5/9/2014, [*] Paul Craig Roberts – Institute for Political Economy
Traduzido por mberublue
Vladimir Putin e Sergey Lavrov |
Declarações
oficiais do governo russo indicam que o presidente e o ministro do exterior
continuam a confiar na boa vontade de seus “parceiros ocidentais” para o
desenvolvimento de uma solução diplomática razoável para o problema ucraniano
causado por Washington.
Não
apenas não existe qualquer evidência de boa vontade nas capitais ocidentais
como as medidas hostis contra a Rússia seguem aumentando. Além disso, essas
medidas hostis aumentam mesmo quando se torna claro que seus efeitos são
desastrosos para a Europa.
Por
exemplo: o presidente socialista da França resolveu seguir caninamente as
ordens de Washington e se recusou a entregar
para a Rússia navios que está construindo sob contrato. As notícias
sobre o assunto são tão mal relatadas que não dão conta se a Rússia já pagou
pelo navio ou se o pagamento ainda está à espera de complementação. Se a Rússia
ainda não pagou, então a falha na entrega causará danos apenas para quem
financiou a construção do navio. Se a Rússia já pagou, então o imbecil presidente
francês colocou a França em flagrante violação de contrato e sob a lei
internacional o país estará sujeito a pesadas sanções financeiras.
Porta-helicópteros Classe Mistral encomendados pela Rússia à França ( e não entregues) |
Não
está claro como isso prejudicaria a Rússia. São as forças estratégicas
nucleares da Rússia que o ocidente tem que temer, não porta-helicópteros. A
lição que Hollande está dando para a Rússia é a seguinte: não faça negócios com
a França ou qualquer outro país da OTAN.
A
Rússia pode simplesmente colocar de imediato a violação contratual em
julgamento. No caso a França deverá sofrer sanções com penalidades cujo valor
pode exceder o próprio valor do contrato, ou então o ocidente estará provando
que em suas mãos a lei internacional não passa de um amontoado de palavras sem
sentido. Se eu fosse a Rússia desistiria tranquilamente dos navios porta-helicópteros
apenas para deixar estabelecido esse ponto.
Atualmente
a França tem apenas um líder: Marine Le Pen, (da direitona
mais braba, Nrc) a qual, embora seu apoio tenha crescido
exponencialmente, não está no poder. Le Pen disse que a atitude subserviente de
Hollande para com Obama “acarretará um custo enorme para a França: a perda de
milhões de horas trabalhadas e uma multa entre 5 a 10 bilhões de euros” (nessas de contar
prejuízo a direitona braba é especialista (Nrc).
Hollande tenta justificar sua submissão abjeta aos EUA com
uma mentira:
As ações da Rússia no leste da Ucrânia transgridem princípios fundamentais
da Segurança Europeia.
Comporte-se, Rússia, ou então... Definitivamente certos caras não aprenderam NADA com a História |
Ocorre exatamente o oposto. São as ações estúpidas de
Hollande, Merkel e Cameron que colocam em perigo a Segurança Europeia ao
permitir que os EUA continuem com a sua rota de guerra contra a Rússia.
Tomando-se por base as reportagens (pelo que elas valem), os
EUA e seus fantoches da União Europeia estão preparando mais sanções contra a
Rússia. Levando-se em conta a incompetência crônica de Washington e Bruxelas, é
incerto quem será mais prejudicado com tais sanções, se Rússia ou Europa. O que
importa é que a Rússia nada fez para merecer que as sanções lhe sejam impostas.
As sanções baseiam-se na mentira dos EUA afirmando que, nas
palavras de Obama (03 de setembro) “forças russas de combate, com armas russas
e tanques russos” instalaram-se no leste ucraniano. Conforme
relato do Professor Michel Chossudowsky no Global Research, observadores da OSCE (Organization for Security ond Cooperation in Europe – Organização
para a Segurança e Cooperação na Europa) “não houve registro de tropas, munição
ou armas que tenham cruzado a fronteira entra a Rússia e a Ucrânia nas últimas
duas semanas”.
As passagens seguintes são relatos do Professor
Chossudovsky baseadas nas conclusões da OSCE:
Michel Chossudovsky |
A missão de observação da OSCE está
instalada nos postos de controle russos de Gukovo e Donetsk a pedido do governo
russo. A decisão foi tomada em acordo consensual por todos os 57 Estados que
participam da OSCE, muitos dos quais se encontram representados na Cúpula da
OTAN em Gales.
