Nos EUA existe um grupo de vigilantes chamado Project Vigilant (Projeto Vigilante). São centenas de hackers e experts em segurança/inteligência que, de forma secreta, vem espionando por mais de uma década o tráfego de 12 provedoras de internet nos EUA, criando perfis de pessoas suspeitas e denunciando-as ao FBI. Um de seus voluntários é Adrian Lamo, o hacker que entregou ao FBI e ao Exército dos EUA o soldado Bradley Manning, acusado de ter vazado documentos que comprovam crimes de guerra no Iraque para o site Wikileaks.
No domingo, 1 de Agosto, na Conferência de Segurança Defcon, o diretor executivo do Projeto Vigilante, Chet Uber, disse que foi ele quem convenceu Adrian Lamo a entregar o soldado Bradley Manning ao FBI. Uber disse que Lamo trabalha desde 2009 como analista de "caracterização de adversário" para o Projeto Vigilante. Essa declaração desmente a história que Lamo vinha contando de que nunca tinha trabalhado como informante para o FBI ou outra agência do governo.
De acordo com Chet Uber o Projeto Vigilante conta com cerca de 600 pessoas e ele espera conseguir ter pelo menos 1200 voluntários até 2012 e essa era uma das razões dele estar falando do projeto na conferência Defcon. De acordo com o artigo do site Salon alguns dos participantes do Projeto Vigilante são: Mark Rasch (que foi chefe da Unidade de Crimes da Internet do Departamento da Justica por 9 anos); Kevin Manson, (oficial aposentado da Homeland Security); George Johnson (que desenvolve ferramentas de segurança em troca de informações sensíveis entre agências federais para o Pentágono); Ira Winkler (ex-oficial da Agência Nacional de Segurança - NSA); e Suzanne Gorman (ex-chefe de segurança da Bolsa de Valores de Nova York).
Uma dos diversos métodos para conseguir informações do Projeto Vigilante inclui a coleta de informações de uma dúzia de prestadoras de serviços de Internet (ISPs) dos EUA. Uber se recusou a nomear essas ISPs, mas disse que por causa da política de EULA (End User License Agreement ou em português - Contrato de Licença do Usuário Final) que permite o compartilhamento das atividades dos usuários de Internet com terceiros, eles foram capazes de coletar os dados de forma legal. Com o acesso a tudo o que trafega por essas 12 provedoras eles são capazes de elaborar relatórios para as agências federais. No comunicado de imprensa do Projeto Vigilante diz que a organização tem acesso a mais de 250 milhões de endereços de IP e que podem "desenvolver relatos sobre qualquer nome, apelido na internet ou endereço de IP".
O Projeto Vigilante também conta com a colaboração de pessoas "comuns", tipo aquelas que você deixa entrar na sua casa sem nenhuma desconfiança como o cara que vem arrumar o encanamento da cozinha ou algo de errado com o seu modem. Essas pessoas também colaboram com os relatórios feitos para as agências federais dos EUA.
Na verdade, esse Projeto Vigilante é apenas uma organização de frente criada pela empresa BBHC Glboal LLC. Quando Chet Uber fez o seu anúncio na Defcon para "aliviar a barra" de Lamo (colocando a culpa nele próprio em convencer Lamo a entregar o soldado Bradley Manning aos federais) e conseguir mais voluntários para projeto, o site da BBHC mudou para outra página. Agora tem uma página estática com a famosa frase do filme Matrix da pílula azul e vermelha e se você clica na vermelha te leva para um site Drupal - terrívelmente feito de última hora - com apenas duas publicações. Sendo que uma delas é um artigo que começa explicando que Chet Uber não é a BBHC Global ou Projeto Vigilante e a BBHC Global e Vigilantes não são Chet Uber...
Parece que não gostaram da atenção dada ao projeto por causa da fala de Chet Uber na Defcon. Entretanto, eles não negam a existência de tal projeto e parecem estar bastante otimistas com a possibilidade de conseguirem mais vigilantes. Poucos meios dos EUA deram importância para o assunto e parece que o governo não acredita que deve uma explicação ao povo norte-americano, pois não houve nenhum comentário das agências que utilizam o trabalho dos vigilantes. E há uma explicação para isso, este trabalho ajuda essas agências, já que não precisam mais passar pela burocracia jurídica necessária para conseguir espionar os cidadãos norte-americanos. E o mais assustador é que, aparentemente, nada disso fere a lei, já que os vigilantes conseguem legalmente essas informações e passam elas para as agências sem pedir nada em troca, simplesmente um trabalho de um "bom cidadão" como eles mesmos pregam.
extraído de CMI