19/11/2014, [*]
Vladimir P. Kozin – Global Research
Traduzido
pelo pessoal da Vila Vudu
A CIA é capaz de inventar, do nada, um golpe; é
capaz de fazer toda a engenharia do golpe. Mas não é capaz de prever o que
acontecerá depois. A tragédia na Ucrânia é o mais vívido exemplo dessa
ignorância.
É importante que se organize uma reunião de cúpula
EUA-Rússia, necessária e urgente para atacar todos esses problemas e encaminhar
essas soluções. Mas não com Barack Obama. É impossível pensar em reunião séria,
desse tipo, sob essa presidência.
Como a
análise provavelmente mais detalhada de como chegamos ao atual perigoso estado
de coisas, nada bate Vladimir Kozin, do Instituto Russo para Estudos
Estratégicos. Leiam atentamente, cuidadosamente. E, sim, é a Guerra Fria 2.0,
remix de problemas multiplicados: entre EUA e Rússia, e entre OTAN e Rússia.
Tanques da Junta de Kiev invadem o Donbass |
A
continuação da Guerra Fria 1.0 ou o início da Guerra Fria 2.0 criou uma série
de ameaças e provocações contra a Europa e, em particular, contra a Federação
Russa. Hoje, mais e mais especialistas insistem em que uma nova Guerra Fria
está realmente em curso: alguns dizem que a nova Guerra Fria é a continuação da
anterior, chamada Guerra Fria 1.0, que tão contraproducentemente envolveu o
planeta por tanto tempo; outros dizem que a nova guerra inclui um fenômeno
qualitativamente novo, o que justifica defini-la como Guerra Fria 2.0.
Os
que propõem a segunda teoria argumentam que a atual crise tem realmente nova
dimensão, que o padrão anterior da Guerra Fria 1.0 morreu oficialmente em
novembro de 1990, quando nações europeias decretaram solenemente seu final
oficial, na Carta para uma Nova Europa, assinada em Paris.
Pessoalmente,
sou de opinião que a Guerra Fria 1.0 terminou em 1990 – pelo menos entre as
maiores potências globais e pelo menos politicamente. A diferença radical entre
as Guerras Frias 1.0 e 2.0 é que a primeira teve dimensão global, e a segunda
ocorre, realmente, em modo bilateral: entre EUA e Rússia, e OTAN e Rússia.
Mas
infortunadamente, uma nova Guerra Fria 2.0 emergiu em 2014 – 24 anos depois do
fim da primeira. É
per se um grande desafio-ameaça contemporâneo
para a Europa. Apareceu muito depressa e intencionalmente, embora alguns
fatores objetivos e reais tenham criado terreno sólido para esse renascimento.
Apesar do fim da Guerra Fria 1.0 há quase 24 anos, as velhas linhas divisórias
permaneceram discerníveis.
Quais são as grandes “velhas”
provocações e ameaças?
Primeiro, aconteceu vasto aumento da OTAN, que cresceu em
direção ao leste: do fim da Guerra Fria 1.0 até o início da Guerra Fria 2.0, o
número de membros daquela Aliança quase dobrou (de 1999 até 2009, 12 estados –
43% do número total de membros – foram acrescentados à lista). Mais importante
que o número de estados até hoje é que a OTAN continua empenhada nessa
expansão: há mais quatro estados na lista de espera, dentre os quais a Geórgia
e a Ucrânia. Robert Pzschel, representante oficial da OTAN, confirmou, no final
de outubro, que ambas, Geórgia e Ucrânia, podem vir a tornarem-se
membros-plenos da OTAN. O novo secretário-geral da OTAN, Jens Stoltenberg em
seu discurso de posse, dia 1/10/2014, disse que a Aliança assinara acordos com
Finlândia e Suécia que lhe permitiriam cooperação mais íntima com o bloco
militar ocidental.
Dia
15/10/2014, em discurso no Simpósio da Associação do Exército dos EUA [orig. Association
of the US Army (AUSA) Symposium], Chuck Hagel, do Pentágono, criticou a
Rússia por levantar-se no caminho, ‘às portas’ da OTAN, impedindo o avanço da
OTAN.
[1] Como
se a Rússia estivesse caminhando todos os dias para oeste, para mais perto das
‘portas’ da OTAN. A realidade é o contrário disso: a Aliança Atlântica, desde o
dia em que foi constituída, só faz caminhar todos os dias, cada vez para mais
perto da Rússia, para as portas da Rússia. O ministro russo da Defesa Sergey
Shoigu disse que essa declaração de Chuck Hagel é prova de que os EUA estão
preparando um cenário para ações militares próximas às fronteiras da Rússia.
A
verdade é que os EUA sempre se esforçaram muito para manter “robustas forças
avançadas de modelagem” [orig. “robust shaping forces forward”],
como o vice-secretário de Defesa dos EUA Bob Work admitiu no Conselho de
Relações Exteriores [orig. Council on Foreign Relations], em Washington, D.C.,
dia 30/9/2014, mesmo num momento em que o Pentágono combatia em duas grandes
guerras – no Iraque e no Afeganistão. A expressão “forças avançadas” [orig.“forces
forward”] é terminologia norte-americana para designar “forças avançadas
alocadas permanentemente” nas bases norte-americanas de além-mar; e “forças
avançadas alocadas rotativamente” [orig. “rotationally forward-deployed forces”]
espalhadas pelo planeta: 80 mil no Pacífico; 20 mil na Coreia do Sul; 40 mil
sob ordens do Comando Central; 28 mil na Europa, mais na África, na América
Latina, etc. Hoje, como disse Chuck Hagel no Simpósio da AUSA,
há soldados norte-americanos alocados ou “avançados” em quase 150 locações em
todo o mundo. Não apenas “às portas” de vários países, mas, na realidade,
diretamente em solo de outros países.
Segundo, os EUA retiraram-se unilateralmente, em meados de
2002, do Tratado Antimísseis Balísticos [orig. ABM Treaty] – tratado que, para
todos os governos anteriores dos EUA, havia sido a “pedra basilar da
estabilidade estratégica global”.
Terceiro, as decisões, dos presidentes Clinton e Obama de
instalar um Sistema Global de Mísseis Balísticos de Defesa [ing. BMDS]
mirado contra vários estados: as etapas básicas desse movimento são: em
dezembro de 2002, a
Diretiva Presidencial sobre instalação “limitada” do BMDS;
em fevereiro de 2005, a
criação do Comando Conjunto Funcional dos EUA para Defesa de Mísseis Integrados
[orig. US
Joint Functional Command for Integrated Missile Defense]; em fevereiro de
2007, os EUA apresentaram oficialmente os detalhes para o BMDS na
Polônia e na República Checa; e em setembro de 2009, Barack Obama anunciou o
plano US
EPAA BMD. [2]
Quarto, o início da primeira fase da implantação da Abordagem Adaptativa em Fases, para a Europa (EPAA)
em 2011, e o lançamento das capacidades preliminares no mesmo processo,
continuação da 2ª fase e promessa de ter as quatro fases operantes a partir de
2022 e daí em diante.
