sábado, 13 de agosto de 2011

Índia (e Brasil) e ONU e o “controle de danos” na Síria

KP Nayar

11/8/2011, KP Nayar, The Telegraph India, Delhi
Traduzido pelo Coletivo da Vila Vudu


Entreouvido na Vila Vudu:
Não é IMPRESSIONANTE que se encontre muito melhor informação sobre o Brasil num jornal DA ÍNDIA... do que nos jornais, televisões, revistas e rádios  do Grupo GAFE (Globo/Abril/Folha/ Estadão?!)

Leia na postagem seguinte (acima), atualização de – 13-8-11

(De New York) A Índia está no centro dos esforços para evitar uma quarta guerra liderada pelos EUA no mundo muçulmano que, dessa vez, visaria a “mudar o regime” em Damasco, Síria.

Uma delegação de três membros do grupo IBSA (Índia, Brasil e África do Sul), mais Dilip Sinha, secretário das organizações internacionais do Bloco Sul, parece ter conseguido salvar Damasco mais uma vez, depois de arrancar compromisso pessoal do presidente da Síria, Bashar al Assad, de que haverá eleições e uma nova Constituição no país, até março de 2012.

Simultaneamente, o Conselho de Segurança da ONU reuniu-se ontem sob a presidência do representante permanente da Índia Hardeep Singh Puri, para ouvir mensagem do secretário-geral Ban Ki-moon, da qual foi portador seu encarregado especial para a Síria, Oscar Fernandez-Taranco.

O atual embaixador da ONU, o britânico Philip Parham, tendo ao lado os enviados de França, Alemanha e Portugal, descreveu a mensagem como “assustadora” e “deprimente”.

Os países ocidentais mal podem esperar para iniciar outra guerra na Ásia Ocidental, nem tanto porque seus corações sangrem de pena do povo sírio, mas, muito mais, porque seu objetivo real é romper os laços que unem a Síria, o Líbano e os militantes do Hezbollah, que são espinho cravado fundo na carne de Israel.

Também desejam isolar ainda mais o Irã na região, se Assad for substituído por alguém com tendências favoráveis ao ocidente.

A Índia decidiu que, enquanto permanecer na presidência do Conselho de Segurança, não se deixará usar como alavanca que leve à repetição da invasão do Iraque, ou de outro ataque descabido como o que hoje está em andamento contra a Líbia.

Sinha encontrou-se ontem com Assad e seu ministro de Relações Exteriores Walid al Moualem em Damasco. O encontro foi reminiscência do tempo em que os enviados da Índia percorriam a região oferecendo alternativas diplomáticas às políticas ocidentais.

O fato de ser membro do Conselho de Segurança da ONU deu à Índia uma oportunidade para recuperar aquele passado e reviver a diplomacia, em momento em que as potências emergentes buscam deixar sua marca num mundo em crise profunda.

A Índia está empenhada nesse esforço, com Brasil e África do Sul, parceiros no grupo IBSA e que também aspiram a um lugar de membros permanentes do Conselho de Segurança.

Para as potências ocidentais, habituadas a comandar todos os fóruns internacionais desde o fim da Guerra Fria, qualquer sinal de firmeza e assertividade, em bloco que não seja o deles, é sempre irritante.

Para a imprensa ocidental, qualquer voz que não seja submissa e complacente aos desejos dos EUA soa como heresia, depois de duas décadas de subserviência, sem ouvir nenhuma voz discordante em nenhum sentido relevante. Puri revirou a faca na ferida, há dois dias, quando disse a jornalistas, depois de uma reunião do Conselho de Segurança, que a presidência da Índia naquele Conselho acelerou a declaração do Conselho, sobre a Síria, semana passada.

O Conselho não tem feito o que os EUA contavam com que fizesse, há dois meses e meio, desde que a Índia assumiu a presidência, com Puri. A declaração da presidência do Conselho de Segurança motivou a a ‘mensagem’ de Ban Ki-moon, de ontem.

Semana que vem, falarão ao Conselho de Segurança, apresentando relatórios, Navi Pillay, alto comissário da ONU para direitos humanos e, Valerie Amos, coordenadora de ações humanitárias da ONU.

A estratégia do grupo Índia-Brasil-África do Sul, IBSA, para impedir qualquer tipo de intervenção militar na Síria, é mobilizar os demais membros do Conselho de Segurança e, simultaneamente, obter compromissos consistentes de Damasco. Semana passada o vice-ministro de Relações Exteriores da Síria Faisal Mekdad visitou os três países do grupo IBSA [1].

Essas visitas abriram o caminho para o encontro que aconteceu ontem entre o presidente da Síria, Sinha, Paulo Cordeiro de Andrade Pinto, subsecretário geral de relações externas do Ministério de Relações Exteriores do Brasil para o Oriente Médio, e Ebrahim Ebrahim, vice-ministro de relações internacionais e cooperação da África do Sul.

A Índia e outros países que partilham posições semelhantes na ONU aprenderam, da amarga experiência na Líbia, que, sem o engajamento de todos, em crises assemelhadas, os EUA conseguirão empurrar o Conselho de Segurança, sob argumentos falsos, a dar seu aval para outras empreitadas de ‘'mudança de regime'’. Se se mantivesse o mesmo processo, o resultado na Síria poderia ser outro impasse sangrento, como o que se vê hoje na Líbia, sem solução à vista.

Nota dos tradutores
[1] IBSAÍndia, Brasil South Africa (África do Sul).

Um comentário:

  1. (comentário enviado por e-mail e postado por Castor)
    A China deixou mais de 70 empreendimentos bilionários e mais de 35 mil de seus técnicos técnicos foram forçados a deixar a Líbia.
    A única base naval da Rússia no Mediterrâneo situa-se na Síria.
    Esses movimentos fazem parte da dança geral.
    Chico Villela

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