19/9/2011, Nick Turse, Tom Dispatch
Reproduzido no Asia Times Online Traduzido pelo Coletivo da Vila Vudu
Ver também:
“Legados gêmeos do 11/9”, Mahan Abedin, 12/9/2011
“O que querem os EUA no Iraque?”, Pepe Escobar, 16/9/2011
O assunto é de dar calafrios: a desestabilização do que, nos tempos de George W Bush, se conhecia como “o arco de instabilidade”. São pelo menos 97 países, no sul global, quase todos coincidentes com os campos de petróleo do planeta. Grande número dessas nações estão hoje em tumulto e torvelinho e, em todas – do Afeganistão e Argélia ao Iêmen e Zâmbia –, Washington está militarmente envolvida, abertamente ou clandestinamente, em guerra ou no que ainda passa por paz.
Cercar militarmente o planeta é parte do processo. O Pentágono e os serviços de inteligência dos EUA também comandam operações clandestinas de forças especiais e ações de espionagem, lançam ataques com aviões-robôs pilotados à distância (drones), constroem bases e prisões secretas, treinam, armam e financiam forças de segurança locais e estão envolvidos em muitas outras atividades militares que equivalem plenamente a guerra em escala total. Mas, enquanto se lê isso, não se deve esquecer que já praticamente não há nenhuma nação, no arco de instabilidade, na qual os EUA não estejam militarmente envolvidos.
A conversa do arco
“A liberdade está em marcha no grande Oriente Médio. A esperança de liberdade alcança hoje de Kabul a Bagdá, a Beirute e além. Lenta, mas firmemente, estamos ajudando a transformar o grande Oriente Médio, de arco de instabilidade, em arco de liberdade”.
Todos estão antecipadamente perdoados se pensaram que o trecho acima tenha sido extraído do discurso do presidente Obama sobre a primavera árabe, no qual disse que “Será política dos EUA (...) apoiar transições para a democracia” [1]. Mas, não. As palavras acima são palavras de George W Bush [2]. O que aproxima os dois discursos é a expressão “arco de instabilidade”, conceito retórico central da visão global do ex-presidente e de seus apoiadores neoconservadores.
O sonho dos anos Bush era dominar militarmente aquele arco, que coincide, quase todo, com a região do Norte da África até a fronteira da China, também conhecido como Grande Oriente Médio, o qual, para muitos, estende-se da América Latina ao sul da Ásia. Embora a expressão “arco de instabilidade” tenha praticamente caído em desuso nos anos Obama, quando se trata de projetar o poder militar o presidente Obama já, praticamente, passou à frente do antecessor.
Além de já estar em guerra em mais nações “do arco”, Obama ordenou o deslocamento de número muito superior de forças das operações especiais para aquela região, transferiu ou intermediou a venda de quantidades mais substanciais de armas para lá, ao mesmo tempo em que continua a construir e ampliar bases militares, em ritmo frenético, além de treinar e equipar forças locais em todas aquelas nações.
Documentos do Pentágono e informações de fonte aberta indicam que não resta um único país naquele arco, no qual não haja, ativas, forças militares e agências de inteligência dos EUA. É necessário, pois, indagar sobre o papel crucial que os EUA desempenham ali, como agentes de desestabilização e fazendo aumentar a volatilidade.
O arco invadido, inundado
Dada a centralidade do arco de instabilidade para o pensamento do governo Bush, nem chega a surpreender que tenha declarado guerras no Afeganistão e no Iraque, e atacado, inúmeras vezes em três outros estados do arco – Iêmen, Paquistão e Somália. Nem poderia alguém ficar chocado por os EUA também terem usados forças militares especiais e operações especiais da CIA, também noutros pontos do arco.
Em seu livro The One Percent Doctrine, o jornalista Ron Suskind comenta planos da CIA, revelados em setembro de 2001 e conhecidos como “Worldwide Attack Matrix” em que se leem “operações detalhadas contra terroristas em 80 países”. Mais ou menos ao mesmo tempo, o então secretário da Defesa Donald Rumsfeld proclamou que os EUA haviam embarcado “em grande esforço de muitas cabeças que, provavelmente, alcançará 60 países”. Ao final dos anos Bush, o Pentágono já teria forças de operações especiais em 60 países em todo o mundo.
