23/9/2014, al-Akhbar,
Beirute
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu
Hassan Nasrallah em discurso de 25/7/2014 |
O Secretário-Geral
do Hezbollah, Hassan Nasrallah, disse nessa 3ª-feira (23/9/2014) que seu grupo
jamais, em tempo algum, será parte de alguma “coalizão” anti-ISIL comandada pelos EUA, que são a “fonte” de
todo o terrorismo no mundo.
A coalizão,
que já iniciou os ataques aéreos ilegais na Síria, nessa 3ª-feira (23/9/2014),
foi criada pra salvaguardar interesses exclusivos dos EUA, não para combater
contra algum terrorismo como alega – disse Nasrallah, em discurso
televisionado.
“Na nossa
avaliação, os EUA são a mãe do terrorismo, a fonte de onde brota todo o
terrorismo. Se há terrorismo no mundo, seja onde for, hoje, olhe para os EUA” –
disse o Secretário-Geral do Hezbollah.
“Os EUA dão
completo apoio ao terrorismo praticado pelo estado sionista. Os EUA apoiam
Israel, militarmente, financeiramente, legalmente, ilegalmente e até asseguram
a Israel o veto no Conselho de Segurança da ONU, sempre que precisarem”.
Nasrallah
continuou: "Foram os EUA quem lançaram a bomba atômica sobre o povo do Japão.
Foram os EUA que mataram incansavelmente o povo do Vietnã e em outros pontos do
mundo; e são os EUA que sempre se mantiveram ao lado do primeiro-ministro de
Israel, Benjamin Netanyahu, nos 50 dias de guerra contra Gaza. Os EUA não têm
qualificação ética ou moral para se apresentarem como líderes de uma coalizão
para lutar contra o terrorismo”.
Os
comentários foram feitos depois que EUA e ditaduras árabes aliadas começaram os
ataques aéreos não autorizados contra alvos jihadistas na Síria, provocando a
indignação de Irã e Rússia, aliados de Damasco.
Nasrallah
descartou de antemão qualquer possibilidade de sua oposição à “coalizão” comandada
pelos EUA ser apresentada como apoio ao Estado Islâmico no Iraque e Síria (ISIS/ISIL);
lembrou que já denunciou inúmeras vezes os mesmos extremistas e pregou que
fossem eliminados.
TERRORISTA Nº 1 DO MUNDO
Recompensa US$ 1,000,000,000
|
Verdade é
que muitos dos agora incluídos na coalizão anti-ISIS/ISIL sempre
financiaram os terroristas que hoje lutam no Iraque e na Síria, o que força os
povos da região a questionar os motivos dessa repentina “coalizão”, acrescentou
Nasrallah, referindo-se a Arábia Saudita e Qatar.
O Líbano é
um dos dez países árabes que juraram apoio à coalizão, compromisso ao qual
Nasrallah disse que sempre se opôs.
“O
presidente Obama que jamais diga que o Hezbollah defendemos minorias, sejam muçulmanos ou cristãos” –
disse Nasrallah.
“É claro que
jamais integraríamos uma coalizão que só serve aos interesses de EUA, não aos
interesses dos povos da região”.
No discurso
de 15 de agosto de 2014, Nasrallah observou que os EUA só decidiram envolver-se
na luta contra o ISIS/ISIL quando
os jihadistas aproximaram-se do Curdistão Iraquiano, região estrategicamente
importante para o ocidente.
Soldados
libaneses capturados
Nasrallah
também conclamou o Líbano a negociar “a partir de posição de força” para obter
a liberdade de 26 soldados que o ISIS/ISIL e a Frente al-Nusra mantém como reféns nos
arredores da cidade de Ersal, no nordeste do país.
Disse que a
situação dos reféns, sequestrados durante combates de cinco dias contra os
jihadistas, há sete semanas, é “humilhante”.
Os grupos
sequestraram originalmente mais de 30 soldados das forças de segurança do
Líbano. Depois do sequestro, a frente al-Nusra libertou cinco reféns e executou
um. E o ISIS/ISIL degolou dois.
A Frente al-Nusra (ISIS/ISIL) mostra os soldados libaneses capturados |
Nasrallah
disse que as negociações para obter a libertação dos reféns estavam sendo
dificultadas pelo “desempenho político” de alguns partidos, interessados em
obter “dividendos políticos”.
“Em nome dos
soldados, do exército, das respectivas famílias, do país, ponhamos de lado as
diferenças políticas e os objetivos políticos” – disse ele, referindo-se a
recentes declarações de membros do movimento 14 de março, que acusaram o
Hezbollah de culpa nos sequestros, por causa de sua ação militar na Síria.
Disse que
todos os que acusam os Hezbollah de opor-se a negociações com os jihadistas,
são “mentirosos”; insistiu que o Partido de Deus sempre apoiou os esforços do
governo libanês para obter a liberdade dos reféns, “desde o primeiro dia”.
“Quem
apareça para dizer que o Hezbollah teria rejeitado o princípio da negociação
mente para promover interesses políticos partidários, não porque deem qualquer
importância à vida e ao retorno dos reféns” – disse Nasrallah.
“Nós jamais
rejeitamos o princípio da negociação, seja com terroristas, takfiris, não importa. Com Israel,
que seja, também não importa: negociamos sempre que se trate de questão
humanitária”.
Mas
Nasrallah disse que é lógico e faz pleno sentido que o Líbano exija, como
condição para negociar, que os sequestradores parem com as execuções de reféns.
“Temos de
negociar de uma posição de força, não na posição de quem chora ou suplica” –
disse ele. – “Muito choro só levará a mais catástrofe. Se há esperança de que
aqueles soldados voltem para suas famílias, essa esperança está em negociarmos
a partir de posição digna, não humilhada ou súplice.” (Al-Akhbar)
Bandeira e Painel do Hezbollah atados num poste de Beirute |
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