Quinto, uma decisão tomada por Washington, em 2010, de
base ampla, para modernizar as armas do arsenal nuclear tático dos EUA, o
chamado tipo B-61, inclusive as armas alocadas em quatro países da Europa e na
parte asiática da Turquia, ao mesmo tempo em que se ampliam as capacidades de
penetração daquelas armas para atingir alvos reforçados.
Sexto, essa provocação está conectada ao problema do
Tratado das Forças Convencionais na Europa [ing. Conventional Forces in Europa Treaty,
CFE-1] e sua versão adaptativa CFE-1A] que deixou de
facto de ser vigente em 2007, porque todos os membros da OTAN que
participaram das negociações daqueles acordos recusaram a ratificá-lo e a
definir a expressão-chave “forças convencionais substanciais”.
Sétimo, a OTAN posicionou-se ao lado da Geórgia quando
atacaram a Ossétia do Sul, em agosto de 2008 (Operation “Empty Field” [Operação
Campo Vazio]).
Oitavo, pela primeira foi criada a “tríade de Chicago” – “uma
mistura apropriada de armas de defesa nucleares, convencionais e mísseis”, na
Reunião da OTAN em maio de 2012, em Chicago, e foi confirmada em recente
reunião da OTAN realizada em setembro passado em Newport, no Reino Unido.
E
finalmente, o nono desafio-provocação-ameaça:
em fevereiro de 2014, os EUA organizaram e executaram golpe de estado
(inconstitucional) na Ucrânia, que pôs no poder em Kiev um regime
ultranacionalista e anti-Rússia, que já praticou massivos crimes de guerra
contra cidadãos pacíficos no Donbass – que são, de
facto e de
jure, cidadãos ucranianos – usando armamento pesado, inclusive MRLS “Grad”,
“Smerch” e “Uragan”, bombas de fósforo branco e bombas de fragmentação
(proibidas por duas Convenções Internacionais). A Human Rights Watch já identificou como bombas de fragmentação o
material empregado em outubro, por tropas ucranianas, contra civis pacíficos.
Esses crimes cometidos por militares são crimes contra a humanidade e já
mataram cerca de 4 mil pessoas, com mais de 9 mil feridos no Donbass nos
últimos seis meses, como reconheceu o Gabinete do Alto Comissariado da ONU para
Direitos Humanos, em Relatório divulgado dia 8/10/2014.
As hostilidades que Kiev introduziu geraram resultados negativos: o comportamento de agressão de Kiev levou grande número de pessoas a fugir daquela área (280 mil moveram-se para outras áreas da Ucrânia; e quase 900 mil refugiaram-se na Rússia. Apesar do Acordo de Cessar-Fogo anunciado em Minsk dia 5/9/2014 e reiterado dia 19/9/2014, as tropas de Kiev continuam a violar sistematicamente esses importantes acordos: mais 330 morreram depois de anunciado o cessar-fogo. Depois do cessar-fogo, tropas regulares de Kiev e formações irregulares já praticamente já se reorganizaram no sudeste. As potências ocidentais continuam a agir ilegalmente, de um modo que estimula e encoraja o governo de Kiev a só procurar soluções militares para aquele conflito, que só podem levar a um beco sem saída.
O
custo da violência militar de Kiev contra o resto da Ucrânia pesará muito sobre
as áreas sitiadas de Donetsk e Lugansk, com os danos causados pela guerra já
estimados pelos combatentes da resistência na Novorússia, na primeira semana de
outubro, em cerca de US$ 1 bilhão. Esse número é bem semelhante ao que Kiev
divulgou. Segundo os números do governo da Ucrânia, serão necessários US$ 911
milhões para reconstruir as cidades no Donbass destruídas pela guerra. 65% dos
prédios residenciais e moradias e 10% das escolas e jardins de infância foram
destruídos no Donbass. O exército da Ucrânia não criou zonas desmilitarizadas
com o Donbass. 40 mil empresas de médio porte na região pararam de funcionar. O
nível de desemprego na Ucrânia alcançou 40% da força nacional de trabalho.
Atualmente, a dívida externa da Ucrânia já alcança algo entre US$ 35 e US$ 80
bilhões. Kiev não pode pagar pelo gás que compra, porque gastou demais em
guerra contra o próprio povo. Como já disse a ex-premiê ucraniana Julia
Timoshemko, a corrupção pós-Maidan já ultrapassou a corrupção pré-Maidan.
Por
causa do movimento do exército ucraniano na direção do sudeste do país em
abril, a região passa por severa catástrofe humanitária, com muitos cidadãos
forçados a lutar para sobreviver sem água limpa, eletricidade e outros itens
necessários à sobrevivência básica. [3]
Um novo relatório da ONU sobre a situação dos direitos humanos na Ucrânia, distribuído no início de outubro, diz que há violações continuadas das leis humanitárias, por grupos e batalhões de voluntários armados controlados pelas forças armadas ucranianas.
No período
relatado, a lei humanitária, incluídos os princípios militares de necessidade,
diferenciação, proporcionalidade e precauções tem sido continuadamente violada
por grupos armados e algumas unidades de batalhões voluntários sob o controle
das forças armadas ucranianas –
diz o Relatório.
A
quarta vala comum foi encontrada numa vila no leste da Ucrânia. A vala foi
descoberta poucos dias depois de a Missão de Monitoramento da Organização de
Segurança e Cooperação da Europa (OSCE) ter confirmado a descoberta de três
covas para enterro em massa, em áreas que as forças de Kiev abandonaram
recentemente. No total foram encontrados mais de 400 cadáveres, vários dos
quais mostrando ferimento de bala na cabeça, com características de execução à
queima-roupa.
Infelizmente,
muitas ONGs europeias e internacionais muito conhecidas fingem que não veem
essas grandes violações de direitos humanos na Ucrânia. Os prisioneiros de
guerra devolvidos ao Donbass pelas autoridades ucranianas chegam em condições
físicas terríveis, não raro sem qualquer documento de identidade. Kiev
frequentemente prende gente inocente pelas ruas, para exibir aquelas pessoas
como “rebeldes” e oferecê-las como prisioneiros de guerra reais, em trocas de
prisioneiros com o lado oposto.
Outra provocação relacionada à Ucrânia: as autoridades ucranianas continuam a impedir que especialistas malaios visitem o local onde caiu o avião MH17, impedindo assim qualquer exame objetivo na área da queda e escondendo todas as provas de que a área foi intencionalmente e diretamente bombardeada depois da queda do avião, dia 17/7/2014, para destruir provas que houvesse do crime que ali foi cometido. O desafio-provocação, nesse caso, é que, até agora, não há qualquer investigação séria em andamento. As Forças Armadas da Ucrânia impedem ininterruptamente que equipes internacionais de investigação visitem o local em que o avião caiu. Kiev, de fato, trabalha para esconder verdade já conhecida, para que não se possa provar o que muitos já sabem: que a Força Aérea Ucraniana derrubou, deliberadamente, aquele avião. Um magnata ucraniano, Igor Kolomoiskiy, que é também governador da Região Dnepropetrovsk, confessou recentemente que as Forças Armadas Ucranianas estavam tentando destruir outro avião de passageiros no dia 17/7/2014, quando, “sem intenção”, nas palavras dele, derrubaram o Boeing 777 da companhia malaia, matando quase 300 passageiros.
