Simon Tisdall |
Traduzido e comentado pelo pessoal da Vila Vudu
Nota dos tradutores.
Traduziu-se só meio comentário. Não se traduziu a parte do comentário que tinha a ver com “ouvir o outro lado” que, aí, era EXATAMENTE o mesmo nheco-nheco “ocidental” sobre “democracia à moda Obama-Israel-OTAN” que se ouve em toooooood os os jornais e televisões brasileiras e dos EUA. A mesma “democracia” contra a qual, de fato, também a rua norte-americana está rebelada – embora essa rebelião esteja totalmente ausente da pauta da “mídia” em todo o mundo, mas muito bem documentada no Twitter e no Facebook.
Esse nheco-nheco “ocidental” metido a “democrático” à moda Obama-Israel-OTAN (e à moda Estadão e Rede Globo) não interessa ao povo da Síria, nem do Egito, nem da Tunísia, nem da Líbia, nem a vários outros povos, embora interesse, talvez, ao povo do Barheim e da Arábia Saudita. Afinal, o negócio no Bahreim e na Arábia Saudita é MUITO PIOR ou, no mínimo, tão ruim quanto em outros pontos. Mas Obama-Israel-OTAN (e o Estadão e a Rede Globo) trabalham dia e noite para IMPEDIR qualquer mudança aí; tanto quanto obram pra FORÇAR outras mudanças que interessam a Obama-Israel-OTAN, noutros pontos.
Traduziu-se, pois, só a parte do comentário que interessa a quem NÃO SE INTERESSA pela “democracia” à moda Obama-Israel-OTAN (e Estadão e Rede Globo). Jornalismo democrático é jornalismo que declara o próprio lado. Jornalismo udenista-golpista é jornalismo que mente que não tem lado.
-------------------------------------------------------------------------
Interessante, sobre a Síria
26/3/2011, Simon Tisdall, The Guardian, UK
Traduzido e comentado pelo pessoal da Vila Vudu
“Como outros analistas, o Internacional Crisis Group (ICG) sugere que Assad, reconhecido por ser popular em seu país, pode sobreviver aos movimentos populares:
“Abre-se uma janela de oportunidades para introduzir mudanças no regime, e é preciso não perder tempo. Muitos grupos sírios – inclusive agentes do aparato de segurança – esperam ansiosamente que Assad assuma o comando e aceite imediatamente, antes que seja tarde demais, as mudanças pelas quais a rua síria clama e às quais, parece, não se opõe. Essa seria a melhor solução para impedir que as manifestações tomem rumo indesejado por todos, na Síria.”
Revolta na Síria |
Assad terá de mover-se rapidamente, porque já há comedores de carniça à volta da Síria.
Sem dar nomes, muitos grupos sírios e também o regime culpam grupos externos pela agitação de rua. A Síria tem velhos inimigos em Bagdá, em Riad e em Beirute que nada lamentariam o fim do governo de Assad. E tem, é claro, inimigos em Washington-Israel.
Falando de Telavive anteontem, Robert Gates, secretário de Defesa dos EUA, conclamou o exército sírio a rebelar-se contra Assad “como aconteceu no Egito”.
Disse Gates: “Eu diria que o governo sírio enfrenta desafios idênticos ao que outros governos enfrentam na região, a saber, o sofrimento de seu próprio povo, com dificuldades econômicas. Alguns países conseguem lidar melhor que outros com as dificuldades e desafios. Estou vindo do Egito, onde o exército alinhou-se ao lado do povo e não impediu manifestações populares e, de fato, conseguiu tornar vitoriosa a revolução popular. Os sírios têm muito a aprender com os egípcios.”
Steven Cook, do Conselho de Relações Exteriores dos EUA, obrou na mesma linha, tentando despertar velhas rixas sectárias na Síria. Na Síria, os curdos sunitas ressentem-se de serem governados pela dinastia alawi, minoritária. Cook trouxe à baila supostos benefícios internos e bem evidentes vantagens externas que a Síria alcançaria, com a queda do governo de Assad. Na prática, cutucou os grupos sectários e chantageou a Síria:
“Um novo governo, decente, democrático, na Síria, alteraria o equilíbrio regional e melhoraria as chances da paz regional”, disse Cook. Falava, evidentemente, de Israel-palestinos. Em teoria, uma Damasco ‘ocidental’ seria má notícia para o Hezbollah, o Irã e os palestinos; e, claro, seria boa notícia para os EUA-Israel, ditos, quase sempre “o ocidente” ou “a comunidade internacional”.
Mas há inúmeras razões pragmáticas e estratégicas pelas quais o ‘ocidente’ muito teme os resultados ainda imprevisíveis de uma revolução na Síria. Dentre as principais, o surgimento de melhor democracia na Síria, nas fronteiras de Israel e do Iraque, e o precedente democrático que se estabeleceria em confronto com a Arábia Saudita – o posto de gasolina de Washington e do ‘ocidente’.
Se a Síria, que é muito mais importante, na escala regional, que a Líbia, e ameaça muito mais diretamente Israel, alcançar qualquer melhor democracia, numa transição pacífica, com Assad ou sem ele, mediante levante civil ou pela via de reformas que Assad conceda ou o povo conquiste, as ‘potências ocidentais’ terão motivos muito mais poderosos para atacar a Síria... do que tiveram para sua leviana, mal pensada, temerária invasão à Líbia de Muammar Gaddafi."
(comentário enviado por e-mail e postado por Castor)
ResponderExcluirÀ esquerda não-infectada pelo vírus da Doença Infantil cabe, na luta contra a opressão e exploração, levar seu combate ao tal nheco-nheco. A construção do socialismo implica a democracia, que não passa de um movimento multitudinário em contínua transformação e transparência.
Não há como admitirem-se democracias estáticas, barreiras contra o progresso e as conquistas sociais, logo, se invalidam por si mesmas.
O que se passa no mundo árabe, nestes tempos, é um despertar de multissecular letargia. A causa palestinense não vingou apenas por causa das mais defeituosas varetas do leque político de Israel, mas, sobretudo, porque ela se propôs, desde o início, o estabelecimento de regime democrático, tão logo conquistada a independência. Os regimes árabes, antidemocráticos porque assim exigiu o colonialismo imperialista, jamais aceitaram a proposta...
E agora? Seria uma ironia da história se a Palestina se libertasse junto com as irmãs e os irmãos árabes...
Nesse quadro idealístico, a Síria (Al Chams) é de crucial importância no Levante. Mas falta muito, ainda, a luta mal começou. Prevê-se decidida resistência ocidental, o que leva a crer que muito sangue será derramado. Paz não cai do céu: conquista-se!
Abraços do
Arnaldo C