quarta-feira, 20 de maio de 2015

EUA: Faculdade William & Mary homenageia criminosa de guerra

17/5/2015, [*] Ray McGovernConsortium News 
William & Mary Honors War Criminal
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu


Entreouvido no Buteco do Piruá na Vila Vudu: Pior que essa  mas no mesmo âmbito da sórdida elite acadêmica do império anglo-sionista & PSDB-DEM  temos hoje o Financial Times, a publicar avaliações políticas cometidas por Fernando Henrique Cardoso, ex-presidente e extinto sociólogo.  
Mas, afinal... E a quem interessa(ria) o opinionismo tosco desse ex-tudo e atual nada, cujo partido foi derrotado em TODAS AS ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS às quais concorreu nos últimos 20 anos?!


Nada ilustra melhor a extensão da distância que separa hoje os EUA e o estado democrático de direito, do que uma cerimônia em que gente como Condoleezza Rice é convidada para falar a formandos e recebe o título de doutor honoris causa numa universidade. Rice – que pelos meus critérios pessoais cometeu crime de guerra – recebeu as honrarias no sábado, outorgadas a ela pela Universidade College of William and Mary, a segunda mais antiga dos EUA. 

Diferente do que se viu em outras aparições de Rice em universidades norte-americanas nos últimos anos, não se viu ali nenhum sinal de discordância, menos ainda de protesto. Praticamente todos os formandos ainda não tinham 10 anos em 2003, quando Rice tanto contribuiu para o governo do Presidente George W. Bush e seu Vice-Presidente Dick Cheney lançarem guerra de agressão contra o Iraque. A ignorância dos formandos talvez seja até explicável, mas nada augura de bom quanto aos saberes deles sobre história recente. 

Muito menos desculpável é a governança patrícia da universidade William and Mary, que promoveram a homenagem a Rice. Será que a torre de marfim em que vivem é impenetrável, a ponto de não ter chegado até lá a informação de que, ano passado, Rice foi impedida de receber honrarias equivalentes da Rutgers University, porque estudantes irados declararam que o discurso dela, na abertura do ano letivo, comprometeria para sempre o valor dos seus diplomas? 

Um dos líderes da campanha “No Rice” em Rutgers ano passado (que era então aluno veterano), Carmelo Cintrón Vivas, disse a Amy Goodman do programa Democracy Now! que: 
 
(...) os alunos sentiram que criminosos de guerra não poderiam receber homenagens naquela universidade (...). Alguém, com currículo tão vicioso e pervertido, como funcionária pública nesse país (...) não pode ser homenageada com título de doutor, por ter violado a lei. (...) Não seria justo com os formandos nem com qualquer aluno da Rutgers University.

Disse que considerava “risível” o argumento frequente segundo o qual as realizações acadêmicas de Rice ultrapassavam as posições políticas: 
 
Se se examinam os piores criminosos internacionais e as piores pessoas na história, muitos deles tinham diplomas e carreiras acadêmicas, ou eram médicos de renome. Carreira é uma coisa, o modo como você age como pessoa, como ser humano, é outra. Por isso fizemos do nosso protesto uma questão de defesa de direitos humanos.
 
Como explicar o contraste entre a apatia que se via em William and Mary e a consciência e ativismo em Rutgers? Uma chave talvez seja a marcada diferença entre os preços que os alunos pagam nas duas instituições. Taxas e anuidades são significativamente mais caras em William and Mary, localizada em Williamsburg, Virginia. Outra chave pode ser a considerável “tradição” na Virginia, de só convidar Republicanos conservadores para a aula inaugural e recepção de outras honrarias, na abertura do ano letivo. 


Diferente do que se viu em William and Mary, esse ano a Universidade Rutgers concedeu o título de doutor honorário em Letras e Humanidades a Frances Fox Piven, intelectual muito ativo na defesa da população trabalhadora mais pobre. Dentre os livros recentes de Piven está The War at Home: The Domestic Costs of Bush’s Militarism [A guerra em casa: o custo doméstico do militarismo de Bush]. Piven ganhou também o Shirley Chisholm Award por “liderança em prol de justiça social e econômica”. 
 