Há
ainda outro fator relacionado à Ucrânia: a disseminação massiva de ideologia
fascista ultranacionalista de linha duríssima hostil a não ucranianos e pessoas
de outras nacionalidades. O principal e mais grave risco nesse caso é que uma
geração de jovens ucranianos está ativamente envolvida nos processos de
disseminação e absorção dessas ideologias, que recebem apoio e incentivo, além
do consentimento, das supremas autoridades do governo da Ucrânia. Glorificação
de nazistas alemães e o reconhecimento, como veteranos de guerra, do Exército
Ucraniano Insurgente [orig. Ukrainian Insurgent Army (UPA)] na
Ucrânia, acusado pela prática de crimes de guerra, inclusive de assassinatos em
massa de judeus e de poloneses na Ucrânia, é sinal alarmante para a Europa que
tanto sofreu nas mãos dos nazistas, na IIª Guerra Mundial.
Infelizmente,
nenhuma nação europeia, nem EUA ou Canadá, denunciaram o evento desse
reconhecimento. É como se o remédio gerado para combater e erradicar o “vírus
do fascismo” – remédio produzido pelo Tribunal de Nuremberg em 1945-1946 – já
tivesse perdido qualquer eficácia no momento pelo qual a Europa passa hoje.
Quais
as implicações potenciais desses nove problemas-desafios-ameaças-provocações
listados acima?
A Junta de Kiev esmera-se em bombardear população civil |
Quem é responsável por lançar a
Guerra Fria 2.0 e novas ameaças e provocações-desafios?
O
otimismo ocidental associado ao final da Guerra Fria 1.0 foi muito exagerado.
Na verdade, só emergiu uma “Paz Fria” na Europa, entre a Guerra Fria 1.0 e a
Guerra Fria 2.0. EUA e OTAN supuseram, erradamente, que o crescimento militar
de ambos durante esse período permaneceria invisível ou que seria interpretado
como entertainment inocente.
Assim
sendo, a Nova Guerra Fria é o principal desafio-provocação e a mais grave
ameaça que se ergue hoje contra a estabilidade e a segurança da Europa.
A
Nova Guerra foi intencionalmente iniciada pelo presidente Barack Obama, por
razões óbvias: para aumentar a margem de gastos militares para a OTAN; para
criar mais estados pró-“Ocidente” em torno das fronteiras do território russo;
para derrubar o presidente da Rússia; para minar o potencial militar e
econômico da Rússia; e para arruinar a segurança e a economia da Europa –
principal concorrente econômico dos EUA. Infelizmente, todos os 28
estados-membros da OTAN e da União Europeia abraçaram a mesma escolha do
presidente Obama. Hoje, essa nova guerra já está plenamente em curso.
A
União Europeia, no que pese a “tendência” a seguir Washington, tem voz que se
pode fazer ouvir e tem potencial para agir com independência. Mas são voz e
potencial que permanecem quase totalmente inúteis. É muito triste, porque a
União Europeia, se falasse pela própria voz, poderia adicionado equilíbrio real
nas discussões e nos esforços internacionais para resolver vários problemas.
A
Guerra Fria 2.0 e suas ameaças e provocações, é fator de deterioração global,
porque promovem a deterioração do clima político, militar, econômico e
financeiro. E está muito próxima da terra russa. Afeta muitos países europeus.
Afeta a Federação Russa. Como o prof. Stephen Cohen, norte-americano de visão
ampla e cabeça aberta, disse em encontro internacional no verão passado em
Washington: “O epicentro da Nova Guerra Fria não está Berlim, mas junto às
fronteiras russas, na Ucrânia, região absolutamente essencial, na visão de
Moscou, para a segurança global e, até, para a sobrevivência da civilização
russa”. A Guerra Fria 2.0 traz, de fato, seus próprios novos desafios-provocações
e ameaças, com impacto orientado para incidir sobre o futuro.
Novas provocações-desafios e ameaças,
no controle de armas?
A
Guerra Fria 2.0 já congelou completamente o processo de controle de armas.
Durante a Guerra Fria 1.0, EUA, União Soviética e Rússia firmaram vários
acordos bilaterais e multilaterais no campo do controle da corrida armamentista
(7 acordos para limitação e redução de armas estratégicas ofensivas [Strategic
Offensive Arms (SOA)]; acordos para desassociar mísseis nucleares e
respectivos alvos; os tratados INF e Open
Skies; o Tratado
CFE, etc.). Hoje, o processo de controle de armas entre
EUA/OTAN e Rússia está completamente paralisado, sem chances imediatas de
qualquer tipo de ressurreição. Há 15 questões não resolvidas entre Moscou e
Washington – em algumas áreas de importância capital. São todos, ao mesmo
tempo, ameaças, provocações e desafios à estabilidade regional e global.
Dentre
eles: o deslocamento/realocamento de mísseis norte-americanos de defesa;
conversão dos submarinos estratégicos norte-americanos equipados com mísseis
balísticos com ogivas nucleares (US SSBN), em submarinos estratégicos
norte-americanos equipados com mísseis cruzadores (US SSGN);
nenhum empenho dos EUA para contar as ogivas estratégicas ofensivas armazenadas
na reserva ativa dos EUA; os EUA sistematicamente descartam qualquer proposta
para controlar mísseis cruzadores portadores de ogivas nucleares lançados do
mar (US SLCM); os EUA ainda têm armas nucleares táticas estacionadas na
Europa (fora, portanto, de território norte-americano); os EUA não têm qualquer
intenção em ampliar a aplicação do acordo INCSEA (para
prevenção de incidentes no mar) de modo a que inclua submarinos movidos a
energia nuclear (até hoje, já foram relatadas 12 colisões entre submarinos
movidos a energia nuclear dos EUA e da URSS/Rússia); os EUA ainda mantêm doutrina
nuclear ofensiva baseada na “contenção” nuclear em geral e da “contenção”
nuclear estendida – com “regras” sobre primeiro ataque, ataques preventivos e para
impedir retaliação; os EUA não manifestam qualquer intenção em redigir acordo CFE qualitativamente
novo (CFE-2); os EUA não manifestam qualquer desejo de firmar qualquer
acordo PAROS (para
impedir que se instalem armas no espaço sideral); os EUA não têm qualquer plano
para assinar algum acordo ASAT (acordo
antissatélite); os EUA violam o Tratado INF sempre
que, para testar mísseis interceptadores de defesa, usam mísseis balísticos de
médio alcance (1.000-5.500
km) e mísseis balísticos de “alcance intermediário” (3.000-5,500 km); os EUA e a OTAN
estão mantendo a Operação da Força Aérea “Policiamento Aéreo do Báltico” por 24
horas/dia, 365 dias/ano com aeronaves de dupla capacidade [DCA, dual-capable
aircraft], que podem transportar bombas atômicas de queda livre; Washington
continua a escapar da ratificação do Tratado para Banimento Amplo de Testes [CTBT
(Comprehensive Test Ban Treaty)] – 18 anos depois de o tratado ter sido
assinado; os EUA não querem limitar o uso de veículos aéreos comandados à
distância [UAVs (unmanned aerial vehicles)] armados e continuam a
usá-los contra civis, especialmente no Paquistão, Afeganistão e outras nações;
e, finalmente, os EUA recusam-se a impor limites ao lançamento de armas
convencionais hipersônicas de acuidade máxima, a serem lançadas dentro da
estratégia de “Rápido Ataque Global” [“Prompt Global Strike”].
