27/11/2011, *MK
Bhadrakumar, Indian
Punchline
Traduzido
pelo Coletivo da Vila Vudu
Terá,
então, começado a contagem regressiva rumo ao fim da parceria estratégica entre
EUA e Paquistão? A OTAN praticamente admitiu que seus aviões atacaram um posto
de fronteira paquistanês em Salala, perto de Baizai, na Agência Mohmmand das
Áreas Tribais sob Administração Federal. O Paquistão diz que a OTAN matou 26
soldados paquistaneses em ataques aéreos noturnos. O general Ashfaq Kayani
condenou energicamente o ataque da OTAN. O Ministério das Relações Exteriores do
Paquistão convocou o embaixador dos EUA e formalizou protesto muito forte.
Em sua declaração, Kayani ameaçou com retaliação –
“resposta efetiva”. Como primeiro passo, o Paquistão já cancelou todas as
facilidades de trânsito que beneficiavam a OTAN nas linhas de suprimentos
militares para o Afeganistão. Com certeza haverá outras medidas. As lideranças
políticas rapidamente se alinharam com o general Kayani [1]. O
Paquistão examinará atentamente suas alternativas. Tornou-se virtualmente
impossível ceder às pressões dos EUA, porque há 26 soldados mortos e a nação
está enfurecida.
É
difícil acreditar que a OTAN tenha cometido erro tático naquele front tão sensível. E se agiu
deliberadamente, como tudo parece indicar, nesse caso o mais provável é que os
EUA estejam por trás da decisão de provocar o Paquistão. O momento da ação é
item a considerar. Barack Obama pode ter decidido trazer à tona a “questão
paquistanesa”, para tentar evitar qualquer surpresa em momento mais próximo das
eleições, ou no auge da campanha em meados de 2012. Hillary Clinton disse com
todas as letras que o Paquistão teria “dias, semanas” para atender às exigências
dos EUA.
Há
alta frustração em Washington, por o Paquistão ainda não ter levado os Talibã à
mesa de negociações. A muito aguardada Conferência Bonn II, dia 2 de dezembro,
está antecipadamente esvaziada. O processo de paz estagnou num beco sem saída, e
a estratégia de Obama para o Af-Pak está em frangalhos. A guerra do Afeganistão
entrou em modo sem solução.
Imran
Khan exigiu que o Paquistão afaste-se completamente da guerra do Afeganistão. Os
canais de comunicação EUA-Paquistão estão também congestionados com a remoção de
Hussain Haqqani do posto de embaixador em Washington. Os sentimentos “anti-EUA”
no Paquistão avançam como inundação morro abaixo, e haverá clamor público por
reação paquistanesa vigorosa.
Notas
dos tradutores
[1] Associated Press Paquistão
em , US
ambassador called in to lodge strong protest on unprovoked NATO/ISAF
attack
[2] 26/11/2011, Xinhuanet, Paquistão em, NATO
supplies to Afghanistan
blocked over NATO air strike in NW Pakistan
*MK Bhadrakumar foi diplomata de
carreira do Serviço Exterior da Índia. Prestou serviços na União Soviética,
Coreia do Sul, Sri Lanka, Alemanha, Afeganistão, Paquistão, Uzbequistão e
Turquia. É especialista em questões do Afeganistão e Paquistão e escreve sobre
temas de energia e segurança para várias publicações, dentre as
quais
The
Hindu,
Asia
Online e Indian Punchline.
É o filho mais velho de MK Kumaran (1915–1994), famoso escritor, jornalista,
tradutor e militante de Kerala.
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