A seca veio mostrar /
Que existe um grande fracasso, /
Que está chovendo dinheiro /
No roçado do ricaço /
Que o pobre a fome suporta /
Pois só irrigaram a horta /
Dos amiguinhos de Tasso!
Joaquim CRISPINIANO NETO - Engenheiro Agrônomo, Advogado, Jornalista e finalmente, violeiro, repentista e escritor de cordel. Publicou entre outras obras, o importante livro A VERDADE É PRÁ SER DITA, em 1981.
Em 1998, amigos cearenses pediram-me para fazer um poema de cordel para o candidato a senador de oposição que enfrentava o candidato Luiz Pontes, este apoiado pelo neocoronel Tasso Jereissati. Fiz, assinei e enviei. Por lá, eles imprimiram e distribuíram, mas temeram expor no frontispício do folheto, o nome do autor. Puseram um pseudônimo sugestivo: Poeta Zé do Povo. Fiquei orgulhoso e triste, pois ser chamado de “Zé do Povo” é o sonho de qualquer poeta popular, mas triste, porque alguém que conhecesse o meu estilo e lesse o folheto poderia pensar que eu estava me escondendo por trás de um pseudônimo.
Disseram-me que a pressão por lá era muito grande e colocar o meu nome poderia trazer conseqüências muito graves para mim.
Acostumado a todo tipo de pressão, fiquei até triste porque meu nome não havia sido posto na capa, visto que o poema era de minha lavra e eu nunca fui de tirar o braço da seringa, nunca deixei de assumir as conseqüências dos meus atos e relatos.
Sete anos depois, eis que vejo no plenário do Senado aquela figura deprimente, com voz fraca, demonstrando toda sua tibieza d’alma numa discussão ridícula com Renan Calheiros, um ‘pelezão’ que sabe “quem é quem no jogo do bicho...”, como se diz na minha terra.
Depois, como se fosse possível apagar tudo com uma simples passagem de papel higiênico, ele foi à tribuna pedir desculpas ao Brasil e aos colegas.
O que me veio ao gogó imediatamente foi o ímpeto de resgatar os versos do poema “O Ceará no Senado”, com o novo título “O Coronelzinho de Mea... Culpa”.
Em respeito aos leitores, retirei os versos que fazem apologia ao candidato adversário do corrupTASSO do Ceará e aí vão os versos restantes, com um pedido de desculpas (já que virou moda), ao comandante Valter Xéu e aos leitores deste maravilhoso blog, por ter sido tão pouco presente nas últimas semanas.
Como se não bastassem as estripulias, o “galeguim dos zói azu” resolveu definitivamente sair do rumo e agrediu até mesmo os capitalistas mais empedernidos ao se posicionar contra a entrada da Venezuela do Mercosul.
Ora vejam, o Brasil tem relações comerciais com Cuba, Coréia do Norte e todos os países que ainda se assumem comunistas e nenhum capitalista critica isto, porque independente de ideologia o empresário quer ganhar dinheiro. Mas o neocoronel do Ceará não consegue nem ser neoliberal, não consegue sequer ser defensor da tão decantada globalização.
Tasso se veste de pele de dinossauro com esta postura.
Vamos ao folheto de Cordel de 2002, visto que ele continua super atual.
Juntem-se a mim, cearenses
E vamos denunciar
Um governo de mentiras,
Rei na arte de enganar;
Esse “governo mudado”
Que botou no “rumo errado”
A terra de Alencar!
Enquanto falam de avanços,
Progresso e nova cultura
Vê-se no campo moral
Falta total de lisura,
Roubalheira e pistolagem,
A volta da safadagem
Dos tempos da ditadura!
Tasso surgiu na política
Se dizendo um “neoJesus”
Um galeguinho ariano;
“P. O”, dos olhos azuis
Pintado como um “messias”
Rei de todas fidalguias,
Um herói... Um ser de luz!
Era ele quem iria
Acabar os coronéis,
Destruir a pistolagem,
Esmigalhar com os pés
Corrupção e miséria,
Governar de forma séria
Poupando cada “milréis”.
Ia varrer o Estado
Do Jaguaribe a Tauá
Acabando com ladrão,
Pistoleiro e marajá;
Dar de chibata e cutelo
Igual um Collor de Melo
Das terras do Ceará.
Vendeu pra o povo a imagem
De um Governo das Mudanças...
Mas “Mudanças do Governo”
Nos mataram as esperanças.
Mudou da água pra o vinho
Pois somente os do seu ninho
Encheram os bolsos e as panças!
No Governo das “Mudanças”
Vi muita coisa mudar:
Juntou-se com um tal Moroni,
De farda e sapato alto;
Com pistola e escopeta,
Tomaram o poder de assalto;
Dois campeões da bravata,
Dois Lampiões de gravata,
Dois coronéis do asfalto.
O Ceará enganou-se
Com essa dupla infeliz,
Um empresário arrogante
E um xerifinho aprendiz;
Hoje um mata, o outro “cura”...
É a pior ditadura
Disfarçada do país.
“Ilha da Prosperidade”,
E a felicidade eterna
Tasso prometeu, porém,
No povo passou a perna,
Em vez da felicidade
Só trouxe a “modernidade”
Da idade da caverna.
Na verdade ele criou
A “ilha” dos abastados,
Dos seus parentes e amigos,
Seus sócios e apaniguados
Que em castelos de flores
Vivem cercados de dores
E fome por todos lados.
A imprensa nacional
Endeusou esse paxá
Diz que Tasso dá ao povo
Pão e mel, queijo e maná,
Mas são propagandas pagas
Pois eles escondem as pragas
Do Faraó do Ceará.