Nas forças nucleares: Os EUA completarão a substituição de sua tríade
tradicional de armas estratégicas ofensivas (strategic
offensive arm (SOA)]
– criarão novos [mísseis] ICBMs, SLBMs e novos
bombardeiros estratégicos pesados. As suas ogivas serão modernizadas. Será
desenvolvido novo combustível para os novos mísseis ICBMs,
serão criados motores mais potentes para os novos mísseis ICBMs e SLBMs e
aumentará a capacidade para atingir alvos predefinidos. O Pentágono tem planos
para desenvolver novo míssil cruzador lançado do ar ALCM e para
converter submarinos nucleares lançadores de mísseis balísticos (SSBNs) em
submarinos nucleares lançadores em mísseis teleguiados (SSGNs) (4
submarinos da classe “Ohio” já foram convertidos). Há intenções de longo
alcance dentro do Pentágono para modernizar o arsenal ofensivo estratégico até
o final do século 21, e o arsenal nuclear tradicional pelo menos até 2075. [4]
A
rotação de forças pela Europa Ocidental para exercício ganhará padrão de
rotina. A OTAN montará a Spearhead Force [Força
Ponta de Lança], – de modo que suas tropas mantenham-se em permanente estado de
prontidão, para ação “em questão de dias”. No próximo mês de fevereiro,
ministros de defesa da OTAN definirão o design, a composição e o tamanho
dessa “Força Ponta de Lança”.
Os
EUA abriram oito novas bases militares na Europa: incluindo duas bases navais
na Bulgária e na Romênia, e seis bases aéreas na Bulgária, Estônia, Lituânia,
Romênia e Polônia. E dois novos centros C3I da OTAN serão inaugurados na
Polônia e na Lituânia. Os EUA usam áreas continentais europeias para instalação
de seus sistemas de mísseis balísticos de defesa, e também as áreas para as
quais a OTAN se desloca, cada vez mais para leste. Em breve serão abertas mais
duas bases de sistemas de mísseis balísticos de defesa – na Romênia e na
Polônia. Sem dúvida, essas bases, ou quaisquer outras, serão automaticamente
posicionadas como alvos pelos sistemas de mísseis balísticos de defesa e outros
sistemas de armas russos.
A
deterioração do relacionamento da Rússia com a aliança da OTAN, sobretudo no
que tenha a ver com a crise ucraniana, deixou muito obviamente evidente a
inabilidade da aliança para alterar o código genético político-militar que a
aliança incorporou durante a era da Guerra Fria 1.0. As capacidades militares
da OTAN, que se acumularam nas vizinhanças da terra e dos litorais da Rússia
pode ser tomada como demonstração de intenções hostis e esquema de projeção
provocativa de poder. Na verdade, foi a OTAN quem se moveu até se plantar “às
portas” da Rússia.
Mais uma provocação-desafio:
acusações hostis e retórica de provocar guerra
Declarações
hostis saídas da Casa Branca e dirigidas à Rússia, como “dar uma lição [à
Rússia]”, “Rússia pagará caro pela intervenção militar na Ucrânia”, “anexação
da Crimeia” e, finalmente, que a Rússia ficaria em segundo lugar [como graves
perigos] entre o ebola (o vírus) e o Estado Islâmico”, como Barack Obama disse
em recente sessão da Assembleia Geral da ONU, em setembro de 2014, são
absolutamente sem qualquer fundamento. Vladimir Putin respondeu de forma
perfeitamente clara: esse tipo de abordagem, associada às sanções é
“comportamento hostil”.
A Crimeia festeja vitória de seu povo no referendo em 16/3/2014 |
A
Rússia não aceitará em nenhum caso a palavra “anexação”. Depois da dita
“anexação”, só 3.500 crimeanos optaram por mudar-se para a Ucrânia, por livre e
espontânea vontade. Por outro lado, praticamente todos os soldados e policiais
ucranianos que serviam na Crimeia optaram por servir às Forças Armadas Russas.
Essa reintegração da Crimeia à Rússia aconteceu pacificamente, como efeito de
referendo democrático realizado na Crimeia em março passado.
Para
Washington, a coisa mais fácil a fazer seria reconhecer a reintegração da
Crimeia à Rússia. Mas entre os dois estados – Ucrânia e Rússia – Washington
infelizmente optou um estado falhado, imprevisível, perigosamente
ultranacionalista, estado cujas declarações são mentiras integrais, do começo
ao fim, estado que rouba gás e carvão pelos quais não pode pagar e que não
paga, tampouco, créditos e empréstimos que receberam antes de começarem a
roubar gás e carvão.
Quanto
aos desenvolvimentos no Donbass, não é preciso mandar para lá tropas russas,
simplesmente porque o número de combatentes que operam ali a favor da liberdade
e da democracia é suficiente para repelires o genocídio que Kiev tenta consumar
mediante sua “Operação Antiterror”. A Rússia jamais ocupou sequer uma polegada
de terra ucraniana e não tem qualquer intenção de fazê-lo. É verdade: dez
militares russos perderam-se numa estrada, certa vez, e apareceram em território
da Ucrânia. Teria sido a “agressão” de que alguns falam?
Não
houve luta. Os dez voltaram à Rússia. Se isso foi “agressão”, que nome se dá
quando 460 soldados ucranianos cruzaram a fronteira da Rússia em vários grupos?
“Mega agressão”?
Os
dramáticos desenvolvimentos na Ucrânia revelaram crise em grande escala em
termos da legislação internacional, das normas básicas da Declaração dos
Direitos Humanos e da Convenção para Prevenção e Punição do Crime de Genocídio.
Temos visto numerosas violações dos artigos 3, 4, 5, 7 e 11 da Declaração
Universal dos Direitos Humanos, da ONU, de 1948; e do artigo 3 da Convenção
para Prevenção e Punição do Crime de Genocídio, do dia 9/12/1948.
(...)
Mais um desafio-provocação: sanções
econômicas e financeiras
Há
também sanções econômicas e financeiras contra a Rússia e contra vários altos
funcionários do governo russo, em número superior, hoje, a medidas restritivas
similares que já se aplicaram contra a União Soviética no passado – por conta
do envolvimento dos soviéticos no Afeganistão –, ou contra a Rússia, quando a
Geórgia atacou a Ossetia do Sul, em 2008.
A
Rússia não compreende por que essas sanções foram introduzidas. Moscou nada fez
de errado para ser castigada. Ao mesmo tempo, cresce entre os russos a clara
convicção de que as sanções de estilo colonialista que o ocidente aplica à
Rússia contribuem com pouco ou nada para resolver a crise ucraniana. Os
verdadeiros objetivos dessas restrições são alterar e reformatar a Rússia;
levar a Rússia a mudar suas posições em questões internacionais chaves que são
as mais fundamentais para os russos e obrigar a Rússia a aceitar as
inaceitáveis visões do ocidente. “É ainda
o pensamento do século passado, de épocas passadas, pensamento colonialista
combinado com inércia” – disse Sergey Lavrov, ministro de
Relações Exteriores da Rússia, dia 19 de outubro. É improvável que essas
sanções demovam a Rússia de suas posições atuais. E quanto mais sanções
anti-Rússia se criem, mais forte o apoio que o Ocidente estará dando a Kiev e
mais estarão “aos tropeços, rumo a um desastre” [orig “Blundering Into A Disaster”], como se lê no título que Robert McNamara,
ex-secretário de Defesa dos EUA, deu a suas conhecidas memórias.
