6/6/2014, [*] Paul Craig Roberts
− Institute for Political Economy
Traduzido
por mberublue
G7 - Obama e seus "poodles" adestrados |
Se
por acaso ainda houvesse alguma dúvida de que os líderes do ocidente vivem em
um mundo de faz-de-conta fantasioso elaborado a partir de suas mentiras, a
reunião do G-7 e a celebração do 70º aniversário do desembarque na Normandia
acabou com a dúvida.
As
besteiras que foram gritadas nessas ocasiões bastam para explicitar quem é
quem. Obama, com seu “poodle”, Cameron, ao lado, descreveu o desembarque da
Normandia em 06 de junho de 1944 como sendo “a maior força de liberação que o
mundo já conheceu” e fez com que os Estados Unidos e a Grã Bretanha ficassem
com todo o crédito da derrota de Hitler. Nem a mais leve menção sobre a União
Soviética e o Exército Vermelho, que por três anos, ainda antes do desembarque
da Normandia já estavam lutando e derrotando a Wehrmacht.
A
derrota alemã na IIª Guerra Mundial aconteceu na batalha de Stalingrado, que
foi travada no espaço de tempo entre 23 de agosto de 1942 até 03 de fevereiro
de 1943, quando a maioria dos remanescentes do poderoso Sexto Exército Alemão
se rendeu, incluindo 22 generais.
A
verdadeira maior força de invasão já montada no planeta Terra foi a que invadiu
a Rússia, através de uma frente de batalha de mil e seiscentos quilômetros.
Três milhões de soldados alemães de primeira linha; 7.500 unidades de
artilharia, 19 divisões Panzer com
3.000 tanques e 2.500 aviões deslocaram-se pela Rússia por 14 meses.
Em
junho de 1944, três anos depois, restava bem pouco dessa força. O Exército
Vermelho a tinha mastigado. Quando os assim chamados “aliados” (um termo que
aparentemente exclui a Rússia) chegaram à França, enfrentaram bem pouca
resistência. As melhores forças que ainda restavam para Hitler estavam
engajadas no front russo, que
desabava dia após dia, conforme o Exército Vermelho se aproximava de
Berlim.
Exército Vermelho da URSS na IIa. Grande Guerra |
O
Exército Vermelho venceu a Alemanha. Americanos e britânicos só se arriscaram
depois que a Wehrmacht estava exausta
e em farrapos e podia oferecer fraca resistência. Stalin acreditava que
Washington e Londres ficaram na espera até o último minuto, deixando a maior
parte do trabalho de derrotar a Alemanha com a Rússia.
Cineastas
de Hollywood e escritores de best-sellers,
naturalmente, enterraram os fatos bem fundo. Os americanos produziram todo o
tipo de filme, como “Uma ponte longe demais”, que retratam acontecimentos
pontuais e insignificantes, mesmo sendo heróicos, como pontos de virada da
guerra. Não obstante, os fatos reais são claríssimos. A guerra foi vencida no front oriental pela Rússia. Filmes de
Hollywood são divertidos, mas não passam de nonsense.
A
Rússia mais uma vez está sendo escanteada pela “comunidade internacional”
porque os planos de Obama para se apoderar da Ucrânia e expulsar a Rússia de
suas bases no Mar Negro deram com os burros n’água. A Criméia tem sido parte da
Rússia por mais tempo que a existência dos Estados Unidos. Khrushchev, um
ucraniano, anexou a Criméia à República Socialista da Ucrânia em 1954 quando
Rússia e Ucrânia faziam parte do mesmo país.
Quando
o governo ucraniano, fantoche de e imposto por Washington declarou que estava
por abolir o uso da língua russa e mandaria prender ucranianos que tivessem
dupla cidadania Ucraniana/Russa, e ao mesmo tempo começou a derrubar memoriais
de guerra russos que foram consagrados à libertação da Ucrânia dos nazistas
alemães, o povo da Criméia usou a câmara de votação e a urna para primeiro, se
dissociar da Ucrânia declarando a própria independência e em seguida, para
reunificar-se à pátria mãe.
Washington,
assim como outros países do G-7, que seguem caninamente as ordens de Washington
descreveram este ato de autodeterminação, que em nada se difere do ato de
autodeterminação declarado pelas colônias britânicas na América, como se fosse
um caso de “invasão e anexação pela Rússia”. Outros esforços semelhantes de
separação de Kiev estão em curso em diversos territórios que hoje compreendem o
leste e o sul da Ucrânia. Washington tem equiparado o esforço de
autodeterminação no leste ucraniano a “terrorismo” e encorajou seus fantoches
em Kiev a usar violência militar contra manifestantes civis. A razão de chamar
os manifestantes de “terroristas” é dar o OK para matá-los.
