sul através de Turquia e Grécia, a Europa pode ter supridas todas as suas demandas de energia por todo o futuro perscrutável: e esse é futuro muito mais brilhante, que esperar que Washington encontre solução alternativa, enquanto vai colonizando a Europa.

O gasoduto Ramo Sul foi substituído pelo Ramo Turco - atenderá a Europa via Grécia

Está tudo escrito na parede – mais claro que nunca. Pois o Ministro Tsipras está pronto a cometer suicídio, agarrado a sistema decadente, a navio que está naufragando? Por quê? Pelo menos por enquanto, não há dúvida alguma de que o futuro, para a Grécia e para a Europa, está com o leste. Pelo menos agora.
Ver também:
Ministro Tsipras, dê uma folga aos seus concidadãos! Ofereça-lhes um recomeço e um futuro brilhante.
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Nota dos tradutores
[1] “Default” é palavra horrorosa. Soa como se alguma coisa estivesse disparando um golpe de CDS – Credit Default Swap. Será que não se consegue palavra melhor? Talvez “inadequado serviço da dívida” ou, quem sabe, “aprimoramento fiscal competitivo”? Diabo! Já destruímos o significado de praticamente todas as palavras... Onde estão os inventadores de palavras, p’ra dar um jeito em default? [Zero Hedge, Comentários, 30/6/2015 (ing.)].

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[*] Peter Koenig é economista e foi funcionário do Banco Mundial. Trabalhou em todo o mundo, no campo do meio ambiente e recursos hídricos. Escreve regularmente para Global Research, ICH, Voice of Russia, Ria Novosti e outras páginas internet. É autor de Implosion – An Economic Thriller about War, Environmental Destruction and Corporate Greed romance-reportagem baseado em 30 anos de experiências do Banco Mundial em todo o mundo.

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