sábado, 6 de abril de 2013

Paul Craig Roberts - O assalto ao ouro



Gráfico do histórico Dollar versus ouro nos últimos anos
(Clique na imagem para aumentar)


4/4/2012, Paul Craig Roberts- Institute for Political Economy
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu


O Armagedon pode estar bem próximo para os norte-americanos. A prova disso é o esforço organizado, que fazem hoje o Federal Reserve e as instituições financeiras que dependem dele, para afastar as pessoas do ouro e da prata; para conseguir isso, empurram os preços para baixo.

Quando o preço do ouro chegou a $1.917,50 a onça, dia 23/8/ 2011, gerando ganhos de mais de $500 em menos de oito meses, no auge de uma onda de crescimento que durara uma década, a partir de $272 no final de dezembro de 2000, o Federal Reserve entrou em pânico.

Com o dólar norte-americano perdendo valor muito rapidamente em relação ao padrão-ouro mundial, estava gravemente ameaçada a política do Federal Reserve, de imprimir $1 trilhão por ano, como apoio às contas desequilibradas dos bancos e para financiar o déficit federal. Quem acreditaria na taxa de conversão do dólar em relação a outras moedas, com o valor do dólar já em colapso em relação ao preço do ouro e da prata?

O Federal Reserve percebeu que suas compras massivas de papéis, para manter altos os respectivos preços (e os juros, portanto, baixos) estavam ameaçadas pela rápida perda de valor do dólar em relação à prata e ao ouro. O Federal Reserve temia que grandes compradores de dólares norte-americanos, como os bancos centrais da China e do Japão e os fundos soberanos dos países OPEC, acompanhassem o movimento dos investidores individuais e se afastassem do dólar norte-americano, o que implicaria queda do valor de câmbio do dólar e do preço dos bônus e ações dos EUA.

Pessoas racionais e inteligentes logo teriam concluído que o governo dos EUA já não tem como manter tantas guerras e guerras tão longas cuja engenharia é trabalho diário e incansável dos neoconservadores; e que tampouco os EUA poderiam suportar a perda de arrecadação e a queda de renda dos consumidores, depois que milhões de empregos da classe média nos EUA foram exportados, à caça de ganhos de capital – para manter os prêmios “por produtividade” assegurados a executivos, e os ganhos dos acionistas dos bancos. Mas muita gente logo viu o que as cartas estavam dizendo. E começaram a sair do dólar: passaram a comprar ouro e prata.

Corrida do US Dollar para o Ouro e os riscos incutidos nos investidores pela imprensa-empresa dos EUA

Bancos centrais demoram a agir. A Arábia Saudita e os petroemirados dependem da proteção dos EUA e não querem irritar o protetor. O Japão é estado-fantoche, sempre zeloso para que nada perturbe a relação com o patrão. A China queria controlar o mercado de consumo norte-americano, enquanto esse mercado existisse. Mas os investidores individuais, esses, começaram a fugir do dólar norte-americano.

Quando o ouro chegou a $1.900, Washington inventou a conversa de que o ouro seria “uma bolha”. A impressa-empresa, presstitute, alinhou-se imediatamente com a propaganda inventada em Washington. Dia 23/8/2011, a rede CNN-Money “noticiou”: “Ouro mostra traços de bolha”.

O Federal Reserve usou seus bancos dependentes “grandes demais para quebrar” para drenar os mercados de metais preciosos. Vendendo e vendendo, contra a crescente demanda, o Federal Reserve conseguiu fazer baixar o preço do ouro para $1.750 e o manteve mais ou menos controlado até recentemente, quando, nos dias 2-3/4/2013, conseguiram baixar o ouro para $1.557; e a prata, que se aproximara de $50 a onça em 2011, caiu para $27.

O Federal Reserve começou o assalto de 1º de Abril ao ouro, mandando um recado às casas de câmbio, as quais rapidamente o repassaram aos clientes: os hedge funds e outros grandes investidores logo começariam a vender suas posições em ouro; e os clientes que tratassem de livrar-se logo das posições que tivessem no mercado de metais preciosos, antes do início daquelas grandes vendas. Dado que essa informação “interna” foi estratégia do próprio governo, nenhum indivíduo poderá ser jamais processado por crime de manipulação do mercado de ações e metais. Mediante essa operação, o Federal Reserve, entidade radical e completamente corrompida, conseguiu combinar os efeitos de uma onda vendedora individual e de uma onda vendedora institucional. O preço do metal em barra caiu; e a sangria de dólares para o ouro, que ameaçava converter-se em hemorragia torrencial, foi contida.