Gerald Celente |
É
muito esquisito para qualquer pessoa descobrir que o presidente dos Estados
Unidos e os líderes dos estados da Europa ocidental declaram publicamente
mentiras tão descaradas sobre o mundo. Há historiadores no mundo. O mundo tem
pessoas esclarecidas com conhecimentos bem maiores que excedem de muito a mídia
convencional também conhecida como Ministério da Propaganda Política, ou, como Gerald
Celente a chama, “a presstituta”.
Seja lá como a chamamos, a mídia ocidental é uma coleção de putas bem pagas.
Eles mentem por dinheiro, por convites para jantares festivos, e convites para
grandes contratos com bons honorários para escrever livros com enormes
adiantamentos.
Eu sei. Eles tentaram me recrutar.
Observe
a forma restrita pela qual Washington define a “comunidade mundial”. A
“comunidade mundial” consiste no G-7 o Grupo dos Sete. É isto. Sete países
formam a chamada “comunidade mundial”, a qual, na visão de Washington, é
composta de seis países e do fantoche de Washington, o Japão. A “comunidade
mundial” é feita dos Estados Unidos, Canadá, Inglaterra, Alemanha, França,
Itália e Japão. Todos os outros 190 paises não fazem parte da “comunidade
mundial” de Washington. Pela doutrina neocon, sequer fazem parte da humanidade.
Toda
a “comunidade mundial” não possui a população de apenas um dos países dela
excluídos. Você pode escolher entre China e Índia. Não fiz os cálculos, mas
provavelmente a massa terrestre da Rússia ultrapassa o total da massa terrestre
da “comunidade mundial”.
Então, que diabos é essa “comunidade mundial”?
O
conjunto dos países vassalos dos Estados Unidos forma a “comunidade mundial”.
Alemanha, Inglaterra e França foram importantes no cenário do século XX. Suas
histórias são objeto de estudos nas universidades. O padrão de vida de sua
população é decente, embora não para todos. Seu passado é a razão de sua
importância atual. Com efeito, estes países foram impulsionados pela história,
ou pelo menos, pela história se tornaram importantes para o ocidente. O Japão,
atualmente mero apêndice de Washington sonha tornar-se “ocidental”. É
impressionante como pode um povo orgulhoso e guerreiro como o japonês anular-se
até o nada.
Bom.
Como finalmente parei de gargalhar com a presumida desimportância da Rússia na
derrota de Hitler, podemos retornar para a reunião do G-7. Desta vez o Grande
Acontecimento da reunião foi a exclusão da Rússia, encolhendo o G-8 para
tornar-se o G-7.
Bandeiras do G7 (ex G8) em Bruxelas, -4/6/2014 |
É
a primeira vez em 17 anos que a Rússia não tem permissão para participar da
reunião do grupo do qual faz parte. Por quê?
A
Rússia está sendo punida. Está sendo isolada dos sete países que o Idiota da
Casa Branca houve por bem dizer que constituem a “comunidade mundial”.
Obama
está bravo porque seu Conselho de Segurança Nacional e os idiotas que nomeou
para o Departamento de Estado e para a ONU não têm educação ou conhecimentos
suficientes para saber que a maior parte da Ucrânia consiste de antigas
províncias russas habitadas por russos. Os imbecis ignorantes que Obama nomeou
acharam que poderiam tomar a Criméia, expulsar a Rússia, tirando seu acesso ao
Mediterrâneo, o que a tornaria incapaz de manter sua base naval em Tartur, na
Síria, facilitando a invasão da Síria por Washington.
A Crimeia tem sido parte da Rússia desde que a Rússia finalizou a reconquista dos
tártaros. Eu me recordo da etnia Tártara ou Tartarlar, quando de minha visita a
Timur, ao túmulo de Tamerlão, o Grande, em
Samarkande (cidade do Uzbequistão. O nome quer dizer “cidade de pedra”
– NT) há 53 anos. A cidade de Tamerlane atualmente foi convertida em um centro
turístico. 53 anos atrás eu vi um lugar desolado e em ruínas, com árvores
crescendo por cima do topo dos minaretes.
