Sonia Montenegro em 7/9/2011
Os veículos de informação, infelizmente, trazem mentiras e exageros sim, porque seguem o ditado "Quem dá o pão, dá a instrução", e quem dá o pão para a imprensa não é o leitor/ouvinte/espectador, mas o anunciante.
Para dar uma ideia, busquei na internet o preço dos anúncios cobrados pela TV. Encontrei apenas o valor de 30 segundos no JN da TV Globo em 2008 que era de R$ 339.100,00). Então acompanhe o meu raciocínio abaixo:
Se 30 segundos custavam R$ 339.100,00, 1 minuto custava R$ 678.200,00 e 5 minutos, que é o tempo médio dos intervalos comerciais, R$ 3.391.000,00.
Como o valor do comercial varia em função do horário, vou fazer um cálculo de 5 programas/dia na grade de uma emissora, para fazer um cálculo por baixo:
5 programas com 3 intervalos comerciais (no mínimo), são 15 intervalos de 5 minutos, que somam R$ 50.865.000,00 (cinquenta milhões e oitocentos e sessenta e cinco mil reais) por dia, ou R$ 1.525.959.000,00 (um bilhão, quinhentos e vinte e cinco milhões, novecentos e cinquenta e nove mil reais) por mês (em valores de 2008).
Diante do acima exposto, pode-se concluir que, indiscutivelmente, são os anunciantes que sustentam os veículos de comunicação, certo? Na verdade, a busca de leitores/ouvintes/espectadores é apenas para aumentar a audiência, e consequentemente o faturamento.
Bem, então vamos ver quem são os anunciantes que podem pagar esses preços monumentais: os grandes grupos econômicos, sejam grandes bancos, grandes indústrias, notadamente multinacionais. E o que eles pretendem com esses anúncios? Você acha que o Mac Donalds está preocupado com a saúde dos seus clientes? Claro que não. No sistema capitalista vigente, o negócio é "make money".
Para eles, princípios já eram... É muito triste esta constatação, mas verdadeira. Just business... Simples assim...
Fazer-nos acreditar que, se não temos o tenis de marca, se nosso carro não é do ano, se não frequentamos os lugares "nobres", somos inferiores àqueles que têm e podem; então, temos que nos matar de trabalhar, para virarmos "iguais", ou nos contentar com a situação de inferioridade. Aliás, nada mais consumista e anti-ecológico e o maior responsável pelo crime da péssima distribuição de renda no Brasil e no mundo.
Claro que a grossa maioria das pessoas, felizmente, ainda é solidária, honesta, bem-intencionada, mas a grossa maioria das pessoas não é milionária, não faz "grandes" negócios. Na convivência com eles a gente percebe que os valores são diferentes. Não quero aqui pecar pela generalização e dizer que nenhum rico presta, porque afinal, sei que "toda regra tem exceção", mas essa é a regra do capitalismo, classificado como "selvagem".
Os grandes veículos de comunicação não são diferentes. Como foi que o Roberto Marinho construiu o seu "grande" império de comunicação? Na época da ditadura, com empréstimos concedidos de dinheiro público (o nosso dindin) sem juros ou, no máximo, com juros subsidiados, para que dessem respaldo ao regime e escondessem da população que brasileiros estavam sendo perseguidos, presos e desaparecidos. Eles também estão defendendo os seus interesses... Just business...
É por esta razão que eu, por uma questão de "princípio", não acredito na "grande" imprensa brasileira, não apenas em assuntos políticos, mas em geral. Quando a Anderson Clayton quis entrar no mercado brasileiro com a sua margarina, encheu os meios de comunicação com uma propaganda de que ela era melhor para a saúde do que a manteiga. Até hoje tem gente que ainda acredita, porque como dizia Goebbels, o ministro da propaganda nazista: "Uma mentira incansavelmente repetida, acaba virando verdade". É inoculada na veia, sem que a gente consiga nem perceber... Muito tempo depois, cientistas constataram que a margarina era muito mais perniciosa à saúde do que a manteiga, mas o estrago já estava feito...
Eu namorei durante muito tempo um publicitário, e eu disse para ele que propaganda nenhuma me pegava, porque nos intervalos comerciais eu ia fazer outra coisa e nem as assistia, e ele me disse uma grande verdade: "Você é que pensa. Se ela não te pega diretamente, te pega indiretamente, através do seu círculo de convivência". Eu percebi que ele estava coberto de razão!
Você sabe que se a Rede Globo colocar na novela das 8 uma moça com um abacaxi na cabeça, no dia seguinte, você não encontrará um abacaxi para comprar. Estarão todos na cabeça das moçoilas, circulando pelas ruas (rs). Mas a Globo não coloca abacaxi na cabeça de moças impunemente. Terá sempre uma razão econômica por trás...
Há pouco tempo, vimos o escândalo do "News of the World", na Grã-Bretanha. O milionário das comunicações Murdoch, não teve remorsos de criar em pais e parentes de uma moça desaparecida, a esperança vã de que ela ainda estaria viva, apenas para vender mais jornal. Por que haveria eu de ter um conceito melhor dos grandes empresários da imprensa brasileira? Já foram publicadas inúmeras denúncias contra eles, que a grossa maioria das pessoas não tem acesso porque eles têm o poder de decidir o que você deve ou não deve saber...
A "grande" imprensa brasileira está nas mãos de 5 famílias. Esta é a representação mais anti-democrática que poderia existir. Nos EUA, França, Inglaterra e maioria dos países do mundo, é proibido que um mesmo proprietário tenha veículos de comunicação de diferentes mídias, ou seja, quem tem jornal não pode ter TV e revista, e assim sucessivamente. O Murdoch tem jornais na Inglaterra e Austrália e TV nos EUA. O Grupo Globo tem canal de TV aberto, fechado (pago), revistas, jornais, rádios e internet. Não lhe parece que algo deve estar errado?
É um poder "invisível", tanto quanto perigoso, e mais perigoso ainda nos países em que as grandes potências se acostumaram a dominar, porque a imprensa norte-americana é norte-americana, mas a brasileira, a argentina, a venezuelana, etc., são norte-americanas...
Texto enviado pela autora
Texto enviado pela autora
E quem paga a conta é o consumidor, pois no preço do produto está incluido o valor da publicidade.
ResponderExcluirSobre o fato de que tais quantias são incluídas nos preços dos pro-ductos, isso ninguém comenta. Ou seja: as empresas jornalísticas enriquecem, o consumidor paga para ser enganado e o enganador continua fazendo as leis que inserem a publicidade na "cadeia produtiva", livre de impostos, adicionando-se aos gastos de produção. Em outras palavras, o sistema é usurpação, farsa e roubo institucionalizado por todos os lados. Vera Vassouras
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