segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Tumultos (financiados pelos EUA − NED) em Hong Kong


29/9/2014, [*] Moon of Alabama
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu


Polícia detém manifestantes com "spray"de pimenta e gás lacrimogêneo
Em Hong Kong, “grupos de estudantes” organizados tentaram ocupar prédios públicos e bloquearam algumas ruas. A Polícia fez o que qualquer Polícia faz onde essas coisas aconteçam. Usou esquadrões antitumultos, spray de pimenta e gás lacrimogêneo para impedir ocupações e desimpedir as ruas.

A imprensa-empresa “ocidental” está indignadíssima, como se governos “ocidentais” agissem de modo muito diferente.

A questão-pretexto, dessa vez, é a eleição do novo prefeito de Hong Kong, em 2017. Segundo a lei básica de Hong Kong, que foi implementada quando a Grã-Bretanha desistiu da ditadura que mantinha sobre a colônia, haverá eleições com sufrágio universal, todos podem votar, mas os candidatos ao cargo terão de ter seus nomes pré-aprovados por uma comissão especial. É o que a China prometeu fazer, e é o que os “estudantes” tentam fazer crer que seria a China, agora, a trair alguma promessa passada.

Peter Lee, codinome Chinahand escreveu brilhante coluna sobre o assunto, para o Asia Times Online. Lee cometeu só um erro, porque não considerou a possibilidade de a “manifestação” ter origem externa:

A manifestação que se autodenomina “Occupy Hong Kong” decidiu ampliar, começando com boicote às aulas e manifestações de rua organizadas pela Federação de Estudantes de Hong Kong. E eu, que nunca me intimido ante novas metáforas, digo que o governo de Hong Kong jogou gasolina ao fogaréu, com sprays de pimenta e bombas de gás contra os jovens.

Usando armas não-letais a polícia impede invasões
Quem, de fato, “decidiu ampliar”? Para mim, as “manifestações” e o correspondente noticiário “ocidental” sobre elas exalam forte odor, não de gás lacrimogêneo, mas de um conhecido e caro perfume da griffe Revolução Colorida, fabricado no “ocidente”.

Consideremos então a sempre importante fonte de tão rara fragrância. O relatório anual de 2012  da organização National Endowment of Democracy (NED) [literalmente, “Dotação Nacional para a Democracia”], que é mantida pelo governo dos EUA, que também atende pelo nome de Agência Central para Promoção de Revoluções Coloridas [ACPRC], mostra três pagamentos para Hong Kong, um dos quais surge em 2012, ausente dos relatórios anuais prévios:

National Democratic Institute (NDI) for International Affairs - US$ 460,000.00

Para promover a conscientização sobre instituições políticas em Hong Kong e reforma do processo constitucional, e para desenvolver capacidadesentre os cidadãos – especialmente entre alunos universitários –para que participem mais efetivamente no debate público sobre reforma política, o NDI trabalhará com organizações da sociedade civil sobre monitoramento de parlamentares, pesquisas e desenvolvimento de um portal Internet mediante o qual alunos e cidadãos possam explorar possíveis reformas que levem ao sufrágio universal.

Pagamentos efetuados pela NED & outras ONGs
Quer dizer que em 2012 (ainda não há números de 2013) o governo dos EUA entregou por lá quase meio milhão de dólares, para “desenvolver capacidades” de “alunos universitários” relacionadas à questão do “sufrágio universal” na eleição para o Executivo de Hong Kong. É isso.

Dois anos depois de o dinheiro começar a aparecer por lá, enviado pelo governo dos EUA, aqueles estudantes em Hong Kong saem às ruas, provocam tumultos e exigem exatamente o que o dinheiro do governo dos EUA queria ver exigido nas manchetes “jornalísticas”.

Mas... que impressionante coincidência, não é mesmo?
________________

PS (1): Não há qualquer motivo para acreditar que a maioria da população em Hong Kong apoie as demandas dos “estudantes” induzidas com dinheiro dos EUA. Hong Kong é metrópole de 7 milhões de habitantes. 10 ou 20 mil manifestantes é porção marginal da população: 0,2%.

Vestimenta padrâo, em folheto distribuído pela NED e ONGs, dos manifestantes e "black blocs" nas revoluções coloridas 
(Clique na imagem para aumentar)
PS (2): Já observamos há algum tempo que o novo esquema 2.0 para Revoluções Coloridas (vide Líbia, Síria, Ucrânia) inclui atualmente muita, muita violência:

As revoluções coloridas de antigamente converteram-se claramente em modelão para uso subsequente. Mas o conceito foi estendido para incluir vasto emprego de violência e de mercenários no “apoio” das forças “locais”; mercenários e “apoio” que vêm de fora, como armas, munição, treinamento e outras ferramentas.

Enquanto as Revoluções Coloridas de antes utilizavam quase que exclusivamente meios pacíficos, o objetivo hoje é fazer correr a maior quantidade possível de sangue pelas ruas e provocar o maior dano possível à infraestrutura local, para enfraquecer as forças que se oponham-resistam contra os golpes para mudar regimes. As autoridades em Hong Kong devem preparar-se, portanto, para muito mais do que apenas “manifestações” de estudantes que “pedem democracia”.

PS (3): O National Democratic Institute (NDI) do governo dos EUA, através do qual o dinheiro foi encaminhado para lá, é o braço do Partido Democrata para campanhas pró-“mudança de regime”. Já está se intrometendo demais e financiando também várias outras organizações em Hong Kong.

Esse tipo de agente externo tem de ser contido.


[*] “Moon of Alabama” é título popular de “Alabama Song” (também conhecida como “Whisky Bar” ou “Moon over Alabama”) dentre outras formas. Essa canção aparece na peça Hauspostille  (1927) de Bertolt Brecht, com música de Kurt Weil; e foi novamente usada pelos dois autores, em 1930, na ópera A Ascensão e a Queda da Cidade de Mahoganny. Nessa utilização, aparece cantada pela personagem Jenny e suas colegas putas no primeiro ato. Apesar de a ópera ter sido escrita em alemão, essa canção sempre aparece cantada em inglês. Foi regravada por vários grandes artistas, dentre os quais David Bowie (1978) e The Doors (1967). A seguir podemos ouvir versão em performance de Tim van Broekhuizen.


Um comentário:

  1. A China está super atenta aos desmandos da CIA/NSA/MOSSAD/NED/ ... , a UScrânia está aí como bom exemplo. Aguardem! Bombardear: Síria, Iraq (2X), Afg., Sérvia, Somália, Líbia ... pode e, é chamada de "intervenção humanitária". Espero que a CHINA os desmascare-os como a RÚSSIA está fazendo.

    ResponderExcluir

Registre seus comentários com seu nome ou apelido. Não utilize o anonimato. Não serão permitidos comentários com "links" ou que contenham o símbolo @.