sexta-feira, 16 de maio de 2014

A Rússia prepara “reuniões de desdolarização”: China e Irã dispostos a abandonar o dólar americano no comércio bilateral

14/5/2014, [*] Tyler Durden, Zero Edge
Traduzido por mberublue


Não é segredo para ninguém que a Rússia tem se esforçado em conseguir acordos comerciais que venham a diminuir a participação (e influência) do dólar americano desde o início da crise ucraniana (e mesmo antes): a questão já foi abordada antes nestas páginas (veja: Gazprom prepara emissão “simbólica” de títulos em Yuan chinês; Petrodólar em alerta: Putin prepara-se para anunciar o “Santo Graal” (Acordo de gás com a China): Rússia e China prestes a assinar o “Santo Graal” (Acordo sobre gás}; 40 Bancos Centrais apostam que esta será a nova moeda de reserva [e outros artigos assinados por “Tyler Durden” no Zero Edge - NT].

Afinal de contas, não é realmente “ridículo” que qualquer país possa sequer considerar viver fora dos limites ideológicos e... religiosos do Petrodólar? Porque se qualquer um puder fazer isso, todos poderão e isso, vocês sabem, significará para os EUA a hiperinflação, colapso social, guerra civil e tudo o que sói acontecer apenas em repúblicas de bananas como a Venezuela, que infelizmente não possui de seu nenhuma moeda mundial de reserva para dar-lhe um pontapé na...

Ou pelo menos é isso que os economistas keynesianos, também conhecidos como grão sacerdotes da já mencionada religião do Petrodólar nos querem fazer acreditar.

Desglobalização

Porém ainda que isso esteja sendo chato para os estadistas lerem, a Rússia está trabalhando duro para ver o dólar dos Estados Unidos pelo espelho retrovisor, com a firme intenção de substituí-lo por um sistema monetário que seja livre dele. Ou, como está sendo chamado na Rússia, um mundo “desdolarizado”.

A Voz da Rússia, citando fontes da imprensa russa, reporta que o Ministério das Finanças está pronto para iniciar um plano para incrementar radicalmente a participação do rublo russo nas operações de exportação, o que acarretará a redução do percentual nas transações com utilização do dólar americano. Fontes do governo crêem que o setor bancário russo está “preparado para organizar o incremento no número de transações com utilização do rublo”.

Conforme a agência de notícias Prime, o governo organizou em 24 de abril um encontro especial cujo mote foi a procura de uma forma de se livrar do dólar nas operações russas de exportação. Experts de nível superior dos setores energético, bancário e de agências governamentais foram convocados e colocados frente a certo número de medidas a serem tomadas como uma resposta às sanções aplicadas à Rússia pelos Estados Unidos.

Igor Shuvalov
Pois é... Se o mundo ocidental queria uma resposta russa ao crescente número de sanções contra o país, está na iminência de vê-la.

A “reunião de desdolarização” presidida pelo vice primeiro Ministro da Federação Russa, Igor Shuvalov, é prova de que Moscou tem sérias intenções de parar de usar o dólar americano. A reunião seguinte foi presidida pelo vice Ministro das Finanças, Alexey Moiseev o qual declarou mais tarde ao canal Rossia 24 que “será incrementada a proporção atual de contratos em rublo” acrescentando que nenhum dos especialistas e representantes de bancos, ao serem inquiridos, viu qualquer problema no plano governamental de aumentar a quota dos pagamentos em rublo.

Para a comodidade dos leitores que falam russo, a entrevista com Moiseev pode ser vista em: 
Моисеев: объем рублевых расчетов будем увеличивать

 Então, se você pensou que apenas o supremo Obama poderia reinar sozinho através de ordens executivas, você estava enganado. Os russos também podem fazer isso de forma tão eficiente quanto. Clique em ordem executiva de troca de moeda.

Alexey Moiseev
É interessante que em sua entrevista, Moiseev tenha mencionado um instrumento legal que pode ser descrito como “ordem executiva de troca de moeda”, afirmando que o governo russo tem o poder legal de obrigar as companhias russas a comerciar uma percentagem de certos bens e serviços apenas em rublos. Referindo-se aos casos em que essa proporção pode chegar a 100%, a autoridade russa afirmou que “seria um caso extremo e não posso dizer neste momento como e quando o governo russo usará esse poder”.

Bem. A todo o tempo em que a opção for válida.

Mas o mais importante não é que a Rússia tenha realmente qualquer chance prática de implementar as medidas, se não fosse a existência de outras nações que se disponham a relações de comércio bilateral livres do dólar. Ocorre que esses países existem e não deve ser surpresa para ninguém que dois deles que já intensificaram essa prática são nada mais nada menos que Irã e China.

Claro, o sucesso da campanha de Moscou para a mudança para o rublo ou outras moedas regionais nas negociações comerciais depende da boa vontade de seus parceiros comerciais de se livrar do dólar. Dois países estariam dispostos a apoiar a Rússia, conforme fontes citadas por Politonline.ru: Irã e China.

Dado que Vladimir Putin deve visitar Pequim em 20 de maio próximo, pode-se especular que os contratos de gás e petróleo que deverão ser assinados entre Rússia e China o serão em rublos e yuans, não em dólares.


Em outras palavras, no tempo de uma semana veremos não apenas o anúncio do “Santo Graal” no acordo do gás Rússia-China já descrito aqui, mas seu termo financeiro, que agora parece quase certo que será fechado exclusivamente em RUBLOS e YUANS e não em DÓLARES AMERICANOS.

E como já explicamos repetidamente, quanto mais o ocidente hostiliza a Rússia, quanto mais pesadas se tornam as sanções, mais a Rússia se vê forçada a abandonar um sistema de comércio dominado pelo dólar americano, voltando-se para a China e a Índia. É por isso que o anúncio a ser feito na próxima semana é inovador e, certamente será, mas é apenas o começo.
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[*] Tyler Durden é o apelido de numerosos blogueiros que comentam no Zero Hedge. O nome foi copiado de personagem do romance de Chuck Palahniuk (depois filme) Fight Club (Clube de Luta).

5 comentários:

  1. Poderiam fazer essas transações em ouro, que é um padrão universal e que não está atrelado a nenhum país. Era o que Kaddafi queria fazer, usando os Dinares de Ouro líbios, que eram uma promessa de prosperidade para todo o continente africano.

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    1. "era o que Kadafi queria fazer"Poderia acrescentar o que Sadan Hussein quiz fazer o que De Gaulle sonhou fazer: Acabar com o que ele denominou "privilegio exorbitante dos EUA. Todos sabemos o que aconteceu Kadafi e Sadan. Mas o que pouca gente sabe e que De Gaulle tambem foi outra vitima. O movimento popular de 1968 que levou De gaulle renunciar nao foi um movimento popular expontaneo, uma "revolucao" como foi apregoada, mas tal qual a chamada "Primavera Arabe" um movimento popular fabricado por agentes da Cia na Franca.

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  2. Acontece que o ouro é limitado e está em sua maior parte sob controle americano.

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    1. Lógico, por isso que os EUA não podem devolver o ouro alemão, simplesmente porque Fort Knox está cheio de ouro! Acorda, os EUA não tem reservas, por isso tem uma moeda sem lastro, que há muito deixou de ser amortizável em ouro. A China encheu seus cofres de ouro, talvez seja a maior detentora em cofre.

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    2. Fort Knox esta cheio de ar. O ouro que la estava depositado, que nao foi vendido foi roubado pelos presidents Bush, o pai, e Clinton.

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