Mas foi o governo Obama que, contudo, abraçou muito mais plenamente o conceito e ‘engajou’ toda a região em termos ainda mais amplos. Ano passado, o Washington Post noticiou que os EUA já tinham operações de forças especiais ativas em 75 países, da América do Sul à Ásia Central. [3]
Mais recentemente, o coronel Tim Nye, porta-voz do Comando de Operações Especiais dos EUA disse-me que, em qualquer dia que se considere, há tropas de elite dos EUA trabalhando em cerca de 70 países; e que, até o final do ano, serão 120 países. Essas forças estão envolvidas em várias diferentes missões, de Rangers do Exército, que fazem combate convencional no Afeganistão, aos SEALs da Marinha que assassinaram Osama bin Laden no Paquistão, além de instrutores do Exército, Marinha e Força Aérea, e Marines do Comando de Operações Especiais dos EUA que trabalham em todo o planeta, da República Dominicana ao Iêmen.
Os EUA estão hoje ativos em guerras em seis nações do arco de instabilidade: Afeganistão, Iraque, Líbia, Paquistão, Somália e Iêmen. E há pessoal militar ativo em outros estados do mesmo arco, dentre os quais Argélia, Bahrain, Djibuti, Egito, Israel, Jordânia, Kuwait, Líbano, Marrocos, Omã, Paquistão, Qatar, Arábia Saudita, Tunísia e nos Emirados Árabes Unidos.
Desses países, Afeganistão, Bahrain, Djibuti, Iraque, Kuwait, Omã, Qatar, Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos abrigam bases militares dos EUA, e há notícias de que a CIA estaria construindo uma base secreta em algum ponto da região, a ser usada para expandir a guerra com aviões-robôs tripulados à distância para o Iêmen e a Somália. Também já há em operação instalações semelhantes, para a mesma finalidade, no Djibuti, Etiópia e nos Emirados Árabes Unidos, e uma base clandestina, já operante, na Somália, que dirige agentes locais e oferece treinamento de contraterrorismo para parceiros locais.
Além dos próprios esforços militares, o governo Obama também tem sido ativo intermediador de venda de armas para regimes no arco, em todo o Oriente Médio, inclusive no Bahrain, Egito, Iraque, Jordânia, Kuwait, Marrocos, Arábia Saudita, Tunísia, Emirados Árabes Unidos e Iêmen. E tem adestrado, em doutrina e formação militar, parceiros do Departamento do Estado e do programa de Treinamento e Educação Militar Internacional do Pentágono.
Ano passado, aquele programa atendeu mais de 7.000 alunos de 130 países. “Esse programa dá atenção especial ao Oriente Médio e África, porque sabemos que o terrorismo crescerá, e sabemos que países vulneráveis são mais visados”, disse ao American Forces Press Service a gerente do programa, Kay Judkins.
Segundo Documentos do Pentágono liberados no início desse ano, os EUA têm pessoal – em alguns casos em número só simbólico, em outros casos, grandes contingentes – alocado em 76 outras nações que às vezes aparecem incluídas no arco de instabilidade: África do Sul, Albânia, Angola, Antigua, Bahamas, Bangladesh, Barbados, Belize, Bolívia, Bósnia e Herzegovina, Botsuana, Burundi, Camarões, Camboja, Cazaquistão, Chade, Cingapura, Colômbia, Congo, Costa do Marfim, Costa Rica, Cuba, El Salvador, Equador, Etiópia, Filipinas, Gabão, Gana, Guatemala, Guiné, Guiana, Haiti, Honduras, Indonésia, Jamaica, Laos, Libéria, Macedônia, Madagascar, Malásia, Mali, Mauritânia, México, Moçambique, Mianmar, Nicarágua, Níger, Nigéria, Panamá, Paraguai, Peru, Quênia, Quirguistão, República Dominicana, Romênia, Ruanda, Senegal, Sérvia, Sierra Leone, Síria, Sri Lanka, Sudão, Suriname, Tadjiquistão, Tailândia, Tanzânia, Togo, Trinidad e Tobago, Turcomenistão, Uganda, Uruguai, Uzbequistão, Venezuela, Vietnã, Zâmbia e Zimbábue.
