Laerte Braga |
Laerte
Braga*
No
dia anterior ao golpe branco contra o presidente Fernando Lugo – Paraguai – um
outro presidente, o do Irã, Mahamoud Ahmadinejad, em entrevista coletiva que
incluiu a mídia alternativa e virtual, num hotel no Rio de Janeiro, diagnosticou
com precisão o que ocorre hoje no mundo. A ordem política, econômica e militar
imposta pelos EUA, ao sabor das conveniências de Israel e seus aliados e que se
estende tanto aos países do Oriente Médio, como aos da África, da Ásia e América
Latina, sempre contra a liberdade, os seres humanos e com claro caráter
colonizador.
Em
2008 o governo de Álvaro Uribe, a partir de orientação e dados do governo de
Washington, determinou o bombardeio de um acampamento no território do Equador,
onde estava o chanceler das FARCs-EP (Forças Armadas Revolucionárias Colombianas
– Exército Popular), Raul Reyes. Havia participado de um encontro de forças
populares naquele país e se preparava para retornar aos quartéis da guerrilha.
Foram assassinados, além de Reyes, dezenas de estudantes de vários países
latino-americanos que lá estavam e participaram também do
encontro.
A
cumplicidade dos militares equatorianos ficou evidente. Se manifestou na
passividade com que assistiram ao bombardeio feito pela força aérea colombiana.
Evidenciou o caráter da maior parte das forças armadas dos países da América
Latina. Não têm compromissos com seus países, mas são subordinadas aos
norte-americanos. A esmagadora maioria dos militares brasileiros não é
diferente.
Em
2009 o presidente de Honduras, Manuel Zelaya, foi deposto num golpe
“constitucional”, dado pela madrugada e com cumplicidade do congresso e da corte
suprema de seu país e, é claro, dos MILICANALHAS, TOTALMENTE organizado pelo
senador John McCain, republicano e “entourage” do Partido Republicano dos EUA.
Foi o adversário de Obama nas eleições presidenciais de
2008.
Em
todos esses momentos, o golpe contra Lugo, o bombardeio colombiano contra o
Equador e o golpe contra Zelaya, o governo dos EUA, de imediato, reconheceu e
deu “legitimidade” dessas ações.
Em
2002, semelhante tentativa foi feita na Venezuela contra o presidente Hugo
Chávez. Preso numa quinta-feira retornou ao poder no domingo diante de milhões
de venezuelanos que, nas ruas de Caracas e de todo o país, exigiam a sua volta.
Um referendo popular, em agosto daquele ano, legitimou por maioria absoluta o
governo de Chávez e Jimmy Carter, ex-presidente dos EUA e enviado da ONU como
observador para o referendo foi obrigado a reconhecer a legitimidade do
presidente.
No
dia da prisão de Chávez a tevê norte-americana (e a GLOBO aqui, Bonner e Leitão
por pouco não tiveram um orgasmo múltiplo no ar) anunciaram que “o povo exigiu a
saída de Chávez”. A Miriam Leitão chegou a se regozijar
com a “libertação” da Venezuela, numa das maiores “barrigas” jornalísticas que
se tem notícia. Rivaliza com o “boimate” do Eurípedes Alcântara na
“Veja”.
A
Colômbia, hoje, é presidida por Manoel Santos que foi ministro da Defesa de
Uribe, ligado ao narcotráfico (como Uribe). A denúncia foi feita pelo
Departamento anti-drogas dos EUA. As forças armadas desse país são inteiramente
subordinadas aos norte-americanos e seus “conselheiros”. Na prática, a Colômbia
é uma colônia, faz parte de um plano de controle da América do Sul denominado
Grande Colômbia ou Operação Condor IV. Já integra o antigo projeto SIVAM –
Sistema de Vigilância da Amazônia -
antes restrito ao Brasil e aos EUA, controlado por empresas privadas e forças
militares “brasileiras” e norte-americanas. O nível de subordinação aos
interesses norte-americanos é total. O alvo é a Amazônia em toda a sua
extensão.
As
vitórias eleitorais de presidentes considerados hostis pelos EUA deflagraram um
processo de retomada da América Latina como quintal daquele país. Se já detinham
o controle do México e do Canadá (chamam o Canadá de “México melhorado”) essa
ordem neoliberal, globalizada por ações políticas, econômicas e militares, se
faz presente em quase todo o mundo.
Os
pretextos são sempre os mesmos desde tempos passados. “Democracia”, “direitos
humanos”, etc., etc..
Com
o desaparecimento da União Soviética os norte-americanos escancararam seus
objetivos. A paz anunciada não veio, pelo contrário, a escalada militar ganhou
dimensões de barbárie, a guerra foi privatizada por Bush, a violência é a
palavra de ordem dos interesses nazissionistas comandados por Israel e com os
EUA desintegrados e transformados numa grande corporação terrorista de bancos e
grandes empresas, principalmente indústria armamentista e petróleo. Vivemos o
terror de Estado, o terror capitalista.
A
democracia e os direitos humanos foram para o brejo em situações como as guerras
do Iraque (destruído), do Afeganistão, da Líbia (mais de cinco mil ações de
bombardeios aéreos resultando em um país esfacelado e, hoje, saqueado por
petrolíferas européias e norteamericanas).
