7/9/2014, [*] Moon
of Alabama
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu
Tanque "Ukie" queimado próximo da aldeia de Kominternovo,
ao sul de Mariupol (6/9/2014) |
Quando se lê
o acordo de cessar-fogo inacreditavelmente
vago, fica imediatamente claro que não pode ser nem jamais será
aplicado e vigente.
A Rússia
pressionou a favor do cessar-fogo – apesar da vantagem que as forças da Novorússia,
que a Rússia apoia, conseguiram em campo – para evitar nova rodada de sanções da
União Europeia, e na esperança de que alguns dos pervertidos
fazedores-de-guerra no “ocidente” caiam em si e ouçam o que gente sã tem a dizer.
O presidente
da Ucrânia precisava do cessar-fogo, porque suas tropas estavam derrotadas em
campo e, sem reorganização, não teriam como defender-se contra qualquer futuro
ataque.
Tão logo os
dois lados se tenham reorganizado, a batalha continuará, maior que as pequenas
escaramuças que já estão acontecendo hoje. Nenhum dos
dois lados tem pleno controle sobre os vários grupos envolvidos nos combates e
qualquer fagulha pode virar grande incêndio.
Entrementes,
a OTAN continua ampliar suas forças no Leste Europeu, para “treinamento de
tropas” e no Mar Negro. Os
militares em Moscou com certeza interpretarão como ameaça esses movimentos da
OTAN; é o que eles, de fato, são.
Os EUA e a marinha "Ukie" farão manobras no Mar Negro |
Quem provocou a guerra na Ucrânia foi o “ocidente”, ao organizar um golpe contra
governo democraticamente eleito. Como também foi o mesmo “ocidente” quem criou
a guerra civil na Síria. O “ocidente” e sua variada coorte de poodles árabes alimentaram a guerra na Síria com
dinheiro, armas e substancial propaganda para a causa dos Jihadis contra o governo sírio.
Agora, o
“ocidente” quer combater contra o governo sírio e contra os degoladores do ISIL, apoiando
os comedores de estômagos do Exército Sírio Livre, aliados dos sequestradores
do avião do 11/9, al-Nusra e al-Qaeda. Tudo isso é visto como moralmente bom,
apesar de nenhum país “ocidental” ter qualquer motivo para envolver-se na Síria
– além de uns “interesses” sempre só muito vagamente definidos.
A Rússia tem
importante interesse de segurança na Ucrânia. É país vizinho e berço histórico
da civilização Rus. Inúmeros grandes ataques feitos contra a Rússia – por
Napoleão, por Hitler – serviram-se das planícies ucranianas como área de
concentração e para as marchas contra Moscou. Muitas das forças do governo
ucraniano golpista que hoje lutam contra compatriotas que querem uma Ucrânia
federalizada, unida à Federação Russa, são nazistas. Há 70 anos, morreram 20 milhões
de russos, em luta contra essa ideologia.
Artilharia "Ukie" queimada nos arredores de Mariupol (6/9/2014) |
Por que se
critica como moralmente errado, quando a Rússia, com muito maior interesse
imediato, ajuda resistentes na Ucrânia; mas tudo se justifica, se explica, se
admite, quando quem faz é o “ocidente” golpista e movido por interesses muito
menos justificáveis, quando não totalmente injustificáveis?
A única
resposta possível é que, seja o que for, se for feito por “nós”, estará sempre
certo; e o que faça, seja quem for e faça o que for, quem se oponha a “nós”,
estará sempre “errado”, automaticamente imoral. Essa posição é receita certa
para conflitos sempre maiores, muito maiores do que os que se veem hoje.
[*]
“Moon of Alabama” é título
popular de “Alabama Song” (também conhecida como“Whisky Bar” ou “Moon
over Alabama”) dentre outras formas. Essa canção aparece na peça Hauspostille (1927)
de Bertolt Brecht, com música de Kurt Weil; e foi novamente usada pelos dois
autores, em 1930, na ópera A Ascensão e a Queda da Cidade de Mahoganny.
Nessa utilização, aparece cantada pela personagem Jenny e suas colegas putas no
primeiro ato. Apesar de a ópera ter sido escrita em alemão, essa canção sempre
aparece cantada em inglês. Foi regravada por vários grandes artistas, dentre os
quais David Bowie (1978) e The Doors (1967). A seguir podemos ouvir versão em
performance de Tim van Broekhuizen.
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