O
presidente Vladimir Putin chamou recentemente de “perfeita tolice” as atuais
medidas econômicas e financeiras ocidentais, e acrescentou que não causariam
qualquer dano aos programas sociais e econômicos do estado russo. 94% dos
russos disseram que não temem as sanções dos EUA e da União Europeia e
tolerarão qualquer efeito negativo que as sanções por acaso venham a gerar.
Para os russos, as tais sanções não são “nem quentes demais nem frias demais”, como
disseram. O Banco Central Russo admitiu que as sanções ocidentais afetaram
apenas a atividade operacional de alguns bancos russos, mas que não tiveram
qualquer impacto negativo mais amplo. Pelo contrário, até aumentou a confiança
dos clientes nos Bancos “Rússia” e SMP que foram incluídos nas sanções: os
depósitos aumentaram em cerca de 20%. Mas as sanções estão afetando gravemente
as próprias fundações do comércio mundial, as regras da Organização Mundial do
Comércio e o princípio da inviolabilidade da propriedade privada.
As
sanções não produzirão qualquer efeito profundo sobre a economia da Rússia,
como supuseram os que inventaram as sanções. A produção industrial da Rússia
nos últimos oito meses aumentou cerca de 2,5% (ano passado, o produto industrial
crescera apenas 1,5% no mesmo período). Ano passado, a agricultura russa
cresceu apenas 2,5% durante os primeiros oito meses do ano; esse ano, tivemos
crescimento de 4,9% no mesmo período. Esse ano, o orçamento russo mostrou
superávit de mais de 1 trilhão de rublos, cerca de 200 bilhões de euros. E a
Rússia mantém suas reservas de US $ 450 bilhões em ouro e em moedas fortes.
Mas
as sanções ocidentais são, isso sim, faca de dois gumes: até agora, os países
europeus já perderam US$ 1 trilhão, desde a imposição das sanções contra a
Rússia. À parte as óbvias consequências econômicas, as sanções da UE contra a
Rússia têm implicações políticas danosas contra os próprios europeus. Sabe-se,
claro, que as sanções também tiveram algum efeito danoso, limitado, sobre a
economia russa. Mas no mesmo período, a economia europeia sofreu muito. Muitas
empresas europeias de vários ramos industriais vinham cooperando com a
comunidade empresarial russa. Depois que as sanções foram introduzidas, aquela
cooperação tornou-se impossível, e os investimentos de parceiros ocidentais na
Rússia podem não gerar os resultados antes previstos. Não há dúvidas de que as
empresas que mais sofreram foram os pequenos e médios negócios que se
organizaram em toda a Europa e orientados diretamente para aquela cooperação
com a Rússia. Claro que essas falências levarão a demissões em massa em
praticamente todos os países europeus. E, resultado disso, é possível que se
observe crescimento no desemprego, descontentamento em massa contra políticas do
estado e queda nos índices de confiança entre a população.
Nos
últimos anos, condições assemelhadas parecem ter levado às chamadas “revoluções
coloridas” ou “revoluções provocadas por caos controlado” em vários países.
Hoje, o que se vê é que começam a configurar-se mais ameaças contra a segurança
na Europa.
As sanções ocidentais voam como bumerangues. Por exemplo, a Polônia introduziu sanções contra a Rússia e imediatamente perdeu acesso ao gigantesco mercado russo consumidor de maçãs: há muitos anos a Polônia vende anualmente à Rússia 900 mil toneladas de maçã, 90% de todas as maçãs que a Polônia exportava. Atualmente, a Rússia está comprando maçãs da Sérvia, Nova Zelândia e África do Sul. A indústria polonesa de industrialização de maçãs está em ruínas: foi arruinada pelos próprios poloneses. As sanções fizeram os preços caírem alucinadamente: ninguém quer comprar maçãs polonesas nem a 10 centavos de euro o quilo.
Outras
sanções ocidentais são irrelevantes, como a sanção introduzida contra Nikolai,
de 10 (dez) anos, filho do presidente Aleksander Lukashenko da Bielorrússia; ou
contra a deputada russa Elena Mizulina, que se opõe ao casamento homoafetivo.
Há também sanções cômicas, como as que foram impostas a um cavalo que vive num
estábulo que pertence ao presidente checheno Ramzan Kadyrov. [5]
Os
EUA e nações europeias que se serviram do mecanismo de sanções terão
dificuldades para reparar os danos que causaram à própria reputação. Christine
Lagarde, Diretora-Gerente do Fundo Monetário Internacional disse, dia
9/10/2014, que
Embora até
aqui o impacto do conflito na Ucrânia tenha sido relativamente contido,
qualquer escalada gerará, com certeza, efeitos negativos, tanto regionalmente
como globalmente.
Novo pacote de sanções foi introduzido pelos EUA contra a Rússia, como tentativa primitiva de “vingar-se”, num momento em que a situação na Ucrânia não se desenvolve conforme o cenário que Washington rabiscou atrabiliariamente.
Para
seja qual for a finalidade, é inútil tentar falar com a Rússia na língua das
sanções. Na atmosfera em que se cozinham precipitadamente massivas sanções
ocidentais anti-Rússia, Moscou tem o direito de impor ininterruptamente suas
próprias sanções contra os EUA, em qualquer e em todos os domínios, como
resposta. Mas, como se pode ver, Moscou não respondeu com sanções às nações que
decidiram começar por usar sanções, e sem nenhum motivo real.
Kiev,
para começar, em vez de pagar dívidas conhecidas e assumidas, abarrotou a Corte
de Arbitragem de Estocolmo com montanhas de arquivos irrelevantes e de origem
suspeita, e iniciou várias ações contra a Rússia. Em termos gerais, pergunta
justa é:
Como é
possível alguém falar em des-escalar a situação na Ucrânia, enquanto,
simultaneamente, os mesmos que inventam novas e novas sanções contra a Rússia
também assinam acordos de paz que jamais cumprem?
A
Ucrânia ainda não pagou por 11,5 bilhões de metros cúbicos de gás que comprou
da Rússia, e por 100 mil toneladas de carvão que comprou da Polônia. Somadas
com dívidas anteriores, a Ucrânia deve um total de US$ 9,8 bilhões à Rússia.
Nada desse dinheiro foi pago até agora. E a Rússia não é organização de
caridade, para continuar a fornecer gás gratuito à Ucrânia, sem esperar
pagamento. De 1991 a
2014, a
Rússia deu à Ucrânia cerca de US$ 200 bilhões. Isso tudo prova que a Ucrânia já
é, hoje, comprador extremamente suspeito e perigoso, para toda a economia mundial.
Como disse Robert Fico, Primeiro-Ministro da Eslováquia, em outubro de 2014:
Algo me
diz que a Ucrânia está esperando de outros, não dela mesma, a solução de suas
dificuldades.
