[*] Terry Eagleton, London Review of Books, vol. 35, n. 23 (2013), pp. 39-40
Traduzido pelo pessoal da Vila
Vudu
Resenha de A
Portrait of Thomas Aquinas [Um retrato de Tomás de Aquino], de TURNER, Denys. Thomas
Aquinas: A Portrait, Yale, 300 pp, £18.99, 5/12/2013 (maio), ISBN 978 0
300 18855 4
Capa do livro de de Denys Turner, Thomas Aquinas: A Portrait |
Nascido em
1225 ou perto disso, em Aquino, pequena cidade do sul da Itália, Tomás de
Aquino frequentou a Universidade de Nápoles e, ainda na cidade, integrou-se à
Ordem dos Dominicanos. Viajou então para o norte, para prosseguir seus estudos
com Alberto, O Grande - também Dominicano - em Paris e Colônia. Foi nomeado
palestrante e depois professor da Universidade de Paris e voltou a Nápoles para
organizar ali a casa de estudos dos Dominicanos. Morreu em 1274, em viagem para
Roma onde participaria do Segundo Concílio de Lion, mas bateu a cabeça num
galho baixo de árvore e morreu. Foi canonizado 50 anos depois.
Richard Dawkins |
O curso
plácido da vida de Aquino contrasta fortemente com a magnificência de suas
realizações. Esse frade taciturno, de cuja personalidade notável sabe-se muito
pouco, está entre os maiores teólogos, só comparável a São Paulo e a Santo
Agostinho. Das suas publicações, a pedra central é a assustadoramente grande Summa
Theologiae. No seu estilo seco, ríspido, contido, esse formidável compêndio
de teologia, metafísica, ética e psicologia vai desde as celebradas
demonstrações, por Tomás, da existência de Deus, à vida moral, Cristo e os
sacramentos. Hoje, a Summa é parte considerável dos fundamentos
intelectuais da Igreja Católica Romana, embora jamais tenha gozado de tal
prestígio, em seu tempo. Representava então apenas uma dentre várias escolas
medievais escolásticas e em vários momentos foi objeto de muita controvérsia.
Para
desconsolo de alguns padres tradicionais, Tomás de Aquino estava convencido de
que o pensamento do pagão Aristóteles oferecia os recursos filosoficamente mais
valiosos para expor a fé cristã, e foi por essa poderosa síntese, sobretudo,
que Aquino conquistou seu lugar entre os imortais da filosofia. O conflito em
torno de Aristóteles foi particularmente feroz na Universidade de Paris, onde
muitos colegas de Tomás de Aquino abraçaram as doutrinas de Agostinho e do
neoplatonismo, e consideravam o pensamento de Aristóteles incompatível com o
cristianismo. O que Aquino fazia então era guerra por palavras, embora ninguém
jamais suspeitasse, se considerado o estilo sem crispações, sempre em tom
menor.
Daniel Dennett |
Como Marx,
Tomás de Aquino também mergulhou num caldeirão fervente, contra a autoridade,
por ser materialista. Não que insistisse na ideia absolutamente tediosa de que
só há matéria, nada além de matéria. O seu materialismo não era reducionismo
brutal, como, tampouco, o de Marx. Tomás de Aquino acreditava na alma,
exatamente como Daniel
Dennett e Richard Dawkins não acreditam; mas
acreditava, dentre outras razões, porque pensava que a alma leva à compreensão
a mais rica possível dessa eclosão de matéria chamada corpo. Como Wittgenstein
observou: se quiser uma imagem da alma, olhe o corpo. A alma, para Tomás de
Aquino, não é algum tipo de “extra” fantasmagórico, como para os cristãos
platonizantes de seu tempo; que não se veja a alma como um rim espiritual ou o
espectro de um pâncreas.
Dado que a
linguagem é matéria que significa, assim, para Tomás, é o corpo, que deve ser
visto, para ser mais bem visto, não como um objeto, mas como um significador.
Por trás dessa crença está uma teologia da Palavra que se fez carne, e em
particular da Eucaristia, na qual aquela Palavra está presente na transformação
do pão e do vinho em algo, assim como aquele significado está presente num
signo verbal. Segue-se dos ensinamentos de Tomás de Aquino, que não há o tal de
corpo morto. Um cadáver é apenas o que resta de um corpo, uma massa de material
do qual saiu o significado, como numa hemorragia; não é mais o artigo genuíno.
Amy Winehouse 1983 - 2011 |
Tomás dizia
claramente que se algo não envolve o meu corpo, então não me envolve. Posso não
estar fisicamente presente junto a você pelo telefone, no sentido de
partilharmos o mesmo espaço material, mas estou corporalmente presente para
você, do mesmo modo. Cristianismo tem a ver com a transfiguração do corpo, não
com a imortalidade da alma. Aquino certamente acreditava em almas
desencarnadas, mas nem por isso entendia que a alma de alguém fosse alguém.
