domingo, 17 de agosto de 2014

Canal da Nicarágua: para o novo mundo multipolar

15/8/2014, RT Russia Today
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu


O Canal de Panamá faz 100 anos. Mas as necessidades do comércio mundial impõem que se crie rota marítima mais ampla e moderna, razão pela qual já está em projeto uma via interoceânica alternativa.

É obra gigante. Um canal interoceânico de 278 quilômetros de comprimento, 105 dos quais passam pelo Lago Cocibolca. O ambicioso projeto nicaragüense tem orçamento prévio de mais de US$ 50 bilhões, de contrato já assinado com a empresa chinesa HKND.


Serão necessários mais de 50.000 trabalhadores além de equipamentos especialmente projetado para execução do Projeto.

É desafio para nós, porque não temos ainda o pessoal capacitado para executar o projeto. Por isso mantemos contato muito ativo com as universidades da Nicarágua, com o Conselho Nacional de Universidades, para preparar profissionais não só para construir, mas para operar o canal – diz Laureano Ortega, assessor da agência de promoção e investimento da Nicarágua, Pro-Nicaragua.

Um canal a serviço da natureza

De fato, a complexidade e o alto custo do projeto foi parcialmente explicado pela escolha de uma rota com menor impacto ambiental. Um exemplo desta atitude é a criação do Lago Artificial Atlanta que evitará a salinização da água doce.

Nós pensamos este mega projeto, de maneira que o canal deva estar a serviço da natureza e não a natureza a serviço do canal. Acredito que é uma oportunidade para a recuperação ambiental do território e que dará uma muito valiosa oportunidade para a gestão ambiental do território, disse o ambientalista Camilo Lara Jesus Bermudez, membro do Comitê de Desenvolvimento Nicarágua Canal.

Perspectivas comerciais para a Nicarágua

O Canal da Nicarágua será três vezes más longo que o do Panamá e dará vida nova à economia das áreas que atravessa. Vários projetos complementares podem converter a Nicarágua em núcleo comercial para toda a região.

Será na região de Rivas onde, segundo o Projeto, ficará um megacentro logístico. A poucos quilômetros do Lago Cocibolca construiremos o maior e mais moderno aeroporto da América Central que terá categoria internacional 4E, podendo receber aviões (carga e passageiros) tipo Airbus 380 e Boeing 777. A capacidade anual do aeroporto será de 1 milhão de pessoas e 22.000 ton. de carga. (...)


O Porto Brito, que hoje é pequena aldeia de pescadores, receberá um dos maiores portos de águas profundas do mundo. Essa área da costa do Pacífico será uma das principais rotas do grande canal, e aí também haverá uma zona de livre comércio e complexos turísticos.

Uma das principais vantagens dessa infraestrutura, comparada à panamenha, será a possibilidade de atender embarcações de maior calado. No futuro, os grandes cargueiros de última geração simplesmente não poderão passar pelo antigo trajeto. A passagem pela Nicarágua será a única alternativa para o transporte global de mercadorias e receberá boa parte do trânsito marítimo mundial.

Se se considera, por exemplo, um navio que vai de costa a costa nos EUA pelo Panamá, se cruzar o Canal da Nicarágua, economizará mais de 900 quilômetros. É relevante para a empresa e também para os consumidores dos produtos que transitam por ali. Navega-se menos, economiza-se combustível e contamina-se menos – diz Telémaco Talavera, engenheiro e membro da comissão de Desenvolvimento do Canal da Nicarágua.


Garantia de prosperidade para Nicarágua

O canal, como consequência,  terá efeito multiplicador sobre a Nicarágua, fazendo mais que dobrar a economia nicaragüense, dobrando também os ingressos de divisas que deverão reduzir o atual índice de pobreza extrema no país de 14% para 7%, além de retirar cerca de 25% da população da informalidade; fator que é absolutamente majoritário nos dias atuais, diz Paul Oquist, Secretário Executivo da Comissão do Projeto de Desenvolvimento do Canal da Nicarágua.

Para o analista político Jorge Capelán,

(...) o que estamos vendo é mudança dramática no mundo das correlações de forças econômicas e políticas no mundo, que necessariamente implicam novas rotas comerciais. O comércio, no mundo multipolar não se pode desenvolver dando-se a volta pelo sul, ou pelo Polo Norte.

O projeto será lançado em dezembro, quando será dragada uma primeira “pista”, a qual, tudo correndo bem, marcará época.


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