Publicado
em 05/03/2013 por Mário Augusto
Jakobskind*
Quer
dizer que o Ministro do Desenvolvimento da Alemanha, Dirk Niebel, simplesmente
sugeriu que as seis toneladas de carne contaminadas com carne de cavalo que
apareceram na Europa fossem doadas aos pobres? É isso que foi noticiado e dá bem
a ideia de como agem os ricos do planeta. Niebel justificou a sugestão afirmando
que “nós não podemos simplesmente jogar fora comida boa”. E quem disse que a
carne era boa já que nem se sabia a procedência?
No
mundo tem gente que passa fome, muito em função do tipo de política econômica
adotada em países dos mais variados rincões do planeta e colocada em prática por
certos governantes. Mas essa situação não sensibiliza os dirigentes de países
como a Alemanha ou Estados Unidos, muito menos França, Reino Unido, Canadá,
Espanha etc.
Sempre
foi assim ao longo da história. Muitos países sentem nostalgia dos tempos em que
reinavam em terras de Sol a Sol. Hoje,
áreas ainda colonizadas, restam poucas. Uma delas, as ilhas Malvinas, que
pertencem a Argentina, mas estão ocupadas pelo Reino Unido desde o século
XIX.
Atualmente,
segundo denúncias do governo argentino, os súditos da Rainha Elizabeth estariam
transportando ogivas nucleares para a região que eles denominam de Falkland. A
confirmar-se essa informação, fica demonstrado concretamente que o aliado número
1 dos Estados Unidos na Europa está nuclearizando o Atlântico Sul, o que é
condenado pelos governos da região, entre os quais o do
Brasil.
A
“generosidade” do Ministro alemão de Desenvolvimento faz lembrar, a grosso modo,
a ação de fundações estrangeiras atuando amplamente em vários países, não apenas
a Ford Foundation, como a Rockfeler, a Gattes, a alemã Herbert,
etc..
Aqui
mesmo no Brasil, sob a capa de neutralidade e às vezes se disfarçando com ares
progressistas, a Ford Foundation ataca nas mais diversas frentes, financiando
entidades e pessoas físicas com remuneração ou bolsas.
Os
agraciados quando questionados consideram os críticos do esquema “radicais” ou
mesmo “jurássicos”. A revista Caros
Amigos, edição de fevereiro, apresenta matéria esclarecedora sobre
como atua por aqui há 51 anos a Ford Foundation (ver na edição de
fevereiro A
Face sedutora do império, matéria assinada por Caio
Zinet).
No
passado, em pleno período da Guerra Fria dos anos 70, uma entidade em São Paulo,
presidida por Fernando Henrique Cardoso foi contemplada. O Centro Brasileiro de
Análise e Planejamento (Cebrap) recebia subvenção da Ford Foundation (FF),
entidade vinculada a CIA. Não se deve omitir o fato que a Central de
Inteligência estadunidense concomitantemente naquele período fazia doações à
sempre defensora do ideario da quebra de soberania nacional e favorável à
diluição do Estado, ou seja, a Ford Foundation.
Hoje,
a FF segue com a capa de defensora dos valores democráticos, financia N
entidades nos mais diversos campos, com ênfase para algumas na área de
comunicação, como a Intervozes e o Fórum Nacional de Democratização da
Comunicação (FNDC). Estas, muitas vezes utilizam até jargões progressistas, mas
agem sutilmente com o objetivo de sempre, ou seja, a diluição do
Estado.
Os
assalariados e bolsistas, mesmo afirmando que “os tempos são outros” devem saber
que a Ford Foundation segue recebendo dinheiro da CIA, que a considera como “a
fachada perfeita por ser uma instituição "autêntica" do tipo melhor e mais
plausível para disfarce de financiamento (ver matéria A Face sedutora do império – Caros Amigos
– fevereiro).
Ao
mesmo tempo que financia, a Ford Foundation colhe material importante para o seu
banco de dados colocado à disposição da Central de Inteligência dos Estados
Unidos.
É
importante que a opinião pública tome conhecimento de tudo isso. Tanto a Ford
Foundation como a CIA e o Departamento de Estado norte-americano, defensores do
esquema do Estado mínimo, guardando-se as devidas proporções, se equiparam em
“generosidade” ao tal Ministro de Desenvolvimento alemão, Dirk Niebel, que na
prática insultou os humildes com o oferecimento da carne de cavalo em embalagens
sem que saiba a procedência.
________________________________
Mário Augusto Jakobskind* é correspondente no Brasil do semanário
uruguaio Brecha. Foi colaborador do Pasquim, repórter da Folha de São Paulo e
editor internacional da Tribuna da Imprensa. Integra o Conselho Editorial do
seminário Brasil de Fato. É autor, entre outros livros, de América que não está
na mídia, Dossiê Tim Lopes - Fantástico/IBOPE
Enviado por Direto
da Redação
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