Vendo reunidos os formando de William and Mary, vi-me com pena deles, porque serão introduzidos à vida adulta por Rice, não por Piven. Piven com certeza não deixaria de falar-lhes dos terríveis desafios que os “99%” enfrentam – e as injustiças por trás do tumultos persistentes em Baltimore, St. Louis e em outras cidades atormentadas. Rice não falou de nada disso no sábado. Falou praticamente só sobre ela mesma – reflexo talvez da evidência de que, embora negra em Birmingham, Alabama, ela, mesmo assim, foi criada cercada de privilégios. 
Muito pior que isso: os crimes de guerra
 
Bem diferente de alguém de coragem ou pessoa de princípios confiáveis, Condoleezza Rice é o símbolo da subserviência ao mal e à criminalidade. É exemplo vivo de covardia e oportunismo, o exato oposto da lição de como viver a própria vida que Piven ou tantos outros oradores dignos de falar numa aula inaugural de universidade que se desse ao respeito. 
 
Quando o Presidente George W. Bush ordenou à Secretária Rice que caçasse qualquer e todos os fiapos de “prova”, por mais falso e forjado que fosse, para provar que o Iraque tinha “armas de destruição em massa”, Rice comandou a campanha fraudulenta para reunir e apresentar toda a “inteligência” necessária para enganar o Congresso e induzir os deputados e senadores a apoiar uma guerra que é exemplo perfeito do que o Tribunal de Nurenberg, depois da IIª Guerra Mundial, definiu como: 
 
(...) guerra de agressão é o supremo crime de guerra, diferente de todos os demais crimes de guerra só porque contém nele mesmo o mal acumulado de todos os demais crimes de guerra.
 
Rice representou o papel dela, como garota do bumbo pró guerra, com entusiasmo excepcional – gritando contra o perigo “das nuvens-cogumelos” das bombas atômicas (inexistentes) do Iraque; do “bolo amarelo” de urânio saído do fundo da África (baseada em instrumentos grosseiramente forjados); dos tubos de alumínio fotografados (que, como depois se soube, não passavam de canos para água usados pelo exército do Iraque), mas que Rice repetiu insistentemente que seriam usados para refinar urânio. 
 
Rice comandou o cortejo, com a indispensável ajuda de Dick Cheney, que promoveu as várias provas, todas forjadas, contra o Iraque. O caráter fraudulento dessas “provas” foi revelado ao mundo num documento britânico datado de 23/7/2002, The Downing Street Memorandum, publicado pelo The London Times dia 1/5/2005. De autenticidade confirmada, o memo expôs a escandalosa tentativa de “montar” alguma “inteligência” para justificar um ataque de EUA/GB para “mudança de regime” no Iraque. 
 


Já se sabia em todo o mundo que, apesar das mentiras incansavelmente repetidas por Dick Cheney, que o Iraque não tinha programa ativo de produção de bombas atômicas. Pois nem isso impediu Condoleezza Rice de dizer, em setembro de 2002, que 
 
(...) não queremos que a pistola fumegante seja uma nuvem radiativa.

O imoral bater de tambor de Rice pró-agressão contra o Iraque foi muito ampliado pela “mídia dominante”, mas ela sempre comandou o ataque. 

Calar as vozes divergentes

Todas as vozes que falaram contra a “grande mentira” de Bush-Cheney-Rice – como os vários alertas que lançamos (Veteran Intelligence Professionals for Sanity, VIPS) – foram reprimidas. Alguns de nossos alerta pré-guerra foram enviados nos nossos Memorandos ao Presidente. Foram três antes de o Iraque ser atacado pelos EUA:  
 
(1) “A fala de hoje do Secretário Powel na ONU” [orig. Today’s Speech by Secretary Powell at the UN] (5/2/2003, em que alertamos sobre a inteligência insuficiente e as catastróficas consequências de um ataque ao Iraque); 
 
(2) “Inteligência inventada para a guerra” [orig. Cooking Intelligence for War (12/3/2003); e 
 
(3) “Documentos forjados, falsidades, exageros, meias-verdades: problema com a Inteligência, Sr. Presidente” [orig. Forgery, Hyperbole, Half-Truth: A Problem With the Intelligence, Mr. President] (18/3/2003).

Com aqueles memos e muitos outros alertas, perdoem-me por ter-me sentido pessoalmente ofendido no sábado, ao ouvir Rice falar de razão, coragem, honestidade, humildade e otimismo àqueles infelizes formandos. Ao que me pareceu sem qualquer ironia, Rice aconselhou-os a não se deixar prender numa câmara de eco, a nunca supor que estejam absolutamente certos, a procurar opiniões divergentes que os desafiem, a desconfiar de qualquer Amén repetido a tudo que digam. 

