Comentário do pessoal da Vila Vudu sobre: CESAR MAIA, “Emulsificação política”, 30/10/2010, Folha de S.Paulo, p.2, em
[copiado-colado adiante]
Quando acordei hoje (taaaaaaaaaaaaarde...), o meu Gato Filósofo já estava trabalhando. Olhei e vi: cachimbando, olhar perdido sobre as colinas da Vila Madá, é batata: o meu Gato Filósofo tá trabalhando. Nessas horas, nem preciso dar bom-dia. Foi me ver (insisto, insisto em que ele me vê, mas... sei não...), e o Gato começou, já, ele, na metade do seu parágrafo pensado:
“... porque só alguns petistas mais jovens ainda vivem da ilusão de que todos os fascistas seriam 'naturalmente' idiotas, ‘porque’ seriam não-‘éticos’, não-‘transparentes’, não-‘ecológicos’, além de não-petistas e, por isso, bobos & feios.
Fato é que há fascistas inteligentes. Cesar Maia, por exemplo. É inteligente. Melhor ainda: ele, que é organicamente reacionário, se acha TOTALMENTE inteligente.
Por isso, hoje, na Folha de S.Paulo, Cesar Maia, inteligente, mas reacionário temerário, entregou o ouro.
Cabe-nos recolher o ouro e deitar fora a lixívia (reciclada, facavôr, claro). [“Claro”... suspirei, já taquidigitando. O Gato Filósofo conta comigo. Precisa de mim. Alimento-me dessa certeza. Vivo desse precário consolo.]
E o Gato Filósofo, sem parar de falar:
“Hoje, Cesar Maia listou, para nós, todos os seus-dele problemas, que seriam os problemas de alguma oposição inteligente, se tivesse restado um átomo, que fosse, de alguma oposição inteligente no Brasil. Não restou.
No Brasil, já praticamente não havia oposição democrática inteligente. Agora, depois das eleições parlamentares de 2010, já não há, sequer, a oposição burra que havia no Brasil antes dessas eleições históricas que se consumarão amanhã, no Brasil. A saber:
O primeiro problema do Cesar Maia, que está sem votos, sem vozes, sem partido e sem causa, condenado à Folha de S.Paulo e ao PIG (“Partido da Imprensa Golpista”), e condenado, todo o PIG, por sua vez, à mais lamentável mediocridade e já objeto de chacota universal, é:
-- COMÉ que a campanha do PSDB-DEM pagará os credores? Esse problema aparece como problema marco zero, cratera, buracão, supranumeração, só numerário (em notas não marcadas, façavôr!). A esse problema, CM chama de “o da campanha”.
O sintagma “o problema das dívidas de campanha” foi ocultado, no artigo da FSP, mas de fato, sim, lá está, e grita! O item “dívidas de campanha” foi ‘desnumerado’ e metaforizado, mas, CM sabe do problema. Todos sabem. (Claro, também, que esse problema é problema muito mais dos credores da campanha do PSDB-DEM, do que, propriamente, da campanha ou da oposição. Claro.)
O segundo problema do Cesar Maia é:
-- COMÉ que a oposição burra que havia no Brasil e foi afinal DETONADA pelos nossos votos democráticos fará para ‘exigir’ que NÓS cumpramos o que NÓS prometemos na campanha?
É problema, esse, sim, grave, para Cesar Maia. Cesar Maia constata, corretamente, inteligentemente, que a oposição está TOTALMENTE sem meios para exigir coisa alguma. Está sem partido, sem votos, sem maioria, sem nomes representativos, com todos os seus ‘grandes nomes’ [só rindo!] já TOTALMENTE desempregados. E, claro, perderam as imunidades e foros privilegiados, é claro, ante investigações que, é claro, virão. É claro.
A resposta, aí, é clara e linda, só não vê quem não queira: A oposição no Brasil, hoje, depende TOTALMENTE da democracia brasileira. VIVA O BRASIL! DILMA LÁ! A luta continua. Só a luta ensina!
Na próxima 2ª-feira, dia 1/11/2010, só restarão, à oposição burra que se constituiu no Brasil... a Folha de S.Paulo, a D. Danuza, o Augusto Nunes, Marília Gabriela, D. Dora Kramer, o Reinaldo Azevedo, o ex-FHC e atual NADA, o Merval, Dona Eliane, alguns trolls violentos e sem graça e sem competência, o Papa, o herdeiro presuntivo da Coroa de Orleans no Brasil, os monarquistas... Juntos, esse pessoal não elege nem ‘assessor especial’ para limpar penicos do Instituto Milênio!
Data venia, Sr. Cesar Maia, mas... De onde, diabos, a oposição brasileira tirou a ideia de apostar tudo nessa gente?!