Desvalorização do US Dollar contra o Ouro de 1970 até 2012
Por hora, parece que o Fed conseguiu criar suficiente desconfiança entre os americanos, que estão sendo adestrados a desconfiar das virtudes do ouro e da prata. Assim, o Fed ganha um pouco mais de tempo para continuar a imprimir dólar-papel e vai conseguindo manter em pé o seu castelo de ar. Mas pode ter ganho, no máximo, alguns poucos anos.

Contudo, para russos e chineses, cujos bancos centrais têm muito mais dólares do que gostariam de ter hoje, e para os 1,3 bilhão de indianos na Índia, o baixo preço do ouro que o Fed inventou é boa oportunidade. Para eles, a possibilidade que o Fed lhes deu, de comprar ouro a $350-$400/onça a menos que há dois anos, chega como uma dádiva.

O ataque que o Federal Reserve move contra o ouro em barra é ato de desespero o qual, quando for corretamente avaliado e desmascarado, detonará toda a política do banco central dos EUA.

Como já expliquei, o golpe orquestrado contra o ouro e a prata visa a proteger o valor de troca do dólar norte-americano. Se os metais preciosos não fossem ameaça, o banco central dos EUA não os estaria atacando.

O Fed está imprimindo $1 trilhão de novos dólares-papel por ano, mas o mundo afasta-se cada vez mais rapidamente do dólar, tanto como moeda para pagamentos internacionais quanto como moeda de reserva. Resultado, aumenta a oferta e diminui a demanda. Significa que o valor de troca do dólar só cairá; que a inflação doméstica devida ao aumento nos preços das importações só aumentará; que as taxas de juro só subirão; e que virá o colapso dos mercados de papéis, ações e bens imóveis.

Ao final das contas, a manipulação, pelo Fed, contra o ouro não poderia absolutamente dar certo e não dará. Visa apenas a dar mais tempo ao Fed, para tentar continuar a financiar o orçamento federal com mais dinheiro-papel recém-impresso; para manter baixos os juros; e para manter alta a dívida, com vistas a segurar os balanços dos bancos.

Quando o Fed já não puder continuar a imprimir dinheiro, por causa da queda do valor do dólar, que a impressão de mais papel-dinheiro só fará aumentar, os depósitos em bancos e as pensões serão confiscados, para financiar o déficit no orçamento federal por mais um, dois anos. Qualquer coisa. Tentarão qualquer coisa para adiar a catástrofe geral.


Manipular o mercado de metais preciosos é crime. Dado porém que é crime praticado pelo Fed do governo Obama, fica descartada a aplicação de qualquer lei.

Mas todos veem e verão que esse ataque organizado pelo Fed contra os mercados de ouro e prata é o sinal mais claro possível de que se aproximam graves turbulências. Estão ameaçados o valor do dólar e todo e qualquer patrimônio denominado em dólares.

Rapidamente se verá que todos os que acreditam no governo dos EUA e todos que acreditam em desregulação sempre estiveram igualmente errados. Os EUA já passaram pelo pico da curva. Como já previ no início do século 21: em 20 anos, os EUA seremos país do Terceiro Mundo. Já andamos metade do caminho.

5 comentários:

  1. Este artigo do Paul Craig Roberts já teve duas continuações, seria muito interessante se fossem traduzidos, no ultimo artigo Paul Craig demonstra mais ainda a farsa da desvalorização do ouro e a alarmante situação do dolar:

    http://www.paulcraigroberts.org/2013/04/13/assault-on-gold-update-paul-craig-roberts/

    http://www.paulcraigroberts.org/2013/04/16/update-to-the-update-the-attack-on-gold-paul-craig-roberts/

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    1. Estou enviando para o pessoal da Vila Vudu... Grato pelo comentário,
      Castor

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    2. Prezado Castor, continuando o assunto, gostaria de expor um ponto de vista meu sobre o momento que estamos vivendo.
      Acredito que chegamos ou já ultrapassamos o “ponto sem retorno” da crise sistêmica global do capitalismo, daqui para a frente, é só uma questão de quando e não de se o sistema vai colapsar, mas a mídia empresarial, o pig, ignora solenemente o assunto.
      Veja esta tentativa de manipulação do FED sobre o mercado de ouro, a exceção de Paul Craig Roberts e do blog “The Economic Collapse”, passou em branco na mídia.

      Acredito que, neste momento, seja de crucial importância expor a maior fraqueza do império, aquela que justamente é mais ignorada, muitos podem até imaginar os EUA perdendo uma guerra, como perdeu no Vietnã ou os fracassos no Iraque e Afeganistão, apesar do imenso poderio militar americano, mas imaginar os EUA falido, quebrado, é algo que até muitos progressistas não ousam imaginar.

      Veja o debate sobre a Síria, é claro e evidente a hipocrisia de Washington na questão, a infiltração de radicais islâmicos dentre os insurgentes contra o regime de Assad, mas, em ultima instancia, somente se a Rússia interviesse diretamente, com o envio de tropas, caso, por exemplo, sua base naval na Síria fosse atacada, averia alguma esperança de um desfecho diferente, mas acho esta possibilidade muito remota.

