19/3/2013, Simon Tesfamariam, Black Agenda Report
Traduzido e resumido pelo pessoal
da Vila Vudu
A Eritréia (País,
do qual JAMAIS se ouviu falar ou viu-se escrito no "jornalismo" [só rindo]
brasileiro - NTs) é
dos pouquíssimos estados africanos que evitaram qualquer associação com a
máquina de guerra dos EUA. Consequência disso a Eritréia tem sido alvo de uma
campanha de sanções, ameaças e mentiras, baseadas em acusações de tráfico humano
e uso de crianças soldados. A Eritréia não é autorizada a defender-se em nenhum
tribunal, nem na mídia, nem em parte alguma da arena internacional. (...)
Mapa da Eritreia (às margens do MarVermelho) |
Voltemos
a gravação até 5/5/2009. Num dos telegramas diplomáticos distribuídos por
WikiLeaks, que levava o título de “Promovendo oportunidades educacionais para a
juventude antigoverno da Eritréia”, o então embaixador dos EUA na Eritréia,
Ronald K. McMullen explicou que:
Esse
posto planeja reiniciar a
emissão de vistos
(completamente suspensa em 2007) para estudantes; planejamos dar oportunidades
de estudos nos EUA a estudantes que se oponham ao governo.
E
prossegue:
Esta
embaixada planeja começar a distribuir vistos, independente de se o governo dê
ou negue passaporte ou visto de saída ao solicitante. Se o solicitante for
considerável apto para receber visto de estudante, a embaixada emitirá um
Formulário DS-232. (...) Mesmo sem passaporte eritreu, mas com o visto F1 em
Formulário DS-232, esse jovem felizardo pode embarcar para os EUA. Para os que
recebam visto e consigam deixar o país e obter status de refugiado do Alto
Comissariado da ONU para Direitos Humanos, um documento de viagem emitido pela
ONU permitirá que o jovem estudante viaje para os EUA com seu F1 no Formulário
DS-232.
Isaias Afewerki |
Dadas
as atuais restrições que o regime de Isaias Afewerki impõe à Embaixada em Asmara, esta embaixada
não pensa em reiniciar todos os serviço de fornecimento de vistos
em futuro
próximo. Mas , ante a esperança dos jovens eritreus, que sonham
com a chance de uma educação e de aprender as capacidades que os ajudarão a
reconstruir esse país depois que o governo Isaias já não estiver aqui, os vistos
para jovens são dos mais fortes sinais que podemos dar ao povo da Eritréia, de
que os EUA não os abandonaram. Se fornecermos os vistos e exigirmos passaporte
eritreu, seremos vistos como solidários à ditadura local. O sistema que
concebemos, de vistos especiais para estudantes da oposição, é
essencial.
O
Regime Global dos Direitos Humanos
Intervenção,
em nome de defender direitos humanos, é a mais recente arma do imperialismo, e
já se vê aumento dramático no número de ações contra nações soberanas –
particularmente contra nações africanas – pelo Regime
Global dos Direitos Humanos
[orig.
Global Human Rights
Regime (GHRR; a expressão não é invenção minha). Antes
de 1990, só dois países africanos haviam sido atingidos por sanções da ONU: a
Rodésia, 1966; e a África do Sul, em 1977. Em nenhum desses casos as sanções
obtiveram os resultados para os quais foram (declaradamente, pelo menos)
implantadas.
Nos
anos 1990, aconteceu um boom de sanções da ONU predominantemente contra
nações africanas. Apesar de serem sempre recomendadas por “especialistas” em
inúmeros seminários e painéis, e dos muitos “grupos de monitoramento”, em nenhum
caso as sanções contribuíram para democratizar coisa alguma. Depois de inúmeros
estudos, a ONU então decidiu passar a usar sanções “dirigidas a alvos
especificados”, nos anos 2000s. Mais uma vez, nada funcionou como o previsto.
A
Eritréia, que passou a ser alvo de sanções da ONU em 2009, é caso que comprova
essa realidade. De fato, as sanções só atraíram mais desgraças e dificuldades
sobre o povo eritreu, o que implicou apoio e suporte popular mais decidido ao
governo. Foi o que se viu pelas campanhas internacionais Hizbawi Mekhete (“resistência
popular”), nas quais cidadãos, em todo o mundo, levantaram dinheiro para ajudar
a luta do governo eritreu. Vídeo a seguir:
E, em
22/2/2o10, viram-se manifestações anti-ONU, a favor da Eritréia, em todo o
mundo.
