segunda-feira, 18 de maio de 2015

E se Putin estiver dizendo a verdade?

15.05.2015, [*] F. William Engdahl – New Eastern Outlook, NEO 
What if Putin is Telling the Truth?  
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu

 
 
Vladimir Putin em 26/4/2015
Dia 26/4/2015, o canal de TV Rossiya 1, o principal da Rússia, mostrou o presidente Vladimir Putin num documentário ao povo russo sobre os eventos do período recente, incluindo a reintegração da Crimeia, o golpe de Estado dos EUA na Ucrânia, e o estado geral das relações com os EUA e a UE. Putin falou com franqueza. Em sua fala à TV, o ex-chefe da KGB russa disparou uma bomba política, algo de que a inteligência russa já sabia há duas décadas.
 
Putin disse sem meias palavras que, pela avaliação dele, o ocidente só se daria por satisfeito se encontrasse uma Rússia fraca, sofrendo e implorando misericórdia ao oeste, o que, bem evidentemente, o país não está disposto a fazer. Adiante, pouco depois, o presidente russo disse, pela primeira vez publicamente, algo de que a inteligência russa já sabia há quase duas décadas mas mantivera em silêncio até agora, talvez com esperanças de uma era de relações mais normais entre Rússia e EUA. 
 
Putin disse que o terror na Chechênia e no Cáucaso russo no início dos anos 1990s foi ativamente apoiado pela CIA e pelos serviços ocidentais de inteligência, deliberadamente para enfraquecer a Rússia. Disse que os serviços de inteligência do Gabinete de Relações Internacionais da Rússia encontraram provas do papel clandestino dos EUA naquelas ações, sem dar detalhes. 
 
O que Putin, que foi oficial do mais alto nível da inteligência da Rússia, apenas sugeriu nos seus comentários, eu já havia relatado detalhadamente, colhido de fontes não russas. Aquele relatório teve implicações imensas, porque revelou ao mundo a agenda clandestina de círculos muito influentes em Washington, dedicados a destruir a Rússia como estado soberano funcional, agenda que inclui o golpe dos neonazistas na Ucrânia e severa ação de guerra financeira contra Moscou. 
 
O que aqui publico é extraído do meu livro, Amerikas’ Heilige Krieg [A guerra santa dos EUA, 2014]. 
 


As guerras chechenas da CIA
 
Pouco depois de os mujahidin financiados pela CIA e pela inteligência saudita terem devastado o Afeganistão no final dos anos 1980s, forçando a saída do Exército Soviético em 1989 e a dissolução da própria URSS alguns meses depois, a CIA pôs-se a procurar pontos possíveis, na União Soviética, onde seus “árabes afegãos” treinados pudessem ser infiltrados para desestabilizar sempre mais a influência russa no espaço eurasiano pós-soviético. 
 
Eram chamados “árabes afegãos” porque haviam sido recrutados dos ultraconservadores muçulmanos sunitas wahhabistas da Arábia Saudita, dos Emirados Árabes, do Kuwait e de outros pontos do mundo árabe onde se praticasse o Islã wahhabista ultrarestritivo. Haviam sido trazidos para o Afeganistão no início dos anos 1980s por um saudita recrutado pela CIA e que havia sido mandado para o Afeganistão, de nome Osama bin Laden. 
 
Com a União Soviética já em total caos e confusão, o governo de George H.W. Bush (Bush pai) decidiu “chutá-los quando estavam por baixo” [orig. kick’em when they’re down], lamentável erro. Washington realocou seus terroristas afegãos veteranos, para desestabilizar e levar o caos a toda a Ásia Central, até à própria Federação Russa, então mergulhada em crise profunda e traumática durante o colapso econômico na era Yeltsin. 
 
No início dos anos 1990s, a empresa Halliburton, de Dick Cheney, havia examinado o Azerbaijão, o Cazaquistão e toda a Bacia do Mar Cáspio, pesquisando para determinar o potencial de petróleo em alto mar. Concluíram que a região seria “outra Arábia Saudita”, valendo vários trilhões de dólares no câmbio de hoje. EUA e Reino Unido decidiram que era necessário manter bem longe do controle dos russos toda aquela orgia de petróleo, a qualquer custo. 
 
