13/11/2013, [*] "Moon of Alabama"
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu
Ahmed Ramadan, Bassma Kodmani, Abdulbaset Seida e Imad Aldeen Rashid no "show de fantoches" em Istambul |
Essa
semana, houve mais um show de fantoches em Istambul. Alguns sírios,
selecionados a dedo por políticos estrangeiros, reuniram para encenar alguma “oposição”
ao governo sírio. Não têm qualquer apoio na sociedade civil síria, nem qualquer
influência sobre os “rebeldes”; e espera-se que, em tese, a tal “oposição”
monte alguma espécie de “governo no exílio” que, adiante, substituiria o atual
governo sírio.
O critério
principal para selecionar membros do Conselho Nacional Sírio é a hostilidade
contra o presidente Assad e o governo sírio. Esperava-se que, rapidamente,
aqueles homens substituiriam o atual governo sírio.
Mas, agora,
os não sírios que selecionaram aqueles “representantes” estão com um problema.
Assad e seu governo não arredaram, nem arredarão pé de onde estão e o conflito
acordou forças que já não estão sob o controle de seus padrinhos estrangeiros e
que constituem perigo para aqueles seus atuais e anteriores patrocinadores
estrangeiros.
A nova
situação exige mudança de curso, mas os fantoches do Conselho Nacional Sírio –
selecionados, ironicamente, pela obcecação e hostilidade – não dão qualquer
sinal de disposição para fazer concessões. O mais provável portanto é que
percam toda a importância e rapidamente deixem de ter qualquer utilidade ou
interesse.
Mas o que
tornou a reunião do fim de semana particularmente interessante é que os
patrocinadores do CNS já declararam a mudança de curso. As palavras
do embaixador dos EUA que tentou influenciar no rumo da reunião já não
são exatamente as mesmas de antes, quando os EUA só faziam repetir que Assad
estaria com os dias contados no governo da Síria:
Robert S. Ford Emb. EUA na Síria |
Com as tensões aumentando por toda a parte, o
embaixador Robert S. Ford dos EUA à Síria disse aos ativistas, nos bastidores
da reunião oficial, que a nova realidade que está emergindo lhes impõe opções
nada fáceis de engolir: aceitar que o atual governo sírio permaneça no poder
por mais tempo do que gostariam, ou enfrentar o crescimento continuado de
grupos jihadistas extremistas que aterrorizam a população, entram em
combate com grupos insurgentes rivais e minaram o apoio que o ocidente dava ao
CNS.
(...)
Ante a evidência de que o governo de Assad
agarra-se ao poder, os EUA já começam a dizer que Assad “perdeu legitimidade”,
em vez de repetir, como antes, que ele teria “de sair”.
É a
primeira vez que se veem os EUA explicitando as alternativas óbvias para o caso
da Síria, em linguagem tão clara. É Assad ou a anarquia jihadista. Não
significa que os EUA gostem de aceitar Assad no poder. Mas é um passo
significativo nessa direção.
O governo
sírio e seus apoiadores devem pensar em modos que “salvem a cara” dos EUA,
enquanto os EUA caminham rumo ao ponto em que possam reconhecer abertamente que
sua campanha para “mudança de regime” na Síria foi erro grave.
[*] “Moon of Alabama” é título popular de “Alabama
Song” (também conhecida como“Whisky
Bar” ou “Moon over Alabama”)
dentre outras formas. Essa canção aparece na peça Hauspostille (1927) de Bertolt Brecht, com música de Kurt Weil; e foi
novamente usada pelos dois autores, em 1930, na ópera A Ascensão e a Queda da Cidade de
Mahoganny. Nessa utilização, aparece cantada pela personagem Jenny e
suas colegas putas no primeiro ato. Apesar de a ópera ter sido escrita em
alemão, essa canção sempre aparece cantada em inglês. Foi regravada por vários
grandes artistas, dentre os quais David Bowie (1978) e The Doors (1967). No
Brasil, produzimos versão SENSACIONAL, na voz de Cida Moreira, gravada em “Cida
Moreira canta Brecht”, que incorporamos às nossas traduções desse blog Moon of Alabama, à guisa de
homenagem. Pode ser ouvida a seguir:
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