Nunca lhe ocorreria pensar que a alma desencarnada de Amy Winehouse
seria Amy Winehouse. A identidade humana, pensava ele, é uma identidade animal.
Como Turner argumenta nessa biografia, Tomás de Aquino pensava, diferente dos
platonistas, que “somos completamente animal, animal da cabeça ao pés”. Os que
protestam que assim se deixaria de fora um extra invisível chamado alma deixam
escapar sem ver, simplesmente, a natureza peculiarmente criativa dessa
animalidade.
Dito em
termos impolidos, temos o tipo de mente que temos, por causa do tipo de corpo
que temos. Nosso pensamento, por exemplo, é discursivo, avança no tempo, como
avança, porque nossos sentidos-experiência também são assim. O papel dos
conceitos abstratos, ensinou ele, é enriquecer nossa experiência, não torná-la
ainda mais rala. Marx argumenta exatamente na mesma direção, nos Grundrisse.
Tomás de
Aquino também pensava que a metáfora seria o modo de linguagem mais adequado
aos animais humanos, por causa de seu caráter concreto, sensorial. Embora seja
frequentemente acusado de racionalismo escolástico sem sangue, está, em vários
sentidos, muito mais perto dos empiricistas. O objeto natural da mente, ele
insiste, não é Deus, o ego ou ideias, mas coisas materiais. Qualquer
conhecimento que tenhamos de Deus tem de começar aqui e, em particular, com
aquele patético fracasso de um objeto natural conhecido como Jesus. (Em frase
esplendidamente esculpida, Turner escreve de Jesus, que foi “executado
extrajudicialmente por recomendação de um comitê corrupto de pessoas muito
religiosas”.)
Mas não que
a expressão “conhecimento de Deus” soasse como perfeitamente não problemática
aos ouvidos de Tomás de Aquino. Teria prontamente concordado com Dennett e
Dawkins, que quando falamos de Deus, não sabemos, realmente, do que falamos.
(Sobre Dawkins, Turner observa, ácido, que “não há uma única frase em toda a
teologia de Tomás de Aquino que [Dawkins] seja capaz de formular com clareza
suficiente para negá-la com eficácia”).
Piers Morgan |
Para
Aquino, toda a linguagem sobre Deus é metafórica, acerta ou erra, correndo
constantemente contra os limites do dizível. Os cristãos dizem, por exemplo,
que Deus é um, não vários; mas como qualquer outro fragmento de fala-de-Deus,
esse também não pode ser tomado literalmente. Deus não é, na visão de Aquino,
alguma espécie de ser, princípio ou entidade que possa ser contado com outras
entidades que tais. Não é sequer alguma espécie de pessoa, como há quem diga
que Piers Morgan seja
pessoa. Deus e o universo não fazem dois. Sejam quais forem os demais erros que
os crentes cometem, não ser capaz de contar não é um deles. Os crentes não
defendem que haja um objeto a mais, no mundo, além dos que há. Deus, para
Aquino, não é coisa no ou fora do mundo, mas o campo de possibilidade de tudo,
seja o que for. Se caíssemos fora de suas mãos, mergulharíamos no nada; e a fé
é confiança em que, por mais odiosos que sejamos uns para os outros, ele não
nos deixará escapar entre os dedos.
A doutrina
da Criação não é conversa fiada científica, como racionalistas do século 19 demodés
como Dawkins pressupõem. Como Turner argumenta, ela trata realmente da extrema
fragilidade das coisas. Aquino acredita que tudo que existe é contingente, no
sentido de que não há absolutamente necessidade que as coisas supram. Deus fez
o mundo por exigência do amor, não da necessidade. É ser gratuito, o que é o
mesmo que dizer que é questão de graça e dom.
Como uma
obra de arte modernista, ou como alguém contemplando a própria mortalidade, o
mundo está cheio de um senso de nada, que brota da consciência, que dá nó na
cabeça, de que o que é poderia perfeitamente jamais ter sido. A Criação é o ato
gratuito original. Tomas de Aquino não pensa que podemos controlar o mundo,
precisamente porque não podemos controlar o nada, seu contrário; mas entende
que seja racional perguntar por que há algo, e não nada, como alguns filósofos
não fazem. E, dado que pensa que a resposta a essa pergunta é Deus, essa,
Turner argumenta, é a razão pela qual ele afirma a existência de Deus, a qual,
embora em sentido algum seja autoevidente, pode ser demonstrada racionalmente.
Tem, pois,
crença tipicamente católica no poder da razão, diferente de um ceticismo
protestante do intelecto, que seria obscurecido e corrompido. Mas, apesar de
que morremos, sem a razão, e apesar de a razão ir até bem longe, ela não completa
o serviço, como tampouco o completa, para Marx ou Freud. No fim, o que sustenta
a razão é a fé, que é um tipo de amor. Nem Dawkins se daria o trabalho de
meter-se em seu laboratório, não fosse por algumas crenças e compromissos
subjacentes.