Justo
seria, isso sim, que as atuais sanções tivessem sido forçadas contra o atual
governo da Ucrânia, pelas atrocidades que cometeu contra seus próprios
cidadãos; e pelas muitas evidências de que a Ucrânia nunca foi e jamais será
contraparte econômica e financeira confiável. Impor sanções é resultado de
desacordos políticos. Se a Rússia, a UE e os EUA tivessem imposto sanções
contra a Ucrânia, Kiev talvez tivesse posto fim à prática de seus muitos crimes
de guerra massivos, no sudeste, contra a própria população ucraniana.
Mas a política de sanções tem, sempre, caráter contraproducente. Quando se impõem sanções, não há vencedores. E, nesse caso especial, a Rússia está de um lado; e EUA, Europa e outros estados pró-ocidente estão do lado oposto.
Obviamente,
alguém vai sofrer mais, outros sofrerão menos. Os EUA, distantes da Rússia em
termos geográficos, está conduzindo uma política externa “norte-americanista” e
independentemente da política externa da UE. Ao mesmo tempo, porque optou por
confrontar a Rússia econômica e politicamente, a Casa Branca exige que a Europa
a apoie; ao fazê-lo, a Casa Branca empurra os estados-membros da UE para uma
posição muito precária.
Mais um perigo-provocação: Revoluções
Coloridas e Guerras Híbridas
O
número de casos de intervenção direta em estados soberanos, pelos EUA e seus
aliados próximos, aumentou nos últimos tempos. Washington já declarou
abertamente o direito que supõe ter para usar unilateralmente a força em
qualquer lugar do mundo, para defender seus “interesses vitais”. A
interferência militar tornou-se norma – apesar do lastimável resultado de todas
as operações de força que os EUA tentaram nos últimos 70 anos.
Madame Sharon Tennison, presidenta do Centro para
Iniciativas Cidadãs, nos EUA, tem pedido insistentemente que os governantes dos
EUA não façam mais guerras distantes, não mais desestabilizem governos eleitos,
não demonizem outros líderes e países, e que parem de usar força militar para
intervir por todos os cantos, pelo planeta. E disse, em termos eloquentes:
Todos os
países que os EUA invadiram nos últimos 12 anos estão hoje em situação muito
pior do que estavam antes de coturnos e armas norte-americanas aparecerem na
terra deles.
Em
carta que escreveu a Nancy Pelosi, ex-candidata ao governo dos EUA, Sharon
Tennison diz também que jamais antes vira coisa mais carregada de erros e
distorções, mais mal intencionada e mais perigosa que a atual política dos EUA
contra a Rússia. E propõe perguntas bastante lógicas: O que fariam os EUA se a
Rússia pusesse as forças armadas e todos os mísseis do Pacto de Varsóvia ao
longo da fronteira EUA-México e EUA-Canadá? O que farão os EUA quando, sim, já
há possibilidade real de a Rússia instalar armas em Cuba?
A destruição e o saque da Líbia |
Um
dos métodos já explorados pelos EUA é substituir governos mediante eleições,
nas quais se mobilizam quantidades gigantescas de dinheiro, para comprar votos,
comissões eleitorais, e dali até ‘a cabeça’, servindo-se dos serviços de
jornalistas cuidadosa e especificamente treinados, agências de notícias,
fraudes nas urnas ou apurações dos votos e distorções nos números finais de
votos contados.
O
processo foi exposto em tons vívidos pelo embaixador dos EUA na Rússia, Michael
McFaul, antes de ser nomeado embaixador e antes de ter trabalhado como Conselheiro
de Segurança Nacional dos EUA – quer dizer, quando ainda era professor na Stanford University e estudava a Rússia.
Na
aula pública que ministrou num país do leste europeu há alguns anos, Michael
McFaul revelou abertamente ao público presente, o número de agências dos EUA
(p. ex., USAID)
que davam dinheiro a ONGs ucranianas e a empresas-imprensa (jornais impressos,
televisão e grupos ativos nas “redes sociais”) na Ucrânia, para que pusessem no
governo o presidente – pró-ocidente – Viktor Youschenko, em 2004, que pregava a
imediata integração da Ucrânia à OTAN. O prof. McFaul conhecia a específica
quantia de dinheiro canalizado para ONGs ucranianas já existentes ou
especificamente criadas para a finalidade de interferir nas eleições
presidenciais de 2004 na Ucrânia, sob o “lema” de “promover a sociedade civil”
naquele país. A CIA também
abasteceu com recursos substanciais a oposição russa, servindo-se de ONGs
russas e de outras nacionalidades implantadas na Rússia para impedir que o
presidente Putin fosse eleito em 2012.
O
padrão de interferência mais recentemente posto em prática é o que se viu na
Ucrânia. A ideia de usar força aérea para derrubar o presidente Viktor
Yanukovich jamais foi discutida ou interessou ao Pentágono. A principal tarefa
da CIA e de
outros serviços secretos foi derrubá-lo e substituí-lo servindo-se de outros
padrões de ação, inclusive operações clandestinas dentro da Ucrânia. O método
mais recentemente utilizado para golpe de mudança de governo foi, na Ucrânia,
incitar “tumultos de praça” massivos (“manifestações em praças centrais de
grandes cidades”). Por esse padrão, treinam-se e pagam-se “manifestantes
pacíficos” que se reúnem, no primeiro movimento, para protestar contra um ou
outro ato de corrupção, a má qualidade dos serviços públicos, crimes de vários
tipos etc.. Quando os protestos pacíficos na Praça Maidan e ruas próximas em
Kiev começaram a dar sinais de exaustão, os serviços secretos da Ucrânia (SBU)
distribuíram atiradores treinados pelo alto de prédios em torno da praça, para
atirar a esmo em qualquer pessoa, dos dois lados das barricadas, tanto contra
manifestantes quanto contra policiais.
Ucrânia em chamas |
Washington
coordenou os tumultos da Praça Maidan em fevereiro passado e levou ao poder
personalidades de Kiev nada experimentadas no governo, não profissionais.
Funcionário aposentado da CIA confessou,
no verão passado, que o planejamento de uma operação clandestina desse tipo
exigiria, no mínimo, um ano. O ocidente não se deu o tempo necessário. Agora,
diz que não compreende que o povo do Donbass tenha decidido fazer a história
andar noutra direção, que não é a que a CIA “planejara”.
Ninguém nunca mais conseguirá “reunificar” a Ucrânia. Nunca mais. O sangue
derramado foi demasiado, morreu gente demais, há destruição e sofrimento
demais, por lá. Acumularam-se quantidades imensas de rejeição, de antipatia. O
Donbass simplesmente não quer viver sob o mando da Ucrânia, preso em algemas ucranianas.
Querem estado separado, dentro dos limites administrativos de sua própria
terra.
Ao
pôr no poder seu “íntimo aliado” como presidente da Ucrânia, os serviços
secretos dos EUA continuam a manter a Ucrânia como entidade 100% pró-EUA e
pró-OTAN. Para reforçar os sentimentos anti-Rússia e pró-ocidente na opinião
pública naquele país, os serviços secretos dos EUA mantêm lá “instrutores” e
“conselheiros” em praticamente todos os ministérios e sessões e departamentos
do governo da Ucrânia, todos trabalhando ativamente na guerra de informações
contra a Rússia e contra outros países que não apoiaram o golpe sangrento e
ilegal em Kiev e no resto da Ucrânia.