A primeira medida de Washington foi encenar um golpe no Azerbaijão, contra o presidente eleito Abulfaz Elchibey, para ali instalar presidente mais amigável em relação a um oleoduto Baku-Tbilisi-Ceyhan (BTC) controlado pelos EUA, “o oleoduto mais político do mundo”, levando petróleo de Baku, do Azerbaijão, através da Geórgia, até a Turquia e o Mediterrâneo
 
Naquele momento, o único oleoduto que partia de Baku era da era soviética e atravessava a capital chechena, Grozny, levando o petróleo de Baku para o norte, pela província russa do Daguestão, atravessando a Chechênia até o porto russo de Novorossiysk no Mar Negro. O oleoduto era o único concorrente e grande obstáculo à caríssima rota alternativa de Washington e das grandes britânicas e norte-americanas do petróleo

"Oil majors" dos EUA e Inglaterra
por David Simonds
O presidente Bush Pai deu aos seus velhos conhecidos na CIA autorização para destruir aquele oleoduto russo-checheno e para criar tal caos no Cáucaso que nenhuma empresa nem ocidental nem russa cogitaria de usar o oleoduto russo de Grozny. 
 
Graham E. Fuller, velho conhecido de Bush e ex-vice diretor do Conselho Nacional de Inteligência da CIA havia sido um dos principais arquitetos da estratégia da CIA com os mujahidin. Fuller descreveu a estratégia da CIA no Cáucaso no início dos anos 1990s:
 
A política de guiar a evolução do Islã e de ajudá-los contra nossos adversários funcionou maravilhosamente bem no Afeganistão contra o Exército Vermelho. As mesmas doutrinas podem ainda ser usadas para desestabilizar o que resta do poder russo.” (Nota 6, in Amerikas’ Heilige Krieg [A guerra santa dos EUA, 2014]). 
 
Para a operação, a CIA usou um veterano em truques sujos, general Richard Secord. Secord criou uma empresa de fachada para a CIA, MEGA Oil. Secord havia sido condenado nos anos 1980s por seu papel chave nas operações ilegais da CIA, de drogas e armas, do chamado “Caso Iran-Contras”. 
 
Em 1991, Secord, ex-Vice-Secretário de Defesa Assistente, aterrissou em Baku e cuidou da instalação da empresa de fachada para encobrir a ação da CIA, MEGA Oil. Era veterano das operações clandestinas da CIA no comércio de ópio no Laos durante a Guerra do Vietnã. No Azerbaijão, implantou uma empresa aérea pela qual voaram clandestinamente centenas dos mujahidin da al-Qaeda de bin Laden, do Afeganistão para dentro do Azerbaijão. Em 1993, a empresa MEGA Oil já recrutara e armara 2 mil mujahidin, convertendo Baku numa base para operações terroristas por toda a região do Cáucaso. 
 
A operação clandestina dos mujahidin do general Secord no Cáucaso iniciou o golpe militar que derrubou o presidente eleito Abulfaz Elchibey naquele ano, e instalou em seu lugar Heydar Aliyev, fantoche mais curvável aos desejos dos EUA. Relatório secreto da inteligência turca que vazou para o Sunday Times de Londres confirmou que “duas gigantes do petróleo, BP e Amoco, uma britânica e outra norte-americana respectivamente, que juntas constituem o Consórcio Internacional Azerbaijão de Petróleo [orig. AIOC (Azerbaijan International Oil Consortium)], estão por trás do golpe de estado.
 
Turki al-Faisal, chefe da inteligência saudita conseguiu que seu agente, Osama bin Laden, que ele próprio enviara para o Afeganistão no início da guerra afegã nos primeiros anos da década dos 1980s, usasse sua organização afegã Maktab al-Khidamat (MAK) para recrutar “árabes afegãos” para o que já se convertia rapidamente numa Jihad global. Os mercenários de Bin Laden eram usados como tropas de choque pelo Pentágono e CIA, para coordenar e apoiar ofensivas de grupos muçulmanos não só no Azerbaijão mas também na Chechênia e, depois, na Bósnia. 

Reagan e os terroristas do Maktab al-Khidamat (MAK) no salão oval
 
Bin Laden trouxe outro saudita, Ibn al-Khattab, para ser comandante, ou emir dos mujahidin jihadistas na Chechênia (sic!), com Shamil Basayev, senhor-da-guerra checheno. Não importava que Ibn al-Khattab fosse árabe saudita que mal pronunciava duas palavras em checheno, e nem isso em russo. Sabia reconhecer soldados russos e sabia matar. 
 