O relato da OSCE contradiz as
declarações do regime de Kiev e de seus padrinhos EUA e OTAN. Confirma que as
acusações que se referem ao fluxo de tanques russos não passam de uma mentira
deliberada.
A OTAN deu apoio para as declarações de
Obama, baseadas em imagens falsas de satélite (28 de agosto ode 2014) as quais
supostamente mostrariam forças russas engajadas em operações de combate no
interior do território soberano da Ucrânia. Estas declarações foram refutadas
detalhadamente por relatos da missão de monitoramento da OSCE estacionada nas
fronteiras entre a Rússia e a Ucrânia. Os relatórios da OTAN que se basearam
nas fotos de satélite construíram uma evidência falsa.
Note-se como importante que a OSCE
monitoriza cuidadosamente os movimentos através da fronteira, movimentos estes
que consistem na maioria em refugiados.
Tal como no Iraque, Afeganistão e Líbia, atacados com base
em mentiras evidentes e Síria e Irã, que estão na mira de outros ataques também
suportados em mentiras transparentes, as sanções contra a Rússia igualmente se
apoiam apenas em mentiras descaradas.
De acordo com o UK Telegraph as novas sanções
proibirão que todas as companhias estatais russas de defesa ou petrolíferas
façam captação de recursos nos mercados europeus de capital. Em outras palavras
qualquer empresa petrolífera em operação na Rússia também pode ser excluída
desse mercado. Ninguém ficará imune.
Uma das possíveis respostas russas a tal sanção pode ser o
confisco de qualquer empresa ocidental em operação na Rússia como forma de compensação
para o eventual prejuízo causado pelas sanções infligidas ao país.
Outra resposta pode ser voltar-se para a China na busca por
financiamento.
Ainda outra pode ser o financiamento próprio para a
indústria de energia e defesa. Se os Estados Unidos podem imprimir dinheiro
para manter quatro ou cinco megabancos à tona, a Rússia pode muito bem imprimir
dinheiro para financiar suas necessidades.
A lição que Washington está proporcionando para grande
parte do mundo é que um país tem que estar completamente louco para fizer
negócios com o ocidente. O ocidente usa os negócios de forma hegemônica para
punir, explorar e saquear. É incompreensível que depois de tantas lições
amargas ainda existam países que recorrem ao FMI para empréstimos. É impossível
não ter consciência atualmente que os empréstimos do FMI tem dois propósitos: o
saque do país pelo ocidente e a subordinação do país à política hegemônica
ocidental. Pois mesmo assim, governantes imbecis ainda candidatam-se para os
empréstimos do FMI.
Toda a escalada da situação ucraniana é trabalho dos
Estados Unidos, União Europeia e Kiev. Aparentemente, Washington interpreta a
resposta moderada da Rússia como se o governo russo estivesse intimidado. Mas,
quando Putin tem todas as cartas na mão, pode destruir a Europa simplesmente
desligando a torneira do fluxo de gás natural e pode reincorporar a Ucrânia
inteira de volta para a Rússia em apenas duas semanas ou menos, como pode os
EUA vir a impor seja o que for?
Será que a Rússia está tão desesperada para fazer parte do
ocidente que sucumbirá, transformando-se em apenas mais um dos Estados
fantoches de Washington?
Paul Craig Roberts (nascido em 03 de
abril de 1939) é um economista norte-americano, colunista do Creators
Syndicate. Serviu como secretário-assistente do Tesouro na administração
Reagan e foi destacado como um co-fundador da Reaganomics. Ex-editor e colunista
do Wall Street Journal, Business Week e Scripps Howard News
Service. Testemunhou perante comissões do Congresso em 30 ocasiões em questões de
política econômica. Durante o século XXI, Roberts tem frequentemente publicado
em Counterpunch e no Information Clearing House, escrevendo
extensamente sobre os efeitos das administrações Bush (e mais tarde Obama)
relacionadas com a guerra contra o terror, que ele diz ter destruído a proteção
das liberdades civis dos americanos da Constituição dos EUA, tais como habeas
corpus e o devido processo legal. Tem tomado posições diferentes de
ex-aliados republicanos, opondo-se à guerra contra as drogas e a guerra contra
o terror, e criticando as políticas e ações de Israel contra os palestinos.
Roberts é graduado do Instituto de Tecnologia da Geórgia e tem Ph.D. da Universidade
de Virginia, com pós-graduação na Universidade da Califórnia, Berkeley e na
Faculdade de Merton, Oxford University.
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