Vídeo a seguir:
Também
no mesmo espírito de resistir às sanções da ONU, os eritreus iniciaram a
campanha E-SMART (“Eritrean Sanctions Must be Annulled and
Repealed Today”/As sanções contra a Eritréia Devem ser Rejeitadas e Anuladas
Hoje), que levou à criação de uma página na Internet, que é hoje fonte de
informação confiável sobre pouco divulgados fatos e contra as muito repetidas
mentiras sobre as sanções da ONU contra a Eritréia.
O
Conselho de Direitos Humanos é mais uma criação, de 2006, para promover a agenda
do Regime Global de Direitos Humanos. O Alto Comissariado da ONU adotou regime
especial para queixas e denúncias, e passou a enviar comissários especiais com
poder para investigar qualquer denúncia de abuso contra direitos humanos. De
início, os EUA ainda tentaram manter as aparências, como se não dominassem
completamente a instituição. (...) Mas isso mudou depois da eleição de Obama em
2009, quando os EUA passaram a integrar o Alto Comissariado e rapidamente usaram
sua influência: invocaram a “Responsabilidade de Proteger” [orig.
Responsibility-to-Protect (R2P)] como justificativa para atacar a Líbia,
em 2011.
As
ações da Comissão de Direitos Humanos passaram a ser coordenadas com as ações do
Conselho de Segurança da ONU. Usaram-se relatórios de direitos humanos
preparados pela organização Human Rights
Watch – que é membro da Coalizão Internacional pela Responsabilidade de
Proteger – os quais, em seguida, foram usados também para justificar mais
intervenção militar contra a Líbia. A Corte Internacional de Justiça, da ONU,
estabelecida em 2002, já emitira 21 mandados de prisão (todos contra africanos!)
antes de emitir mandado de prisão contra Muammar al-Gaddafi.
Numa
sinfonia de destruição na qual se uniam o Conselho de Segurança da ONU, o
Comissariado de Direitos Humanos, a Corte Internacional de Justiça, Human Rights Watch e outras instituições
internacionais, a Líbia foi a primeira nação africana a ser completamente
destruída, arruinada e subjugada. A bem azeitada máquina de guerra do Regime
Global de Direitos Humanos agiu com força total e varreu do planeta a
Jamahiriya Líbia, quase que num piscar de olhos.
Mas
chama a atenção que o Regime Global de Direitos Humanos vise mais diretamente os
países africanos que qualquer outra região do mundo. Agora, é a Eritreia, que
começa a entrar na alça de mira desses “civilizadores” que “civilizam” à bomba.
Este
ano, há previsão de presença
de soldados norte-americanos em 35 países africanos. Como
Pepe Escobar escreveu em artigo
de 2011 para Al Jazeera:
O
comando dos EUA na África, AFRICOM, tem uma espécie de “parceria” militar –
acordos bilaterais – com a maioria dos 53 países africanos, mas há quatro
exceções: Costa do Marfim, Sudão, Eritréia e Líbia. A Costa do Marfim já foi
“alinhada”. O próximo país a ser “alinhado” é o Sudão do Sul. Lá ficará a Líbia,
que será, provavelmente, o próximo alvo. Restarão, ainda não incorporados ao
AFRICOM, só a Eritréia e o Zimbábue.
A África cada vez mais se volta
para a China visando investimentos e orientação econômica; o AFRICOM visa
reverter essa posição geoestratégica da China na África |
Portanto,
cabe aos eritreus prepararem-se para a chegada de forças externas que virão para
tentar fazer a “mudança de regime” – e o tentarão, enquanto a Eritréia não
seguir as regras daqueles exércitos e não aceitar ajoelhar-se ante aqueles
fuzis. Para tanto, jogarão a carta dos “direitos humanos”, porque não lhes resta
outra. Na Eritréia a carta do “terrorismo” não funcionou. E o golpe de estado já
foi tentado e fracassou.
Já se
começa a ver os primeiros movimentos daquelas forças, hoje [24/3], na Suécia,
onde foram destruídos vários
centros comunitários de eritreus á
residentes. São forças perigosas, porque estão desesperadamente à cata de
pretextos. A campanha contra “o tráfico humano” pode bem ser usada como
pretexto. Os eritreus se deixarão enganar pelo discurso dos “direitos humanos”
implantados à bomba? Conseguirão destruir a Eritréia, como destruíram a Líbia? A
resposta está nas mãos do povo da Eritréia.
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