... E o New York Times esconde
a notícia
3/8/2014, [*] Moon
of Alabama
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu
Iraque e Síria - áreas atacadas |
O ISIL [(ing.)
“Estado Islâmico no Iraque e Levante”, às vezes ISIS (ing.) “Estado
Islâmico no Iraque e na Síria”] está em marcha. Nos últimos dias, já tomou
várias cidades no Iraque e hoje atacou e tomou a cidade e a província de
Sinjar. É região no noroeste do Iraque, no governorado de Nineveh; a província,
próxima de Mosul, estava sob controle da guerrilha curda Peshmerga. Os curdos
abandonaram seus postos, quando ficaram sem munição. Muitas vilas naquela área
são habitadas por iazidis, de uma comunidade etnorreligiosa de curdos, que
pratica uma religião muito antiga, assemelhada ao zoroastrismo.
Segundo a
ONU, mais de 200
mil iazidis abandonaram suas casas, de medo de serem
mortos pelos selvagens do ISIL.
Os combates
estão tomando a direção da barragem de Mosul, alvo estratégico mais importante
que a cidade à qual a barragem deu nome. Hoje, a barragem ainda está sob
controle de forças curdas, mas com o ISIL já se aproximando para atacar
por dois lados, a posição atual dos curdos está ameaçada.
Só agora se
começa a ver quanto poder material o ISIL ganhou, depois que algumas
divisões do exército iraquiano em torno de Mosul simplesmente se dissolveram ao
primeiro ataque que sofreram.
O ISIL
capturou quase todas as armas de quatro divisões de exército, incluindo
tanques, mísseis e milhares de toneladas de munição. Mais do que suficiente
para armar um exército mecanizado de cerca de 60 mil homens. O ISIL também
ganhou acesso a capacidades de defesa antiaérea muito superiores aos lançadores
portáteis de míssies (MANPADs) que tinham antes.
O B-777 da Lufthansa, proibido de voar sobre o Iraque desde 28/7/2014, aguarda em Frankfurt |
Os
EUA ordenaram que seus aviões voem em altitudes
superiores às normais, sobre o Iraque:
Aeronaves norte-americanas estão proibidas de
sobrevoar o Iraque em altitudes inferiores a 30 mil pés – disse a Administração
Federal de Aviação. A agência, que já proibira as aeronaves de voar abaixo de
20 mil pés, distribuiu as novas regras por causa da “situação potencialmente
perigosa criada pelo conflito armado no Iraque.
O ISIL não
está atacando só no Iraque. Na Síria, perto da fronteira libanesa, o exército
sírio com apoio do Hezbollah está limpando a área ocidental montanhosa do
Qalamon, para onde fugiam vários milhares de terroristas ativos contra o
governo sírio. A cidade libanesa de Arsal, junto à fronteira, é a principal
base de apoio desses terroristas. O exército libanês isolara por algum tempo a
cidade, mas nas últimas 24 horas foi atacado por grandes grupos de terroristas
do ISIL. Vários soldados e policiais libaneses foram mortos e alguns
foram capturados. O exército libanês já enviou mais forças para lá, mas a luta
parece ser muito violenta. Se o ISIL conseguir passar por Arsal, estará
em condição de atacar outras áreas no Líbano, inclusive áreas que dão apoio ao
Hezbollah
Até aí, são
os fatos.
O Levante - região a ser atacada pelo ISIL/ISIS |
O noticiário
publicado pelo New York Times, porém, sobre o ataque contra Arsal é, pode-se
dizer, chocante, ou é (intencionalmente) simplório, sobre as forças atacantes.
O leitor tem de ler mais de dez parágrafos, até ser informado de que os
atacantes são terroristas leais ao famigerado ISIL. O golpe de
mascaramento começa já na manchete: “Pistoleiros
vindos da Síria atacam postos do exército no Líbano”.
Pistoleiros que chegaram ao nordeste do Líbano vindos da Síria atacaram vários postos
do exército numa cidade fronteiriça no sábado, no que pareceu ser esforço para
conseguir resgatar um rebelde sírio que foi sequestrado por soldados
libaneses.
...
... os pistoleiros, identificados como
combatentes rebelados vindos do lado sírio.
...
... ataques por pistoleiros ...
...
... pistoleiros atacaram também casas
tomadas por rebeldes...
...
... os pistoleiros sequestraram 17
membros das forças de segurança num posto policial e tentaram trocá-los pelo
rebelde sírio Imad Ahmad Jomaa, ...
...
... combatentes rebeldes entraram no
Líbano ...
...
... o exército prendeu o Sr. Jomaa, acusado de
comandar uma brigada rebelde que se unira à Frente al-Nusra, ...
...
... num vídeo postado no final do mês passado
no YouTube, o Sr. Jomaa e membros de sua brigada são vistos jurando lealdade a
grupo muito mais extremista, o Estado Islâmico no Iraque e Síria, ISIL.
...
Os rebeldes que atacaram...
...
... pelo menos num nível local, o Sr. Jomaa e
seus combatentes abraçaram recentemente o ISIL.
Por que o NYT
dá-se tanto trabalho para esconder o fato?
É preciso ler
tudo, até os últimos parágrafos da matéria publicada pelo NYT para
descobrir que os “pistoleiros” locais e os sempre glorificados “rebeldes
sírios” envolvidos no ataque ao exército libanês são terroristas associados ao ISIL
(Estado Islâmico no Iraque e no Levante).
Mais
recomendável seria o jornal fazer soar todos os alarmes, se esses radicais,
agora com enorme potencial militar, estão-se lançando massivamente contra
forças de segurança do Líbano.
[*]
“Moon of Alabama” é título popular de “Alabama Song” (também
conhecida como“Whisky Bar” ou “Moon over Alabama”) dentre outras
formas. Essa canção aparece na peça Hauspostille (1927) de Bertolt Brecht, com música de
Kurt Weil; e foi novamente usada pelos dois autores, em 1930, na ópera A
Ascensão e a Queda da Cidade de Mahoganny. Nessa utilização, aparece
cantada pela personagem Jenny e suas colegas putas no primeiro ato. Apesar de a
ópera ter sido escrita em alemão, essa canção sempre aparece cantada em inglês.
Foi regravada por vários grandes artistas, dentre os quais David Bowie (1978) e
The Doors (1967). A seguir podemos ouvir versão em performance de David Johansen.
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