segunda-feira, 23 de agosto de 2010

2007, 10 anos de blogs: "o futuro é mais luminoso que nunca"

17/12/2007, Jenna Wortham, Wired, traduzido pela Vila Vudu


Introdução da Vila Vudu/redecastorphoto

O artigo que aí vai, está às vésperas de completar treze anos de publicação. Não vale, pois pela “atualidade”. Achamos que vale pela informação histórica e vale, sobretudo, pra vermos que, se os blogs mudaram nesses quase 13 anos (embora nada sugira que tenham mudado muito nos fundamentos), não mudou, nada-nada-nada, o NADA-que-preste que as pessoas têm a dizer SOBRE os blogs.


Anotamos também, para voltar a isso mais tarde, que consideramos que ABSOLUTAMENTE NÃO SE TRATA de os blogueiros deverem aprender jornalismo, como concluíram tantos blogueiros não-jornalistas reunidos no 1º Encontro Nacional de Blogueiros Progressistas, em São Paulo.


EM NOSSA OPINIÃO, trata-se DO EXATO CONTRÁRIO disso: trata-se é de os jornalistas aprenderem BLOGUISMO, ao mesmo tempo em que tentem desaprender o jornalismo que aprenderam.


O que aí vai é uma primeira coisinha da história do BLOGUISMO. Consideramos interessante e traduzimos.


Vila Vudu/redecastorphoto


Dia 17/12/1997, Jorn Barger tornou-se a primeira pessoa a usar o termo "weblog", para descrever sua coleção de endereços recolhidos da internet [ing. “to describe his collection of links logged from [1] the internet”].


Nos dez anos (hoje, já são quase 13 anos) desde que apareceu online a primeira página chamada “weblog”, o blog amadureceu, da situação de nicho de adolescentes, para ser o que é hoje: o paradigma de publicação dominante na internet.


Foi uma longa caminhada, desde aquele 17/12/1997, quando Jorn Barger cunhou o termo “weblog” para descrever uma relação de endereços, reunidos em sua página “Robot Wisdom”, e que eram como um “relatório” de suas andanças pela internet. Na década que transcorreu depois daquele dia, os blogs cresceram a ponto de dominar a rede, já presentes até nas seções de notícias do augusto The New York Times.


“É a ferramenta de publicação mais fácil, mais barata e mais rápida jamais inventada”, disse Jeff Jarvis, jornalista-blogueiro, comentarista de mídia e diretor do programa de jornalismo interativo da Escola de Jornalismo da City University of New York. “Todos ganharam uma voz que nunca antes haviam tido”.


Há mais de 100 milhões de blogs ativos, segundo Technorati [isso, em 2007; em dezembro de 2009, já eram 234 milhões, e aumentando, segundo ] – monumental salto adiante, do relativamente pequeno número de adolescentes aficionados que publicavam online há apenas alguns anos. Um coro polifônico de muitas vozes está modelando o que lemos e como lemos. Os blogs estão remodelando, não apenas as notícias, mas a edição e publicação de notícias, além da própria política e as relações entre as instituições e a sociedade.


Robert Scoble, o mais famoso blogueiro da Microsoft, tem sido apresentado como o homem que deu face humana àquela empresa-gigante e facilitou os contatos entre o cliente e a corporação.


O novo blog de Matt Drudge, “Drudge Report” ganhou reconhecimento nacional pela cobertura do escândalo Clinton-Lewinsky; ano passado, Drudge – ex-vendedor da uma loja de conveniência – foi listado, pela revista Time como um dos homens mais influentes do mundo.


Outro blog “Rathergate”, criado para fazer crítica massiva e intensiva contra o jornalismo de Dan Rather, levou a rede CBS a demitir, precocemente, o seu conhecido âncora.


Mas os blogs tornaram-se também importantes fontes de notícias por mérito próprio. Cenas filmadas por cidadãos, durante crises como a do tsunami que atingiu o sul da Ásia, o furacão Katrina e o recente levante em Burma, foram notícia, quando praticamente não havia qualquer tipo de cobertura jornalística.


Arianna Huffington, editora-chefe da página de notícias The Huffington Post, diz que os blogueiros são os “pit bulls do jornalismo” e atribui ao trabalho incansável dos blogueiros, o importante feito de manter nos noticiários, material que, em muitos casos, já teria sido exilado das primeiras páginas dos jornais.


