Os festejos de guerras de estelionato
22/5/2015, [*] Paul Craig Roberts – Counterpunch
Traduzido por Emerson Silva
Major General Smedley Butler |
O Dia da Memória dos EUA é dedicado a comemorar os soldados mortos nas Guerras. Disseram-nos que eles morreram por nós e por nossa liberdade. O general da Marinha dos Estados Unidos, Smedley Butler, desafia este ponto de vista. Ele disse que nossos soldados morreram pelos lucros dos banqueiros, de Wall Street, da Standard Oil e da United Fruit Company. Segue um trecho de seu discurso pronunciado em 1933:
A Guerra é apenas um estelionato. Creio ser essa uma definição de estelionato: algo que não é o que parece ser para a maioria das pessoas. Só um pequeno grupo sabe do que se trata. A guerra é conduzida para o benefício de apenas uns poucos e em detrimento das massas.
Sou favorável a uma defesa adequada das zonas costeiras e nada além disso. Se uma nação vier aqui para brigar, então vamos brigar. O problema com a América é que quando o dólar só ganha seis por cento por aqui, ele fica irrequieto e vai pro além-mar ganhar cem por cento. Então a bandeira segue o dólar e os soldados seguem a bandeira.
Eu não voltaria a fazer a guerra como tantas vezes fiz para proteger asquerosos investimentos de banqueiros. Só duas coisas justificam o combate. Uma é a defesa de nossos lares e a outra é a Lei de Direitos. A guerra feita por qualquer outra razão é um estelionato.
Não há trapaça na caixa de ferramentas de estelionato que a gangue militar possa dispensar. Ela tem seus “homens dedo” para indicar os inimigos, seus “capangas” para destruir os inimigos, seus “homens cérebro” para planificar a guerra e um “Big Boss” Capitalismo Super Nacionalista.
Pode parecer estranho que um militar como eu adote tal comparação. Mas sou compelido a isso pela honestidade. Eu passei trinta e três anos e quatro meses no serviço militar ativo como membro da mais ágil força militar deste país, o Marine Corps. Passei por todos os rangos comissionados, de segundo-tenente a Major-General. E durante este período, passei a maior parte de meu tempo sendo um capanga de alta classe para grandes empresas, para Wall Street e para os banqueiros. Em suma, eu era um estelionatário, um gangster ao serviço do capitalismo.
Achava que era apenas parte do estelionato daquele tempo. Agora tenho certeza disso. Como todos os membros da corporação militar, nunca havia pensado por mim mesmo até deixar a ativa. Minhas faculdades mentais haviam estado suspensas enquanto eu obedecia a ordens superiores. Isso é comum a todos os que estão no serviço militar.
● Eu ajudei a fazer do México, especialmente Tampico, um lugar seguro pra os interesses estadunidenses em 1914. Eu ajudei a fazer do Haiti e de Cuba um lugar decente para que a rapaziada do National City Bank enchesse os bolsos.
● Eu ajudei a violar uma meia dúzia de repúblicas centro-americanas em benefício de Wall Street. A lista de ações ilícitas é imensa.
● Eu ajudei a fazer a limpeza da Nicarágua para os empreendimentos bancários internacionais de Brown Brothers em 1909-1912 (onde foi que eu ouvi esse nome antes?).
● Eu trouxe luz à República Dominicana ao serviço dos interesses açucareiros estadunidenses em 1916.
● Na China, eu contribuí para que a Standard Oil fizesse o que bem entendesse sem problemas.
Naqueles anos eu fui, como diziam os rapazes do serviço secreto, um bom estelionatário. Fazendo uma retrospectiva, sinto que teria podido dar várias dicas Al Capone. O máximo que esse aí conseguiu fazer foi operar em três distritos. Eu operei em três continentes.
Muitos estadunidenses morreram lutando contra inimigos que não eram nenhuma ameaça para os Estados Unidos. Nossos soldados morreram em benefício de agendas secretas sobre as quais nada sabiam. Os capitalistas escondem seus próprios interesses detrás de uma bandeira e nossos rapazes morreram ao serviço do 1%.
Jade Helm, um exercício que põe os militares dos EUA contra seu próprio povo, está marcado para acontecer de 15 /7/2015 a 15/9/2015. Vídeo a seguir:
Que agenda secreta há por trás disso?
A União Soviética foi um freio parcial à pilhagem capitalista nas décadas de 50, 60, 70 e 80 do século passado. No entanto, com o colapso soviético, a pilhagem capitalista se intensificou nos regimes Clinton, Bush e Obama.
A globalização neoliberal agora está pilhando suas próprias partes constituintes e até o próprio planeta.
Estadunidenses, gregos, irlandeses, britânicos, italianos, ucranianos, iraquianos, líbios, argentinos, espanhóis e portugueses estão sendo pilhados em suas poupanças, pensões, serviços sociais e oportunidades de trabalho; e o planeta está sendo transformado em um grande lixão por capitalistas que sugam até o último centavo do meio ambiente.
Como diz Claudia von Welhof, o capitalismo predatório está consumindo o globo.
Precisamos de um Dia da Memória para comemorar as vítimas da globalização neoliberal. Todos somos suas vítimas, e no final, os capitalistas também serão.
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[*] Paul Craig Roberts (nascido em 3/4/1939) é um economista norte-americano, colunista do Creators Syndicate. Serviu como Secretário-Assistente do Tesouro na administração Reagan e foi destacado como um co-fundador da Reaganomics. Ex-editor e colunista do Wall Street Journal, Business Week e Scripps Howard News Service.
Testemunhou perante comissões do Congresso em 30 ocasiões em questões de política econômica. Durante o século XXI, Roberts tem frequentemente publicado em Counterpunch e Information Clearing House, escrevendo extensamente sobre os efeitos das administrações Bush (e mais tarde Obama) relacionadas com a guerra contra o terror, que ele diz ter destruído a proteção das liberdades civis dos americanos da Constituição dos EUA, tais como habeas corpus e o devido processo legal. Tem tomado posições diferentes de ex-aliados republicanos, opondo-se à guerra contra as drogas e a guerra contra o terror, e criticando as políticas e ações de Israel contra os palestinos. Roberts é graduado do Instituto de Tecnologia da Geórgia e tem Ph.D. da Universidade de Virginia, com pós-graduação na Universidade da Califórnia, Berkeley e na Faculdade de Merton, Oxford University.
Testemunhou perante comissões do Congresso em 30 ocasiões em questões de política econômica. Durante o século XXI, Roberts tem frequentemente publicado em Counterpunch e Information Clearing House, escrevendo extensamente sobre os efeitos das administrações Bush (e mais tarde Obama) relacionadas com a guerra contra o terror, que ele diz ter destruído a proteção das liberdades civis dos americanos da Constituição dos EUA, tais como habeas corpus e o devido processo legal. Tem tomado posições diferentes de ex-aliados republicanos, opondo-se à guerra contra as drogas e a guerra contra o terror, e criticando as políticas e ações de Israel contra os palestinos. Roberts é graduado do Instituto de Tecnologia da Geórgia e tem Ph.D. da Universidade de Virginia, com pós-graduação na Universidade da Califórnia, Berkeley e na Faculdade de Merton, Oxford University.
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