Países
como o Paquistão se transformando numa espécie de geléia de interesses de
generais com instinto primitivo de barbárie e as chamadas potências emergentes,
caso do Brasil, em políticas de equilibrismo e alianças complicadas no padrão dá
lá e toma cá, ou uma vela a Deus e outra ao diabo.
O
precário equilíbrio, por exemplo, de democracias montadas sob a tutela e o temor
de ações golpistas de militares comprometidos com os EUA, como aconteceu em
1964.
Essa
boçalidade se materializa no uso de armas químicas e urânio empobrecido no
Iraque, no Afeganistão, na Líbia, em todos os cantos onde se faz necessário
(muitos veteranos de guerra padecem de doenças provocadas pelo uso de tais
armas), nas pressões econômicas, no campo de concentração de Guantánamo, no
massacre constante de palestinos, na tentativa de destruir a revolução islâmica
no Irã com denúncias falsas como sempre fazem e fizeram, principalmente, no
controle das nações da União Européia, outro grande conglomerado de bancos e
corporações.
Para
países como Paraguai, o Brasil, a Colômbia e outros, se associam a primatas
conhecidos como latifundiários, hoje chamado agronegócio, e adestram
MILICANALHAS (também chamados de Forças Armadas), jagunçada que garante os donos
da terra, e os “interesses” dos países hegemônicos. Além, evidentemente, de
adestrarem grande parte do JUDICIÁRIO brasileiro para garantir “segurança
jurídica” aos “investimentos latifundiários” alienígenas, principalmente em
terras amazônicas, no cerrado e no Pantanal.
O
mundo privatizado.
Aqui
no Brasil, esse caráter ganhou dimensões plenas no governo do funcionário do
Departamento de Estado e da Fundação Ford, Fernando Henrique Cardoso. Uma
espécie de “cabo Anselmo”, célebre traidor da luta anti-ditadura que,
infiltrado, dedurou todos os companheiros. FHC, tão traidor quanto, nem chegou a
sargento. Fulgêncio Batista também era sargento (felizmente muitos sargentos
lutam a luta popular dentro e fora das forças armadas).
O
golpe contra Fernando Lugo está dentro desse contexto. Uma das acusações contra
o presidente foi a de “humilhar as forças armadas”. Lugo ficou ao lado de
trabalhadores sem terra vítimas de MILICANALHAS e pistoleiros do latifúndio num
conflito agrário, no qual latifundiários brasileiros estão envolvidos (são os
donos do Paraguai), junto com empresas como a MONSANTO e a DOW CHEMICAL – o
agrotóxico e os transgênicos nossos de cada dia.
É
impossível humilhar o que não existe. Forças armadas paraguaias? Onde? Bando de
generais MILICANALHAS controlados à distância pelos senhores do mundo, abertos a
qualquer negócio no mundo do contrabando, do tráfico de drogas, de toda a sorte
de estupidezes e crimes possíveis em função de interesses, aí,
pessoais.
Uma
elite medieval. Não difere muito do latifúndio e dos MILICANALHAS brasileiros.
Uns grunhem outros nem isso.
O
Plano Grande Colômbia, especificamente voltado para a América do Sul tem
objetivos imediatos. Derrubar os governos da Venezuela, do Equador e da Bolívia,
o controle das reservas de petróleo e gás desses países, isolar o Brasil e
impedir que o País consiga avanços efetivos e consolide o processo democrático
(mantê-lo sempre na corda esticada, no fio da navalha). Voltar ao curso tucano
das “coisas”, mesmo com o caráter de “capitalismo a brasileira” criado por Lula
e o domínio de tecnologias essenciais mantidas longe do alcance, do nosso
alcance.
A
fórmula encontrada para derrubar Zelaya se manifestou agora no
Paraguai.
E
ainda, no Brasil, temos um chanceler de sobrenome Patriota, que vem a ser um dos
mais terríveis mísseis norte-americanos (Patriot). Não é o caso do chanceler, é
apenas um funcionário obediente da corporação terrorista num governo de puro
equilibrismo. E nem deve saber direito o que acontece, ou o que é, tamanha sua
dimensão anã como diplomata.
Em
relação ao golpe paraguaio, só foi possível com a debilidade de nossa política
externa atual e a falta de informações precisas e corretas do governo. Se a
proposta da presidente Dilma de expulsar o país do MERCOSUL e adotar sanções
severas for real, ótimo. Caso contrário, breve circulando pelas ruas da cidade
de Eduardo Paes os novos modelos de diligências da Wells Fargo, com espetáculos
de clones/drones de Búfalo Bill em todas as paradas.
Como
afirma com correção a professora Neuzah Cerveira, é a “Operação Condor IV” em
curso.
Há
uma guerra total em curso afirma o presidente do Equador, Rafael Corrêa. A
resistência não será nos gabinetes fechados, via de regra cúmplices diretos ou
por omissão dessa selvageria. Será nas ruas, na organização
popular.
Ou,
todos aprendendo inglês e treinando para carregar malas dos colonizadores. O
velho “bwana” dos tempos de Tarzã.
*O artigo
original enviado por Sílvio de Barros Pinheiro, Nanda Tardin e Laerte Braga (via
Facebook) foi ligeiramente alterado pela
redecastorphoto.
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