terça-feira, 10 de agosto de 2010

Fundos vulneráveis

segunda-feira, 9 de Agosto de 2010

Desapareceram 8,7 bilhões de Dólares.

Não são poucos, de fato.

D'outro lado sabemos que a Democracia tem custos.

E o Iraque adquiriu um inteiro "pacote": Democracia, atentados, guerra civil e pobreza em troca de petróleo. Mais 8,7 bilhões de Dólares.

Um grande negócio, sem dúvida.

O site PSL dá conta deste desaparecimento. Fundos vulneráveis

Como acontece com os sites "ideológicos" (PSL é a sigla de Party for Socialism e Liberation), arrisca cair no ridículo ao descrever o Iraque de Saddam Hussein como uma espécie de paraíso.

Mas, além deste pormenor, faz um quadro tristemente verídico da realidade iraquiana. E dos responsáveis.

O saque do Iraque


Quase 9 bilhões de fundos iraquianos desapareceram


A imagem popular criada pelos media corporativos da pilhagem é a de pessoas pobres que roubam televisões, sapatos ou outros itens das lojas que têm como alvo. Muitos moradores desesperados, a maioria deles afro-americanos, de New Orleans, abandonados quando o furacão Katrina inundou a cidade em 2005, foram agredidos e presos como "saqueadores" para ter subtraído alimentos nos supermercados fechados.


No dia 27 de Julho o departamento de investigação especial dos Estados Unidos para a reconstrução do Iraque tem publicado um relatório que afirma que o Pentágono não pode dar uma explicação de 95%, pelo menos, dos 9,1 bilhões de Dólares de fundos iraquianos que tem "retirado" quando as forças dos EUA conquistaram o Iraque e desmantelaram o seu governo em 2003. Desapareceram 8,7 bilhões de Dólares do Fundo de Desenvolvimento para o Iraque (DFI).



L. Paul Bremer, o presidente da provisória Autoridade Civil, que governou o Iraque como um ditador de fato ao longo de 15 meses após a ocupação do País em Abril de 2003, criou o DFI. Os seus fundos vinham de ativos iraquianos congelados nos Estados Unidos e em outros Países, e da venda de poços de petróleo no Iraque, então nacionalizados.



Talvez Bremer, o Pentágono e os seus camaradas de empresas como Halliburton estão envolvidos em saques generalizados? Não, segundo os media corporativos. O documento do Inspetor Geral Especial afirma que nenhum crime foi cometido.


"A falta de controle deixou os fundos vulneráveis ao abuso com perdas não calculadas" afirma, descrevendo um roubo impressionante com termos mais inofensivos possíveis.

A classe dominante capitalista sabe como proteger o que é seu


O documento do DFI não é senão a ponta d’um enorme iceberg. O objetivo principal dos saqueadores corporativos, do exército e do governo é que eles precisam de todos esses vastos campos de petróleo do Iraque.


O Iraque está entre os três principais Países do mundo em termos de reservas de petróleo. Quando desde 1920 até 1958 foi uma colônia britânica, 100% do petróleo do Iraque pertencia a empresas petrolíferas estrangeiras: Britânicos, Holandeses, Franceses, Americanos tinham cada um 23,75% das ações participativas. Enquanto as empresas hoje conhecidas como BP, Chevron, Total, Shell e outras aproveitaram-se dos recursos do País, a maioria dos iraquianos sofreu a extrema pobreza, entre 80 e 90% de analfabetismo, com poucas possibilidades de ver um médico.


Após a revolução de 1958, quando terminou a dominação britânica, o petróleo iraquiano foi nacionalizado. As entradas do petróleo serviram de base para a modernização do País e a melhoria espetacular na vida da maioria das pessoas.


A invasão anglo-americana e a ocupação do Iraque em 2003 trouxeram de volta o País à condição de colônia.


Um dos principais objetivo declarado das forças de ocupação foi a desnacionalização do petróleo iraquiano e abertura do País à exploração ilimitada por parte dos EUA e de outras corporações transnacionais, independentemente do custo humano. Este custo foi muito alto.


Estima-se que até 2003 cerca de 1,2 milhões de iraquianos morreram e vários milhões de pessoas ficaram feridas ou tornaram-se refugiados. As condições de vida na maior parte do País estão piores agora que durante o período das sanções e do bloqueio que precedeu a invasão. A ironia cruel é que num País com vastos recursos energéticos, há falta crônica de combustível e em muitas áreas existem frequentemente blackout.


Morreram mais de 4.300 soldados americanos e centenas de milhares de pessoas sofreram danos físicos e psicológicos graves. O preço da guerra ultrapassou 700 bilhões de Dólares e vai crescer ainda.


Todas estas mortes, a destruição e o desperdício de recursos para garantir no Iraque a vantagem das corporações criminais de petróleo, dos bancos e de outros que aqui (no Ocidente) saqueiam o ambiente e a economia.


Fonte: PSL
Tradução, edição e comentários: Informação Incorrecta