21/7/2014, [*] Gilad Atzmon
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu
Os crimes de guerra de Israel |
No discurso
que fez à nação o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu reconheceu
ontem que a guerra contra Gaza é uma batalha pela existência do Estado Judeu.
Netanyahu está certo. E Israel não pode vencer essa batalha; não pode sequer
definir que vitória poderia advir dessa batalha. Claro que a batalha não se
trava pela posse dos túneis ou pela operação subterrânea da resistência: os túneis
são armas da resistência, não são a resistência. Os militantes do Hamás e de
Gaza atraíram Israel para uma zona de batalha na qual Israel jamais vencerá; e
o Hamas impôs as condições, escolheu o campo e escreveu os termos que exige
para concluir esse ciclo de violência.
Por dez
dias, Netanyahu fez tudo que pôde para evitar a operação por terra, pelo
exército de Israel. Ele sabia que Israel não conhece resposta militar à
resistência palestina. Netanyahu sabia que uma derrota em solo erradicaria o
pouco que resta do poder de contenção que o exército israelense ainda tem.
Há cinco
dias, Israel – pelo menos aos olhos dos próprios apoiadores – estaria no
comando da situação. Via seus cidadãos convertidos em alvos de fogo infinito de
foguetes, mas ainda mostrava alguma moderação, só matando palestinos civis bem
de longe, o que ajudava a preservar uma fantasia de força, de poder. Tudo isso
mudou rapidamente, a partir do início da operação em terra lançada por Israel.
Agora, mais
uma vez, Israel está envolvida em colossais crimes de guerra, crimes contra a
humanidade, crimes contra população civil. E, pelo menos estrategicamente, seus
comandos de elite da infantaria estão sendo dizimados nas batalha cara-a-cara
em Gaza.
Apesar da
clara superioridade tecnológica de Israel e do maior poder de fogo, os
militantes palestinos estão derrotando Israel na guerra de solo. E já conseguiram
levar a guerra para território israelense. E a chuva de foguetes sobre Telavive
não dá sinais de arrefecer.
A derrota do
exército de Israel em Gaza deixa sem qualquer esperança o Estado Judeu. A moral
é simples. Se você insiste em viver em terra dos outros, a força militar é
ingrediente essencial para impedir que os roubados lutem pelos próprios
direitos.
O nível de
baixas no exército israelense e as filas de soldados da elite israelense
voltando para casa em caixões é mensagem muito clara para israelenses e
palestinos: a superioridade militar de Israel é coisa do passado. Não há futuro
para o Estado-Só-de-Judeus na Palestina. Se quiserem, que tentem noutro lugar.
_____________
[*] Gilad Atzmon (músico e escritor) nasceu em Israel em 1963 e
estudou na Academia Rubin de Música, Jerusalém (Composição e Jazz). Multi-instrumentista,
toca saxofones, clarinete e instrumentos de sopro étnicos .Seu álbum Exile foi
o álbum de jazz BBC do ano em 2003. Ele foi descrito por John Lewis no The Guardian como “o mais hardest-gigging homem do jazz britânico”.
Atzmon viaja extensivamente pelo mundo tocando em festivais, salas de concertos
e clubes. Até 1994, foi produtor-arranjador de vários projetos de dança e rock
israelenses, realizando na Europa e nos EUA a reprodução de música étnica, bem
como rock e jazz. Anima seu blog com
vários artigos políticos.
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