14/6/2014, [*] Wayne MADSEN, Strategic Culture
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu
Os EUA quebraram o Iraque. Os EUA quebraram a Líbia,
o Iêmen e o Egito. O Oriente Médio seria região muito mais segura e menos
enlouquecida, se os EUA e seus sórdidos neoconservadores tivessem deixado que
Saddam Hussein, Muammar Gaddafi e Bashar al-Assad lidassem diretamente com os
sauditas e os israelenses, fomentadores de terrorismo e violência.
Terroristas da ISIL (ou ISIS) patrocinados p[elos EUA |
O presidente
Obama, que retirou do Iraque a maior parte dos soldados norte-americanos,
deixando lá apenas uns poucos instrutores militares norte-americanos e grande
número de combatentes mercenários empregados de empresas privadas de segurança,
disse dia 12 de junho, em encontro com o primeiro-ministro australiano, Tony
Abbott, que o Iraque precisará de “mais ajuda” dos EUA. Observadores da
ofensiva jihadista em curso liderada por sunitas no Iraque entendem que Obama
usará drones – veículos tripulados à distância – armados, contra os
jihadistas, exatamente como já faz no Iêmen, na Somália, na Líbia, no Mali, na
Síria...
Barack Obama |
O crescimento
de um califato islamista sunita entre Síria e Irã é produto de uma “aliança do
mal” que já não é segredo para ninguém: entre nacionalistas israelenses de
extrema direita (do Likud) e partidos dos colonos israelenses, com os sauditas
e qataris, que apoiam jihadistas; “aliança do mal” que levou aos acordos
clandestinos firmados entre o Mossad israelense e a Inteligência Geral Mukhabarat
saudita, tudo com “piscadela e aceno” de concordância de John O. Brennan, o
saudifílico diretor da CIA. Sempre foi desejo dos regimes de Riad, Doha e
Jerusalém pôr abaixo o governo iraquiano pró-xiitas; o governo sírio
pró-alawitas; para, resumindo todos os desejos daqueles governos, pôr abaixo o
governo do Irã.
Colin Powell |
O crescimento
da Fraternidade Muçulmana no Egito e o governo islamista na Tunísia também são
resultado de um plano de neocons & israelenses, costurado com a Casa de
Saud, para desestabilizar todos os países árabes que algum dia foram governados
por governos com raízes socialistas pan-árabes ou nasseristas.
Tamir Pardo |
A Al-Qaeda e
vários ramos de “Al-Qaeda” na Síria, Iêmen, Norte da África, Chifre da África
que Riad financia e controla jamais ameaçaram Israel como sempre ameaçaram os
EUA, países da Europa Ocidental e governos árabes seculares. Por exemplo:
agentes israelenses, dentro e em torno do WTC, e simpatizantes muçulmanos dos
Talibã em New York e New Jersey, receberam “dicas”
antecipadas sobre o ataque de 11/9/2001 e, consequentemente, puderam
providenciar para estar ausentes da área no dia fatídico.
Robin Cook |
Mas esse
apoio de um estado judeu-wahhabista ao terrorismo é acionado sob as bênçãos de
Brennan da CIA, Brennan, cuja carreira começou e permanece conectada aos mais
obscuros esgotos do Serviço Clandestino da CIA.
Claro que a
situação no Oriente Médio seria hoje absoluta e totalmente diferente, se os EUA
tivessem ignorado as maquinações dos neoconservadores e de seus patrões
israelenses, e deixado que não só Saddam Hussein e seu Partido Socialista
Ba’ath permanecessem no poder no Iraque, mas, também, que apoiassem Muammar
Gaddafi da Líbia e Assad da Síria, contra os salafistas e os rebeldes da
Al-Qaeda.
A ofensiva
contra Bagdá e o governo do primeiro-ministro, Nouri al-Maliki tem estranha,
espantosa semelhança com a campanha de Al-Qaeda & salafistas contra Gaddafi
na Líbia, e o subsequente levante contra Assad na Síria.
Os EUA e os
sauditas e qataris forneceram armas à Al Qaeda e aos rebeldes salafistas no
leste da Líbia, sempre sob as bênçãos dos israelenses e de seus
bonecos-de-ventríloquo & propaganda, como Bernard-Henri Levy, interlocutor
sionista francês leva-e-traz entre Binyamin Netanyahu em Jerusalém e as forças
da Al-Qaeda em Benghazi.
Armas
ocidentais e as armas confiscadas dos arsenais de Gaddafi foram então
embarcadas para os jihadistas sírios que as usaram contra Assad. Os jihadistas
sírios imediatamente ligaram-se à Al-Qaeda-na-Mesopotâmia (AQIM) e ao ISIL
– duas invenções sauditas. O exército combinado de ISIL, Al-Qaeda/desertores
da Frente Al-Nusra, e ex-oficiais iraquianos do exército e da Guarda
Republicana de Saddam, usando bases dentro da Síria, lançaram sua invasão ao
Iraque.
Terroristas usam equipamentos fornecidos pelos EUA |
Obviamente,
sauditas e israelenses não estavam satisfeitos com jihadistas misturados aos
curdos – os quais não só usaram suas forças militares da guerrilha peshmerga
para assegurar que os jihadistas não tomariam qualquer território curdo no
norte do Iraque, mas, também, capturaram instalações críticas de petróleo, em
Kirkuk.
Os EUA
quebraram o Iraque. Os EUA quebraram a Líbia, o Iêmen e o Egito. O Oriente
Médio seria região muito mais segura e menos enlouquecida, se os EUA e seus
sórdidos neoconservadores tivessem deixado que Saddam Hussein, Muammar Gaddafi
e Bashar al-Assad lidassem diretamente com os sauditas e israelenses
fomentadores de terrorismo e violência.
Em vez de
emirados e califatos islamistas a pipocar pelo leste da Líbia, Síria e Iraque,
o Oriente Médio ainda teria governos do Partido Baath no Iraque, Síria e na
extinta República Popular Democrática do Iêmen (do Sul); e a Jamahiriyah
socialista ainda seria suprema, numa Líbia próspera e feliz.
Ah, sim! Já é hora de todos sentirmos saudades de Saddam Hussein.
Ah, sim! Já é hora de todos sentirmos saudades de Saddam Hussein.
Notas dos tradutores
[1] Orig. Islamic State in Iraq and the Levant (“Levante” = “al Sham”
= “Síria”, de onde as diferentes siglas, nas transcrições: ISIL ou ISIS
[2] Orig. “The Pottery
Barn rule”: a expressão de gíria, que faz referência ao nome de uma
grande rede de lojas que vende a varejo e que imporia uma regra segundo a qual,
se o cliente quebra algum item à venda na loja é considerado proprietário
comprador, e obrigado a pagar.
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[*] Wayne Madsen é jornalista
investigativo, autor e colunista. Tem cerca de vinte anos de experiência em
questões de segurança. Como oficial da ativa projetou um dos primeiros
programas de segurança de computadores para a Marinha dos EUA. Tem sido
comentarista frequente da política de segurança nacional na Fox News e
também nas redes ABC, NBC, CBS, PBS, CNN, BBC, Al Jazeera, Strategic
Culture e MS-NBC. Foi convidado a depor como testemunha perante a Câmara
dos Deputados dos EUA, o Tribunal Penal da ONU para Ruanda, e num painel de
investigação de terrorismo do governo francês. É membro da Sociedade de Jornalistas
Profissionais (SPJ) e do National Press Club. Reside em Washington, DC.
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