Huffington lembra também que a amplidão de interesses dos blogueiros ajuda a romper o nicho fechado dos jornalistas, para fazer ver questões que, sem os blogueiros não seriam consideradas “notícia” e para iluminar questões importantes. Esse trabalho já mudou para sempre o modo como o jornalismo tradicional chega ao leitor.


“Os melhores blogs são os blogs mais profundamente pessoais. Uma vez que o leitor habitua-se a esse contato pessoal com um autor, jornalista ou não, torna-se praticamente impossível que ele volte a aceitar o tom ‘impessoal’ do jornalismo tradicional” – disse ela.


Para Jeff Jarvis, do “BuzzMachine”, a capacidade dos blogs para promover mudança efetiva no mundo real – como quando se mobilizou para denunciar a empresa Dell que se recusara a reembolsá-lo por ter-lhe vendido um PC defeituoso – é “surpreendente” e “profunda”.


“As pessoas vêem frente à frente, em discussão e diálogos abertos, com políticos e autoridades. Isso, precisamente, jamais foi possível antes”, diz ele. “O Blog é uma ferramenta que se pode usar para fazer qualquer coisa. Mudar o mundo ou divulgar o cardápio do seu restaurante, com tudo o que há aí, entre esses dois objetivos”.


Os blogs florescem e se reproduzem, na exata medida em que a indústria da notícia encolhe, disse Jarvis, abrindo novos canais efetivos de comunicação. E Gina Trapani, animadora do “Lifehacker”, blog que tem mais tráfego do que vários grandes jornais e revistas online, diz que os blogs são também potentíssimos martelos culturais.


“Os blogs, cada vez mais, mostram sua força como agentes que criam e influenciam a cultura”, disse Trapani. “Eu sempre me surpreendo quando vejo ideias nascidas de blogs chegarem aos grandes programas da televisão comercial.”


Meg Hourihan, co-criadora do Blogger, a ferramenta de publicação na rede à qual se credita a popularização do blog pessoal, admite que jamais esperou ver as mudanças que, hoje, acontecem diariamente.


“No começo, ríamos da ideia de que as pessoas, num lugar distante daqui, pudessem desencadear mudanças revolucionárias. Hoje, acontece todos os dias. Às vezes, tenho calafrios!” – disse Hourihan.


Justin Hall, reconhecido como um dos pioneiros de mensagens que já tinham o formato de blogs, antes de o conceito começar a circular, começou a publicar de dentro de seu dormitório no Swarthmore College, em 1994. Lembra daqueles primeiros tempos, e observa que as dificuldades diminuíram, caíram barreiras e há hoje uma nova onda de microblogs. Graças aos blogs, já não se exige qualquer know-how especial para publicar na rede. Basta uma ideia.


“Pode-se publicar sem ter computador. Pode-se publicar uma única frase, uma linha”, diz ele. Hall foi coroado “pai fundador dos blogs pessoais”, pelo The New York Times. “A internet é um lugar mais rico, graças a essa multidão que escreve.


Claro que não há retrocesso possível.”


O artigo original, em inglês, pode ser ido em: After 10 Years of Blogs, the Future's Brighter Than Ever

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Nota de tradução:


[1] A palavra “log” é de tradução quase impossível, porque, em inglês, reúne traços de várias acepções muito diferentes entre si. Aí vai, de exemplo, o verbete que se lê em Dictionary.com, que é dos melhores que conhecemos:

log1 /lɔg, lɒg/ Show Spelled [lawg, log] Show IPA noun, verb, logged, log·ging.

–noun

1. - a portion or length of the trunk or of a large limb of a felled tree.

2. - something inert, heavy, or not sentient.

3. – Nautical. any of various devices for determining the speed of a ship, as a chip log or patent log. Any of various records, made in rough or finished form, concerning a trip made by a ship or aircraft and dealing with particulars of navigation, weather, engine performance, discipline, and other pertinent details; logbook.

4. - Movies. an account describing or denoting each shot as it is taken, written down during production and referred to in editing the film.

5. - a register of the operation of a machine.

6. - Also called well log. A record kept during the drilling of a well, esp. of the geological formations penetrated.

7. - Computers. Any of various chronological records made concerning the use of a computer system, the changes made to data, etc.

8. - Radio and Television. A written account of everything transmitted by a station or network.

9. - Also called log of wood. Australian Slang . a lazy, dull-witted person; fool.