8/2/2015, Ekathimerini, Atenas - Grécia
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu
Alexis Tsipras discursa no Parlamento grego |
Com semana
difícil pela frente para a Grécia, e sob pressão crescente dos credores, o Primeiro-Ministro
grego, Alexis Tsipras, apresentou ontem ao Parlamento seu programa político de
governo, prometendo implementar as promessas pré-eleitorais de revogar medidas
de austeridade, embora não todas ao mesmo tempo.
“Temos um
único compromisso – servir aos interesses do povo e ao bem da sociedade” –
disse Tsipras, acrescentando que é decisão irrevogável de seu governo
implementar “integralmente” as promessas de campanha.
O premiê
disse que o governo não tentará qualquer prorrogação do “resgate” da Grécia;
disse que seria “prorrogar os mesmos erros e o mesmo desastre”; reiterou que os
gregos exigem um acordo “ponte” a ser firmado até que se alcance “acordo
mutuamente aceitável” com os credores. “Não temos nenhuma intenção de ameaçar a
estabilidade na Europa”, disse ele, acrescentando que, contudo, não
“negociaria” a soberania do país.
Tsipras e seu
governo precisam de “espaço fiscal” para uma discussão sobre a reestruturação
da dívida grega e um novo acordo; disse também que austeridade cada vez maior
só exacerbaria o problema.
Prometeu
substituir um imposto unificado sobre a propriedade (ENFIA), por novo imposto
sobre grandes propriedades; e aumentar a base isenta de imposto de renda para
12 mil euros (hoje, é de 5 mil euros). Também prometeu introduzir sistema mais
justo de impostos e acabar com a evasão fiscal e a corrupção. Será restaurada a
negociação coletiva de salários, disse Tsipras, acrescentando que o salário
mínimo voltará aos 751 euros/mês (foi reduzido para 586 euros, como medida de “austeridade”),
em etapas, de agora até 2016. Tsipras disse também que as autoridades gregas
recriarão a chamada 13ª pensão ao final do ano para aposentados que ganhem
menos de 700 euros/mês.
Crise humanitária na Grécia |
Alta
prioridade continua a ser enfrentar a “crise humanitária”, disse o premiê
grego, prometendo eletricidade gratuita e comida para famílias vítimas das
“medidas bárbaras” dos anos recentes. Para o funcionalismo público, haverá
imediata readmissão que incluirá empregados da limpeza no Ministério das
Finanças, guardas escolares e pessoal administrativo das universidades. Tsipras
disse que nenhuma dessas medidas comprometerão o orçamento e incluirão contratações
planejadas para 2015.
O premiê
também prometeu reabrir a ERT, rede de rádio estatal, abruptamente fechada em
junho de 2013 pelo governo anterior, e iniciar investigação, por comissão
parlamentar, para determinar de que modo a Grécia entrou no “memorandum”.
Sobre as
privatizações, disse que o governo considera bem vindo o investimento privado,
mas rejeita a “queima” de bens públicos. Acrescentou que nada será posto à
venda. Num aceno direto à Alemanha, disse que é “dever histórico” da Grécia
buscar reparação e pagamento por empréstimo forçado durante a IIª-Guerra
Mundial.
O discurso de
Tsipras marcou o início de três dias de debate no Parlamento, depois dos quais
será votada uma moção de confiança em seu governo. A coalizão não tem dúvidas
de que obterá o voto de confiança, com 162 assentos, dos 300 do Parlamento
grego.
Yanis Varoufakis |
Muito mais
dura será a negociação com os credores do país. O Ministro de Finanças, Yanis
Varoufakis, deve encontrar seus contrapartes da eurozona em Bruxelas, para
reunião de emergência na 4ª-feira (11/2/2015), e sugeriu, no fim de semana, que
lhes apresentará “proposta compreensiva” para uma solução. Tsipras deve
reunir-se com seus pares europeus no dia seguinte, em reunião de chefes de
Estado em Bruxelas.
Outra reunião
de ministros de Finanças da Eurozona na 2ª-feira (9/2/2015) foi fixada como
prazo fatal pelo presidente do Eurogroup, Jeroen Dijsselbloem, para que a
Grécia peça prorrogação da parte europeia do “resgate” que expirará [são os empréstimos; a palavra certa é “vencerão”; empréstimos “vencem”,
não “expiram”! Santo Deus! Tuuuuuuuudo é kumunicassão! (NTs)] dia 28/2/2015.
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