Ainda que a prisão de cerca de 30 membros de uma célula de espiões da CIA no Irã, no início do ano, como outras prisões de supostos “espiões” norte-americanos possam não passar de encenação para o público interno ou como fator de barganha internacional, não há dúvidas de que os EUA mantêm operações clandestinas também no Irã.
Ano passado, divulgaram-se notícias de que equipes de agentes clandestinos dos EUA teriam sido autorizados para missões no Irã, e agentes norte-americanos e grupos aliados locais quase com certeza trabalham lá. Recentemente, o Wall Street Journal revelou uma série de “operações secretas na fronteira Irã-Iraque”, por militares dos EUA e CIA, com o objetivo de impedir o contrabando de armas, do Irã para o Iraque.
Tudo isso sugere que é possível que não haja sequer um único país, no arco de instabilidade, seja qual for a definição, no qual os EUA não tenham ou base, ou soldados ou pessoal de inteligência, no qual não comandem agentes, ou para o qual não mandem armas, ou no qual não haja operações clandestinas, ou contra o qual os EUA não estejam em guerra.
O arco da história
Imediatamente depois de Obama assumir a presidência em 2009, o então Diretor da Inteligência Nacional Dennis Blair, falou ao Comitê Especial do Senado para Assuntos de Segurança. Dando atenção especial ao arco de instabilidade, assim resumiu a situação global: “A grande região, do Oriente Médio ao sul da Ásia, é locus de muitos dos desafios que os EUA enfrentam no século 21.”
Desde então, como no caso da expressão que se costuma associar a Bush, “guerra global ao terror”, o governo Obama e os militares dos EUA têm procurado não falar de “arco de instabilidade”, recorrendo sempre a formulações bem mais vagas.
Em discurso na reunião anual da Associação da Indústria Nacional de Defesa, em simpósio sobre Operações Especiais e Conflitos de Baixa Intensidade, no início de 2011, o almirante da Marinha, Eric Olson, então chefe do Comando das Operações Especiais dos EUA, apontou para uma imagem de satélite projetada num telão, em que se via um mapa do mundo, à noite, com vários pontos luminosos.
Antes do 11/9/2011, disse Olson, a parte do planeta que e via iluminada – as nações industrializadas do norte global – eram consideradas áreas chaves. Depois, disse o almirante, a prioridade estendeu-se para 51 países, quase todos no arco de instabilidade. “Nosso foco estratégico”, disse ele, “moveu-se em boa parte para o sul (...). Na comunidade de operações especiais, lidamos com ameaças que surjam em pontos onde não se veem luzes acesas nesse mapa”. [4]
Mais recentemente, em observações que fez na Escola Paul H Nitze de Estudos Internacionais Avançados, em Washington, DC, John O’Brennan, assessor do presidente para segurança nacional e contraterrorismo, delineou a nova Estratégia Nacional para segurança interna e contraterrorismo, em que têm destaque missões “na região do Paquistão-Afeganistão” e “um foco em regiões específicas, incluindo o que definimos como periferia – locais como Iêmen, Somália, Iraque e o Maghreb [norte da África]”.
“Isso”, disse Brennan, “não exige guerra global” – e de fato, apesar da terminologia da era Bush, nunca foi, antes, guerra global. Os terroristas que, na Alemanha, planejavam os ataques do 11/9, e o terrorista que levava explosivos no sapato, Richard Reid, e que embarcou no Reino Unido, nunca estiveram em qualquer lista de procurados, porque viviam em países ocidentais de maioria branca. O “arco” jamais estendeu-se para além de países vistos como fundamentalmente instáveis, instáveis por natureza, com problemas definidos como insolucionáveis senão por intervenção militar.
Construir a instabilidade
Uma década de evidências basta para comprovar que as operações dos EUA no arco de instabilidade são desestabilizadoras. Durante anos, para tomar um exemplo, Washington manteve assistência militar e conduziu ações militares e diplomáticas que visavam, todas, a minar o governo do Paquistão e a promover a cisão entre militares e setores da inteligência paquistanesa – o que elevou o sentimento de antiamericanismo a índices muito altos entre a população do país. (Segundo pesquisa recente, apenas 12% dos paquistaneses têm opinião favorável aos EUA.)