O terceiro problema do Cesar Maia é:
-- COMÉ que a oposição conseguirá manter aquecida, na opinião pública, a estupidez TOTAL de ter inventado que haveria, no Brasil, no século 21, uma “questão religiosa”? Foi ideia de quem?!
Pois se ATÉ a Maçonaria (que fez vários presidentes, no Brasil, vários) já DETONOU, há mais de 150 anos, a tal “questão religiosa”!
“As tensões entre o Império do Brasil e a igreja tiveram origem nas novas diretrizes do Vaticano, fixadas por Pio IX em 1864 nas bulas Quanta Cura e Syllabus errorum, que condenavam as liberdades modernas, reafirmando o predomínio espiritual da Igreja no mundo. No Brasil, tais mudanças causaram um choque de interesses entre o alto clero, que passou a adotar uma postura ultramontana - romanização do catolicismo - e o Estado.
O ponto máximo do conflito ocorreu entre 1872 e 1875, em meio ao confronto entre o episcopado e a Maçonaria, que resultou na prisão dos bispos de Olinda e Belém. (...) A coisa ia neste pé, quando um jornal maçônico publicou artigos de um protestante, discutindo a perpétua virgindade de Nossa Senhora” (...) Para os fiéis tocados pelo ultramontanismo, majoritariamente urbanos e alfabetizados, a prisão dos bispos indicou o caráter arbitrário das instituições, distanciando-os do regime. Para a grande massa da população, ainda presa à religiosidade antiga, aquilo tudo fora uma impiedade” [e por aí vai, como vai jornal de ontem!].
O ponto máximo do conflito ocorreu entre 1872 e 1875, em meio ao confronto entre o episcopado e a Maçonaria, que resultou na prisão dos bispos de Olinda e Belém. (...) A coisa ia neste pé, quando um jornal maçônico publicou artigos de um protestante, discutindo a perpétua virgindade de Nossa Senhora” (...) Para os fiéis tocados pelo ultramontanismo, majoritariamente urbanos e alfabetizados, a prisão dos bispos indicou o caráter arbitrário das instituições, distanciando-os do regime. Para a grande massa da população, ainda presa à religiosidade antiga, aquilo tudo fora uma impiedade” [e por aí vai, como vai jornal de ontem!].
O quarto problema do Cesar Maia é:
-- COMÉ que a oposição conseguirá manter aquecida, na opinião pública, a estupidez TOTAL de ter inventado que haveria uma “política econômica eleitoral, com o real valorizado e contas públicas em processo de desmontagem”? Pois se até o Delfim Neto já dilmou! Pois se até o Joelmir Betting já dilmou!
Se quiser manter esse discurso, a oposição burra terá de continuar a depender das ‘análises’ ‘econômicas’ da D. Danuza, do Mendoncinha, do Sardenberg, do William Waack...
OK, OK. Concedo: A oposição burra poderá escalar D. Danuza para que se ponha, à porta da Bolsa de Valores, com cartazes de "Eike Batista, vote em mim!", “Investidores, rasguem dinheiro!” “Não comprem PP da Petrobras!” “Só o golpe salva!”
O quinto problema do Cesar Maia é:
-- COMÉ que a oposição burra se haverá com o problema – que ela mesma inventou, deixando-se pautar pelos Friazinhos! – de ter feito campanha eleitoral baseada em ‘análises-de-Danuza’, com Papa e herdeiro presuntivo da Coroa dos Orleans, e senhoras-de-santana... MAS, DESSA VEZ, sem grana, sem militares, sem Golbery, sem ditadura, sem ‘Terceira Via’, sem neoliberalismo, com democracia, com crescimento, com China, SEM os EUA! [risos, risos])... e – como está a oposição burra, hoje, no Brasil –, sem deputados, sem senadores e sem agenda e sem projeto para o país?
O sexto problema do Cesar Maia é:
-- COMÉ que a oposição burra conseguirá manter-se viva, com uma Câmara e um Senado muuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuu uito saneados, em relação ao que foram nos governos Lulas e, pode-se dizer, já QUASE-TOTALMENTE saneados, se comparados ao que foram nos governos do facinoroso ex-FHC e atual NADA?!”
[O Gato Filósofo deu por encerrada a homilia, pediu um uísque e clicou Janis Joplin - Ball And Chain live in Germany 69. Sinal claro, indevassável, de que entrou em modo de realimentação. Eu não existo. Depois, ele sempre clica em: Jimi Hendrix - VooDoo Child (live) e, depois, é cuesta abajo. Só se recompõe amanhã, quando me levará, pela coleirinha, para (eu) votar.
ATUALIZAÇÃO:
Já há dias o Gato Filósofo mandou-nos para o Twitter, alertar o Cesar Maia de que ele pare coaquele papo dele-lá, de só re-noticiar desgraças, coaquele denuncismo suicidário lá-dele, só “emoção triste”, conversa de justiceiro de milícia & extorsão (até “Tropa de Elite 2” já sabe que milícia & extorsão tão cum nada, sô!).
