sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Coronelzinho de Mea... Culpa

A seca veio mostrar /

Que existe um grande fracasso, /

Que está chovendo dinheiro /

No roçado do ricaço /

Que o pobre a fome suporta /

Pois só irrigaram a horta /

Dos amiguinhos de Tasso!



Joaquim CRISPINIANO NETO - Engenheiro Agrônomo, Advogado, Jornalista e finalmente, violeiro, repentista e escritor de cordel. Publicou entre outras obras, o importante livro A VERDADE É PRÁ SER DITA, em 1981.


Em 1998, amigos cearenses pediram-me para fazer um poema de cordel para o candidato a senador de oposição que enfrentava o candidato Luiz Pontes, este apoiado pelo neocoronel Tasso Jereissati. Fiz, assinei e enviei. Por lá, eles imprimiram e distribuíram, mas temeram expor no frontispício do folheto, o nome do autor. Puseram um pseudônimo sugestivo: Poeta Zé do Povo. Fiquei orgulhoso e triste, pois ser chamado de “Zé do Povo” é o sonho de qualquer poeta popular, mas triste, porque alguém que conhecesse o meu estilo e lesse o folheto poderia pensar que eu estava me escondendo por trás de um pseudônimo.


Disseram-me que a pressão por lá era muito grande e colocar o meu nome poderia trazer conseqüências muito graves para mim.


Acostumado a todo tipo de pressão, fiquei até triste porque meu nome não havia sido posto na capa, visto que o poema era de minha lavra e eu nunca fui de tirar o braço da seringa, nunca deixei de assumir as conseqüências dos meus atos e relatos.


Sete anos depois, eis que vejo no plenário do Senado aquela figura deprimente, com voz fraca, demonstrando toda sua tibieza d’alma numa discussão ridícula com Renan Calheiros, um ‘pelezão’ que sabe “quem é quem no jogo do bicho...”, como se diz na minha terra.


Depois, como se fosse possível apagar tudo com uma simples passagem de papel higiênico, ele foi à tribuna pedir desculpas ao Brasil e aos colegas.


O que me veio ao gogó imediatamente foi o ímpeto de resgatar os versos do poema “O Ceará no Senado”, com o novo título “O Coronelzinho de Mea... Culpa”.


Em respeito aos leitores, retirei os versos que fazem apologia ao candidato adversário do corrupTASSO do Ceará e aí vão os versos restantes, com um pedido de desculpas (já que virou moda), ao comandante Valter Xéu e aos leitores deste maravilhoso blog, por ter sido tão pouco presente nas últimas semanas.


Como se não bastassem as estripulias, o “galeguim dos zói azu” resolveu definitivamente sair do rumo e agrediu até mesmo os capitalistas mais empedernidos ao se posicionar contra a entrada da Venezuela do Mercosul.


Ora vejam, o Brasil tem relações comerciais com Cuba, Coréia do Norte e todos os países que ainda se assumem comunistas e nenhum capitalista critica isto, porque independente de ideologia o empresário quer ganhar dinheiro. Mas o neocoronel do Ceará não consegue nem ser neoliberal, não consegue sequer ser defensor da tão decantada globalização.


Tasso se veste de pele de dinossauro com esta postura.


Vamos ao folheto de Cordel de 2002, visto que ele continua super atual.


Juntem-se a mim, cearenses

E vamos denunciar

Um governo de mentiras,

Rei na arte de enganar;

Esse “governo mudado”

Que botou no “rumo errado”

A terra de Alencar!

Enquanto falam de avanços,

Progresso e nova cultura

Vê-se no campo moral

Falta total de lisura,

Roubalheira e pistolagem,

A volta da safadagem

Dos tempos da ditadura!

Tasso surgiu na política

Se dizendo um “neoJesus”

Um galeguinho ariano;

“P. O”, dos olhos azuis

Pintado como um “messias”

Rei de todas fidalguias,

Um herói... Um ser de luz!

Era ele quem iria

Acabar os coronéis,

Destruir a pistolagem,

Esmigalhar com os pés

Corrupção e miséria,

Governar de forma séria

Poupando cada “milréis”.

Ia varrer o Estado

Do Jaguaribe a Tauá

Acabando com ladrão,

Pistoleiro e marajá;

Dar de chibata e cutelo

Igual um Collor de Melo

Das terras do Ceará.

Vendeu pra o povo a imagem

De um Governo das Mudanças...

Mas “Mudanças do Governo”

Nos mataram as esperanças.

Mudou da água pra o vinho

Pois somente os do seu ninho

Encheram os bolsos e as panças!

No Governo das “Mudanças”

Vi muita coisa mudar:

Em vez de Moral - Sujeira

Em vez de Avançar - Voltar

Em vez de Fazer - Dizer;

Em vez de Ser – Prometer,

Em vez de Poupar - Roubar!

Juntou-se com um tal Moroni,

De farda e sapato alto;

Com pistola e escopeta,

Tomaram o poder de assalto;

Dois campeões da bravata,

Dois Lampiões de gravata,

Dois coronéis do asfalto.

O Ceará enganou-se

Com essa dupla infeliz,

Um empresário arrogante

E um xerifinho aprendiz;

Hoje um mata, o outro “cura”...

É a pior ditadura

Disfarçada do país.

“Ilha da Prosperidade”,

E a felicidade eterna

Tasso prometeu, porém,

No povo passou a perna,

Em vez da felicidade

Só trouxe a “modernidade”

Da idade da caverna.

Na verdade ele criou

A “ilha” dos abastados,

Dos seus parentes e amigos,

Seus sócios e apaniguados

Que em castelos de flores

Vivem cercados de dores

E fome por todos lados.