E que essa
foi a via pela qual Tomás de Aquino viu o assunto, foi dramaticamente ilustrado
bem no final de sua vida. Algo aconteceu a ele no dia 6/12/1273. Não se sabe se
teve uma visão, um colapso nervoso ou ambos. Mas depois de uma vida de produção
quase sobre-humana (a certa altura, quando escrevia sua Summa Theologiae,
estava produzindo o equivalente a dois ou três romances de tamanho médio, por
mês), abandonou a pena. Consta que teria dito ao seu secretário que nunca mais
escreveria depois do que vira naquela dia, “porque tudo que escrevi não passa
de palha”. Seguiram-se três meses de silêncio, e a morte.
Meister Eckhart |
Sete
oitavos da Summa já estavam prontos, e Turner vê um significado
teológico nessa incompletude. Como o mundo, do modo como Aquino o compreendia,
aquele mais fino dos trabalhos de teologia encerra-se com o silêncio. Turner
extrai grande aproveitamento do que se pode chamar de o anonimato de Aquino, o
fato de que ele se apaga, some, em sua escrita meticulosa, distanciada, sem
arroubos, como que para impedir que a personalidade se interponha entre o
leitor e a verdade. Paulo e Agostinho se entretecem eles mesmos em cada
palavra, e Meister Eckhart, na
expressão de Turner, é “um show de efervescência”. Mas Tomás de Aquino é “o
santo quase completamente invisível”, um mestre na arte de sumir-se, cuja
nenhuma ostentação é, ela própria, uma forma de totalidade. Se seu texto parece
não ter autor, se recusa-se a cintilar, é porque, como observou certa vez,
melhor lançar luz aos outros, que brilhar por brilho próprio. Nesse sentido,
pode ser adequado que a Summa suspenda-se, finalmente, em silêncio, dado
que o autor já tinha os lábios bem cerrados, desde o início. Se se empurra a
razão até o mais longe que ela pode ir, pode acontecer de, como no sublime
kantiano, ela iluminar, por negação, o que está além de seus limites.
Se Tomas de
Aquino depôs deliberadamente a pena, há um sentido no qual ele escolheu a
pobreza do espírito, acima da realização do intelecto. Essas são duas virtudes
caracteristicamente dominicanas. É importante entender que ele foi frade, não
monge. Os monges, como os cistercianos e beneditinos, vivem vida de oração e
trabalho reclusos, longe do mundo, e seus monastérios são construídos para ser
enclaves de ordem, paz e estabilidade. Enraizados num só ponto, os monges visam
à autossuficiência, criando as próprias granjas, mantendo escolas pagas,
fabricando licores exóticos e coisas do gênero.
Frades,
como os dominicanos e os franciscanos, ao contrário, vivem da mão para a boca,
na miséria, como mendigos que dependem da caridade das pessoas comuns. Como os
monges, também vivem em comunidades, mas, diferentes deles, perseguem a própria
missão nas ruas. Os frades são sujeitos urbanos, os monges são, na maioria,
rurais. O objetivo original dos frades é liberar a teologia dos claustros e
colégios, para que se torne o que esse livro chama de “prática multitarefa nas
ruas”. Os dominicanos, em particular, combinam oração e pobreza, como o próprio
Jesus. Têm de ser livres de quaisquer posses; e têm de manter o celibato (para
não terem de arcar com deveres domésticos), para poderem ir aonde sejam
necessários, flexíveis, disponíveis para os que cheguem. Diferentes dos
evangelizadores de televisão nos EUA, também têm de deixar claro àqueles aos
quais servem, que, ali, eles nada ganham.
Nada disso
valeu aos dominicanos do tempo de Tomás de Aquino uma imagem respeitável. Eram
vistos quase sempre como vagabundos e parasitas, “gangues de enganadores
dedicados à autopromoção”, como Turner escreve sem meias palavras, que supunham
que o mundo teria obrigação de sustentá-los. Enquanto os jesuítas são figuras
do establishment, os dominicanos são os lobos solitários intelectuais da
igreja. Em nossos dias, tem havido jungianos,
marxistas, hippies, pacifistas e wittgensteinianos
radicais. Como escritores, palestrantes, professores, pregadores e intelectuais
públicos, sua forma especial de santidade exerce-se mediante a palavra.
Karl Marx |
Tomás de
Aquino, membro da pequena aristocracia italiana, estava destinado pela família
à ordem dos beneditinos, mas chocou-os todos, ao decidir tornar-se dominicano.