      Comparando a Síria com a Venezuela, nesta ultima a um claro projeto político progressista que esta no poder, um projeto de questionamento mais profundo das relações sócio econômicas do capitalismo, o que também irrita profundamente os EUA, mas não vejo isso na figura de Assad, parece que setores da classe media síria mais cosmopolitas e liberais que temem a ascensão dos radicais islâmicos ao poder são sua base de apoio, mas isto esta longe de configurar um governo progressista.

      É claro que os abusos da política externa dos EUA devem ser denunciados, mas existem até conservadores que acham um erro o apoio dos EUA aos rebeldes sírios, mas que conservador admite o colapso do Dólar e o fim da egemonia dos EUA no mundo?

      A Miriam Leitão, por exemplo, esta lá no seu blog criticando a política econômica do governo Dilma, torcendo contra e dizendo que a “onda” do momento são aos acordos bilaterais de livre comercio, como a aliança trans-pacifica ou o possível futuro acordo de livre comercio EUA-União Européia(ambos falidos), e que o Braisl esta “perdendo” esta nova onda.

      Na verdade, ela no fundo sabe da crise que se avizinha, mas jamais ela daria o braço a torcer, ela não tem mais o que falar a seu ingênuos leitores , então ela continua a professar esta visão de mundo economicista, reducionista e neo liberal, até que a realidade seja tão forte e se interponha a seu discurso, mas isto só depois que a cris estourar.

      A questão é de conquistar corações e mentes, a maior vitrine dos neoliberais, a economia dos EUA, continua sendo exemplo de pujança, modernidade, eficiência, liberdade e o que mais você queira, dentro da argumentação deles, neste contexto, é possível falar que os EUA possam perder uma guerra, mais falir, quebrar ?, jamais.

      Sou cadastrado no blog do Nassif, venho insistindo lá também nesta minha argumentação, veja a recente campanha do pig para que se aumentasse os juros, o Nassif cansou de denunciar, mas enquanto o espelho da mídia for a economia dos EUA e Europa, seu modelo de modernidade e eficiência, não a contra argumentação.

      Acredito que agora é o momento de expor ao maximo a falência do modelo neo liberal, infelizmente alguns progressistas torcem pela recuperação econômica dos EUA e Europa, na esperança de que ajude também a economia do Brasil, mas eu acho que lamentavelmente não a espaço para mudança se o sistema não colapsar por completo, imagine se os EUA se recuperar desta crise, com crescimento econômico, prontos para mais guerras de agressão mundo afora e nos ainda termos de ouvir Mirians e Mervais exaltando o triunfo do sistema.

      continua...

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    3. Prezado Rodolfo
      O maior problema do Brasil é a imprensa-empresa local e seus "especialistas". Venal e apátrida, visa tão somente seus próprios interesses políticos e comerciais. Mais NADA. E veja que ela tem até um "Observatório" (o OI). Os maiores especialistas mundiais em observar o NADA.
      Sequer lemos/vemos/ouvimos a imprensa-empresa brasileira. Nem mesmo a chamada nano-imprensa dita de "esquerda".
      Nosso trabalho, pessoal da Vila Vudu incluído, é simplesmente contrapor ideias, conceitos e opiniões diferentes do desértico "main stream" de TODOS os matizes econômicos e políticos do Brasil.
      O Nassif é um solitário e errante herói deste "far west" que é a internet jornalística. Embora derrape quando foge um pouco da sua pauta de conhecimentos, é o ÚNICO jornalista de economia do Brasil que pode ser reconhecido como tal.
      Dizer que as miriamsleitões "et cataerva" "sabem" ou "conhecem" ou "estudam" só mostra que você, no mínimo, é capaz de debater com ela. Eu não sou. Não debato com subnitrato-de-pó-de-traque em NENHUMA área do conhecimento humano.
      Grande abraço
      Castor
      P.S. Aguardo sua continuação

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  2. Prezado Rodolfo
    Como se pode notar por minhas palavras acima, tenho pouquíssimo, pra não dizer nenhum, respeito pelo "jornalismo" praticado no Brasil. Os "gatos pingados" que tentam, sem sucesso, fazer alguma coisa parecida com jornalismo neste pobre país, apenas confirmam a nulidade jornalística geral.
    Grande abraço
    Castor
    P.S. 1) Não à-tôa procuramos distribuir material jornalístico fora das viciadas publicações da imprensa-empresa ocidental. 2) Temos uma pá de artigos de jornalistas "out-siders" publicados aqui neste bloguinho.Aproveite... 3) Ah, sim! Junte-se à redecastorphoto no Facebook e/ou no twitter.Quem sabe?

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