Consegui anotar essa fala praticamente verbatim, assistindo ao início da cerimônia, ao vivo, pela internet. Os amigos que me convidaram para assistir de longe “esqueceram-se” de dizer quem era a oradora e que só seriam admitidos ao vivo familiares próximos dos formandos. Supuseram, com bastante razão, que eu não conseguiria manter-me calado na cadeira, diante daquela Condoleezza Rice dedicada ali a vomitar hipocrisias. 

Mas guerra de agressão foi apenas um dos abusos do poder cometidos pelo governo de George W. Bush. Houve também sequestros, “buracos negros”, prisões clandestinas, tortura, vigilância ilegal que viola a 4ª Emenda, etc. Que papel teve Condoleeza Rice nisso tudo? 

Na primavera de 2008, a rede ABC News, citando fontes internas, noticiou que, a partir de 2002, por ordens do Presidente Bush, a Conselheira para Segurança Nacional, Condoleeza Rice, reuniu seus mais altos assessores (Cheney, Powell, Rumsfeld, Ashcroft e Tenet) dúzias de vezes na Casa Branca, entre 2002-03 para definir qual o mix de técnicas de tortura mais eficiente para “terroristas” individuais capturados. 
 



Esses conselheiros para questões de tortura do governo dos EUA planejaram e aprovaram o uso de diferentes métodos de tortura – alguns foram “coreografados” ali, ao vivo – incluindo quase-afogamentos (waterboarding), privação de sono, ataques físicos, exposição a temperaturas extremas até provocar hipotermia e as chamadas “posições de estresse”. 

Num dado momento, o Advogado-Geral, John Ashcroft, manifestou em voz alta o que lhe passava pela cabeça: 
 
Por que estamos falando dessas coisas na Casa Branca? A história não será generosa quando nos julgar por isso.
 
A própria Rice, pessoalmente, levou à CIA a ordem do grupo da Casa Branca para dar início aos quase-afogamento de prisioneiros. Foi ela quem disse à CIA: “Podem prosseguir. O bebê é de vocês”, em julho de 2002, antes mesmo de o advogado John Yoo, do governo Bush, escrever seu criminoso “memorando da tortura”, para “legalizar” o que eles já estavam fazendo. Esses memorandos foram tentativa para oferecer aos criminosos o que outro advogado do Departamento de Justiça chamaria de “escudo dourado”, protegendo todos os envolvidos contra qualquer acusação criminal futura. Outros advogados referiram-se aos memorandos de Yoo como uma espécie “fiança grátis anti-cadeia”. 
 
De início, a rede ABC News tentou preservar o presidente dessas atividades sórdidas. Mas Bush estragou tudo, porque logo se pôs a vangloriar-se de que, sim, sabia daquelas atividades e as aprovara pessoalmente. 
 
Fotos das torturas
 
Depois que vazaram fotos em que se viam os mais desumanos abusos de prisioneiros na prisão de Abu Ghraib no Iraque, e que o major-general Antonio Taguba foi encarregado de investigar, ele próprio classificou o programa de interrogatório que Rice e outros funcionários haviam concebido e implantado de “regime sistemático de tortura”. A lista das técnicas aprovadas para uso da CIA já haviam migrado pela cadeia de comando abaixo, via Rumsfeld, um dos mais ativos participantes das reuniões na Casa Branca. [Vide “Honraria enviesada: Condoleeza Rice” (orig. Misguided Honor for Condi Rice)]. 
 
Em 2008, os mais altos funcionários do governo Bush encarregados de decidir se os detidos na prisão da Baía de Guantánamo seriam legados a julgamento, a juíza Susan J. Crawford foi forçada a rejeitar acusações de crime de guerra contra um importante suspeito do 11/9, ao concluir que militares norte-americanos haviam torturado o cidadão saudita, interrogando-o mediante técnicas que incluíam isolamento prolongado, privação de sono, nudez e exposição prolongada ao frio, torturas levaram o acusado a “condições de ameaça à sobrevivência”. 
 
A dificuldade que funcionários de algumas universidades encontram para dar o devido peso a esses atos sórdidos de Condi Rice são efeito, pelo menos em parte, de uma decisão política – a decisão que o Presidente Barack Obama tomou de “olhar adiante, em vez de olhar para trás”. 
 
