Texto
de Jair
Alves
- dramaturgo
Enviado
por Ana Engelen
Original
no Portal
Macunaíma
O
provérbio acima grafado no título foi usado pelo dramaturgo,
Bertholt
Brecht
,
na peça a
“Ascensão
e Queda de Arturo Ui”,
uma
parábola dos anos trinta, sobre o regime
Nazi-fascista
ambientado
na cidade de
Chicago
explorando
as contradições de um sistema mafioso à margem da Lei na realidade
norte-americana.
A
frase original quase intraduzível para a língua portuguesa, se não é exatamente
essa
(é
algo parecido)
e
seu significado inequívoco. Esta fala próxima do paradoxal parece ter sido
entendida pela maioria da população brasileira que nesse outubro continua
escolhendo, via de regra, aquilo que melhor lhe parece.
Por
mais que se juntem interesses econômicos inconfessáveis, protegidos por sigilos
em que a
Lei
(ora
a Lei) não
alcança, a mesma população
(estamos
escrevendo de maioria)
não
se seduziu aos alardes de uma “nova moralidade” e vai votar ao seu bem estar o
que, convenhamos, está mais do que certo.
Longe
deste humilde “escrevinhador” em achar que esta maioria seja conivente com “o
malfeito”, ela sabe perfeitamente que a ruptura com uma suposta legalidade pode
se originar em dois caminhos distintos, um que leva à Libertação e um outro a
Submissão.
É
justamente a população quem sofre com Sistemas que criados à margem da Lei, tais
como Máfia do botijão de gás; da Internet Banda Larga, clandestina; dos produtos
pirateados, só para falar em alguns exemplos.
Esta
não é a realidade particular dos juízes togados, protegidos justamente pelo
pacto social que garante a todos o Império da Democracia. Garante mesmo? Lembro
a pergunta que não quer calar, “como ficam os demais, aqueles que estão
marginalizados pelo sistema?”. Poderia ser comovente conhecer, como uma nota ao
pé da página, a vida pública desses juízes togados desde os bancos escolares,
passando por universidades e o seu engajamento pela paz social e que ontem foi
demagogicamente evocada pelo relator “mão pesada”.
Algumas
páginas deste livro, provisoriamente intitulado
“A
República Brasileira”,
foram arrancadas na construção desse enredo.
Já
durante 2003 circulou à “boca pequena”, entre os oposicionistas, que o
ex-presidente
FHC
havia
se reunido em seu apartamento em Higienópolis, em São Paulo, com agentes do
governo de Washington para discutir e tomar providencia para que
um
“mirabolante
plano” não
fosse colocado em prática pelo superministro, José Dirceu, que seria “tomar o
poder” pelas vias legais que engessaria a oposição garantindo, assim, sempre
maioria no Congresso.
Para
dar mais veracidade a “denúncia”, não a da reunião no bairro chic da cidade de São Paulo, mas a do
tal plano citava que lideranças dentro do
Partido
dos Trabalhadores,
como o, hoje, presidente
Rui
Falcão
estava
preocupado com a ação da corrente majoritária liderada por Lula e José Dirceu,
que obrigavam parlamentares da mesma corrente a destinar de seus proventos
mensais uma parcela para financiar atividades políticas extraparlamentar. Não é
difícil observar que, se verdadeiro este procedimento, já se tratava de um
“antimensalão”.
Neste
caso era um parlamentar dando dinheiro e não recebendo. O episódio caiu no
esquecimento quando Carlinhos Cachoeira
(sim,
ele mesmo) entregou
uma fita de vídeo para um inexpressivo senador do PSDB que afoitamente procurou
a Revista Época, em busca de “celebridade”.
Houve,
portanto, uma mudança de foco. Descobriu-se que um dos personagens dessa trama
sórdida era Waldomiro Diniz,
assessor
da
Casa
Civil,
indicado
por Antoni Garotinho, à época um aliado ao Governo
Lula.
Além
de abortar o”plano de
conspiração” contra o Governo
Lula
que
deveria estourar às portas das eleições municipais de 2004 e não dar celebridade
ao denunciador, que jamais se reelegeu, obrigou
José
Dirceu
a
dividir seus poderes com o, hoje, Ministro dos Esportes,
Aldo
Rebelo
que
passou a responder pela Secretaria de Coordenação Política e Relações
Institucionais, com
status
de
ministro.
Ou
seja, no inicio de 2004
José
Dirceu
perdeu
poderes políticos dentro do próprio governo, justamente no período alegado
por
Roberto
Jefferson
da
onipresença do ex-ministro e, agora, condenado pelo
STF.
Que
está faltando algum pedaço nessa história, todos sabemos, o que demandara novas
histórias mal contadas nos próximos capítulos. Não faltarão, como não faltam, acusações, às vezes grosseiras, de que o ex-presidente Lula tem tudo a ver com
este caso.
Outra
pergunta que não quer calar: o que exatamente concluiu, a ação Penal que
condenou Waldomiro Diniz e os seus antigos aliados? Provou que
nem
José
Dirceu
tinha
conhecimento do passado escuso de seu ex-assessor, como, também o Partido
dos Trabalhadores
ou
membros de sua direção tinha algum envolvimento com este caso;
já
Roberto
Jefferson,
este sim!
Cremos
que a população, ainda que por intuição, captou o sentido dos versos de
um
(este,
sim)
extraordinário
poeta,
João
Cabral de Mello Neto,
quando escreveu lá no final da década de cinquenta: “não se faz só com palavras à
vida”.
Não
tão brilhante, um outro poeta e presidente do
STF
enfatizou,
ontem, a respeito da vida a paridade entre
“Deus
e a Política”,
chegou a afirmar:
“Deus
no Céu e os políticos na terra”.
Que
mundo vive este senhor, às portas dos setenta anos? Com toda certeza,
ele
Preside
um Tribunal
de
um
Mundo
onde
nós não vivemos. A maior parte da população,
tampouco.
Sim,
mas ainda existem os poetas, os artistas e, um deles, certa vez compôs: “poetas, seresteiros, namorados correi. É
chegada a hora de escrever e cantar, talvez as derradeiras noites de luar”.
Tempos
depois (FINAL DA DÉCADA DE SESSENTA) esse nosso pequeno mundo por nome
BRASIL, fora assaltado por tenebrosas transações e um Império onde a Lei
de nada valia. Alguns sobreviveram para reproduzir e cantar outros tempos,
estes, sim, verdadeiramente novos.
Não
sem razão que, em Salvador, hoje na terra de todos os santos, e aqui em Sampa
onde se cruza a Ipiranga com a avenida São João, o artista em foco escolheu no
presente, o caminho da Libertação de todos os homens:
“Este
samba vai pra Dorival Caymmi, João Gilberto e Gilberto Gil...!”.
(*)
O
julgamento da
AÇÃO
PENAL 470 não se encerra nesta QUINTA FEIRA, como gostariam os promotores deste
evento às portas das eleições de 2012, com prejuízos inequívocos ao Governo
Federal. Ainda teremos novos desdobramentos, com resultados ainda a se
conferir.
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