A imprensa nacional

Endeusou esse paxá

Diz que Tasso dá ao povo

Pão e mel, queijo e maná,

Mas são propagandas pagas

Pois eles escondem as pragas

Do Faraó do Ceará.

Falam da terra cearense

Como se fosse a Suíça,

O Texas ou a Califórnia...

Porém como a minha missa

Sempre é de corpo presente

Digo que esse Tasso mente

E quero fazer justiça.

Quem abre a TV assiste

Um Ceará de ilusão;

Porém se abrir a panela

De um camponês do Sertão,

Vê um Ceará real

Do feijão d’água no sal

Cozinhado com um tição!

Em vez das águas correntes

Das imagens contratadas

Quem descer para o Sertão,

Em vez das cenas pintadas

Do tal “Caminho das Águas”

Vê a Procissão das Mágoas

Das latas secas torradas!

Ao invés do pleno emprego

Que aparece nas telas,

Milhares de cearenses

Dos sítios e cidadelas

Deixam suas moradias

E vão pras periferias

Sofrer o diabo em favelas.

Em vez de Saúde Pública,

Educação, Segurança,

Apoio ao agricultor,

À juventude e à criança,

As verbas estaduais

Só vão pra os que comem mais

Do que o esmeril da França.

De fato, muitas indústrias

Vieram para esse Estado.

Gringos, paulistas, gaúchos

Por aqui têm se instalado

Com incentivos fiscais,

Pegando nossos reais...

E o cearense lascado!!!

Hoje o FNE,

Do FINOR é um carbono,

Acabando de enricar

Os que já sentam no trono,

O picareta e o burguês;

E o trabalhador sem vez

Fica como cão sem dono.

Enquanto pintam um Ceará

Rei, campeão varonil,

Mantemos em péssimos índices

Delinqüência juvenil,

Analfabetismo raso,

Fome, doenças do atraso,

Mortalidade infantil.

A seca veio mostrar

Que existe um grande fracasso,

Que está chovendo dinheiro

No roçado do ricaço

Que o pobre a fome suporta

Pois só irrigaram a horta

Dos amiguinhos de Tasso!

A pistolagem voltou;

Já tem tanto bandoleiro

Que se Mainha for solto,

Deixar de ser prisioneiro;

Ele, que foi tão funesto

Não passará de um modesto

Aprendiz de pistoleiro!

Mas dizem que uma mentira

Dita por quem tem poder

E repetida mil vezes

Termina por parecer

Que essa mentira é verdade...

Mas chega de falsidade

É hora de esclarecer.

Precisamos acabar

Com a ilha da fantasia

Dessa “Estória de Trancoso”

Que Tasso traz todo dia.

Vamos mostrar ao povão

A fome, a corrupção

E a falsa democracia!

Um Ceará virtual

De rádio e televisão,

De revistas e jornais,

Outdoor, bajulação;

De Praça da Apoteose,

Pois pra o pobre a fome é dose

Para elefante ou leão!

Escândalos, já tem demais:

Licitações fraudulentas,

Sonegação de impostos,

Outras histórias nojentas

De fraude e de roubo explícito

De enriquecimento ilícito,

Jogados nas nossas ventas.

Teve a venda da Coelce,

A grande esculhambação...

Dizem que Tasso apurou

Uma fortuna, um bilhão

Que ninguém viu nem contou

Que a terra abriu e fechou

E a grana sumiu no chão.

Depois da maracutaia,

Ele estava preparando

O BEC pra ser vendido.

Dizia estar SANEANDO

As contas daquele banco

Mas eu digo, pra ser franco.

Que ele está SA(ca)NEANDO.

Até o Governo de Ciro,

BEC serviu de modelo,

Porque os próprios bancários

Tratavam dele com zelo

Mas Tasso entrou como um vândalo

Provocando cada escândalo

De arrepiar o cabelo.

São setecentos milhões,

O rombo é grande e é feio,

‘Rifou’ o BEC “Entre Amigos”,

Lascou o banco no meio.

Os milhões do povo, somem.

Inda dizem que este homem

Nunca “pegou no alheio”.

Todos beneficiados

São lá do seu aconchego,

São amigos e parentes

Da laia do seu chamego;

Os maiores devedores

São os financiadores

Da campanha do “galego”.

Dentre as empresas que deram,

Este rombo, este blefe,

Existe a pior de todas,

Que se chama GTF

Que “bebe” em todas as fontes

E pertence ao Luiz Pontes

Que faz a ponte pra o chefe.

Por ser primo da esposa

Do Tasso governador

É “ponte” pra os 10%

De todo fornecedor...

E o prêmio por pertencer

À máfia, agora, é ser

Candidato a senador!

Mas num debate de Tasso

Com os jovens empresários

Ele disse com o cinismo

Que define os salafrários

Que o rombo que ora se vê

Era culpa do PT

E da CUT e dos bancários.

Foi aí onde se deu

Seu grandioso fracasso

Pois gerente e presidente

Vêm de baixo do seu braço...

E, se o gerente “emprestou”;

Se o presidente roubou,

O responsável é o Tasso.

Enquanto era “só” ruindade,

Perseguição e sufoco

O povo vinha agüentando

Porém já quer dar o troco

Aos novos coronéis

Que roubam com mãos e pés

Como tirador de coco.

E o troco do eleitor

Pra ditador canastrão

É apontar o seu voto,

No dia da eleição

Da urna chegar bem perto

Atirar no rumo certo

Do focinho do ladrão!

Ceará, terra de luta,

De Fortaleza a Icó;

Procura novos parceiros

Pra desatar este nó

Junta as forças do teu povo

Procurando um rumo novo

Por que com Tasso, “TÁS-SÓ”.


Enviado por Fernando Rossas freire