terça-feira, 8 de março de 2011

O FATOR DEZENOVE POR CENTO - O DILEMA DE OBAMA

Laerte Braga

Laerte Braga
  
Direitos humanos nos Estados Unidos têm o significado de “negócios”. O aumento do preço do galão de gasolina em 19% nas bombas dos postos é o fator determinante das preocupações do presidente Barack Obama com os civis líbios “massacrados” pelo governo de Muammar Gaddafi.

O ano de 2012 é de eleições presidenciais, para a totalidade da Câmara de Representantes, parte do Senado e vários governos, assembléias e senados estaduais.

O país não se recuperou da crise econômica que devasta de forma lenta, mas constante o mundo neoliberal. Obama não conseguiu cumprir um terço de suas promessas eleitorais, está mergulhado em dois conflitos sem vitória ou situação definida (Iraque e Afeganistão), gasta uma fábula para sustentar um complexo terrorista na parte européia colonizada (Comunidade Européia), a OTAN – Organização do Tratado do Atlântico Norte – e enfrenta fortes reações internas, como em Madison (Wisconsin) Indiana e Ohio contra medidas restritivas aos direitos de trabalhadores.

Todo aquele frisson causado pelo primeiro suposto presidente negro – é branco engraxado – sumiu, desapareceu, e Obama sabe que os republicanos estão em seu encalço, de olhos postos na sede do conglomerado EUA/Israel Terrorismo S/A, a Casa Branca. O cargo é dos mais lucrativos do planeta.

Há uma diferença entre o presidente Barack Hussein Obama e Asa Yoelson, um lituano nascido em maio de 1886, judeu, que foi para os Estados Unidos onde se transformou em Al Jolson, um dos maiores cantores da história do país. Viveu no filme O Cantor de Jazz , o papel de um negro. Al Jolson foi engraxado, mas tinha talento. Obama é só um demagogo Um desses espertalhões que aparecem em todos os cantos, na política então, aos montes. Bush era um deles, mas tinha o bom senso de não sair cantando Angelina Jolie e virar motivo de fofocas na mídia, preferia num exercício fantástico ler livros de cabeça para baixo.

Para piorar as coisas Obama ainda chamou Hillary Clinton para Secretária de Estado. Versão diminutiva norte-americana de Margareth Thatcher.

Uma eventual intervenção militar na Líbia teria que ser fulminante, vitoriosa em curto espaço de tempo e a rigor tomar conta de todo o noticiário da mídia norte-americana espalhada pelo mundo – o que chamam de mídia privada –, além de arcar com todas as conseqüências que isso provocaria. Mais ou menos criar uma situação como aquela história do rei que ao sair via apenas tapumes maravilhosos até que um dia um deles caiu e a realidade saltou aos seus olhos.

Na história (a rigor, uma fábula) o rei é humilde, na prática Obama se imagina condutor do mundo cristão e ocidental. O pilantra que deu certo e quer mais quatro anos.

É mais ou menos por aí que Ghandi afirmou que “aceito o Cristo de vocês e não o cristianismo” (a maior farsa religiosa de todos os tempos).

A democracia e os direitos humanos dos líbios nos EUA estão condicionados ao preço do galão de gasolina (mais ou menos quatro litros).

Se o preço do petróleo continuar a subir e a oferta cair, os canhões de Obama irão disparar em nome da liberdade.

O general comandante das forças de ocupação do conglomerado em terras afegãs apresentou um pedido de desculpas formais às famílias de quarenta crianças mortas num bombardeio “equivocado”. O piloto, esse clássico americano tipo Silvéster Stallone, que adora campeonato de cuspe à distância, achou que eram terroristas.

É aquele tipo de que toma sorvete com a testa, mas sabe que botão apertar para despejar toneladas de bombas sobre “inferiores”.

Ou não foi o que David Cameron fez – principal executivo do conglomerado na Comunidade Européia e ocupando o pomposo título de primeiro-ministro britânico – ao anunciar a reedição de Mein Kampf, constatando o fim do multiculturalismo?

Deve ser por isso que Marine Le Pen, de extrema-direita, lidera as pesquisas de opinião pública na França. Em abril de 2012 será eleito um novo presidente e a despeito de todo o esforço de Nicolas Sarkozy em enfeitar a Torre Eiffel com bandeiras norte-americanas e suásticas, os franceses mostram preferir o original à cópia. Não superaram ainda a ocupação alemã, retornou um masoquismo explícito desde a morte de De Gaulle e o fim do governo de François Mitterand.

Se juntarmos toda essa troupe e Sílvio Berlusconi teremos um filme pornográfico capaz de abalar as estruturas cristãs e ocidentais, mas, certamente, com as bênçãos de Bento XVI. Ao anunciar que os judeus não foram os responsáveis pela crucificação de Cristo, sinaliza a Obama que pode espalhar seus soldados por todos os cantos do mundo árabe e garantir a queda do preço da gasolina nas bombas dos postos espalhados pelo conglomerado.

Bento XVI entra com a água benta.

No Brasil, isso daria enredo de escola de samba e a marroquina de Berlusconi sairia como destaque num carro alegórico intitulado “eu sou uma garota normal”. O epíteto de devassa foi reivindicado pela cantora Sandy. Virou loira para receber os convidados de uma cervejaria multinacional.

É a nona cruzada.

Em 1917, o general Allemby, comandante do exército britânico que ocupou a Palestina, proclamou ao atravessar os portões de Jerusalém: "Hoje terminaram as cruzadas". Três anos depois, outro general, o francês Gouraud, assim que suas tropas ocuparam Damasco, correu até o Mausoléu de Saladino e pronunciou uma frase que até hoje fere os ouvidos de árabes, sejam eles cristãos, muçulmanos ou judeus: "Voltamos... Saladino". 
“Os dois generais afogaram seus rastros com sangue, a exemplo de seus antecessores, os cruzados que, não satisfeitos em matar e estuprar, promoviam festins de canibalismo, como fartamente documentado”.

Está em: A Nona Cruzada – ótimo artigo, perfeito e completo, de Georges Bourdoukan para a revista Caros Amigos 
A invasão da Líbia e o massacre de líbios – como acontece no Iraque e no Afeganistão – por soldados do conglomerado EUA/ISRAEL TERRORISMO S/A está agora na dependência do fator dezenove por cento e nas implicações eleitorais nos EUA. Tentar decifrar como legiões de homerssimpsons irão votar ano que vem.

Gaddafi é o que menos importa. Sustentaram Mubarak por trinta anos. Sustentam os tiranos sauditas por décadas. Deram um golpe em Honduras há dois anos. Incluem no orçamento cerca de 70% da receita para despesas militares e de propaganda.

Democracia e direitos humanos são iguais ao preço da gasolina para o consumidor. Só isso. É um grande negócio para os maiores acionistas do conglomerado. O que Obama quer é provar que pode cumprir as tarefas por mais quatro anos.

Ou seja, sustentar o conglomerado com o sangue e o suor de outros povos.

Obama não vai estar presente ao casamento do neto da rainha Elizabeth II (conservada em formol), mas vai ser figurinha central na noite de autógrafos de Mein Kampf revisto e revisado por Davi Cameron.

Vai ser num pub em Londres.  Equivalente a uma cervejaria de Munique.

este artigo será publicado no Diário da Liberdade

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