A Chechênia era tradicionalmente uma sociedade em que predominavam o sufismo, ramo apolítico e moderado do Islã. Mesmo assim a infiltração sempre crescente de mujahidin terroristas bem pagos e bem treinados patrocinados pelos EUA e que pregavam uma Guerra Santa contra os russos transformou o movimento dos chechenos que inicialmente era reformista. Eles espalharam a ideologia linha duríssima da versão do islamismo praticada pela al-Qaeda por todo o Cáucaso. Sob a orientação do general Secord, as operações terroristas dos mujahidin já se haviam rapidamente estendido para os vizinhos Daguestão e Chechênia, o que fez de Baku um ponto de embarque de que se servia a máfia chechena para suas exportações de heroína afegã. 
 
Desde meados da década dos 1990s, bin Laden pagou aos líderes da guerrilha chechena Shamil Basayev e Omar ibn al-Khattab a bela soma de vários milhões de dólares/mês, fortuna digna de reis naquela Chechênia economicamente devastada nos anos 1990s, o que os capacitou para atropelar a maioria chechena, que era moderada. (Nota 21, in Amerikas’ Heilige Krieg [A guerra santa dos EUA, 2014]). 
 
A inteligência dos EUA permaneceu profundamente envolvida no conflito checheno até o final dos anos 1990s. Segundo Yossef Bodansky, então diretor da Força Tarefa do Congresso dos EUA para Terrorismo e Guerra não Convencional, Washington estava ativamente envolvida em “outra jihad anti-Rússia, buscando dar apoio e poder às forças islamistas antiocidentais mais virulentas”. 
 
Chefe da jihad anti-Rússia dos EUA no Afeganistão
Bodansky revelou em detalhes toda a estratégia da CIA no Cáucaso. Diz que funcionários do governo dos EUA participaram de
 
(...) uma reunião formal no Azerbaijão em dezembro de 1999 na que se discutiram e aprovaram-se programas específicos para dar treinamento e fornecer de equipamento e armas a mujahidin do Cáucaso, da Ásia Sul e Central e de todo o mundo árabe, culminando tudo isso no tácito encorajamento, por Washington, aos aliados muçulmanos (principalmente Turquia, Jordânia e Arábia Saudita) e a “empresas privadas norte-americanas de segurança” (...) para que dessem assistência aos chechenos e aos seus aliados muçulmanos para um levante na primavera de 2000, e para que mantivessem por bem longo tempo a jihadque dali adviria (...).
 
A jihad islamista no Cáucaso foi meio para impedir que a Rússia se beneficiasse de uma rota viável para seu oleoduto; para isso, disparou-se a espiral de violência e terrorismo que hoje se conhece.”
 
A fase mais intensa das guerras chechenas só começou a ceder em 2000, quando pesada ação militar russa derrotou afinal os islamistas. Foi vitória de Pirro, que custou perda massiva de vidas humanas e destruição de cidades inteiras. O número exato de mortos no conflito checheno insuflado pela CIA permanece ignorado. Estimativas não oficiais calculam de 25 mil a 50 mil mortos e desaparecidos, a maioria civis. Os russos perderam quase 11  mil soldados, segundo o Comitê de Mães de Soldados Mortos. 
 
Oleoduto Baku–Tbilisi–Ceyhan
As gigantes anglo-norte-americanas do petróleo e os agentes da CIA gostaram muito. Obtiveram o oleoduto Baku–Tbilisi–Ceyhan que tanto queriam, e que passava ao largo do oleoduto russo em Grozny. 
 
Os jihadistas chechenos, sob comando islamista de Shamil Basayev, mantiveram os ataques terroristas dentro e fora da Chechênia. A CIA já estava reorientada para o Cáucaso. 
 
A conexão saudita de Basayev
 
Basayev foi parte chave da jihad global criada pela CIA. Em 1992, reuniu-se com o terrorista saudita Ibn al-Khattag no  Azerbaijão. Do Azerbaijão, Ibn al-Khattab levou Basayev ao Afeganistão para encontrar-se com o aliado de al-Khattab e também saudita, Osama bin Laden. O papel de Ibn al-Khattab era recrutar muçulmanos chechenos que quisessem fazer sua Jihad contra forças russas na Chechênia, já como ação estratégica clandestina da CIA para desestabilizar a Rússia pós-soviética e assegurar para EUA e Grã-Bretanha o controle sobre a energia do Cáspio. 
 
