E. D. Kain (Revista Forbes) |
23/1/2012,
E.D. Kain, Revista
Forbes
Traduzido
pelo pessoal da Vila
Vudu
Quando
páginas como Wikipedia e Reddit organizaram-se para promover um
grande blackout
dia 18 de janeiro, o impacto chegou rapidamente até Washington D.C.
O blackout
forçou vários deputados e senadores a afastarem-se das controversas leis
“antipirataria” SOPA e
PIPA, que, segundo os críticos ameaçam a liberdade de
manifestação online.
Infelizmente,
para os que defendem a livre manifestação do pensamento, essas não são as únicas
leis que ameaçam a existência de uma internet aberta.
Poucos
conhecem bem o ACTA, em inglês
Anti-Counterfeiting Trade Agreement
[1],
mas os artigos do acordo parecem bastante semelhantes ao que já se viu na
lei SOPA
– mas são muito mais abrangentes. Ainda pior que isso, o acordo envolve
praticamente todos os países do mundo desenvolvido – toda a União Europeia, os
EUA, a Suíça e o Japão.
Vários
desses países já assinaram ou ratificaram o acordo
ACTA e as engrenagens já estão em movimento, com
a batalha final acontecendo já no Parlamento Europeu.
O
acordo ACTA
foi negociado em segredo entre os governos, praticamente sem qualquer
participação da opinião pública. O governo Bush iniciou o processo, mas o
governo Obama deu-lhe enorme impulso e trabalhou agressivamente a favor do
acordo.
Os
EUA assinaram o acordo ACTA
em 2011.
Aqui,
um vídeo, de apresentação e amostra:
Segundo
os críticos do acordo, o ACTA
ignora toda a legislação vigente nos países que o subscrevam, obrigando
todos os provedores de serviços de internet, em todo o planeta, a operarem como
polícia da rede.
Ainda
pior, parece ultrapassar a internet, para alcançar também os laboratórios
fabricantes de genéricos e tornar ainda mais radicais do que já são as patentes
de alimentos geneticamente modificados que ameaçam produtores locais e a
independência alimentar em todo o mundo desenvolvido.
Apesar
do segredo que cerca todas as negociações do acordo
ACTA, já circulam muitas críticas contra
ele.
Países
como Índia e Brasil já se opuseram formalmente ao acordo, sob o argumento de que
provocará graves danos às economias emergentes.
Espero
poder oferecer melhores informações adiante, à medida que as informações surjam.
Mas num rápido resumo, segundo críticos do acordo
ACTA:
-
ACTA inclui determinações relacionadas aos protocolos globais de internet (IP) tão restritivas, e em vários casos ainda mais restritivas, que qualquer coisa que se tenha visto nas leis SOPA e PIPA.
-
ACTA aplica-se a praticamente todo o mundo desenvolvido, ameaçando a liberdade na internet, além de ameaçar o acesso a remédios e alimentos. A ameaça pesa igualmente tanto sobre os países signatários diretos do acordo quanto, também, sobre países não signatários.
-
ACTA já foi assinado por muitos países, entre os quais os EUA, mas ainda terá de ser apovado pelo Parlamento Europeu para que seja vigente na União Europeia.
-
ACTA foi redigido e promovido em segredo. Embora algumas disposições tenham sido copiadas do rascunho final que se conhece nos EUA, há vários itens absolutamente desconhecidos. Não se sabe ainda exatamente, sequer, como o acordo ACTA afetará a legislação vigente nos EUA.
Mas
o ACTA
não é o único acordo internacional sobre questões assemelhadas que está
em tramitação.
Segundo a Electronic Frontier Foundation (EFF),
há
“...outros
acordos plurilaterais sobre questões de
copyrights atualmente em estudos, como Acordo de
Parceria Trans-Pacifico [ing. Trans Pacific Partnership Agreement (TPP)],
que inclui um capítulo sobre os protocolos de internet (IP) que força os países
signatários a adotar medidas de proteção a
copyrights ainda mais restritivas que o
ACTA. As negociações desse TPP também são conduzidas em segredo e
a sociedade civil ignora praticamente todos os itens desse acordo. Essas
iniciativas, negociadas sem qualquer participação da opinião pública e da
sociedade civil são afrontas violentas a qualquer ordem democrática. A EFF
continuará a acompanhar a tramitação dessas iniciativas internacionais que
ameaçam capar da internet qualquer alternativa de criatividade, inovação e livre
manifestação de ideias. Na mesma trincheira lutam também as organizações EDRi, FFII, La Quadrature du Net e outras
organizações da União Europeia, na mesma campanha para derrotar o
ACTA no Parlamento Europeu, em
janeiro.”
É
possível que o ACTA
que os EUA já assinaram em 2011 não fira leis norte-americanas. Não se
pode saber, porque tudo é feito às escondidas. Tampouco se pode saber como a
coordenação entre os governos afetará a lei de Protocolos Internet hoje vigente.
O principal problema desse acordo ACTA hoje é que se sabe muito pouco
sobre ele. Também é grave que os governos encaminhem esses acordos em segredo,
mesmo que se descubra depois que um ou outro acordo não ferirá leis hoje
existentes.
Na
economia global, todos sempre somos necessariamente
afetados.
Lembre-se
também que, quando um desses acordos comerciais é derrubado, imediatamente surge
outro para substituí-lo. O Tratado
ACTA está sendo trabalhado há vários anos. A
ameaça contra a sociedade civil permanece.
Leis
claras, limpas e transparentes, que visem a conter o trânsito de material
“pirateado” não precisam ser negociadas em segredo. E é preciso que outros
grupos interessados se manifestem, em vez de a lei só considerar o interesse da
indústria do entretenimento.
Para
Cory Doctorow,
O
ACTA é “acordo
sobre copyrights
negociado em segredo que obriga os signatários a implantar vários dos
piores dispositivos incluídos nas leis
SOPA e
PIPA. A União Europeia está prestes a ratificar esse acordo.
O ACTA
foi proposto por empresas norte-americanas ao governo Bush, que deu ao
projeto os traços de clandestinidade que mantém até hoje; e o governo Obama
dedicou-se empenhadamente à implantação do acordo.”[2]
O
tratado ACTA
permanece cercado do mais denso mistério. Para novas informações,
mantenham-se em contato com as organizações abaixo:
EFF’s International Issue
Page on
ACTA
European Digital Rights’ (EDRi)
La Quadrature du Net
Foundation for a Free Information Infrastructure’s (FFII) blog on ACTA
Twitter hash tags: #ACTA
European Digital Rights’ (EDRi)
La Quadrature du Net
Foundation for a Free Information Infrastructure’s (FFII) blog on ACTA
Twitter hash tags: #ACTA
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Notas
dos tradutores
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