É decisão que absolutamente não combina com a fama de especialista em leis de que goza o presidente, porque quem olha só para a frente abre mão do dever de julgar qualquer criminoso e qualquer crime, porque julgar criminosos e crimes é ação que obriga a examinar atos passados. 
 
O papel de comando que Rice teve como representante executiva da Casa Branca para assuntos de tortura voltou a ser comprovado em livro recentemente lançado, The Great War of Our Time, escrito por Michael Morell, ex-vice-diretor da CIA. Ali Morell escreve: 
 
Depois que a CIA apresentou uma relação de possíveis técnicas [de tortura] à Casa Branca, a conselheira de Segurança Nacional Rice disse que uma daquelas técnicas não poderia ser usada porque agrediria a linha moral da Casa Branca (p. 275).

Fosse qual fosse a tal “linha moral”, não excluía quase-afogamentos, que lá estava entre as técnicas de tortura que foram aprovadas por “Condi” Rice. 
 


Há quase 70 anos, Robert H. Jackson, juiz da Suprema Corte dos EUA e Procurador-Chefe dos EUA no Tribunal de Nuremberg enunciou vários conselhos que serviriam para o que, ele esperava, viesse a ser uma orientação necessária para o futuro. Na introdução, disse que:
 
Sei bem demais da fraqueza da ação judicial, para crer que a decisão desse tribunal, só ela, nos termos dessa Carta, possa evitar guerras futuras. A ação judicial sempre vem depois do feito. Guerras são iniciadas sob a teoria e em plena confiança de que possam ser vencidas. O castigo ao criminoso, a ser aplicado e recebido só se a guerra criminosa tiver sido perdida, provavelmente jamais será fator que previna alguma guerra onde os fazedores de guerras sintam que possam descartar a probabilidade de serem derrotados. 

Mas o passo definitivo para evitar guerras periódicas, que são inevitáveis num sistema de leis internacionais ausentes, é responsabilizar perante a lei os governantes. E permitam-me ser bem claro nesse ponto: mesmo que essa lei esteja sendo aplicada primeiro aos agressores alemães, a lei é includente, e se deve servir a algum propósito útil, deve condenar a agressão que parta de qualquer das demais nações, inclusive das que aqui estão sentadas como juízes.

Mau precedente

A experiência do sábado na Universidade William and Mary não é, de modo algum, a primeira vez que uma universidade sucumbiu ao “vírus do prestígio” e concedeu altas honrarias a alguma celebridade com poder, em aula inaugural, por piores que tenham sido as ações e crimes da tal celebridade. É triste reconhecer, mas há muitos exemplos, inclusive outro, anterior, com a mesma criminosa de guerra, Miss Rice. 

Condoleezza Rice foi quem ministrou a aula inaugural no Boston College, dia 22/5/2006, quando recebeu o título honorário de Doutor(a) em Leis (Oh, George Orwell, sim, que ironia!). Aconteceu quando servia como Secretária de Estado – depois do sujo trabalho de vendedora pró-guerra no Iraque, mas antes de a rede ABC News ter revelado em 2008 o envolvimento direto dela na tortura de prisioneiros. 
 


Dez dias antes da aula inaugural no Boston College, Steve Almond, professor-adjunto de Inglês, renunciou ao cargo, em sinal de protesto. Adiante se leem alguns trechos da carta de renúncia do prof. Almond dirigida ao reitor do BC, reverendo (jesuíta) William P. Leahy:
 
Escrevo para renunciar (...), por efeito direto de sua decisão de convidar a secretária de Estado Condoleezza Rice para discursar na cerimônia de formatura dos graduandos desse ano.

Muitos membros e alunos dessa faculdade já manifestaram objeções ao convite, argumentando que as ações de Rice como secretária de Estado são inconsistentes com os valores humanísticos da universidade e com as tradições católicas e jesuíticas, das quais derivam os valores dessa universidade. 

Mas não escrevo apenas porque tenho objeções à guerra de agressão contra o Iraque. Minha preocupação é mais fundamental. Dito em palavras claras, Rice é mentirosa. Mentiu ao povo norte-americano, sabendo que mentia, repetidas vezes, de fato espantosamente, ao longo dos últimos cinco anos, num esforço para encontrar justificativa para uma política exterior patologicamente mal orientada. (...) 