De volta à Chechênia, Basayev e al-Khattab criaram a Brigada Islâmica Internacional [orig. International Islamic Brigade (IIB)] com dinheiro da inteligência saudita, aprovada pela CIA e coordenada graças à amizade íntima entre o embaixador saudita em Washington, príncipe Bandar bin Sultan, e a família Bush. Bandar, embaixador saudita em Washington por mais de vinte anos era tão íntimo da família Bush que George W. Bush referia-se ao playboy e embaixador saudita como “Bandar Bush”, espécie de Bush honorário. 
 
Basayev e al-Khattab importaram para a Chechênia fanáticos sunitas wahhabistas. Ibn al-Khattab comandou o que se conhecia como “os mujahidin árabes na Chechênia”, seu próprio exército privado de árabes, turcos e outros combatentes estrangeiros. Também recebeu a tarefa de organizar campos para treinamento paramilitar nas montanhas do Cáucaso checheno, para dar treinamento a chechenos e muçulmanos das repúblicas russas do norte do Cáucaso e da Ásia Central
 
Ibn al-Khattab (morto em 2002) e Shamil Basayev
A Brigada Islâmica Internacional  financiada por sauditas e pela CIA foi responsável por atos terroristas não só na Chechênia. São autores também da captura de reféns em outubro de 2002 no Teatro Dubrovka em Moscou; e pelo horrendo massacre da escola Beslan, em setembro de 2004. Em 2010, o Conselho de Segurança da ONU publicou o seguinte relatório sobre a Brigada Islâmica Internacional de al-Khattab e Basayev:
 
Brigada Islâmica Internacional foi listada dia 4/3/2003 (...) como associada à Al-Qaeda, a Osama bin Laden ou ao Talibã, por “participar no financiamento, planejamento, facilitação, preparação e perpetração de atos ou atividades, ou em conjunção com, ou sob o nome de, ou com o apoio da Al-Qaeda. (...) A Brigada Islâmica Internacional foi fundada e comandada por Shamil Salmanovich Basayev (morto) e é associada ao Batalhão Riyadus-Salikhin dos Chechenos Mártires de Reconhecimento e Sabotagem [orig. Reconnaissance and Sabotage Battalion of Chechen Martyrs (RSRSBCM)] (...) e ao Regimento Islâmico para Operações Especiais [orig. Special Purpose Islamic Regiment (SPIR)]. (...) 

Na noite de 23/10/2002, membros do BII, do RSRSBCM e do SPIR em operação conjunta, tomaram mais de 800 reféns no Teatro Podshipnikov Zavod (Dubrovka) em Moscou. 

Em outubro de 1999, emissários de Basayev e Al-Khattab viajaram até a base de Osama bin Laden na província afegã de Kandahar, onde ficou acertado que forneceriam substancial assistência militar e financeira, inclusive com arranjos para enviar à Chechênia várias centenas de combatentes, para combater contra tropas russas e executar atos de terrorismo. Adiante, no mesmo ano, Bin Laden enviou quantias substanciais de dinheiro para Basayev, Movsar Barayev (líder do SPIR) e Al-Khattab, que devia ser usado exclusivamente para treinar atiradores, recrutar mercenários e comprar munição.

A “ferrovia terrorista”, da al-Qaeda afegã-caucasiana, financiada pela inteligência saudita, tinha dois objetivos. Um era objetivo dos sauditas de disseminar a jihad wahhabista fanática por toda a região centro-asiática da União Soviética. O segundo era a agenda da CIA, de desestabilizar e forçar ao colapso a Federação Russa depois da URSS.
 
Beslan

Dia 1/9/2004, terroristas armados da BII de Basayev e al-Khattab tomaram mais de 1.100 pessoas como reféns, num sítio que incluiu 777 crianças e obrigaram-nos a entrar na School Number One (SNO) em Beslan na Ossetia do Norte, república autônoma da Federação Russa no norte do Cáucaso, próximo da fronteira com a Geórgia. Vídeo a seguir com legendas em português:
 
 
No 3º dia da crise dos reféns, quando se ouviram explosões dentro da escola, soldados do serviço secreto e outros soldados de tropas de elite russas invadiram o prédio da escola. No final, havia 334 reféns mortos, inclusive 186 crianças, com número significativo de feridos e desaparecidos. Divulgou-se imediatamente que as forças russas haviam executado mal a ação de intervenção. 
 
A máquina de propaganda de Washington, da Radio Free Europe ao New York Times e à rede CNN, puseram-se imediatamente a demonizar Putin e a Rússia pelo fracasso no encaminhamento de solução para a crise de Beslan. 
 
