Nacionalização
do petróleo na Venezuela: Exxon perde em tribunal internacional de arbitragem
6/1/2012, Chris Arsenault, Al-Jazeera, Qatar
Traduzido e comentado pelo pessoal
da Vila Vudu e
redecastorphoto (título da postagem)
O presidente venezuelano, Hugo Chávez adotou linha dura com as companhias petrolíferas multinacionais e está rindo à-tôa! |
Chris Arsenault |
A notícia não é nova: é de janeiro desse ano. Nós a
usamos, só, para um exercício de demonstração, a comprovar o que já se sabe: o
‘'jornalismo'’ no Brasil não vale naaaaaaaaaada, e comprado e pago para ser
lido, é puuuuuuro prejuízo para qualquer leitor-consumidor à procura de informação.
No
ponto em que paramos de copiar notícias, porque era tuuuudo igual, um veículo do
Grupo GAFE (Globo-Abril-Folha de S.Paulo-Estadinho – e a BBC!) copiando o que o
outro publicara e todos copiando as agências internacionais de repetição de
noticiário gerado nos EUA, a situação, no “jornalismo” (só rindo!) no
Brasil-2012 era a seguinte:
- No jornal O
Globo, a mesma notícia aparece como “Exxon
receberá 908 milhões em disputa com a Venezuela”;
- Na revista Exame,
do Grupo Abril, aparece como “Venezuela
terá de pagar 900 milhões à Exxon”;
- Na Folha de
S.Paulo, aparece como “Exxon
receberá 908 milhões em disputa com a Venezuela”;
- No Jornal do
Brasil, aparece como “Venezuela
é condenada a pagar 907 milhões de dólares à Exxon” ;
- Na BBC-Brasil aparece como “Venezuela terá de indenizar petroleira em US$ 908 milhões após nacionalização”
Nos
dispensamos de traduzir a matéria da Al-Jazeera – que não faz nenhum
jornalismo excepcionalmente excelente, mas é infinitamente melhor que o
“jornalismo” do Grupo GAFE (Globo-Abril-FSP-Estadinho - e da BBC!), que é o pior
do mundo – porque o que há a dizer até que quase-aparece, sim, no jornalismo
desinformativo brasileiro, desde que devidamente despido das camadas e camadas
de manipulação e encobrimento dos fatos.
O
fato que, dessa vez, o “jornalismo” do Grupo GAFE desinforma é simples:
O
governo do presidente Chávez estatizou em 2007 as instalações e a operação da
petroleira norte-americana Exxon, na Venezuela. A Exxon recorreu à Câmara
Internacional de Comércio [orig. International Chamber of Commerce
(ICC)], que tem sede em Paris, “exigindo” mundos e fundos a título de
“reparação de danos”. Em janeiro de 2012, afinal, o recurso foi julgado.
Resultado
desse julgamento, a ICC decidiu que a Exxon não tem direito a praticamente
nenhuma das reparações que pediu.
“Dispensam-se
comentários” – disse o presidente Chávez rindo de orelha a orelha. – O tribunal
internacional decidiu que a Exxon só tem direito a 10% do que pediu. Vamos
indenizar apenas o investimento inicial da empresa. Não chega a 10% do que a
Exxon pedira. E pagaremos com dinheiro nosso congelado no exterior e dinheiro
que a Exxon nos deve. Não desembolsaremos mais de $255 milhões”.
A
única notícia, afinal, verdadeira, é a única que NÃO apareceu no “jornalismo” do
Grupo GAFE e, pelo menos, apareceu em Al-Jazeera:
“Hugo
Chávez está feliz. A Exxon pedira indenização de mais de $12 bilhões de dólares.
A Venezuela pagará, no máximo, 5% do que a Exxon demandou, em processo que, de
fato, a petroleira norte-americana perdeu – como admitiram vários especialistas
consultados.
Eva
Golinger, advogada, resumiu:
O
governo da Venezuela oferecera $1 bilhão no início do processo de
nacionalização. A Exxon recusou a oferta e processou a Venezuela exigindo $10
bilhões. Agora, depois de quatro anos de processo, com a sentença final do
tribunal internacional, a Exxon receberá apenas $255 milhões.
“Tradicionalmente,
a Exxon sempre procura o litígio, jamais o acordo” – disse a Al-Jazeera
Steve LeVine, professor de segurança energética na Georgetown University. “Todo esse caso
foi tentativa de a Exxon mandar “um recado” ao mundo, a todos que tentem
discordar dos planos da empresa”.
Depois
de recusar-se a obedecer às novas leis venezuelanas para o petróleo, em 2007,
segundo as quais as empresas estrangeiras teriam de se tornar parceiras
minoritárias da estatal venezuelana PDVSA, a Exxon e a ConocoPhillips, outra
empresa norte-americana, retiraram todas as suas operações da Venezuela.
Há
muitos boatos de que outras empresas estrangeiras estariam cancelando os
projetos de petróleo na Venezuela. Mas além da Exxon e da ConocoPhillips, todas
as demais multinacionais ocidentais ficaram, provavelmente porque os custos de
saírem seriam altos demais – noticia a Al-Jazeera.
“A
ChevronTexaco continua lá. Empresas europeias, francesas e italianas, continuam
na Venezuela; os russos, chineses, indianos e brasileiros continuam onde sempre
estiveram” – disse Golinger à Al-Jazeera. “Nenhuma empresa estrangeira
deveria arriscar-se a usar o próprio poder político e econômico para tentar
burlar legislação dos países onde operam. Foi o que a Exxon tentou fazer. E
perdeu”.
A
notícia de que a Exxon perdeu, em processo judicial contra a Venezuela, é,
precisamente, o fato ativamente sonegado a quem busque informação no
“jornalismo” brasileiro do grupo GAFE (Globo-Abril-FSP-Estadinho - e a BBC!).
Até quando?!
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