26/11/2013, [*] Manlio Dinucci, Il Manifesto, Itália
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu
1a. Bomba Nuclear subaquática detonada no mundo (Atol Bikini - 1946) |
Quer dizer,
então, que “a diplomacia abriu um novo caminho rumo a um mundo mais seguro – um
futuro no qual se possa confirmar que o programa nuclear iraniano é pacífico e
que o Irã não poderá produzir bombas atômicas”.
A boa nova
foi anunciada um mês antes do Natal, pelo laureado do Prêmio Nobel, presidente
Barack Obama: ele acabava de fazer um mundo mais seguro – assim sendo, poderia
continuar a aumentar os arsenais de bombas atômicas que os EUA mantêm na
Europa: as B61-11 foram transformadas em B61-12, que também podem ser usadas
como bombas rebenta-bunker no caso de um primeiro ataque nuclear.
É parte do
“mapa do caminho” do governo Obama para manter a supremacia nuclear dos EUA.
Os EUA
mantêm cerca de 2.150 ogivas nucleares armadas, quer dizer, em prontidão,
prontas para serem lançadas por mísseis e bombardeiros; além de outras 2.500
ogivas em arsenais, mas que podem ser rapidamente ativadas e outras 3.000
adicionais que foram descartadas mas não desmanteladas e que podem ser
reativadas: no total são cerca de 8.000 ogivas nucleares.
Arsenal nuclear da OTAN (EUA) depositado na Turquia |
O arsenal
russo é comparável, mas são menos ogivas prontas para lançamento, só cerca de
1.800. O novo Tratado START entre os EUA e a Rússia não limita o número
de ogivas nucleares operacionais nos respectivos arsenais, mas só as ogivas em
estado de prontidão para serem lançadas de transportadores estratégicos com
alcance superior a 5.500 km
(3.418 milhas):
o teto foi fixado em 1.550 ogivas para cada lado, mas já foi ultrapassado,
porque cada bombardeiro é contado como uma ogiva, apesar de carregar 20 ou mais
bombas. O Tratado deixa aberta a possibilidade de melhoria na qualidade das
forças nucleares.
Para tanto,
os EUA estão instalando um “escudo” antimísseis na Europa, ostensivamente para
neutralizar um ataque iraniano (hoje, impossível), mas, de fato, para obter uma
vantagem estratégica sobre a Rússia, a qual está tomando contramedidas.
Além das
ogivas norte-americanas, a OTAN tem mais 300 ogivas francesas e mais 225 ogivas
britânicas, nucleares, é claro, praticamente todas em posição para lançamento a
qualquer momento.
Israel –
que é a única potência nuclear em todo o Oriente Médio e, diferente do Irã, não
assinou o Tratado de Não Proliferação Nuclear – tem algo entre 100 e 300
ogivas, com vetores de transporte e disparo; e produz plutônio suficiente para
fabricar 10-15 novas ogivas nucleares por ano, semelhantes à que os EUA usaram
em Nagasaki; Israel também produz trítio, gás radiativo usado para fabricar
ogivas de neutrons, que causam menor contaminação radiativa, mas são mais
letais.
Em 1986 Mordechai Vanunu, revelou ao mundo a existência do arsenal nuclear de Israel |
Ao mesmo
tempo, a confrontação nuclear está se desenvolvendo na região Ásia/Pacífico,
onde os EUA estão promovendo uma escalada militar. A China tem arsenal nuclear,
estimado em cerca de 250 ogivas, e cerca de 60 mísseis balísticos
intercontinentais. A Índia tem cerca de 110 ogivas nucleares. O Paquistão, 120.
E a Coréia do Norte, como se sabe, também tem as suas.
Além desses
nove países que possuem armas atômicas, há pelo menos mais 40 outros em posição
de comprá-las. De fato, não há nenhuma separação entre o uso civil e o uso
militar da energia nucelar, e se pode obter urânio e plutônio enriquecido o
bastante para fabricar bombas atômicas, de praticamente qualquer reator.
Estima-se que o mundo já acumulou quantidade suficiente desses materiais para
produzir mais de 100 mil bombas atômicas; e continua a produzi-los em
quantidades crescentes: há mais de 130 reatores nucleares “civis”, que produzem
urânio altamente enriquecido, pronto para produzir armas atômicas.
Aí está!
Eis o tal o mundo “tornado mais seguro”... “porque” as cinco maiores potências
nucleares plus a Alemanha (que vendeu a Israel submarinos nucleares de
ataque) assinaram um acordo pelo qual “o programa nuclear do Irã será
exclusivamente pacífico”. [Pano rápido].
_______________________
[*] Manlio Dinucci é geógrafo e geopolíticólogo italiano. Últimas publicações : Geocommunity
Ed. Zanichelli 2013 ; Geografia del ventunesimo
secolo, Zanichelli 2010; Escalation. Anatomia della
guerra infinita, Ed. DeriveApprodi
2005.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Registre seus comentários com seu nome ou apelido. Não utilize o anonimato. Não serão permitidos comentários com "links" ou que contenham o símbolo @.