Perguntem a quem entende da coisa!
David Kravets |
9/1/2012, David Kravets,
Wired
Traduzido e comentado
pelo pessoal da Vila
Vudu
Entreouvido na Vila
Vudu:
“A
gente aqui não entende poooorcaria nenhuma dessas coisas. Tá certo. Mas... QUEM
DISSE que o Senador Azeredo entende(ria)?! [pano rápido]
O
deputado Republicano Darrell Issa (R-California), opositor ferrenho da “Lei
Antipirataria Online” [orig. Stop Online Piracy Act, SOPA],
anunciou ontem que vai trazer, para serem ouvidos no Senado, “o pessoal que
entende disso”. Quer que expliquem aos deputados e senadores as implicações de
policiar a Internet, como quer a lei em estudos nos EUA, que propõe que se
modifique a infraestrutura da internet, com o o jetivo de
combater online pressupostas agressões aos direitos de autor
[copyrights].
O
anúncio acontece três semanas depois de uma audiência para decidir sobre a lei
antipirataria na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara de Deputados nos
EUA ter sido repentinamente adiada, em meio a preocupações sobre os efeitos da
lei (que impedirá nomes considerados ‘perigosos’ de acessar a rede e dará poder
ao poder judiciário para introduzir mudanças na infraestrutura íntima da
internet, para impedir violações de direitos de autor).
A
disputa joga os grandes doadores [de dinheiro para campanhas eleitorais] de
Hollywood contra o pessoal do Vale do Silício, ainda relativamente inexperientes
dos mistérios da compra e venda de influência política.
Hollywood argumenta que
milhões de empregos são perdidos por ano, por culpa de websites piratas;
o mundo tech argumenta que a natureza aberta da internet criou milhões de
empregos, e que os detentores de direitos de autor já têm meios legais para
combater usuários da rede que baixem ilegalmente filmes e músicas.
“É
crucial para criar empregos nos EUA, que a internet seja mantida completamente
aberta e livre. É crucial também para as operações do governo e para muitas
rotinas da vida diária das pessoas, em todos os aspectos da vida” – disse Issa
numa declaração. “O público tem direito de ouvir discussão clara e completa
sobre as consequências de alterar-se o modo como os cidadãos encontram
informação e comunicam-se hoje, usando a internet.”
Issa é presidente da
Comissão da Câmara de Deputados de Supervisão e Reforma da Administração. A
audiência para ouvir os geeks está marcada para o próximo dia 18 de
janeiro.
O
projeto em estudos autoriza os provedores de serviços de internet [orig.
Internet service provider, ISP] a alterar registros no sistema da
rede, para localizar sistemas de nomes de domínios [orig. Domain Name System,
DNS], de modo que determinados usuários não possam navegar em determinadas
páginas. Ou, se os provedores de serviços insistirem em não introduzir
informações falsas nos sistemas de nomes de domínios, como o Departamento de
Justiça pode passar a ordenar, nesse caso terão de empregar algum outro método,
como “deep-packet inspection”, para
impedir que os usuários consigam entrar nos websites acusados de
infringir direitos de autor.
Os
provedores de serviços de internet poderiam, por exemplo, adotar táticas do
Firewall “Grande Muralha da China” para farejar tráfego que esteja em busca de
alguma página proibida e simplesmente bloquear aquele acesso.
Dentre os
convidados a falar na Comissão de Issa, está Stewart Baker,
ex-direto do
Departamento de Segurança Nacional, que disse que a Lei Antipirataria
Online [ing.SOPA], “pode provocar grave dano à segurança da
internet”.
Também está convidado
Dan Kaminsky, da DKH, e especialista em sistemas de nomes de domínios.
Introduzir informação falsa no sistema de nome de domínio – que é a ‘lista
telefônica’ da rede – de nada adiantará; impossibilitará iniciativas de
segurança; e levará a introduzir ‘remendos’ [orig. workarounds, soluções
sempre temporárias e precárias, que ajudam a fazer funcionar um programa, mas
quase sempre fragilizam todo o programa e o sistema] nos programas – como se lê
em artigo assinado por Steve Crocker, da Shinkuro; David Dagon, de Georgia Tech;
Danny McPherson, da Verisign; Paul Vixie, do Internet Systems Consortium; e o
próprio Kaminsky.
Outros que também devem
falar à Comissão de Issa são Brad Burnham, sócio de Union Square Ventures; Michael
Macleod-Ball, advogado da União Norte-americana pelas Liberdades Civis; Lanham
Napier, chefe executivo da Rackspace;
Leonard Napolitano, diretor do Centro de Ciências Computacionais e de Tecnologia
da Informação dos Sandia National
Laboratories; e Alexis Ohanian, cofundador de Reddit.com.
Dia 16/12, o deputado
Lamar Smith (R-Texas), que preside a Comissão de Justiça da Câmara de Deputados,
fez parar a tramitação da Lei Antipirataria Online, para que a Comissão
possa ouvir especialistas em internet. Mas ainda não há novas audiência marcadas
naquela comissão.
Contudo, a Comissão de
Justiça já ouviu representantes da Associação dos Produtores de Filmes dos EUA,
em novembro; e, antes, jamais cogitou de ouvir também especialistas em
arquitetura da internet. Michael O’Leary, um dos vice-presidentes da Associação
dos Produtores de Filmes dos EUA, disse àquela comissão, que as preocupações com
segurança da rede “estão sendo exageradas”.
No
contexto da segurança, muitos especialistas em internet insistem que a nova lei
em estudos quebrará o caráter universal da internet e porá em risco os esforços,
que o governo dos EUA apóia e empreende, no sentido de impedir que hackers
ocupem a rede, usando entradas falsas de sistema de nome de
domínio.
Nota dos
tradutores
[1] Geek é palavra
de gíria. Aplica-se, em geral, aos maníacos, obcecados, quase sempre, por
internet
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