Com
o fracasso do plano de Obama de tomar a Ucrânia falhou, como se tornou comum em
outros planos seus, os porta vozes de Washington para interesses privados
resolveram aproveitar a oportunidade para demonizar Putin e a Rússia e
restaurar a Guerra Fria. Obama e seus fantoches, ou vassalos, do Grupo dos 7,
usaram a ocasião para ameaçar a Rússia com sanções reais, já que as sanções de
fancaria da atual propaganda política não surtiram efeito. De acordo com Obama
e seu poodle Cameron, Putin deve, sabe-se lá porque, evitar que a população
russa da Ucrânia oriental proteste contra a subserviência a um governo
neofacista em Kiev, apoiado por Washington e outros.
Poroshenko, o oligarca corrupto da Ucrânia |
Supostamente
Putin deveria abraçar fraternamente o oligarca, antigo ministro do governo
derrubado pelo golpe patrocinado por Washington e colocado no cargo por falsos
votos nos quais a participação da população votante da Ucrânia não passou de
pequeno percentual do total. Putin deveria ainda beijar o oligarca corrupto nas
duas faces, pagar as contas de gás natural da Ucrânia e esquecer todos os seus
débitos. Adicionalmente, a Rússia em tese deveria repudiar o povo da Crimeia,
rever sua adição à Federação russa e entregá-los aos assassinos do Pravy Sektor
(Setor da
Direita – partido ucraniano neonazista – [NT]) para que sejam
eliminados como vingança pela vitória russa contra a Alemanha nazista, pela
qual muitos ucranianos ocidentais lutaram. Em troca de tudo isso, a OTAN e
Washington colocarão muitas bases de mísseis nas fronteiras russas como forma
de proteger a Europa de mísseis balísticos intercontinentais iranianos que não
existem.
Deveria
ser então um jogo de ganha-ganha para a Rússia...
O
regime de Obama, usando suas muito bem pagas ONGs acabou por derrubar um
governo democraticamente eleito, um governo que não era mais corrupto que
qualquer outro da Europa ocidental, oriental ou que Washington.
Na
Inglaterra, França, Alemanha e Itália, os idiotas que as comandam estão
sacudindo seus punhos fechados na direção da Rússia, ameaçando com mais
sanções, desta vez reais. Será que esses dementes realmente querem que seu
próprio fornecimento de energia seja cortado? Não há perspectiva, apesar da
propaganda política enganosa, de que Washington possa suprir a energia de que a
indústria alemã depende, ou a da qual dependem os europeus para não congelar no
próximo inverno.
Eventuais
sanções contra a Rússia destruirão a Europa e terão pouco ou nenhum efeito
sobre a Rússia. Esta já se movimenta, juntamente com China e o restante dos
BRICS, para fora do mecanismo de pagamento em dólares.
Na
realidade o que o Bobo da Casa Branca, o neoconizado
Conselho de Segurança Nacional, a mídia presstituta
e o Congresso estão a fazer é apoiar e dar suporte às suas políticas com base
apenas na presunção e na arrogância, o que está levando os Estados Unidos para
o abismo.
Vocês escrevem o que dizemos OBRIGADO, IMPRENSA CORPORATIVA Nós não poderíamos controlar o POVO sem você Mensagem do Ministério de Segurança Interna |
Um abismo assim é como um buraco
negro. Você não consegue sair dele.
As
mentiras de Washington são tão claramente flagrantes e transparentes que
Washington está destruindo a própria credibilidade. Considere, por exemplo, o
caso da espionagem levada a efeito pela NSA. Documentos revelados por Snowden e
Greenwald tornam bem claro que Washington não apenas espionou líderes
governamentais e o povo comum, mas também empresas estrangeiras com o fito de
privilegiar interesses comerciais e financeiros dos Estados Unidos. Nunca foi
colocado em dúvida que os EUA roubam segredos comerciais chineses. Washington
não apenas nega que os documentos apresentados provem alguma coisa, como posa
de vítima e acusa cinco cidadãos chineses de espionar empresas norte americanas.
Estas
acusações descabidas e sensacionalistas têm apenas uma finalidade: propaganda
política manipulada. De qualquer outra forma que se olhe, as acusações são
totalmente sem sentido, se não simplesmente falsas. Claro que a China nem pensa
em entregar cinco de seus cidadãos para gáudio dos mentirosos em Washington,
mas é uma oportunidade de ouro para a mídia presstituta
desviar os holofotes da NSA e assestá-los na China, que vem a calhar para
substituir a NSA como vilã.
