sexta-feira, 6 de agosto de 2010

TEVE ATÉ ORQUESTRA

Laerte Braga

Do alto de seus oitenta anos Plínio de Arruda Sampaio mostrou que pé de chumbo tem o seu lugar. Pisou em vários calos. E provavelmente pode até ter sido um bom dançarino, mas isso é outra história.

Incrível a definição definitiva sobre Marina da Silva. “Você não sabe pedir demissão”.

Debate com orquestra (excelente por sinal), mas espetáculo, só isso. De alto nível o apresentador, Boechat, mas fazer o que? Azar da GLOBO.

Os índices de audiência foram baixos e perderam feio para o jogo São Paulo e Internacional, propositadamente transferido de quarta para quinta.

José Arruda Serra precisa explicar o que é aparelhar o Estado. Disse que não aparelha. Terminado o show, em entrevista e considerações sobre o dito, atrás dele Roberto Freire, um dos políticos mais repulsivos do País. Domicílio eleitoral Pernambuco, deputado em vários mandatos, senador, agora conselheiro de uma estatal em São Paulo a doze mil por mês.

Se isso não é aparelhar não sei o que é. Será que em São Paulo num tem ninguém para o tal conselho? Tem que importar Freire? Ou por que Freire é dono da companhia PPS, o preço mais baixo da praça?

E de quebra como é que conceitua investimentos em educação? PM baixando a borduna em professores que reivindicam salários decentes? Típica solução tucana. Porrete.

Foi pego pelo pé quando a candidata Dilma Roussef disse que o tal negócio da nota fiscal paga xis, recebe ipisilone serviu para prejudicar o País no período agudo da crise do capitalismo.

Má fé pura. Os caras estão uma arara com o ex-governador Minas Aécio Neves. Foram cobrar de Aecinho empenho na campanha de Arruda Serra. A resposta veio pelo presidente do PSDB mineiro. Querem que prefeitos que apóiam Aécio e Anastasia, mas estão com Dilma, sejam excluídos?

Duvido que trabalhador estivesse assistindo ao debate. O horário já começa complicado. A turma levanta as cinco, uns até as quatro. No máximo o jogo mesmo.

É impossível apresentar ou expor um programa estratégico para o Brasil, no formato (vá lá) dos debates.

Espetáculo.

Só não contavam com Plínio. Deve ser isso que Arruda Serra chama de falta de representatividade. Pedra no sapato.

Num determinado momento, no início, Marina e Serra tabelaram e deram a sensação que iam assim até o final. No meio do caminho Marina parece ter percebido que para chegar perto da grande área precisaria correr mais um pouco. Saiu para a balela do tal desenvolvimento sustentável, mas nos moldes capitalistas.

O Comitê Central do Partido Comunista Brasileiro decidiu que os parcos segundos que terá na propaganda gratuita poderão ser usados pelos movimentos sociais. O fato foi comunicado no lançamento da candidatura de Rafael Pimenta ao Senado, em Minas.

A idéia é criar uma Frente anti Capitalista e anti Imperialista no que diz respeito ao processo histórico neste momento. Integração latino-americana, estado palestino livre e soberano sem a barbárie de Israel, as lutas populares, fim das guerras/genocídios contra Iraque, Afeganistão, etc.

É claro que Dilma tem umas vaciladas, mas algo assim tipo achar que microfone e câmera engolem gente.

No fundo, quando Plínio falou que os três ditos grandes são “quinquilharia”, não estava ofendendo ninguém, nem querendo insinuar que o bolor e o mofo corroem José Arruda Serra e sua cara de Jânio abstêmio. Estava apenas definindo o modo de ser e o fez de forma precisa.

Tive a sensação que Arruda Serra quando falou do crack ia tocar no assunto Evo Morales. Deve ter lembrado do dossiê da CIA que acusa o colombiano Álvaro Uribe de tráfico.

O problema de Arruda Serra é que ele faz a história do patinho feio ao contrário. Pior até, acha que é cisne, não percebe que faz é cuém cuém (acho que é assim que escreve o grito – grito? Sei lá – do pato.

Nada a ver com aqueles que nadam na lagoa. Não têm culpa de tucano ser uma espécie predadora.

O epíteto de “hipocondríaco” que Plínio pespegou em Arruda Serra não é vício em Cibalena. Tem a ver com o caráter do candidato.

Inacreditável a história dos mutirões. Faltou explicar que num determinado momento os médicos dos SUS recusaram-se a operar nos moldes determinados pelo economista (economista?) José Arruda Serra.

Como era candidato em 2002, queria uma semana de cirurgias em todo o País, mas assim. O paciente/vítima internava pela manhã, era operado e liberado à tarde para o pós operatório em casa. Mesmo que cirurgias um pouco mais complexas.

Os médicos explicaram a Arruda Serra que não eram assassinos, a missão era diferente, curar.

Nisso o tucano não toca.

Se, tomando por baixo, cinco por cento de 100 mil cirurgias apresentasse algum problema, ou seja, cinco mil, os pacientes/vitimas teriam que ser socorridos em suas residências, ou levados para os hospitais. Congestionamento que nem as ambulâncias do Maluf, do Serra, dessa gente, dariam conta.

Pedágio nada. Privatizações? Só faltou dizer que no governo de FHC isso não existiu.

Pulha de carteirinha.

Num sei que efeitos especiais a GLOBO vai inventar para enfrentar a orquestra do debate da BANDEIRANTES. Imagino que antes deve fazer uma edição especial e única, mixada, de todos os BBBs. E, em seguida, apresentar os heróis do Pedro Bial ao vivo e em cores como entrevistadores dos candidatos.

Sugiro que perguntem aos candidatos sobre o “drama” do goleiro Bruno.

“Posso muito bem conceber um homem sem mãos, pés, cabeça (pois a cabeça é mais necessária que os pés). Mas não posso conceber o homem sem pensamentos, seria uma pedra, ou uma besta” – Foucauld.

Arruda Serra chutou o tempo todo.