quinta-feira, 11 de agosto de 2011

12 humanos e nenhum segredo

 
                         Ilford Byron[1]


“Por que nos acostumamos à rapinagem das privatizações, que provocaram a perda da solidariedade, da responsabilidade, da ajuda mútua...? Os setores mais doentios e perversos de nossa sociedade vieram à tona enquanto nós -talvez por medo de enfrentar a realidade de nossas vidas- nos dedicávamos com grande prazer a todo tipo de coisas concebidas para embrutecer nossos sentidos e ocultar essa realidade. ... deixamos que a televisão comercial preenchesse o vazio em nossa consciência coletiva e passamos a nos definir em função de lutas pela sobrevivência e comportamentos predadores; a atacarmo-nos uns aos outros sem piedade e a depreciar qualquer um que se mostrasse mais frágil, diferente ou menos belo, menos rico ou menos preparado. ...Ao final das contas, em um clima de cobiça e egoísmo, como não haveríamos de agredir e pulverizar o outro se é isso, precisamente, o quê nos ensinam a todo instante: salve-se quem puder.  Quanto mais nos deprimíamos negando, cem cessar, a realidade, mais instigávamos a opressão, a manipulação e o embrutecimento de nossos sentidos e, desse modo, fomos nos convertendo em vítimas.
David Grossman escritor [2]

A natureza não pode ser reduzida a entidades fundamentais, a blocos de construção, mas deve ser entendida por completo com base na autoconsistência. As coisas existem em virtude de suas relações.
Geoffrey Chew  físico [3]

“A estrutura da natureza e a estrutura da mente são reflexos uma da outra. Mente e natureza são necessariamente uma unidade. 
Gregory Bateson antropólogo [4]

O comportamento do paciente é parte de uma rede muito mais ampla de comportamentos perturbados, de padrões perturbados e perturbadores de comunicação. Não existe uma pessoa esquizofrênica; existe apenas um sistema esquizofrênico. Os místicos e os esquizofrênicos estão no mesmo oceano, mas os místicos nadam, os esquizofrênicos se afogam.
Ronald D. Laing psiquiatra [5]

Nos tornamos tão obcecados pelo conhecimento racional, a objetividade e a quantificação, que sentimos extrema insegurança ao lidarmos com a experiência e os valores humanos.
Margaret Lock médica e antropóloga [6]

A questão do estresse emocional, a retenção de emoções é um fator crucial no desenvolvimento do câncer em geral, e do câncer do pulmão em particular. Se recebo estímulos alarmantes e não expresso nada, estou obstruindo o fluxo de energia.
Carl Simonton médico oncologista [7]

A idéia de que possa haver um crescimento patológico, prejudicial, destrutivo e acelerador é, para o economista moderno, uma idéia pervertida que não deve jamais vir à tona. Ao contrário de todos os sistemas naturais que se equilibram, se ajustam e se purificam por si mesmos nosso pensamento econômico e tecnológico não admite nenhum princípio de auto-limitação. A sabedoria exige uma nova orientação da ciência e da tecnologia em direção àquilo que é orgânico, brando, não-violento, terno e belo.
E.F.Schumaker economista [8]

Déficits e endividamentos generalizados, destruição incessante do meio ambiente, persistência da pobreza em meio ao progresso, lucros pessoais obtidos à custa do prejuízo público, conceitos de eficiência e produtividade distorcidos... Eficiente para quem? ...indivíduo, empresa, sociedade ou ecossistema?... A economia glorificou algumas de nossas predisposições menos louváveis: cobiça material, competitividade, gula, orgulho, egoísmo, imprevidência e ganância pura e simples. A consciência masculina que domina nossa cultura encontrou sua realização num tipo de tecnologia machista, voltada para a manipulação e o controle, e não para a cooperação. As origens da economia moderna coincidem com as da ciência newtoniana. Naqueles tempos, o raciocínio crítico, o empirismo e o individualismo tornaram-se os valores dominantes. A lei da oferta e da procura também se encaixava muito bem com a noção matemática de Newton, o cálculo diferencial... Hoje em dia, empresas gigantescas controlam a oferta de bens, criam demandas artificiais por meio da publicidade, e exercem uma influência decisiva nas políticas nacionais. Mercados livres, equilibrados pela oferta e procura... só existem na cabeça de Milton Friedman.
Hazel Anderson ativista social [9]

“As guerras, rebeliões, golpes, guerrilhas, greves, guetos, enormes diferenças no acesso às vantagens econômicas e educativas, difundem seus efeitos dilaceradores através de toda a ordem social. Como se isso não fosse suficiente, o cidadão comum é acossado pelo balanço de pagamentos desfavorável, drogas, alienação, aumento populacional acelerado, remodelagem arbitrária da superfície terrestre com o desvio de rios, aplainamento de montanhas, derrubada de florestas, abertura de túneis sob a terra e a água, capeamento do solo com cimento e asfalto. Mesmo os conservadores se apercebem da ruína iminente, mas os interesses comerciais lutam cada vez mais por uma oportunidade de auferir lucros. As medidas de força só podem suprimir os sintomas, sem alterar suas causas e o desespero cresce à medida que se torna evidente a inoperância dos remédios policiais e militares para os males sociais do nosso tempo. Só a compreensão é o primeiro passo para a ação racional. E só combinando outras perspectivas com a nossa própria, poderemos distinguir entre a verdade e a distorção e alcançar, finalmente, uma compreensão realista do processo civilizatório. A conquista de tal percepção é crucial para a existência humana.
Betty J. Meggers arqueóloga [10]

O sistema capitalista global gerou um campo de jogo muito desigual. A distância entre ricos e pobres está aumentando. Isso é um perigo, pois um sistema que não oferece alguma esperança e benefícios aos perdedores, corre o risco de ver-se dilacerado por atos de desespero.
George Soros financista e mega-investidor [11]

As regras do Jogo são as da acumulação de riqueza obtida no mercado mediante a competição feroz entre empresas, Estados e indivíduos. Em sua roupagem neoliberal, este jogo pressupõe a violação permanente e sistemática das regras, no estabelecimento de relações entre o poder e o dinheiro destinadas a remover quaisquer obstáculos à acumulação comandada pela grande empresa e pelo capital financeiro internacionalizado, sempre apoiados na força militar e política do Estado imperial.
 Luiz Gonzaga Belluzzo economista [12]
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 Notas
 [1] Para se ter alegria é necessário compartilhá-la.
 [2] em jornal El País p. 2 Una ventana a un futuro diferente domingo 7 de agosto de 2011
 [3] Fritjof Capra Sabedoria Incomum p 41ed. Cultrix São Paulo, SP 1990
 [4] op.  cit. p 66
 [5] id.  p. 105-106
 [6] id.  p. 139
 [7] id.  p. 159-162
 [8] id.  p. 171-172
 [9] id.  p. 192-203
 [10] prólogo à edição estadunidense do livro O Processo Civilizatório de Darcy Ribeiro (1968) ed. Cia. Das Letras, São Paulo, SP 1997
 [11] em A Crise do Capitalismo  ed.Campus 1999
 [12] em Democracia e capitalismo Folha de São Paulo p. B2 4 ago. 2002

Enviado por Homero Mattos Jr

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