quarta-feira, 3 de agosto de 2011

No aniversário do Direto da Redação



Publicado em 03/08/2011 por Urariano Mota

Recife (PE) - Da turma, eu sou aqui um dos mais novos. Quero dizer, faz pouco mais de três anos que apareci no Direto da Redação. Vim, pedi licença pra entrar, porque sabia do quadro de colunistas, da qualidade dos textos publicados, e por último, mas não menos importante, da boa fama do editor também, a quem conhecia somente pela voz e imagem na tevê. 

Se a memória não me falha, não fui convidado, fui eu que pretensioso bati à porta. Ao que respondeu Pedro Eliakim: “pode entrar, eu já acompanho os seus textos”. E passei a colaborar até hoje.

Como diria Samir Abou Hana, no dia em que lhe perguntei se ia cantar Nelson Gonçalves na casa de Racine: “aqui só tem cobra”. Mas muito afoito, tenho procurado deixar nas colunas um pouco do veneno de Pernambuco. Entre tantos colunistas, destaco um quase conterrâneo, Roberto Porto, com suas histórias de futebol e das redações do Rio. E gosto mais ainda quando Porto insinua que Eliakim é tão velho quanto ele: “estudamos na mesma turma de Direito...”. Outro é Mário Jakobskind, a quem conheci no Rio, quando bebemos juntos depois do lançamento de “Soledad no Recife”. Trata-se de um jornalista à moda boa, valente e honesto. E para não ser injusto, deixando de citar todos os colunistas, de Mair a Rui e Werneck, passando por Leila e Rodolpho, cito um ausente, John Hemingway, neto do escritor Ernest Hemingway. Tenho saudade dos seus textos. Lembro um dos mais corajosos, quando ele falou sobre a difícil relação entre o pai e o avô: o pai de John, ao ser flagrado vestindo meias femininas, recebeu de Ernest a frase “somos uma estranha tribo, filho”.

A partir daí, dialoguei com John Hemingway por email, numa estranha mistura de espanhol, português, inglês e italiano, línguas que ele fala, enquanto eu me esforçava em acompanhar com dicionários, vontade e imaginação. Dizia John, de modo gentil: “I remember reading your article ‘To die by mistake’ on Counterpunch a few years back when Jean Charles de Menezes was gunned down in LondonDo you do any sailing there in Olinda?”. Eu lhe respondia: “Hombre, chap, você pergunta ‘sailing’. Isso é algo como navegar, andar de barco?”. E ele: “Si, lo "sailing" è navigare o come si dice in Italiano, ‘andare in barca a vela’. A me piace ‘gusta’ molto. E quando ero un ragazzo andovo spesso, a Miami dove sono nato e cresciuto”. Aí terminamos. Não tive coragem de lhe responder, John, voltemos ao inglês.         

Do editor Eliakim Araújo tenho recebido contribuições, das quais a não menos pequena é a mudança de títulos na coluna. Quando uma delas é muito citada, não tenham dúvida: a culpa é de Eliakim. Ele pede licença antes, e muda o título com uma desculpa: “se você não concordar, mande”. Isso, para bom entendedor, significa “presta atenção, esmorecido, isso lá é título?”. Acho que o de hoje passa, porque tentei ser o mais original, objetivo e emocionante. Mas falando mais sério, posso dizer que a melhor qualidade do Direto da Redação tem sido a liberdade de opinião, que o editor defende como um princípio, naquele famoso pensamento que atribuem a Voltaire: "Posso não concordar com uma só palavra do que dizeis, mas defenderei até a morte vosso direito de dizê-lo."

Daí que tenho publicado até hoje o que penso, bem, mais ou menos ou mal pensado. Até mesmo quando escrevo contra a vontade e opinião do editor. Até mesmo quando falo mal de Roberto Carlos, que desconfio ser um dos compositores preferidos dele e de Leila. Paciência, não é? Tem nada não. Assim que puder, farei aqui no Direto da Redação um último e definitivo teste da mais absoluta liberdade de expressão. Ando matutando para um dia escrever e publicar uma crônica de nome “O santo dia em que Roberto Carlos morreu”. Aí vamos ver. Mas enquanto não, amigos, para encerrar a de hoje, envio-lhes esta última frase, que pode não ser um primor de originalidade, mas é sincera e vem a calhar, sem dúvida: a todos, parabéns pra você, nesta data querida.

Enviado por Direto da Redação

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Registre seus comentários com seu nome ou apelido. Não utilize o anonimato. Não serão permitidos comentários com "links" ou que contenham o símbolo @.