Como
“método”, é simples: usam a internet para martelar e martelar, por repetição,
qualquer notícia falsa ou duvidosa que lhes pareça útil; na sequência, extraem
daquelas “notícias” as “conclusões” mais estapafúrdias e de mais longo alcance,
que mais interessem aos EUA; passo seguinte, aquelas “conclusões” são
apresentadas aos políticos dos EUA e ao público em geral como se fossem “fato”,
vale dizer, como se fossem a realidade. Exemplo recente desse “golpe” foi a “notícia”,
distribuída pelas Forças de Segurança da Ucrânia, segundo a qual cadetes da
Academia Russa de Artilharia (ARA, desativada há seis anos) estariam atacando
no Donbass.
Outra
história: documentos falsos de identidade russa foram exibidos a “jornalistas”,
como prova de que haveria soldados russos comandando a “agressão contra a
Ucrânia”.
Incompetência,
porque o serviço secreto ucraniano SBU e a CIA dos EUA
tinham de saber que aqueles documentos foram cancelados há muitos anos. No
verão passado, o SBU distribuiu
nota oficial na qual afirmava que Vasiliy Geranin, suposto oficial ucraniano,
teria tido uma conversa por telefone com um resistente, no Donbass, de nome
Igor Bezler. Mas, quando vi a foto do dito “Vasiliy Geranin”, vi que era Musa
Khamzatov, que conheço pessoalmente, de nossos contatos no Instituto para
Relações Internacionais em Moscou.
Em
termos gerais, a CIA manipula as
percepções do público sobre o que se passa efetivamente no mundo; interfere na
vida privada de alguns líderes mundiais e homens e mulheres “de poder”. No
ambiente em que se vive hoje e no que se pode prever para o futuro, os serviços
secretos dos EUA têm de parar de intrometer-se em assuntos internos de outros
países e na vida pessoal das pessoas. Só assim conseguirão fazer bem feito o
que existem para fazer: manter e promover a segurança dos EUA e de seus
aliados.
Nesse
contexto, pôr-se a ouvir telefonemas e a ler e-mails de
praticamente todos os norte-americanos nos EUA e de mais de 30 governantes
eleitos em outros pontos do mundo é prática a ser evitada – talvez deva ser
proibida? – porque essas práticas agridem as liberdades individuais, direitos
humanos fundamentais e a lei internacional.
E como sair do impasse gerado pela
Guerra Fria 2.0
Em
intervenção na reunião do
Club Valdai em Sochi, dia 24/10/2014, o presidente Putin observou que o mundo está menos seguro e mais
imprevisível, a cada dia que passa; e que os riscos só fazem aumentar, por
todos os lados. Todo o sistema de segurança foi seriamente enfraquecido,
fragmentado e deformado. Um diktat unilateral para impor sempre
e só os próprios modelos produziu resultado oposto e não gerou mais segurança.
Em vez de reduzir e superar conflitos, levou a uma escalada dos conflitos, ao
caos sempre crescente, a um apoio sob todos os títulos suspeito garantido a
neofascistas e a islamistas radicais.
Vladimir Putin no Club Valdai |
Os
EUA, depois de se autodeclararem vencedores da Guerra Fria, em vez de manterem
a ordem e a estabilidade, puseram-se imediatamente a obrar para destruir o
equilíbrio do sistema vigente de segurança. Os autoproclamados “vencedores” da
Guerra Fria decidiram reformatar o mundo para aproveitar aos seus próprios
interesses e carências “vitais”.
Relatório
preparado pelo Instituto Polonês de Relações Internacionais em outubro de 2014 [6] deixou
claro que as razões da crise Rússia-Ocidente são mais fundas que algum déficit
de confiança ou a falta de canais adequados de comunicações entre as partes. A
desconfiança não é resultado de não se compreenderem bem os motivos do outro
lado, mas reflete, isso sim, diferenças fundamentais na esfera dos valores e da
conceptualização dos interesses entre o ocidente e a Rússia. Infelizmente, daí
em diante o Relatório atribui toda a culpa, por tudo, exclusivamente à Rússia.
Verdade é que a chance é pequena, praticamente nenhuma, de que se reconstrua a
confiança entre o Ocidente e a Rússia, sem que se enfrentem as diferenças
reais, fundamentais, que há entre ambos.
Como
Jeffrey Tayler, editor de The Atlantic, observou recentemente [7]:
Os EUA
embarcam nessa estrada de confrontação [com a Rússia] sem ter mão firmes,
equilibradas, de temperança, no volante da Casa Branca; na história moderna,
nenhum governo norte-americano jamais se mostrou mais incapaz, mais inepto, nas
tratativas com a Rússia. (...) Os norte-americanos estão sendo mandados a
uma nova guerra – fria, por enquanto – sem terem nem ideia do que virá como
resultado. É imprescindível que todos os norte-americanos perguntem ao governo
Obama: “Digam-nos: como terminará isso?.
Falando sério: como terminar isso?
Primeiro. Os EUA e seus aliados na OTAN devem parar
de reunir exércitos perto das fronteiras da Rússia. O arsenal nuclear tático
dos EUA – com toda a infraestrutura relevante e os itens do sistema de mísseis
balísticos de defesa – tem de ser removido da Europa e devolvido ao território
continental dos EUA. Deve-se desenvolver um novo Tratado de Mísseis
Anti-Balísticos, multilateral, que limite o número de interceptores
estratégicos. Deve-se elaborar e assinar um acordo CFE qualitativamente
novo (CFE-2), entre todos os estados-membros da OTAN, incluídos os
membros recém admitidos, e a Rússia. Todos devem assinar tratado internacional
para banir instalação de quaisquer armas no espaço sideral. E estados nucleares de
facto e de
jure terão
de assumir o compromisso de não usar armas nucleares em nenhum caso, no
primeiro ataque. O Novo [tratado] Tratado para Redução de Armas Estratégicas [Strategic
Arms Reduction Treaty-4 (START-4)] EUA-Rússia pode ser discutido, desde
que todos os itens previamente acordados sejam implementados. EUA e OTAN devem
considerar a Rússia como sua aliada permanente, não como permanente inimiga.
Segundo. Todas as sanções econômicas e financeiras
criadas contra a Rússia devem ser levantadas integralmente e sem demora, porque
são medida injusta e ilegítima que infringem princípios da Organização Mundial
do Comércio e do comércio justo. A Rússia não tomará quaisquer medidas ou
condições que visem ao fim das sanções como fator de troca para que modifique
suas posições sobre a crise ucraniana que a Rússia não provocou
Terceiro. A Ucrânia terá de comprometer-se a manter para
sempre o status de país não alinhado
e não nuclear. O povo do Donbass terá garantido o direito de decidir sobre o
próprio futuro – sem agressões ou ações punitivas dentro de suas fronteiras
administrativas dentro da Ucrânia. Uma solução pacífica para a crise ucraniana
exige não só um cessar-fogo, mas retirada completa de todas as tropas regulares
ucranianas e formações irregulares, para fora do território das Repúblicas
Populares de Donetsk e de Lugansk. As autoridades em Kiev devem assinar um
pacto de não agressão com aquelas Repúblicas Populares. Kiev deve também
compensar todas as perdas humanas e materiais que causou à região de Novorússia
– imediatamente e sem quaisquer atrasos.
