domingo, 28 de setembro de 2014

Irã apresenta-se como aliado natural do Ocidente

26/9/2014, [*] MK Bhadrakumar, Indian Punchline − rediffBLOGS
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu

Entreouvido no Quiosque do Neguimbró, na Vila Vudu:  
ZeroHedge  que traduzimos  diz que Obama estaria preso numa arapuca armada pelos sauditas, que só pensam em detonar primeiro a Síria e, na sequência, o Irã.

O embaixador Bhadrakumar  que traduzimos aqui  diz com todas as letras que:

(1) nem “meia dúzia de Arábias Sauditas” fariam da tal “coalizão” de Obama coisa que preste;
(2) que Obama faz-e-acontece e manda pácas; e que
(3) Obama estaria acolhendo alguma “coalizão” que o Irã estaria oferecendo.

Neguim aki tá achano que a gente tem de resolver de que lado estamos: ou estamos com Obama ou estamos com Putin. Mas ainda não decidimos, sequer, se essa questão tem alguma importância. Então, continuamos a traduzir qualquer coisa que faça qualquer sentido. E depois a gente vê de que lado ficamos.

Qualquer coisa que faça qualquer sentido é melhor que a opinião dos williamswaacks e daqueles “especialistas” de araque lá-dele, no canal (PAGO!) GloboNews.

De garantido, garantido mesmo, só sabemos que NÃO ESTAMOS COM OBAMA, pela suficiente razão de que “Obama” não existe: ou “Barack” é boneco de ventríloquo do império anglo-sionista & Wall Street, ou “Barack” é boneco de ventríloquo da Arábia Saudita, do Golfo Reacionário & Wall Street. E a gente aki é BRICS, pró Movimento dos Não Alinhados, pelo Sul-Sul, pró ALBA, pró Condenados da Terra, contra golberys, soros, marinassilvas et alii.

E “Putin”, além de ser BRICS, é, pelo menos, entidade TOTALMENTE EXISTENTE [pano rápido].
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Morador caminha sobre escombros dos bombardeios dos EUA no Iraque (23/9/2014)
A grande maioria com que a Casa dos Comuns em Londres aprovou há apenas algumas horas a resolução de apoiar a proposta do governo para unir-se aos EUA nos ataques contra o Estado Islâmico no Iraque catapultou o Primeiro-Ministro, David Cameron, para a mais crucialmente importante posição na estratégia do presidente Barack Obama. Com a Grã-Bretanha ao seu lado, os EUA não dependem tanto da desconjuntada “coalizão dos desejantes/dispostos”, enquanto que, sem a Grã-Bretanha, mesmo que ali houvesse seis Arábias Sauditas, a coalizão continuaria sem valer grande coisa.

Cameron já começou a preparar-se. Seu encontro na 4ª-feira (24/9/2014)em New Yorkcom o Presidente do Irã, Hassan Rouhani (pouco antes da votação na Câmara dos Comuns) foi simbólico: foi o primeiro encontro de britânicos e iranianos desde a Revolução Islâmica de 1979; mas Londres jamais teria feito movimento historicamente tão importante, se já não soubesse, de antemão, que a integração do Irã na comunidade internacional é iminente.

Acordo nuclear Irã - EUA
De fato, a fachada do processo P5+Alemanha já foi posta de lado, e Washington e aliados europeus selecionados estão negociando diretamente com Teerã, marginalizando completamente a Rússia. As consultas EUA-Irã intensificaram-se e as declarações iranianas também apontam na direção de uma real possibilidade de emergir um acordo nuclear até o final de novembro.

Como já escrevi, as duas vias – o papel do Irã na “coalizão” comandada pelos EUA contra o Estado Islâmico; e as conversações nucleares – estão correndo pescoço a pescoço. Ninguém mais nem tenta argumentar na direção oposta – de que as duas vias não estejam interligadas.

Cameron e Rouhani em New York (24/9/2014)
Num discurso extraordinário à Assembleia Geral da ONU na 5ª-feira, 25/9/2014 (um dia depois da reunião Cameron-Rouhani), o presidente iraniano disse com total clareza que um acordo nuclear abrirá infinitas possibilidades de cooperação entre o ocidente e o Irã. O argumento de Rouhani é constituído de dois passos:

(a) o ocidente que trate de ver que o Irã é seu único “aliado natural” no Oriente Médio; e
(b) se o problema nuclear for resolvido, o Irã poderá trabalhar com o ocidente, para criar um Novo Oriente Médio.

Com toda a certeza, Washington e Londres verão isso como o mais perto que o Irã jamais chegou de mostrar que está disposto a ajudar numa transição política na Síria, como ajudou na transição no Iraque, transição que satisfez plenamente Obama.


[*] MK Bhadrakumar foi diplomata de carreira do Serviço Exterior da Índia. Prestou serviços na União Soviética, Coreia do Sul, Sri Lanka, Alemanha, Afeganistão, Paquistão, Uzbequistão e Turquia. É especialista em questões do Oriente Médio, Afeganistão e Paquistão e escreve sobre temas de geopolítica, de energia e de segurança para várias publicações, dentre as quais The Hindu e Ásia Times Online, Al Jazeera, Counterpunch, Information Clearing House, e muita outras. Anima o blog Indian Punchline no sítio Rediff BLOGS. É o filho mais velho de MK Kumaran (1915–1994), famoso escritor, jornalista, tradutor e militante de Kerala, Índia.

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