Foi, mais ou menos, como se o príncipe Harry se alistasse no Partido dos
Trabalhadores Socialistas (orig. Socialist
Workers Party). Alguns de seus irmãos o separaram à força dos
dominicanos e o puseram em prisão domiciliar por um ano, no castelo da família.
Com tocante solicitude fraternal, também tentaram demovê-lo da decisão de
tornar-se frade: mandaram ao quarto dele uma prostituta nua, tática pouco
efetiva para um homem que declarou a contemplação o maior de todos os prazeres.
Tomás de Aquino afinal achou sua saída, e escreveu a Summa, como uma
espécie de recurso pedagógico para seus irmãos dominicanos. Nas palavras de
Turner, foi “o escrito que os pregadores mendigos devem carregar com eles; é
uma teologia do homem pobre, o Cristo pobre como teologia. Como para Marx, a
teoria a serviço da prática”.
É Tomás de
Aquino quem, sobretudo, deu forma ao que se pode chamar de uma característica
visão católica da realidade. Para esse modo de ver, o modo como as coisas são
não é só o modo como dizemos que elas sejam. Ao contrário, o mundo é rico e
intrincado de pleno direito dele, feito de camadas complicadas, mas significativamente
estruturado, e até Deus Todo Poderoso deve reconhecer esse fato. Poderia ter
criado um cosmos no qual não houvesse mousse de chocolate ou Bruce
Willis; mas dado que não o fez, tem de curvar-se à lógica de sua própria
criação, em vez de reivindicar o direito de decidir, feito prima-donna caprichosa,
que os pinguins se ponham a praticar salto com vara ou que a Cidade do Cabo
apareça no hemisfério norte.
George Best 1946 - 2005 |
Mesmo
assim, é a mente humana que, na visão de Tomás de Aquino, traz as coisas à
fruição, de tal modo que falar delas é fazê-las ser mais plenamente o que elas
já são. Os indivíduos podem trazer-se uns à fruição dos outros, no sentido de
que o ser deles é completamente relacional, de cabo a rabo. No centro da visão
moral de Tomás de Aquino está a ideia da amizade. É esse tipo de amor, não o
amor erótico ou romântico, a melhor imagem do inabordável, inimaginável, amor
de Deus, que convoca homens e mulheres a serem seus amigos, não seus servos.
Tomás de Aquino, para quem a vida humana é comunitária até a raiz, nunca teria
compreendido o individualismo moderno. Nem jamais compreenderia o preconceito
neoliberal segundo o qual o poder, a autoridade, os sistemas, as doutrinas e as
instituições são inerentemente opressivos.
De um ponto
de vista tomista, todo o ser é benigno. É bom em princípio, e o mal é uma
espécie de não-ser. Em homens e mulheres, é a forma defectiva de existência dos
que jamais acharam jeito de ser humanos.
Jacqueline du Pré 1945 - 1987 |
Os seres
humanos vivem em amarga carência de redenção, como pode comprovar qualquer um
que leia jornais; mas essa redenção não é rudemente imposta sobre eles na contramão
do que desejem. Ao contrário, a natureza deles acolhe, hospitaleira, essa
transformação profunda, e anseia por ela, mesmo quando eles nem são inteiramente
conscientes disso. A vida moral envolve cortar através de densa camada de falsa
consciência e de uma autoenganação pia após outra, para descobrir o que nós
realmente, fundamentalmente, desejamos.
Deduz-se da
visão do ser de Tomás de Aquino que vida boa é vida florescente, ricamente
abundante. Quanto mais uma coisa é ela mesma, melhor se torna. Santos são os
supremamente bem-sucedidos na exigente tarefa de ser humano, os George Bests e as Jacqueline du Prés da esfera
moral. Moralidade não é questão de dever e obrigação (Turner lembra que o
léxico moral tomista praticamente nem registra essas palavras), mas de
felicidade e bem-estar.
[*] Terry Eagleton alcançou o Doutorado com apenas 24 anos de idade; começou sua
carreira estudando a literatura do século 19 e do século 20, até chegar teoria
literária marxista pelas mãos de Raymond Williams. Atualmente Eagleton tem
integrado os estudos culturais com a teoria literária mais tradicional.
Seu livro mais conhecido é Teoria
da literatura: uma introdução (1983, rev 1996), em que traça a história do
estudo de texto contemporâneo desde os românticos do século 19 até os
pós-modernos das últimas décadas. Apesar de permanecer identificado com o
marxismo, o autor se mostra simpático a desconstrução e outras teorias
contemporâneas.
Já em Depois da teoria (2003),
também lançado em português, Eagleton afirma que hoje em dia tanto a teoria
cultural quanto a literária são "bastardas", mas não conclui que o
estudo interdisciplinar de ambas não tem algum mérito. O que ele conclui, na
verdade, é que o absoluto não existe, fazendo coro a própria desconstrução.
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