A
elite militar e política dos EUA tem de entender que a Ucrânia é uma espécie de
Rubicão geopolítico e político-militar, de onde a Federação Russa não
retrocederá e onde de modo algum desistirá de seus princípios fundantes.
Ninguém pode intervir, de modo algum, nas próximas eleições no Donbass, que
cumprem rigorosamente o que ficou acordado no Acordo de Minsk, marcadas para
4/11/2014 [foram
realizadas (NTs)] – assim também, ninguém interveio nas
recentes eleições parlamentares realizadas na Ucrânia.
Quarto. Em termos gerais, é chegada a hora de
abandonar para sempre, em todas as relações internacionais, todas as ameaças
feitas pretextos frouxos e explicações vagas. O presidente Vladimir Putin disse recentemente: [8]
Esperamos
que nossos parceiros percebam a futilidade de tentar chantagear a Rússia e que
se lembrem das consequências que pode ter, para a estabilidade estratégica, a
discórdia entre as duas principais potências atômicas do mundo.
A
comunidade mundial como tal deve opor-se com firmeza a qualquer tentativa para
ressuscitar os resultados da IIª Guerra Mundial; e deve combater consistentemente
a quaisquer formas e manifestações de racismo, xenofobia, nacionalismo
agressivo e chauvinismo.
É
importante que se organize uma reunião de cúpula EUA-Rússia, necessária e
urgente para atacar todos esses problemas e encaminhar essas soluções. Mas não com
Barack Obama. É impossível pensar em reunião séria, desse tipo, sob essa
presidência.
Conclusão
O
mundo no qual vivemos e onde sucessivas gerações viverão deve ser erguido sobre
o princípio da multipolaridade: um mundo multipolar, com “segurança assegurada
mutuamente” para todos, depois de reduzido o número de armas, em vez de depois
de “mutuamente garantida” a destruição de todos.
A
destruição mútua mutuamente garantida foi lema que EUA e OTAN inventaram
durante a Guerra Fria 1.0. Mas, diferente da Guerra Fria 1.0 que proliferou por
todo o mundo, a nova Guerra Fria até agora só foi imposta à Rússia: entre EUA e
Rússia e entre OTAN e Rússia. Essa guerra tem potencial mortal para respingar,
se não for detida. Pode gerar dificuldades para muitos países. Por isso essa
Guerra Fria 2.0 não pode espalhar-se para outras áreas do globo.
Guerra Fria 2.0 |
Se
essas medidas não forem implementadas, há alta probabilidade de que a Federação
Russa tenha de repensar medidas de resposta, sobretudo em relação aos EUA e à
OTAN e suas políticas, e que introduza necessárias mudanças de atualização em sua Doutrina Militar,
substituindo a que foi aprovada em 2010 e incluída no Livro Branco da Defesa, a
ser divulgado no próximo ano, pelo Ministério da Defesa da Rússia.
PINCELADA FINAL: Há necessidade urgente de promover a reconstrução
racional da situação atual, e de adaptar [a Doutrina Militar da Rússia] às
novas realidades no sistema de relações internacionais.
Em
vez de impor a Guerra Fria 2.0 que EUA e OTAN já iniciaram, e de produzir
ameaças-provocações-desafio qualitativamente novas, toda a Europa e todo o
mundo, em geral terão de iniciar uma verdadeira détente global,
que esteve em andamento, bastante bem-sucedida, durante o século XX.
Notas
[1] “Mas temos também de lidar com uma Rússia revisionista – com
exército moderno e capaz – às portas da OTAN”. Chuck Hagel, Association of
the United States Army (AUSA).5/10/2014, Washington, D.C.
[2] European Phased Adaptive Approach (EPAA) [Abordagem Adaptativa, em fases, para a Europa] [dos] Ballistic Missiles Defense (BMD) [Mísseis Balísticos de Defesa] dos EUA.
[3] Imagens
em: UN: 3,660
killed, 8,756 wounded in Ukraine conflict since April
[4] Os tradutores omitiram aqui três parágrafos de descrição técnica
do armamento existente nos EUA que está sendo reformado. É tradução “técnica”
extremamente difícil para tradutores não especialistas, que nada garante que
resulte confiável e pouco acrescenta à informação e à análise propriamente
políticas, que mais nos interessam. Especialista que nos leia – e que se
disponha a traduzir ao português do Brasil aqueles parágrafos técnicos, pode
nos ajudar. Todos os comentários e correções são bem-vindos na seção de comentários do blog redecastorphoto ou
diretamente para vila.vudu@gmail.com.
[5] No final de agosto e no início de outubro de 2014, o cavalo
“Zazu” recebeu prêmios de 5 mil euros e 2 mil euros em corridas realizadas em
Baden-Baden e Dusseldorf , respectivamente. O governo alemão impediu o
proprietário do cavalo de receber o dinheiro do prêmio, alegando que Kadyrov
teria sido sancionado pela UE. As autoridades também proibiram “Zazu” de
disputar corridas, até que sejam levantadas as sanções contra Kadyrov.
[6] Is a New Cold War Inevitable? Central
European Views on Rebuilding Trust in the Euro-Atlantic Region Warsaw: PISM. 22/10/2014, p. 5.
[7] Jeffrey Tayler. The Seething Anger of Putin’s Russia, The
Atlantic, 22/9/ 2014.
[8] Vladimir Putin, em entrevista ao diário sérvio Politika, 15/10/2014.
______________________
[*] Vladimir P. Kozin é Conselheiro
Chefe e Diretor do Grupo de Conselheiros do Diretor do Instituto Russo para
Estudos Estratégicos; Membro da Presidência da Academia Russa de Ciências
Naturais; professor da Academia Russa de Ciências Militares.
Comentário enviado por e-mail e postado por Castor Filho em 28/11/2014
ResponderExcluirHá cerca de 2, 3 dias li alguns artigos sobre a influência dos poderosos bilionários ucranianos e de seus exércitos particulares com milhares de homens.
Todos judeus sionistas. Um deles também banqueiro.
Vou encontrar e repassar.
É importantíssimo lembrar, aqui, que os sionistas foram aliados de Hitler e apoiaram o nazismo -- queriam, segundo carta de um chefe de grupo paramilitar sionista com atuação na Palestina (carta publicada num livro de Leni Brenner, que tenho em minha biblioteca digital), criar um Estado nazista na Palestina. Conseguiram.
Em resumo: o nazismo está muito vivo, e em ação. Inclusive nos EUA. Basta acompanhar o cotidiano daquele país, as leis aprovadas de alguns anos para cá, a War on (of, eu diria) Terror e seus efeitos, a destruição de Detroit e de outras cidades menos famosas mas igualmente pujantes num passado recente, a pobreza crescente da população etc.
O drama é que agora o nazismo se espalha por muitos países, militarmente mais forte e utilizando a mídia corporativa mundial (sob domínio dos sionistas).
Baby Siqueira Abrão
Jornalista independente