Por
que o Brasil, a China, a Alemanha e outros países espionados não emitem
mandados de prisão contra os altos oficiais da NSA, contra Obama e contra os
membros do Comitê de Fiscalização do Congresso? Por que permitem que os Estados
Unidos sempre ataquem primeiro com sua propaganda manipulada para controlar as
explicações?
Bowe Bergdhal |
O
povo dos Estados Unidos é muito suscetível à manipulação política dos fatos.
Parecem mesmo gostar disso. Pense no ódio instigado até agora contra o sargento
Bowe Bergdahl, um soldado dos EUA recentemente libertado pelo Talibã em uma
troca de prisioneiros. A comemoração que se realizaria em sua cidade natal
festejando a sua libertação foi cancelada por causa da sede de sangue
desencadeada pelo ódio com o qual a mídia presstituta
atacou Bergdahl. A engenharia do ódio erguida pela mídia contra Bergdahl tem
feito acontecer uma enxurrada de ameaças contra a cidade de Hailey, Idaho.
Mas
afinal de contas, em que se baseiam os ataques contra Bergdahl? Aparentemente,
a resposta é que Bergdahl, como a estrela do futebol americano Pat Tillman, que
recusou um contrato de 3,6 milhões de dólares para se unir aos rangers do exército e entrar em combate
pela liberdade no Afeganistão, adquiriu um monte de dúvidas sobre a guerra.
Originalmente, a morte de Pat Tillman foi atribuída a uma ação heroica e ao
fogo inimigo. Depois, verificou-se que Tillman foi abatido por “fogo amigo”.
Muitas pessoas concluíram que ele foi abatido porque o governo não precisa de
um herói esportivo falando mal da guerra. Como agora Bergdahl está fora do
alcance da batalha e do fogo amigo, ele tem que ser abatido pela imprensa,
exatamente como a Rússia, China, Irã, Putin, Assad, o povo da Crimeia e a
população de língua russa na Ucrânia.
Nenhuma única virtude moral tem
sido cultivada nos EUA, mas o cultivo do ódio e o ódio vão bem, obrigado.
[*] Paul Craig Roberts (nascido em 03 de abril de 1939) é um economista norte-americano, colunista do Creators Syndicate. Serviu como secretário-assistente do Tesouro na administração Reagan e foi destacado como um co-fundador da Reaganomics. Ex-editor e colunista do Wall Street Journal, Business Week e Scripps Howard News Service. Testemunhou perante comissões do Congresso em 30 ocasiões em questões de política econômica. Durante o século XXI, Roberts tem frequentemente publicado em Counterpunch e no Information Clearing House, escrevendo extensamente sobre os efeitos das administrações Bush (e mais tarde Obama) relacionadas com a guerra contra o terror, que ele diz ter destruído a proteção das liberdades civis dos americanos da Constituição dos EUA, tais como habeas corpus e o devido processo legal. Tem tomado posições diferentes de ex-aliados republicanos, opondo-se à guerra contra as drogas e a guerra contra o terror, e criticando as políticas e ações de Israel contra os palestinos. Roberts é um graduado do Instituto de Tecnologia da Geórgia e tem Ph.D. da Universidade de Virginia, com pós-graduação na Universidade da Califórnia, Berkeley e na Faculdade de Merton, Oxford University.
Castor, ótima postagem! Mais um excelente artigo de Paul Craig Roberts! Gostaria de acrescentar que no dia 6/6/1944, o dia do desembarque da Normandia, 6/7 de todo o contingente das forças armadas nazistas estavam na Frente Leste - leia-se: principalmente na União Soviética - e apenas 1/7 em toda a Europa Ocidental. A imprensa e rádios ocidentais da época e posteriormante os filmes-propaganda de Hollywood e a sempre sórdida mídia ocidental, insintiram e ainda insistem até hoje, que a Segunda Guerra Mundial foi ganha por causa deste desembarque. Cerca de 28 milhões de cidadãos soviéticos, entre militares e civis, morreram lutando contra o nazismo. Pouco mais de 750 mil, soldados e civis, norte-americanos e inglêses também morreram durante a Segunda Guerra. Afinal, quem foi mais importante na Vitória dos Aliados? A União Soviética ou os "generais" Kirk Douglas e Burt Lancaster?
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