Uma guerra semissecreta, de aviões-robôs tripulados à distância, contra áreas tribais na fronteira entre Paquistão e Afeganistão, com centenas de ataques e número significativo, embora nunca corretamente divulgados, de mortes entre a população civil, é apenas a face mais visível e mais controversa dos esforços de Washington. No que tenha a ver com esforços da CIA, pesquisa recente do Instituto Pew, com respondentes paquistaneses, revelou que 97% dos entrevistados tinham opinião negativa do papel da CIA no país – índice praticamente jamais visto em qualquer tipo de pesquisa.
No Iêmen, o apoio que os EUA garantiram por décadas ao ditador Ali Abdullah Saleh – sob a forma de auxílio em dinheiro, treinamento militar e armas, além de ataques aéreos, com aviões convencionais ou com aviões-robôs – geraram um tipo especial de relacionamento entre os EUA e os comandantes do exército do Iêmen, parentes ou aliados pessoais próximos de Saleh. Em 2011, essas unidades militares tiveram papel destacado na repressão contra os manifestantes pró-democracia no Iêmen, com inúmeras mortes entre os populares e prisão de oficiais militares dissidentes que se recusaram a atirar contra civis.
Não surpreende que, mesmo antes de o Iêmen ter mergulhado num vácuo de liderança política (depois que Saleh foi ferido num atentado), pesquisa feita no país tenha apresentado outro índice, ainda mais raro: 99% dos iemenitas entrevistados já tinham opinião desfavorável das relações entre o governo dos EUA e o mundo islâmico; apenas 4% aprovavam “de certo modo” e “fortemente” a colaboração entre a Saleh e Washington.
Mas, em vez de afastarem-se das operações no Iêmen e apesar dos resultados daquela pesquisa, os EUA aprofundaram a “parceria”. A CIA, apoiada pelos serviços de inteligência da Arábia Saudita, passou a comandar agentes locais e deflagrou campanha mortal, com aviões-robôs, contra militantes islâmicos. Os militares norte-americanos também aumentaram o número de ataques aéreos e enviaram mais instrutores para trabalhar com as forças locais, em missões letais, muitas vezes com aliados iemenitas.
Esses esforços fixaram o contexto para ainda mais má vontade, mais instabilidade política e possíveis retaliações contra os EUA. Ano passado, um avião-robô norte-americano matou acidentalmente Jabr al-Shabwani, filho e um homem forte, Sheikh Ali al-Shabwani. Em ato de vingança, Ali atacou repetidas vezes um dos principais oleodutos do Iêmen, o que causou bilhões de dólares em prejuízos diretos para o governo do Iêmen, e exigiu o fim da cooperação entre Saleh e os EUA.
No início desse ano, no Egito e na Tunísia, esforços prolongados dos EUA para promover o os EUA gostam de chamar de “estabilidade regional” – ao custo de alianças militares, ajuda, treinamento e armamentos – entrou em colapso total, com manifestações populares contra os governos ditatoriais apoiados pelos EUA naqueles países.
Também no Bahrain, Iraque, Jordânia, Kuwait, Marrocos, Omã, Arábia Saudita e nos Emirados Árabes Unidos, irromperam manifestações populares contra regimes autoritários em parceria com e armados por militares dos EUA.
Não surpreende, tampouco, que, perguntados em recente pesquisa se Obama satisfizera as expectativas criadas pelo “Discurso do Cairo”, em português, de junho/2009, no qual falou de “um recomeço nas relações entre os EUA e os muçulmanos em todo o mundo”, apenas 4% dos egípcios responderam “sim”. (Pela mesma pesquisa, apenas 6% dos jordanianos e 1% dos libaneses entendem que Obama fez o que disse, no Cairo, que se deveria fazer.)
Recente pesquisa Zogby, que entrevistou cidadãos em seis países árabes – Egito, Jordânia, Líbano, Marrocos, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos – mostrou que, sucessor de um presidente que elevou o antiamericanismo no mundo muçulmano a patamares aos quais jamais chegara, Obama conseguiu piorar ainda mais as coisas. Maiorias substanciais de árabes em todos os países entendem, hoje, que os EUA absolutamente não têm contribuído para “a paz e a estabilidade no mundo árabe”.