Essa é a mulher à qual o senhor estará outorgando título honorário, além do privilégio de falar diretamente à classe dos formandos de 2006. (...) Honestamente, Padre Leahy, que lições o senhor espera oferecer àqueles graduandos impressionáveis? (...) Que aprendam a mentir ao povo dos EUA para obter vantagem política? (...) 

Não posso, em sã consciência, insistir com meus alunos para que busquem sempre o melhor conhecimento e a verdade e, depois, receber pagamento de uma instituição que manifesta tão flagrante desconsideração contra ambos. Gostaria de poder pedir desculpas aos meus alunos de antes e aos meus futuros alunos. Recomendo vivamente que pesquisem sobre as palavras e as ações de Rice, e que exerçam os direitos que a 1ª Emenda lhes dá, quando do discurso dela. 
 
O professor Almond absolutamente não estava sozinho. Cerca de 1/3 dos membros da faculdade do Boston College assinaram documento em que protestaram contra o convite a Rice. Eis como o New York Times noticiou aquele evento de formatura:
 
A Secretária de Estado Condoleezza Rice discursou como homenageada na formatura, na 2ª-feira, no Boston College, para um público onde havia dúzias de alunos e professores que se levantaram e deram-lhe as costas, erguendo cartazes de protesto contra a guerra no Iraque.
Um pequeno avião sobrevoou o campus por duas vezes, exibindo uma faixa em que se lia, em letras vermelhas “A sua guerra nos cobre de vergonha”. Do lado de fora do Alumni Stadium, onde 3.234 alunos recebiam diplomas, manifestantes marchavam pela Beacon Street, exibindo cartazes em que se lia “Não se troca sangue por petróleo” e “Nós também somos patriotas”. 

Dentro do prédio, porém, Miss Rice foi aplaudida de pé ao ser apresentada, e foi interrompida várias vezes por aplausos durante seu discurso.


Em sua autobiografia de 1987, To Dwell in Peace, Daniel Berrigan escreveu sobre 
 
(...) o fracasso de uma grande empreitada – a universidade dos Jesuítas. Relembrou que teve um pressentimento de que a universidade acabaria como outras dessas estruturas cujo declínio moral e servilismo ao poder sinaliza o declínio geral da própria cultura norte-americana.

Berrigan lamentou o apoio à guerra dado por homens nos altos postos da Igreja, e a aprovação à guerra 
 
(...) manifestado com sublime confiança nas autoridades, nos amigos em altos postos e nas conexões na Casa Branca. 
Assim comprometida, alertou Berrigan, a tradição cristã da não violência, além da lição secular da desinteressada busca da verdade – já foram reduzidas a palavreado oco, reservado para as solenidades, nas quais já ninguém acredita, que já ninguém pratica.

O padre Berrigan preocupava-se especialmente com a desarticulação das universidades jesuíticas como o Boston College. Mas o que escreveu aplica-se não só aos “altos postos” da igreja, mas a muitos outros, como o pessoal laico, de altos salários, responsável por convidar Condoleezza Rice para a solenidade de formatura na Universidade William and Mary.

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[*] Ray McGovern nasceu no Bronx em Nova York em 25/8/1939 e lá cresceu. Formou-se com honras pela Universidade Fordham e  serviu no Exército dos EUA de 1962-1964. Está casado com Rita Kennedy por 50 anos. Juntos têm cinco filhos e oito netos.
Aposentado como analista da CIA onde trabalhou no período 1963-1990. Trabalhou inicialmente como oficial da CIA responsável pela análise da política soviética no Vietnã.
No início da década de 1980, já como analista sênior, montou e dirigiu o grupo de National Intelligence Estimates que preparava o President's Daily Brief. Rotineiramente apresentava essesbriefings matinais de inteligência na Casa Branca. Em meados da década de 1980 era o analista que conduzia briefings matinais one-on-one com o Vice-Presidente, os Secretários de Estado e da Defesa, o Comandante do Estado Maior Conjunto e do Assistente do Presidente para a Segurança Nacional. Sua carreira CIA começou no governo do presidente John F. Kennedy, e durou até a Presidência da George Bush (pai).
Após aposentar-se fundou a organização Veteran Intelligence Professionals for Sanity (VIPS)[Profissionais Veteranos de Inteligência, pela Sanidade] onde atua até hoje


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