5/12/2012, Pepe Escobar,
Asia Times Online – The Roving
Eye
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu
Pepe Escobar |
Talvez
não seja Predator mortífero equipado com um míssil Hellfire dos
que incineram casamentos de pashtuns no Af-Pak, mas nesse nosso Bravo Valente
Novo Mundo dos Veículos Aéreos Não Pilotados – conhecido também como a “Guerra
dos Drones de Obama” – qualquer
ScanEagle muito mais lento, fabricado
por subsidiária da Boeing, já nasce com direitos adquiridos de roubar a cena.
Lá está hoje, a estrela do
show, numa TV iraniana, depois de capturado sobre o Golfo Persa.
Vídeo a seguir:
Os
cabeças-de-bagre especialistas em geopolítica, já fartos da mesma conversa fiada
regurgitada incansavelmente por generais norte-americanos pelos canais Fox e
CNN, certamente se deleitarão com a faixa ultrarretrô “Esmagaremos os EUA sob
nossos pés”, para nem falar da peculiar produção de valores pelo Corpo de
Guardas Revolucionários Islâmicos [orig. Islamic Revolutionary Guard Corps
(IRGC) no front de Relações Públicas.
O subalmirante Ali Fadavi,
comandante da Marinha do IRGC, disse que o ScanEagle foi “caçado” e “obrigado” a
“pousar eletronicamente”, depois que invadiu espaço aéreo do Irã. Bem... Talvez
tenha sido um pouco mais complicado. A melhor explicação ainda é a do sempre
delicioso blog
Moon of Alabama: os Guardas Revolucionários, provavelmente,
desabilitaram eletronicamente a conexão de satélite do drone e, em
seguida, assumiram a linha de controle por rádio da linha de
visão.
Ali Fadavi |
Além de garantir piadas sem fim,
do tipo “os gatos persas derrubam o besouro [orig. drone] dos EUA” –
serviço completo, com fotos de gatos gordos brincando com o modelo
made-in-Iran do RQ-170s (o drone que o Irã capturou ano passado) –
a coisa é quase tão boa quanto a mais recente reportagem (em 2011) de Bob
Woodward, que flagrou um dos homens de Rupert Murdoch que operam o canal Fox News tentando
vender (literalmente) ao general Petraeus a ideia de tornar-se candidato à
presidência,
como representante pessoal de Murdoch, nas eleições para a Casa Branca. General
bagre-ensaboado-à-moda-canal-Fox [orig. Foxy General, intraduzível],
sabe-se lá?
O
general canal Fox-Petraeus, por falar dele – mesmo antes de a coisa ter virado
“corporal” com a fã & gostosinha Paula Broadwell – jamais se deixaria
apanhar em situação tão degradante. Seus drones da CIA no Af-Pak sempre
foram e continuam a ser máquinas de matar confiáveis, não essas porcarias de
hoje, que só recolhem informação de inteligência falhada, que não prestam para
nada.
Esse
novo capítulo do seriado Guerra dos Drones, oferece, pelo menos, uma
trégua cômica, à Monty Python, na
desgraça cotidiana, ininterrupta – com a Turquia obtendo a aprovação da
Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) para instalar mísseis Patriot interceptores para “defender-se”
contra algum doido sírio que se atreva a atravessar a fronteira.
Os
burocratas da OTAN em Bruxelas já começaram a espalhar aos quatro ventos a
negativa oficial, na linha do “Oh, não, não! Não queremos uma zona aérea de
exclusão sobre a Síria! É que a gente aqui adooooora mísseis gordos, grandes e
maus”.
Os
EUA – sempre, sempre, como sempre – negam tudo que tenha a ver com o
drone ScanEagle que não voltou
para casa. Um porta-voz do Comando Central da Marinha dos EUA, no Bahrain, esse
país-símbolo, exemplar, de democracia, disse que “A Marinha dos EUA mantém pleno
controle sobre todos os veículos aéreos não tripulados [orig. unmanned air
vehicles (UAV)] em operação na região do Oriente Médio”.
Drone ScanEagle na catapulta móvel de lançamento |
Vai-se ver, é problema de
terminologia: o Irã fica no Sudoeste Asiático – assim sendo, drones que
andem “pivoteando” em área de “pivoteamento não entram na conta. Mas, calma; a
coisa ainda melhora! O porta-voz disse
também que “não temos registro de qualquer ScanEagle extraviado recentemente”.
Quer dizer: só se a
Marinha perdeu, além de um drone... também todos os registros.
O
que se vê, são esforços frenéticos da Marinha para pôr a culpa... nos
drones dos outros! Vai-se ver, esse ScanEagle teria decolado de outro
paraíso da democracia mantido pelo Conselho de Cooperação do Golfo, os Emirados
Árabes Unidos. Austrália, Canadá, Países Baixos e até a Colômbia têm
drones. A Grã-Bretanha e a França também fabricam drones, e a
Rússia, logo, logo, também chega lá. Ou, quem sabe, um espião “Ai-raniano” do
Mal roubou o tal drone em Dubai, quando andou por lá em expedição de
compras.
Podem
esperar: vai começar um boom de vendas de drones ScanEagle em miniatura, de plástico,
para trazer um refresco ao deprimido e mortalmente super sancionado mercado
iraniano – exatamente como aconteceu ano passado, com o RQ-170.
Os gatos persas que vivem de Qom ao
Mar Cáspio, depois de derrubá-los todos, com certeza farão um baile.
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