Traduzido
pelo, pessoal da Vila Vudu
Rebeldes sírios = Mercenários dos EUA |
Segundo o Washington Post, o governo dos EUA
está discutindo um aumento no número de mercenários treinados pela CIA, na Síria:
O governo Obama analisa planos para ampliar o papel da CIA para armar e treinar mercenários para
lutarem na Síria, movimento que visa a acelerar o apoio clandestino que os EUA
continuam a dar a facções rebeldes, enquanto o Pentágono prepara-se para
estabelecer suas próprias bases de treinamento, disseram funcionários do
governo Obama.
A avançada da CIA
será ampliação de missão clandestina que cresceu substancialmente ao longo do ano
passado, disse um funcionário. A Agência agora seleciona e treina cerca de 400
mercenários por mês – a mesma
quantidade de mercenários que o Pentágono espera poder treinar, quando seu
programa alcançar capacidade máxima, no próximo ano.
A matéria fala de campos de treinamento
na Jordânia e no Qatar.
Hurriyet noticia que o treinamento será iniciado também na Turquia:
Oficiais do Comando Europeu dos EUA [orig. United
States European Command (EUCOM)] e do Comando Central dos EUA [orig. U.S.
Central Command (CENTCOM)] e oficiais militares turcos de alta patente
acertaram vários detalhes sobre o treinamento a ser oferecido na Turquia, a
mercenários a serviço da oposição síria.
Membros do Exército Sírio Livre, inclusive turcomenos sírios,
serão treinado no centro de treinamento do quartel de Hirfanlı em Kırşehir,
informaram as fontes ao diário Hürriyet Daily News. Oficiais
militares dos EUA também participarão do treinamento.
Basicamente, os EUA fornecerão armas e munição para a oposição
síria, e os custos do treinamento, pelo que se espera, serão pagos por
Washington.
Estima-se que cerca de 2 mil combatentes sírios receberão
treinamento militar, que deve começar no final de dezembro.
Mercenários dos EUA em treinamento na Turquia |
Nenhum jornalista, até agora, parece
ter-se interessado por perguntar ao governo Obama qual a base legal para que os
EUA insistam em treinar e infiltrar esses mercenários em território sírio, para
lutarem contra o governo sírio. O que diz a lei internacional ou, mesmo, a lei
norte-americana, sobre presidente dos EUA que, sem declaração de guerra, manda
um exército de mercenários lutar contra o estado sírio, ou qualquer outro
estado?!
O governo Obama sabe muito bem que a
base legal sobre a qual tenta manter-se empoleirado é muito, muito frágil. O
pessoal que está sendo treinado são criminosos e não estão sendo treinados para respeitar as leis que regem as guerras nem, sequer, os
direitos humanos. A solução que o governo dos EUA encontrou, para continuar a
desrespeitar a lei é... tentar mudar a lei:
O governo Obama pediu repetidas vezes ao Congresso que seus
esforços militares contra o Estado Islâmico sejam excluídos de uma lei que há
muito tempo proíbe que os EUA deem assistência a torturadores e criminosos de
guerra (...)
...
Dois pedidos de isenção semelhantes foram discretamente rejeitados
no Congresso, numa lei da Defesa aprovada em setembro, informou um auxiliar do
Senado. Aquela lei garantiu US$ 500 milhões para treinar mercenários para lutar na
Síria, e um fundo antiterrorismo de US$ 1 bilhão destinado ao Oriente Médio.
Nos dois casos, o governo Obama tentou excluir os beneficiados
pelos financiamentos da obrigação de prestar contas a inspetores de direitos
humanos e de respeitar limitações nesse campo – como mostra o histórico da
tramitação.
Até agora, o Congresso continua a
rejeitar qualquer alteração ou exceção nos termos da Emenda:
A Lei Leahy de 1997, que recebeu o nome do senador Democrata por
Vermont Patrick Leahy, impede que os EUA financiem unidades suspeitas de
“violações graves de direitos humanos” (assassinato, tortura e aprisionamento
extrajudicial).
Mercenários do ESL treinados e pagos pelos EUA |
Todos os grupos do Exército Sírio Livre
que CIA e Pentágono estão treinando cometeram esses crimes e atualmente colaboram
com grupos terroristas.
Recentemente, a Reuters elogiou o
sucesso do Exército Sírio Livre no sul, onde, como noticiamos há dois meses, mercenários do Exército Sírio Livre
treinados pela CIA vieram da Jordânia e, protegidos pela artilharia israelense,
capturaram a colina de Golan para, dali, avançar em direção a Damasco. Visando
a enganar, não a informar, a Reuters escreve que:
As forças de Assad controlam Damasco, a
costa mediterrânea e grande parte da área entre esses dois pontos. O Estado
Islâmico, braço recém brotado da al Qaeda, controla o leste, e a al-Nusra
controla boa parte do noroeste e está expandindo-se, ganhando território dos
moderados.
As províncias do sul próximas da
fronteira da Jordânia são exceção; ali, rebeldes que se se autodenominam
“Frente Sul” ainda controlam território e estão conseguindo resistir a Assad, ao mesmo tempo em que têm evitado
confrontos diretos com al-Nusra.
A CIA/ESL no sul não apenas evitaram
“confrontos diretos com a al-Nusra”: eles cooperaram intensamente com a Frente
al-Nusra. Os terroristas de al-Nusra são os atacantes da linha de frente em
todas as batalhas no sul. (O Exército Sírio iniciou ampla contraofensiva contra
esses ataques no sul, e logo conseguirão detê-los completamente, antes que
cheguem a ameaçar Damasco).
Violações extensivas de direitos
humanos documentadas desde o início de 2012 e forte cooperação com grupos terroristas são a marca dos
mercenários anti-Síria que CIA e Pentágono estão treinando. Esse treinamento é,
portanto, ilegal, nos termos da lei norte-americana. Obama sabe disso, motivo
pelo qual insiste, até agora sem sucesso, em que seja modificada a lei que rege
o financiamento, pelo governo dos EUA, de grupos terroristas.
A atitude de Obama, reincidente nesse
tipo de infração à lei, não seria boa base para um processo de impeachment contra o presidente?
Obama na Austrália, justificando o injustificável |
A lei internacional proíbe ataques contra
o estado soberano sírio. Obama só faz reincidir no mesmo crime, cada vez que
manda mercenários para lutar contra o estado sírio. O próprio Obama, ontem
mesmo, disse o seguinte:
Acreditamos que nações e povos têm o direito de viver em segurança
e em paz; que uma ordem segura efetiva (...) deve ser baseada – não em esferas
de influência ou coerção ou intimidação nas quais grandes nações violentam as
menores – mas em alianças para segurança mútua, lei internacional e normas
internacionais que têm de ser respeitadas, e na resolução pacífica das disputas.
Só as platitudes de sempre, típicas de
Obama, é claro. Mas a questão é: Por que nenhum jornalista da imprensa-empresa
dominante, para começar, não questionou o presidente? Afinal o governo dos EUA
faz exata e precisamente o contrário do que o presidente proclama...
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