domingo, 7 de agosto de 2011

EUA começaram a correr, na saída do Afeganistão?

7/8/2011, *MK Bhadrakumar, Indian Punchline
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu

Talvez pareça detalhe insignificante, que os soldados de Forças Especiais dos EUA (chamados SEALs) cujo helicóptero foi derrubado e que foram mortos em ataque dos Talibã na 6ª-feira na província de Wardak no Afeganistão fossem, todos, membros da mesma unidade que realizou a operação “bin Laden” em Abbottabad. Mas será o assunto de todas as rodas no bazaa  afegão. Fator difícil de quantificar é que, na percepção da rua afegã, cada dia mais os combatentes Talibã são vistos como vingadores extraterrestres, vindos de Marte. Desse material se fazem as lendas.
Não há dúvidas de que a fama dos Talibã, depois do ataque em Wardak, chegará à estratosfera –, com enorme impacto psicológico na mente dos afegãos. Não pode haver mais claro contraste entre a rua e o governo afegão, que não se entende, nem sabe o que dizer.
Evidentemente, o ataque dos Talibã em Wardak mereceu pouco destaque na imprensa nos EUA – melhor dizendo, na imprensa ocidental –, soterrado sob notícias sobre o rebaixamento dos créditos dos EUA. Mais um sinal das prioridades do governo Barack Obama e aliados ocidentais, para os próximos meses. A guerra do Afeganistão tem merecido toda a atenção que o governo Obama e os países da OTAN lhe possam dispensar, nas atuais circunstâncias. E agora? O que acontecerá?
Se começarem a se repetir ataques de grande monta, com muitos mortos, nem precisaremos pensar muito: Obama pode dar a coisa por encerrada. No pé em que estão as coisas hoje, a revista Time pinta quadro excepcionalmente sombrio da situação no Afeganistão.
Time duvida que o novo embaixador dos EUA Ryan Crocker, que é legítimo especialista na região e “consumado diplomata”, com bons resultados no Iraque, consiga fazer alguma diferença. Para a revista, todos os entrevistados no Afeganistão concordam que “as coisas vão muito mal e só vão piorar”.
A matéria termina com citação devastadora de “analista estrangeiro” não identificado (provavelmente norte-americano de alto escalão, em Kabul): “A situação aqui [no Afeganistão] é tóxica e complicadíssima (...). “Transição” é palavra-código para derrota e retirada. Trata-se só de decidir que tipo de mascaramento político os EUA inventarão, para que a coisa não pareça derrota e retirada”.

O mais espantoso é que a matéria da Time foi escrita por John Wendle antes do ataque em Wardak. Pode-se ler em: Afghanistan after Petraeus: From Defeat to “Transition”  (em inglês). 

Embaixador*M K Bhadrakumar foi diplomata de carreira; serviu no Ministério de Relações Exteriores da Índia. Ocupou postos diplomáticos em vários países, incluindo União Soviética, Coreia do Sul, Sri Lanka, Alemanha, Afeganistão, Paquistão, Uzbequistão, Kuwait e Turquia.

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