sexta-feira, 1 de junho de 2012

SE Gilmar Mendes


Gilmar Mendes, o LIBERTADOR!

Publicado em 31/05/2012, por Urariano Motta*

Em atenção ao que inspirou o ministro do STF Celso de Melo, quando declarou sobre o que o ex-presidente Lula teria dito por acaso, quem sabe, talvez e por hipótese, nestas palavras:

“A conduta do ex-presidente da República, se confirmada, constituirá lamentável expressão ... Se ainda fosse presidente da República, esse comportamento seria passível de impeachment... Se confirmado esse diálogo entre Lula e Gilmar, o comportamento do ex-presidente mostrou-se moralmente censurável”.

Inspirado em Celso de Melo, e na mais alta consideração às possibilidades da verdade na fala de um ministro do STF, mais conhecido por Gilmar Mendes, seguem estas mui mal traçadas linhas que Rudyard Kipling cometeria, ou quem sabe, talvez, se vivesse hoje no Brasil, se não fosse estranho ao sentimento de justiça, se não tivesse o seu genial talento, se fosse outra pessoa, se não escrevesse o que escreveu, enfim, se:

SE Gilmar Mendes 

Se és capaz de conservar o teu bom senso e a calma,
Quando todos pedem a conta do teu passeio em Berlim
E te acusam disso os malditos;
Se és capaz de confiar em ti, quando todos duvidam
E, no entanto, finges que nem duvidam;
Se és capaz de esperar, sem perderes a esperança
de uma salvação acima do registro de fitas gravadas
E de gravata e sem bravata não caluniares os que te espiam;

Se és capaz de sonhar com a Veja sem que o sonho te domine
E com a capa sonhar sem reduzir tal obsessão
em vício;

Se
és capaz de enfrentar o Triunfo da turba e o Desastre ,
Sem tratar esses ferradores com o breque “me ferrastes!” 

Se és capaz de ouvir as falsidades que disseste
Mudadas em trapos de Kipling de Norte a Leste;

Se és capaz de ouvir as falas gravadas de tua vida celular
Sem gritares stop, pois esses tolos tolos são de matar;

Se és capaz de queimar todo o dinheiro que te coce
Num risco de tornar o impulso em lance de tosse
E louco perder e recomeçar tuas funções de bigamias
E nunca brecar um suspiro das perdas loucas que mias;

Se és capaz de forçar teu coração e nervos e novo brio
E fazê-los servirem quando não servem, não dão pio
Nem aguentam a onda, nem nadam nem falam i ou u,
Exceto o vil que sei do DEM te grita: aguenta, tio!

Se és capaz de toques no crau com ar sério e casto
Ou de servir ao PIG sem doce pose de capacho;

Se nem de foice ou Love fremes, quem te arde, ó tu?
Se ao menos cantes ziuziu, bates e tomas tutu ;
E fio quente Nextel fazes nele conversas todo minuto
Os sessenta segundos valendo mais que a distância muito;

Se assim fores, em farsas e versões que inibem até o mar
Se assim Mentes, não serás um homem, Dom Gilmar.

Urariano Motta* é natural de Água Fria, subúrbio da zona norte do Recife. Escritor e jornalista, publicou contosem Movimento, Opinião, Escrita, Ficção e outros periódicos de oposição à ditadura. Atualmente, é colunista do Direto da Redação e colaborador do Observatório da Imprensa. As revistas Carta Capital, Fórum e Continente também já veicularam seus textos. Autor de Soledad no Recife (Boitempo, 2009) sobre a passagem da militante paraguaia Soledad Barret pelo Recife, em 1973, e Os corações futuristas (Recife, Bagaço, 1997).

Enviado pelo autor
Ilustração redecastorphoto (Desenho do Dálcio)

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