A instabilidade cresce em todo o planeta
A interferência dos EUA no arco de instabilidade nada tem de nova. À parte as guerras de hoje, ao longo de todo o século20 os EUA estiveram ativos em intervenções militares em todo o sul global, no Camboja, Congo, Cuba, República Dominicana, El Salvador, Egito, Granada, Guatemala, Haiti, Honduras, Iraque, Kuwait, Laos, Líbano, Líbia, Panamá, Filipinas, México, Nicarágua, Panamá, Somália, Tailândia e Vietnã, dentre outros pontos. A CIA manteve operações clandestinas em vários desses países e, também, no Afeganistão, Argélia, Chile, Equador, Indonésia, Irã e Síria, para listar apenas alguns.
Como George W Bush antes dele, Barack Obama também olha para o “mundo não iluminado” e vê fonte de volatilidade global e perigos para os EUA. Sua resposta tem sido mobilizar cada vez maior poder bélico, contando com, assim, conter a instabilidade, apoiar aliados e proteger vidas norte-americanas.
Apesar da clara lição do 11/9 – intervenções militares em terra distante geram retaliações dentro de casa –, nem por um momento Obama deixou de atacar, em guerras de resposta à resposta por ataques anteriores contra o mundo muçulmano. Pesquisa recente do Instituto Rasmussen indicam que muitos norte-americanos discordam do presidente, em sua ideia de como os EUA devem atuar fora do país.
75% dos entrevistados, por exemplo, em pesquisa recente, nos EUA, concordam com a seguinte frase: “Os EUA não devem envolver-se em ações militares fora do país, a menos que a causa seja vital para nossos interesses nacionais”. Além disso, claras maiorias de norte-americanos são contrários a qualquer ação para defender Afeganistão, Iraque, Paquistão, Arábia Saudita, e vasta lista de outros países incluídos no arco de instabilidade, nem no caso de serem atacados por outras potências.
Depois de décadas de intervenções abertas e ocultas em nações do arco, incluindo os últimos dez anos de guerras ininterruptas, praticamente todos aqueles países continuam pobres, subdesenvolvidos e mais instáveis, a cada dia. Em 2011, em sua lista anual de estados fracassados – a relação dos países mais voláteis do planeta – a revista Foreign Policy e o Fund for Peace incluíram as duas nações do arco que receberam as maiores intervenções militares por soldados dos EUA – o Iraque e o Afeganistão – entre os dez primeiros estados “mais fracassados”. Paquistão e Iêmen aparecem, respectivamente, em 12º e 13º lugares; e a Somália, alvo de intervenções dos EUA nos governos Clinton nos anos 1990s; outra vez durante a presidência de Bush em 2000; e mais uma vez, no governo Obama – mereceu a duvidosa honra de ser considerado o estado mais completamente fracassado do planeta, no 1º lugar da lista.
Por tudo que se discutiu aqui sobre “esforços para a construção de nações” (esforços que jamais dispensam ataques militares, invasões e intervenções) na região, o que se vê, de fato, é uma década de desconstrução de nações, que só parou depois que os próprios povos das nações desconstruídas tomaram o próprio destino nas mãos e saíram às ruas, corações e mentes, para defenderem-se.
Como o comprovam pesquisas recentes nas nações do arco, os povos do sul global veem os EUA como agente que promove ou sustenta, e que jamais evita ou impede, a instabilidade – com muitas evidências para embasar essa avaliação; e prova dela são os levantes populares contra ditadores autoritários apoiados pelos EUA, que se alastram pelo mundo neste 2011.
Com os EUA ainda insistindo em defender as nações do “arco de instabilidade”, apesar das indicações claras de que intervenções militares não promovem estabilidade, e enfrentando crise de orçamento de proporções épicas em casa, não se sabe a que pretextos o governo Obama recorrerá para manter sua política intervencionista fracassada – política que está tornando o mundo cada vez mais volátil e expondo os cidadãos dos EUA a riscos cada dia maiores.
Notas dos tradutores
[1] Presidente Barack Obama, “Discurso sobre o Oriente Médio e o Norte da África”, 19/5/2011 em inglês.
[3] 4/6/2010, Washington Post, em: U.S. “secret war” expands globally as Special Operations forces take larger role, em inglês.
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