Cesar Maia faria melhor, se parasse, logo, de investir tudo na ideia de que algum jornalismo e alguma oposição sobreviverão no Brasil, só de denuncismos pirados, sem nenhum interesse de propor caminhos DEMOCRÁTICOS para construir melhor democracia para todos (até para a oposição e o jornalismo!).
Talvez adiante repetir o aviso-alerta. O Brasil precisa de oposição democrática, produtiva, construtiva, tanto quanto precisa de melhor jornalismo e jornalistas. Fascistas inteligentes, como o Cesar Maia, já bem poderiam estar cuidando disso, mesmo que pensando, como sempre pensam os fascistas, só na própria sobrevivência.
Mas pensando, sobretudo, ante a evidência de que já não há vias golpistas viáveis -- golpes e instabilidade política SÃO PÉSSIMOS para os negócios! -- e convencendo-se, também a oposição, de que a sobrevida da oposição terá de ser buscada por VIAS DEMOCRÁTICAS, por mais impalatável que a verdade soe aos ouvidos fascistas e golpistas udenistas genéticos no Brasil, como o ex-FHC e atual NADA, pra citar outro.
Sabe-se lá, mas... talvez, com algum esforço na direção de melhor prática democrática, o fascismo constitutivo, visceral, genético, de tantos por aí, talvez até amaine! Para dar melhor futuro, até, à oposição, aos jornais, ao jornalismo no Brasil.
Afinal, nas eleições de 2010, no Brasil, a oposição burra – que operou, expôs-se e se autodetonou pelos jornais, pela televisão, pelos descaminhos de um ‘marketing’ eleitoral indigente, incompetente, tecnicamente fraquíssimo ainda casado a jornalistas e a autoproclamados ‘intelectuais’ [só rindo!] –, foi a PRINCIPAL e impressionantemente acachapantemente DERROTADA força derrotada pelos nossos votos democráticos e pela democracia brasileira.
Sobre: CESAR MAIA, “Emulsificação política”, 30/10/2010, Folha de S.Paulo, p.2,
A campanha eleitoral 2010 tem vários custos além do que é mais óbvio: o da campanha. Nesta eleição, são ao menos seis os custos adicionais.
O primeiro custo é o de cumprir as promessas. O segundo é o de não cumprir as promessas. O terceiro custo é o de a agenda final do primeiro turno e inicial do segundo ter tido um caráter religioso. O quarto é o custo econômico para o Brasil da política econômica eleitoral, com o real valorizado e contas públicas em processo de desmontagem. O quinto é o custo estratégico de se sair de uma campanha sem agenda e sem projeto para o país. O sexto é o custo político de uma Câmara estilhaçada.
Ao primeiro custo (as promessas dos candidatos) devem-se somar aquelas feitas pelos candidatos a governador articuladas com os candidatos a presidente. Se cumpridas, as pressões fiscais e inflacionárias, que já são preocupantes, serão agravadas.
O segundo custo é não cumprir as promessas e ganhar tempo e, com isso, antecipar uma inevitável impopularidade, pela sucessão de um presidente cuja popularidade é pessoal, não de seu governo. O terceiro custo é trazer para a agenda eleitoral temas (valores cristãos) que terminaram reforçando a partidarização das igrejas.
O quarto custo é econômico. Se há um ponto em que o governo atual e o anterior se igualam é ter usado o populismo cambial e fiscal em ano eleitoral. O governo anterior pagou por isso em seu segundo momento.
Constrói-se um consenso de que 2011 será um ano perdido, que exigirá um freio de arrumação cambial e fiscal. Estima-se uma inflação nunca inferior a 7% e um crescimento econômico medíocre.
O quinto é o custo estratégico de uma campanha sem agendas. Questões fundamentais para os próximos anos -como a política externa e as circunstâncias internacionais do governo Obama "terminar" dois anos antes; a dependência à China; a guerra das moedas; França e Grã-Bretanha estarem aplicando medidas fiscais severas; a Europa viver a politização da crise da imigração; o chavismo extrapolar suas provocações; o Irã intensificar a instabilidade na região- passaram ao largo da campanha.
E, finalmente, o custo político das relações entre Executivo e Câmara dos Deputados, que tendem a ser as mais inorgânicas desde sempre. São 22 partidos representados, um recorde. Os quatro maiores partidos apenas representarão 50% dela, outro recorde.
E, mais grave, se a inexperiência parlamentar e sua fragilidade potencial (numa das alternativas presidenciais) sinalizarem a seu partido e aos deputados espertos que vale a pena pressionar.
O mais provável é termos em 2011 um estranho caso de emulsificação política.