Falam da terra cearense
Como se fosse a Suíça,
O Texas ou a Califórnia...
Porém como a minha missa
Sempre é de corpo presente
Digo que esse Tasso mente
E quero fazer justiça.
Quem abre a TV assiste
Um Ceará de ilusão;
Porém se abrir a panela
De um camponês do Sertão,
Vê um Ceará real
Do feijão d’água no sal
Cozinhado com um tição!
Em vez das águas correntes
Das imagens contratadas
Quem descer para o Sertão,
Em vez das cenas pintadas
Do tal “Caminho das Águas”
Vê a Procissão das Mágoas
Das latas secas torradas!
Ao invés do pleno emprego
Que aparece nas telas,
Milhares de cearenses
Dos sítios e cidadelas
Deixam suas moradias
E vão pras periferias
Sofrer o diabo em favelas.
Educação, Segurança,
Apoio ao agricultor,
À juventude e à criança,
As verbas estaduais
Só vão pra os que comem mais
Do que o esmeril da França.
De fato, muitas indústrias
Vieram para esse Estado.
Gringos, paulistas, gaúchos
Por aqui têm se instalado
Com incentivos fiscais,
Pegando nossos reais...
E o cearense lascado!!!
Hoje o FNE,
Do FINOR é um carbono,
Acabando de enricar
Os que já sentam no trono,
O picareta e o burguês;
E o trabalhador sem vez
Fica como cão sem dono.
Enquanto pintam um Ceará
Rei, campeão varonil,
Mantemos em péssimos índices
Delinqüência juvenil,
Analfabetismo raso,
Fome, doenças do atraso,
Mortalidade infantil.
A seca veio mostrar
Que existe um grande fracasso,
Que está chovendo dinheiro
No roçado do ricaço
Que o pobre a fome suporta
Pois só irrigaram a horta
Dos amiguinhos de Tasso!
A pistolagem voltou;
Já tem tanto bandoleiro
Que se Mainha for solto,
Deixar de ser prisioneiro;
Ele, que foi tão funesto
Não passará de um modesto
Aprendiz de pistoleiro!
Mas dizem que uma mentira
Dita por quem tem poder
E repetida mil vezes
Termina por parecer
Que essa mentira é verdade...
Mas chega de falsidade
É hora de esclarecer.
Precisamos acabar
Com a ilha da fantasia
Dessa “Estória de Trancoso”
Que Tasso traz todo dia.
Vamos mostrar ao povão
A fome, a corrupção
E a falsa democracia!
Um Ceará virtual
De rádio e televisão,
De revistas e jornais,
Outdoor, bajulação;
De Praça da Apoteose,
Pois pra o pobre a fome é dose
Para elefante ou leão!
Escândalos, já tem demais:
Licitações fraudulentas,
Sonegação de impostos,
Outras histórias nojentas
De fraude e de roubo explícito
De enriquecimento ilícito,
Jogados nas nossas ventas.
Teve a venda da Coelce,
A grande esculhambação...
Dizem que Tasso apurou
Uma fortuna, um bilhão
Que ninguém viu nem contou
Que a terra abriu e fechou
E a grana sumiu no chão.
Depois da maracutaia,
Ele estava preparando
O BEC pra ser vendido.
Dizia estar SANEANDO
As contas daquele banco
Mas eu digo, pra ser franco.
Que ele está SA(ca)NEANDO.
Até o Governo de Ciro,
BEC serviu de modelo,
Porque os próprios bancários
Tratavam dele com zelo
Mas Tasso entrou como um vândalo
Provocando cada escândalo
De arrepiar o cabelo.
São setecentos milhões,
O rombo é grande e é feio,
‘Rifou’ o BEC “Entre Amigos”,
Lascou o banco no meio.
Os milhões do povo, somem.
Inda dizem que este homem
Nunca “pegou no alheio”.
Todos beneficiados
São lá do seu aconchego,
São amigos e parentes
Da laia do seu chamego;
Os maiores devedores
São os financiadores
Da campanha do “galego”.
Dentre as empresas que deram,
Este rombo, este blefe,
Existe a pior de todas,
Que se chama GTF
Que “bebe” em todas as fontes
E pertence ao Luiz Pontes
Que faz a ponte pra o chefe.
Por ser primo da esposa
Do Tasso governador
É “ponte” pra os 10%
De todo fornecedor...
E o prêmio por pertencer
À máfia, agora, é ser
Candidato a senador!
Mas num debate de Tasso
Com os jovens empresários
Ele disse com o cinismo
Que define os salafrários
Que o rombo que ora se vê
Era culpa do PT
E da CUT e dos bancários.
Foi aí onde se deu
Seu grandioso fracasso
Pois gerente e presidente
Vêm de baixo do seu braço...
E, se o gerente “emprestou”;
Se o presidente roubou,
O responsável é o Tasso.
Enquanto era “só” ruindade,
Perseguição e sufoco
O povo vinha agüentando
Porém já quer dar o troco
Aos novos coronéis
Que roubam com mãos e pés
Como tirador de coco.
E o troco do eleitor
Pra ditador canastrão
É apontar o seu voto,
No dia da eleição
Da urna chegar bem perto
Atirar no rumo certo
Do focinho do ladrão!
Ceará, terra de luta,
De Fortaleza a Icó;
Procura novos parceiros
Pra desatar este nó
Junta as forças do teu povo
Procurando um rumo novo
Por que com Tasso, “TÁS-SÓ”.
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