segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Imran Khan bloqueia suprimentos para OTAN no Paquistão

25/11/2013, [*] Syed Fazl-e-Haider, Asia Times Online [excertos]
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu

Imran Khan saúda a multidão durante bloqueios/protestos anti-drones em Peshawar
KARACHI – O Partido Movimento para a Justiça [Pakistan Tehreek-e-Insaf (PTI)] que governa a província Khyber Pakhtunkhwa no Paquistão, organizou manifestação no domingo que deteve caminhões que carregavam suprimentos, atravessando a província do noroeste do Paquistão, para as forças internacionais comandadas pelos EUA no vizinho Afeganistão. A ação foi organizada como protesto contra o programa de drones dos EUA. As linhas de suprimento dos soldados da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) foram bloqueadas um dia depois que o presidente do PTI, Imran Khan, anunciou a ação de bloqueio, com integral apoio de grupos e partidos islamistas. [1] (...)

Imran Khan, no sábado, liderou milhares de apoiadores num protesto de rua que bloqueou uma estrada em Peshawar (capital da província Khyber Pakhtunkhwa) que leva a um cruzamento usado pelos caminhões que transportam suprimentos e materiais da OTAN que entram e saem do Afeganistão. O outro cruzamento fica na província do Baloquistão, no sudoeste do país.

Principais rotas de suprimentos (75%) para as bases dos EUA
no Afeganistão passam pelo Paquistão (em vermelho)
 
Khan, que é apoiado pelos aliados da coalizão governante, entre os quais os grupos Jamaat-e-Islami (JI) e Awami Jamhoori Ittehad (AJI), exige que o governo federal do primeiro-ministro Nawaz Sharif bloqueie todos os pontos de trânsito pelos quais passam suprimentos para a OTAN em todo o país, para assim forçar os EUA a pôr fim aos ataques com drones contra território do Paquistão.

O grupo Tehreek-e-Taliban Pakistan (TTP), Talibã-no-Paquistão, cujo comandante Hakimullah Mehsud foi assassinado no início do mês num atentado com drones organizado e executado pelos EUA, aprovou a ideia de bloquear suprimentos para a OTAN, como protesto contra os drones.

As ameaças que o PTI de Imran Khan vinha fazendo, de bloquear a passagem dos comboios que transportam suprimentos para a OTAN, em protesto contra os ataques com drones gerou preocupações no quartel-general da OTAN na Bélgica. (...)

A última vez que a via de suprimentos da OTAN foi bloqueada foi em novembro de 2011, por ordens do governo de Islamabad, depois que forças da OTAN atacaram um posto militar paquistanês em Salala, próximo à fronteira do Afeganistão. As relações EUA-Paquistão alcançaram o ponto mais baixo, depois daquele ataque aéreo que assassinou 24 soldados paquistaneses; o Paquistão, naquele momento, ameaçou abandonar os esforços para convencer os Talibã-no-Afeganistão a vir à mesa de negociações, depois de ter bloqueado o fornecimento de combustível para as tropas da OTAN no Afeganistão. E o Paquistão também exigiu que os EUA deixassem a base Shamsi – uma base aérea remota, na província do Baloquistão.

Mapa rodoviário da Província de  Khyber Pakhtunkhwa, governada pelo 
partido PTI de Imran Khan (clique na imagem para visualizar)
Depois do incidente em Salala, todos os partidos políticos e grupos da sociedade civil paquistanesa passaram a pressionar o governo do então presidente Asif Ali Zardari para que modificasse sua política de “guerra ao terror” e a aliança com Washington e a OTAN. Mas a guerra norte-americana de drones contra o Paquistão prosseguiu, concentrada nas áreas tribais.

Islamabad reabriu as linhas vitais de suprimento para a OTAN rumo ao Afeganistão em julho de 2012, depois que a secretária de Estado Hillary Clinton pediu desculpas pelo assassinato de 24 soldados paquistaneses. Os EUA demoraram sete meses para assumir a responsabilidade e desculpar-se formalmente frente a um país aliado. Essa demora expôs, também para o povo paquistanês, a evidência de que, de fato, EUA e Paquistão mais desconfiam um do outro, como inimigos, do que confiam mutuamente como aliados: parece ser o único resultado de mais de uma década de “guerra ao terror”.




Nota de rodapé

[1] O PTI organizou-se (também) pelo Facebook (aqui traduzido):

[Plano de ação para bloqueio de suprimentos da OTAN]

A decisão do PTI de deter os comboios de suprimento da OTAN é bem clara. Hoje a jalsa do PTI em Peshawar inicia seu programa de deter indefinidamente os suprimentos para a OTAN, até que os EUA ponham fim a todos os ataques com drones – ação na qual os EUA são apoiados por seus aliados. Nenhum suprimento para a OTAN passará por aqui durante o fim de semana.

A partir de amanhã à noite, os trabalhadores de nosso partido e os aliados que queiram nos acompanhar, DETEREMOS todos os caminhões e contêineres da OTAN, em pontos de entrada e saída da província que definiremos na Província Khyber Pakhtunkhwa, nas duas direções. O bloqueio será mantido por tempo indefinido.

Os caminhões serão detidos em vários diferentes pontos da província, mas o principal ponto de bloqueio é a estrada rotatória [Ring Road Toll Plaza], perto de Hayatabad.

A ação de hoje é o primeiro passo, de ação que se prolongará.

[assina] Shireen Mazari
Secretário da Central de Informações do PTI, Paquistão
__________________________________________

[*] Syed Fazl-e-Haider é analista de desenvolvimento no Paquistão. Autor de muitos livros, incluindo o The Economic Development of Balochistan, publicado em Maio 2004.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Registre seus comentários com seu nome ou apelido. Não utilize o anonimato. Não serão permitidos comentários com "links" ou que contenham o símbolo @.