A “indignação” distraiu a atenção. E passou sem qualquer comentário, análise ou providência o fato de que havia links entre Basayev, Al-Qaeda e a inteligência saudita. Qualquer referência a esses laços chamaria a atenção mundial para as relações muito íntimas entre a família do então Presidente dos EUA, George W. Bush, e a família bin Laden, de bilionários sauditas. 
 
Dia 1/9/2001, apenas dez dias antes do dia dos ataques ao WTC e ao Pentágono, o chefe da inteligência saudita, educado nos EUA, príncipe Turki bin Faisal Al Saud, que dirigia a inteligência saudita desde 1977, incluído aí todo o período da operação dos mujahidin Osama bin Laden no Afeganistão e no Cáucaso, renunciou abruptamente e inexplicavelmente, apenas alguns dias depois de ter sido nomeado pelo rei para mais um mandato como chefe da inteligência. Não deu qualquer explicação. E foi rapidamente nomeado para um posto em Londres, longe de Washington. 
 
Os registros das relações muito íntima entre as famílias bin Laden e Bush foram soterrados – de fato foram totalmente apagados, sob alegação de “risco à segurança nacional” (sic!) no relatório da Comissão dos EUA sobre o 11/9. A evidência de que 14 dos 19 ditos terroristas do 11/9 eram sauditas também foi deletada do relatório final da comissão oficial que investigou os ataques, e que só foi divulgado em julho de 2004 pelo governo Bush, quase três anos depois dos eventos
 
Basayev exigiu sua paga por ter mandado os terroristas a Beslan. Queria a total independência da Chechênia (fim de todas as conexões com a Rússia), o que daria a Washington e ao Pentágono considerável vantagem estratégica na barriga sul da Federação Russa. 
 
Chechênia e o Cáucaso
 
No final de 2004, depois da tragédia de Beslan, o presidente Putin, ao que se sabe, ordenou uma missão secreta de identificação e localização para caçar e matar os líderes chaves dos mujahidin do Cáucaso de Basayev. Al-Khattab havia sido morto em 2002. Não demorou para que as forças de segurança da Rússia descobrissem que praticamente todos os terroristas árabes afegãos da Chechênia haviam fugido. E que se distribuíram, ou na Turquia, país membro da OTAN; ou na Alemanha, país membro da OTAN; ou em Dubai – dos mais íntimos aliados dos EUA nos países árabes; ou no Qatar; todos esses aliados muito próximos dos EUA haviam garantido paraíso seguro àqueles terroristas. Em outras palavras: os terroristas chechenos haviam recebido asilo e abrigo seguro... da OTAN.

________________________________________________
 

 [*] Frederick William Engdahl é jornalista, conferencista e consultor para riscos estratégicos. É graduado em política pela Princeton University; autor consagrado e especialista em questões energéticas e geopolítica da revista  online  New Eastern Outlook.
Nascido em Minneapolis, Minnesota, Estados Unidos, é filho de F. William Engdahl e Ruth Aalund (nascida Rishoff). F.W. Engdahl cresceu no Texas, e depois de se formar em engenharia e jurisprudência na Princeton University em 1966 (bacharelado), e pós-graduação em economia comparativa da University of Stockholm 1969-1970. Trabalhou como economista e jornalista free-lance em New York e na Europa. Começou a escrever sobre política do petróleo, com o primeiro choque do petróleo na década de 1970. Tem sido colaborador de longa data do movimento LaRouche.
Seu primeiro livro foi A Century of War: Anglo-American Oil Politics and the New World Order, onde discute os papéis de Zbigniew Brzezinski, de George Ball e dos EUA na derrubada do xá do Irã em 1979, que se destinava a manipular os preços do petróleo e impedir a expansão soviética. Engdahl afirma que Brzezinski e Ball usaram o modelo de balcanização do mundo islâmico proposto por Bernard Lewis.Em 2007, completou seu livro Seeds of Destruction: The Hidden Agenda of Genetic Manipulation. Seu último livro foi: Gods of Money: Wall Street and the Death of the American Century (2010).
Engdahl é autor frequente do sítio do Centre for Research on Globalization. É casado desde 1987 e vive há mais de duas décadas perto de Frankfurt am Main, na Alemanha.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Registre seus comentários com seu nome ou apelido. Não utilize o anonimato. Não serão permitidos comentários com "links" ou que contenham o símbolo @.